TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E
PARENTERAL
INTRODUÇÃO À
DIETOTERAPIA
Prof. Wesley Santana
[email protected]A palavra dieta é derivada do
termo grego diaita, que
significa cuidar da vida, estilo
de vida, ou modo de vida.
É considerada uma
ferramenta da saúde e, em
especial, do profissional
nutricionista, que utiliza os
alimentos para prevenção e
tratamento de doenças
DIETOTERAPIA
• A dietoterapia é a ciência que promove a
manutenção da saúde, prevenção e
tratamento de doenças
• Se destina a atender, por meio da
alimentação, os indivíduos com problemas de
saúde, adaptando as recomendações
nutricionais a cada caso.
A finalidade básica da dietoterapia é
ofertar ao organismo debilitado
nutrientes adequados ao tipo de
doença, a condição física, nutricional
e psicológica do paciente, mantendo
ou recuperando seu estado
nutricional
O cuidado nutricional para o paciente doente ou
hospitalizado é mais complexo.
Deve incluir o acompanhamento da ingestão de
alimentos, a adequação destes alimentos a sua
patologia e, quando for inadequada, deverá
incluir o aconselhamento ao paciente
• A prescrição dietética é privativa do nutricionista,
que deve utilizar estratégias e técnicas terapêuticas
específicas para realizá-la.
• Cumpre ao nutricionista a prescrição dietética, como
parte da assistência ambulatorial, hospitalar, em
consultório e em domicílio.
• Desenvolvida de acordo com as diretrizes definidas
no diagnóstico nutricional, que deve ser elaborado a
partir dos dados clínicos, bioquímicos,
antropométricos e dietéticos do paciente.
Introdução
Todos os hospitais possuem dietas básicas de rotina,
elaboradas de acordo com o padrão básico específico,
como forma de facilitar o serviço das unidades de
alimentação e nutrição, sendo classificadas, de acordo
com sua característica física, em dieta normal (geral),
branda, pastosa, semi-líquida e líquida.
É importante ressaltar que nem sempre existe garantia de
completa aceitação da dieta pelo paciente. Sabe-se que,
associados às patologias, há vários fatores que podem
interferir na aceitabilidade adequada de alimentos, como
uso de medicamentos, fatores psicológicos, sinais e sintomas
da doença, hábitdos alimentares, aversões e preferências
alimentares.
DIETAS ORAIS
HOSPITALARES
DIETA Atender as necessidades
nutricionais
Adaptada as condições do paciente:
- Hábitos alimentares
- Situação sócio-econômica
- Órgãos ou sistemas que estejam alterados
NORMAL
BRANDA
PASTOSA
SEMI-LÍQUIDA
LÍQUIDA
LÍQUIDA
RESTRITA
DIETA NORMAL, LIVRE OU GERAL
• Quantidades adequadas de calorias e nutrientes => com o
objetivo de suprir os requerimentos do organismo
DIETA NORMAL, LIVRE OU GERAL - EXEMPLO DE CARDÁPIO:
DESJEJUM:
-Café com leite;
-Melancia;
-Omelete.
COLAÇÃO:
-Maçã
ALMOÇO:
-Salada de alface, agrião e tomate;
-Arroz, feijão; Sobrecoxas assadas com batatas;
-Abobrinha refogada.
MERENDA:
-Iogurte natural com mamão.
JANTAR:
- Igual ao almoço.
MODIFICAÇÕES DA DIETA
NORMAL
POR QUÊ?
• Possibilitar a recuperação do paciente no menor
tempo possível;
• Evitar a desnutrição durante a internação;
• Manter as reservas de nutrientes no organismo;
• Adequar a ingestão de energia, macro e micro
nutrientes às necessidades nutricionais.
MODIFICAÇÕES DA DIETA
NORMAL
COMO?
