A CONCEPÇÃO DE HOMEM
NA PERSPECTIVA DE
BLAISE PASCAL
“A GRANDEZA DO HOMEM É GRANDE NA MEDIDA QUE
ELE SE CONHECE MISERÁVEL.” (PASCAL)
CONTEXTO HISTÓRICO: FRANÇA DO
SÉCULO XVII
• Breve biografia:
• Blaise Pascal (1623-1662), gênio da ciência, matemático, físico,
filósofo e teólogo, pai da computação digital, da probabilidade, da
física experimental, da hidráulica, do cálculo integral e diferencial,
da geometria projetiva.
• Crítico ao racionalismo sua obra é atrelada sua religião católica.
CONTEXTO HISTÓRICO: FRANÇA DO
SÉCULO XVII
• Na França, transcorriam as disputas religiosas e os entrechoques entre escolas de
pensamento. Espírito profundamente intuitivo, Pascal sentiu e sofreu as
contradições de seu tempo: empirismo x racionalismo, razão x fé, ciência x
religião. Foi um homem de espírito sintético. Transcendeu as oposições entre
empirismo e racionalismo nascentes. Viveu e integrou os impulsos da razão e da fé,
da ciência e da religião. Buscou, assim, conciliar e harmonizar tendências que se
opunham em seu tempo, integrando-as em uma construção superior do
conhecimento.
CONTEXTO HISTÓRICO: FRANÇA DO
SÉCULO XVII
• Pascal sofreu forte influência do Jansenismo do qual era convertido.
• *Jansenismo: Uma doutrina religiosa, moral e política fundada pelo
bispo holandês Cornellius Jansenius. Partindo de princípios cristãos,
o jansenismo fazia uma releitura a Agostinho de Hipona,
principalmente na defesa da predestinação dos seres humanos, se
opondo ao livre-arbítrio.
CONTEXTO HISTÓRICO: FRANÇA DO
SÉCULO XVII
• Pascal critica o racionalismo, principalmente as ideias do
filósofo francês Descartes que acreditava que a razão era
infinita no qual poderia encontrar repostas para tudo através da
razão.
• Pascal discorda de René Descartes e afirma que a razão é finita,
pois nem tudo podemos identificar através da razão.
QUAL A CONCEPÇÃO DE HOMEM PARA
PASCAL?
• “O homem é apenas um caniço, o mais fraco da
natureza; mas é um caniço pensante.” (PASCAL)
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER
HUMANO
• Epistemologia:
• Segundo Pascal o homem encontra-se em desproporção em relação universo, pois o ser
humano é finito e sua razão possui limites, já o universo é infinito. A desproporção entre
finitude humana e o infinito da natureza, atesta desse modo, a impossibilidade de acesso ao
plano essencial das coisas físicas.
• O homem é incapaz de apreender os princípios últimos do conhecimento verdadeiro.
• Segundo o filósofo ao falar do conhecimento o homem deve combater a “Presunção” que por
vezes conduziu o homem alcançar e ambicionarem o princípio das coisas, confiando ter
alguma proporção entre as mesmas.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO ANTROPOLÓGICA E
EPISTEMOLÓGICA DO SER HUMANO
• A noção de “Caniço pensante” caracteriza dois aspectos da natureza
humana: o homem é materialmente limitada por um corpo finito e,
nessa medida, é compreendido pelo espaço. Mas, embora a razão seja
incapaz de compreender a finitude do espaço, ao menos conhece a
existência do infinito.
• Os limites da razão são colocados pela sua própria condição finita sem
relação ao infinito, desse modo, o alcance dos primeiros princípios que
fundam o conhecimento está além da capacidade racional.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER HUMANO
• Segundo Pascal a compreensão dos princípios que fundam o conhecimento (Termos
primitivos) é compreendido através do “Coração” sede dos sentimentos essa compreensão
não pode ser fruto da atividade racional.