Adequando a prescrição:
• Condições físicas e emocionais do paciente
• Às necessidades nutricionais segundo: idade,
sexo, doença, estado nutricional, hábitos,
preferências alimentares, apetite, dentição, via
de administração da alimentação
MODIFICAÇÕES DA DIETA NORMAL
• Modificações segundo critérios químicos, físicos e organolépticos;
• Características físico-químicas que modificam a dieta:
- Consistência (livre, pastosa, líquida);
- Temperatura: ambiente, morna, quente, fria, gelada;
- Fracionamento: aumentado, diminuído
- Volume: aumentado, diminuído
- Valor energético: hipo/hipercalórica
-Teor de macronutrientes (dieta para diabetes, hipolipídica)
- Aumento ou diminuição no teor de nutrientes
ou tipo de alimento (sódio, fibras)
- Exclusão de alimentos específicos (dieta isenta de glúten)
DIETAS HOSPITALARES
PROGRESSIVAS
manteiga, branco,
banana assada
cenoura cozida,
manteiga,
Moídas ou desfiadas
DIETA PASTOSA - EXEMPLO DE CARDÁPIO:
DESJEJUM:
-Mingau de aveia com banana
-Pão bisnaga com queijo
COLAÇÃO:
-Mamão
ALMOÇO:
-Arroz papa, caldo de feijão, carne moída com chuchu.
-Brócolis bem cozido picado.
LANCHE DA TARDE:
-Iogurte natural
JANTAR:
- Igual ao almoço.
DIETA LEVE OU SEMI-LÍQUIDA
Tem por finalidade favorecer a digestão dos alimentos. Possui
consistência semilíquida, abrandada pela cocção, para que os
alimentos possam ser mastigados e deglutidos com pouco
esforço.
Seu objetivo é suprir as necessidades nutricionais, manter ou
recuperar o estado nutricional do paciente e proporcionar um
mínimo trabalho digestivo por provocar pouco estímulo químico
e mecânico.
Distribuída em 5 a 6 refeições por dia.
Sua utilização em longo prazo deve ser monitorada devido ao
risco de carência de nutrientes.
DIETA LEVE OU SEMI-LÍQUIDA
São excluídos: condimentos fortes, queijos gordurosos,
ovos fritos, carnes gordurosas, embutidos, frituras,
grãos de leguminosas, saladas cruas, frutas cruas (com
exceção do mamão e banana), doces concentrados,
biscoitos recheados, bolos confeitados e bebidas
gaseificadas.
Pós operatório de cirurgias do aparelho digestivo,
como cirurgias bariátricas.
- Dieta na consistência líquida que NÃO
oferece resíduos
(SEM lactose, SEM sacarose e SEM fibras)
DIETA LÍQUIDA - RESTRITA
ALIMENTOS
CONSISTÊNCIA INDICAÇÕES PERMITIDOS FIBRA
Pré e pós-operatório Dieta altamente
de cirurgias do TGI, restritiva e
após período de nutricionalmente
alimentação por via incompleta
infecções grave e
Líquida Restrita diarréia Isenta
Ex.: chá claro,
caldo de carne e
exames, hidratação e
vegetais, suco
para minimizar
coado, gelatina
trabalho do trato
clara
gastrointestinal.
cabeça e pescoço, Alimentos liquidificados,
problemas de
Líquida OU líquidos, leite, suco,
mastigação e Baixo
Líquida sopas liquidificadas,
deglutição, casos de teor
Completa gelatina , mingau ralo,
afecções do TGI, e
vitaminas
em alguns pré e pós-
operatórios.
CONSISTÊNCIA INDICAÇÕES ALIMENTOS FIBRA
PERMITIDOS
Alterações da boca ou Sopas, caldo de feijão,
esôfago, dificuldade de purê, mingau, carnes
mastigação e triturada sou desfiadas,
Pastosa deglutição, em alguns arroz papa e fruta na Reduzida
pós-operatórios, idosos, forma de purê.
danos neurológicos ou Se necessário LIQUIDIFICAR
sem arcada dentária.
Retirar alimentos Mínimo
Transição entre dieta gordurosos, frituras, possível de
pastosa e livre. condimentos picantes, fibras que
Dificuldade de conservas, bebidas
não foram
alcoólicas e alimentos ricos abrandadas
mastigação e
Branda em enxofre. Abrandar todos
deglutição, pós- pela cocção
os alimentos. Ex.: arroz , e uma
operatórios, presença
batata cozida, carne macia.
de gastrite ou úlcera Proibido frituras e quantidade
péptica. moderada de
condimentos.
resíduos
Não necessitam Consistência normal,
Normal OU Livre modificações em fracionamento de 5 a 6
Normal
OU Geral nutrientes e na refeições por dia.
consistência.
DIETA GERAL DIETA BRANDA DIETA PASTOSA DIETA LEVE DIETA LÍQUIDA DIETA LIQUIDA
RESTRITA
DESJEJUM DESJEJUM DESJEJUM DESJEJUM DESJEJUM Suco de mamão ao meio
Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Chá de camomila
Pão Frances com Pão Frances com Pão bisnaguinha c/ Vitamina de Mamão Vitamina de mamão com adoçante ou nidex
margarina margarina margarina Chá de camomila Chá de camomila
Mamão à francesa Mamão à francesa Papa de Mamão
COLAÇÃO COLAÇÃO COLAÇÃO
Iogurte de morango Iogurte de morango Chá de hortelã com
adoçante ou nidex
ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO
Salada batata , alface e Salada de brócolis Salada de brócolis Sopa de batata, Sopa de batata, brócolis
tomate Filé mignon ao molho Filé mignon desfiado ao brócolis c/ carne c/ carne moída Caldo de arroz, batata,
Filé mignon grelhado madeira molho madeira moída liquidificada liquidificada e coada brócolis coado
Brócolis no alho Batata souté Purê de batata Caldo de feijão Caldo de feijão,
Arroz branco Arroz branco Arroz papa liquidificado liquidificado e coado Gelatina de uva diet
Feijão Feijão Caldo de feijão Geleia de banana Geleia de banana Suco Suco de acerola ao meio
Banana maçã Banana maçã Geleia de banana Suco Suco de Acerola de Acerola com adoçante ou nidex
Suco Acerola Suco Acerola Acerola
LANCHE LANCHE LANCHE LANCHE LANCHE LANCHE
Suco de manga Suco de manga Suco de manga Suco de manga Suco de manga Caldo doce de arroz e
Bolo formigueiro Bolo formigueiro Bolo formigueiro Mingau de farinha Leite com farinha canjiquinha, coado
láctea láctea Chá de framboesa com
adoçante
Suco de manga ao meio
JANTAR JANTAR JANTAR JANTAR JANTAR Caldo de cenoura,
Salada crua de beterraba Salada beterraba , Salada beterraba , Canja de Canja de frango chuchu e abóbora.
e cenoura Frango assado cenoura e chuchu chuchu e cenoura frango( arroz, chuchu liquidificada e coada Gelatina diet de laranja
Abóbora e chuchu Sauté Frango assado ao molho Frango desfiado c/ molho e cenoura) Caldo de feijão Suco de laranja ao meio
Arroz / Feijão Quibebe de Abóbora Purê de abóbora Liquidificada coado
Melancia Arroz / Feijão Arroz papa Caldo de feijão Gelatina de laranja
Suco de laranja Melancia francesa Feijão liquidificado Gelatina de laranja Suco laranja
Suco laranja Melancia francesa Suco de laranja
Suco laranja
CEIA CEIA CEIA CEIA CEIA Chá de erva-doce
Chá mate gelado Chá mate gelado Chá mate gelado Chá mate, Chá mate, c/ adoçante
Bolacha maisena Bolacha maisena Bolacha maisena Leite c/ aveia Leite c/ aveia
DIETAS ESPECIAIS
ou pobre em gordura saturada e colesterol
DIETAS ESPECIAIS
o Hipocalórica: Redução do valor calórico e da quantidade de
alimentos oferecidos.
o Hipercalórica: Aumento do valor calórico e da quantidade de
alimentos. Indicação: recuperação e ganho de peso, nos
estados catabólicos de doenças infecciosas, desnutrição,
queimaduras, câncer e AIDS.
o Hipoproteica: destina-se, principalmente, aos portadores de
doenças renais, com restrição de proteínas de origem animal.
o Hiperproteica: com acréscimo de proteínas, principalmente
de origem animal, para casos infecciosos, desnutrição,
queimaduras, câncer, AIDS ou situações em que seja desejável
o aumento do aporte proteico.
DIETAS ESPECIAIS
Hipogordurosa/ Hipolipídica: Restrita em alimentos como
manteiga, óleo, azeite, oleaginosas, embutidos, frituras, carnes
gordurosas, leite e derivados em sua versão integral. Indicada nos
casos de doenças hepáticas, pancreáticas e da vesícula biliar.
Hipossódica: Pobre em sódio. É preparada sem acréscimo de sal,
somente com temperos naturais. O sal em quantidade controlada é
adicionado na refeição pronta. Evitar: embutidos, enlatados,
conservas, carnes secas, temperos industrializados. Indicada em
casos de hipertensão, edema, doenças renais e doenças cardíacas.
Hipocalêmica: Pobre em potássio. Os alimentos ricos em potássio
são restritos ou realiza-se a cocção para minimizar a quantidade
deste nutriente, nos casos de distúrbios na excreção de potássio.
DIETA RICA EM FIBRAS OU
LAXATIVA
OU PARA
OBSTIPAÇÃO
Tratar a constipação intestinal
DIETA PARA DIARRÉIA
DIETA PARA DIARREIA
OU
Indicação:
OBSTIPANTE
Tratar a diarreia
Recomendações:
- Oferecer líquidos e eletrólitos para repor as perdas. Água
de coco
- Sem leite e derivados
- Sem sacarose
- Reduzir o teor de fibras
DIETA SEM RESÍDUOS
DIETA SEM RESÍDUOS
Características da dieta:
• Excluir leite e derivados SEM LACTOSE
• SEM SACAROSE
• SEM FIBRAS processo de cocção
Caso clínico
A.R.F estava incomodado com a dor e a dificuldade para engolir alimentos
sólidos e teve que realizar adaptações na consistência da dieta para
conseguir se alimentar. Relata ser hipertenso, tabagista há 20 anos e ex-
etilista. Passadas algumas semanas, percebeu que estava perdendo muito
peso, começou a perceber que havia algo errado e procurou o atendimento
no hospital.
Após realizar alguns exames, foi diagnosticado com câncer de palato e
médio esôfago.
Paciente segue internado na enfermaria do hospital com dieta via oral
liberada, no momento da visita relata que sente dor ao deglutir alimentos
sólidos, porém não gosta de sopas e alimentos “batidos”. Queixa-se
também de constipação (evacuação ausente há 3 dias).
Qual consistência de dieta você indicaria para o caso?
Qual a dieta deverá ser prescrita?
Lembre-se
O estado nutricional de desnutrição e o diagnóstico de câncer estão
relacionados com perda de massa magra muscular, que é um dos
fatores responsáveis pela redução na tolerância e resposta ao
tratamento oncológico e pelo tempo de sobrevivência dos
pacientes. Além disso, a grave perda de peso apresentada pelo
paciente sugere uma alimentação que objetive sua recuperação de
peso.
Qual a dieta deverá ser prescrita?
Resposta: Dieta Pastosa Hipossódica Hipercalórica Laxativa
Aporte calórico das dietas
DIETA KCAL PROTEÍNAS
NORMAL 1.800-2.500 70-95g
BRANDA 1800-2200 60-90g
PASTOSA 1800-2200 60-80g
SEMILÍQUIDA/LEVE 1800-2000 60-80g
LÍQUIDA COMPLETA 1500-1600 40-60g
LÍQUIDA RESTRITA OU 900-1000 na
SEM RESÍDUO 1300 c/ suplem.
COMO ENRIQUECER AS DIETAS?
NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL
NÍVEL 3 - TERCIÁRIO
• Pacientes cuja doença de base exija cuidados
dietoterápicos especializados (prematuridade, baixo
peso ao nascer, erros inatos do metabolismo);
• Pacientes que apresentam risco nutricional.