• O termo “Coração’ que em Pascal sugere uma espécie de mediador entre razão e matéria,
segundo o filósofo o coração é um suporte tão importante quanto nosso cérebro.
• Ressaltamos que os termos primitivos, fornecidos à razão pelo coração é o mediador com
que a razão irá trabalhar de modo lógico demonstrativo. Está descartado em Pascal
fundamentar o conhecimento racional em termos ontológicos. O acesso as verdades
ontológicas conduziria o conhecimento racional à regressão ao infinito.
• “O coração tem razões que a própria razão desconhece.” (Pascal)
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER
HUMANO
• “Assim se somos simplesmente materiais nada podemos
conhecer, e se somos compostos de espírito e matéria não
podemos conhecer perfeitamente as coisas simples, espirituais
ou corporais.” (PASCAL)
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER
HUMANO
• Segundo Pascal a Razão é uma potência enganadora a partir do momento que ela
ultrapassa seus limites, tanto a percepção quanto a razão devem permanecer nos limites
de sua finitude, e somente se tornam enganadoras somente quando tenta operar fora
âmbito de que pertence.
• As percepções conduzem a razão ao erro quando lhe fornece impressões falsas.
• O conflito que surge entre razão e percepções decorre dos próprios limites do intelecto
finito que, ao invés de proceder de acordo com as regras que o norteia a produção das
certezas sensíveis tenta pela imaginação extrapolar esse limite.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO
SER HUMANO
• “A imaginação é essa parte enganadora no homem. Essa Senhora
de erro e falsidade, tanto mais velhaca quanto não é sempre; pois
seria regra infalível da mentira. Mas, sendo o mais das vezes falsa,
não dá nenhuma marca de sua qualidade, emprestando o mesmo
caráter ao verdadeiro e ao falso.” (Pascal)
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER
HUMANO
• A imaginação é considerada uma parte enganadora do homem
porque atua de modo negativo nos limites da razão, conduzindo-a ao
erro, na medida que é capaz de seduzi-la a pronunciar-se sobre
objetos que estão além do seu alcance, seja por tentar compreender a
essência dos objetos da natureza, seja por tentar compreender a
essência divina.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO SER
HUMANO
• É a faculdade responsável por fundar no homem a aparência de
felicidade, riqueza, as crenças e, por fim, o homem no sentido
mundano em todos os seus disfarces culturais que os
distanciam de pensar em si próprio, ou seja, o que desviem de
pensar sobre sua condição miserável.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO
SER HUMANO
• Podemos caracterizar essa faculdade (Imaginação) como
produtora de enganos , na medida em que ela forja no homem
um ser imaginário que é um traço constituintes do seu ser
psicológico no mundo. A opção que o homem faz da
imaginação leva em consideração a necessidade de fuga de
vivenciar a miséria que atesta sua condição verdadeira.
A CONDIÇÃO DO HOMEM: UMA VISÃO
ANTROPOLÓGICA E EPISTEMOLÓGICA DO
SER HUMANO
• Grandeza;
• É também pela capacidade de ampliar qualidades que Pascal
responsabiliza a faculdade da imaginação por ter conduzido muitos
filósofos a falarem sobre Deus como algo que fosse possível de
demonstração racional. Pois, na medida que eles puderam ampliar a
imagem de grandeza de si mesmos a partir dessa faculdade, eles também
puderam diminuir a grandeza divina e mensurá-las a si mesmo.
CONSTITUIÇÃO DO EU: O EU NO MUNDO
CONSTITUIÇÃO DO EU: O EU NO MUNDO
• Não nos contentamos com a vida que temos em nosso próprio ser:
Queremos viver a ideia dos outros uma vida imaginária e para isso
esforçamos em fingir.
• A dimensão do verdadeira do eu se opõe ao ser imaginário e não se
comunica com o real empírico.
• O homem para fugir da angústia, faz a opção de mascarar a falta de ser
se esforçado por “Parecer”
CONSTITUIÇÃO DO EU: O EU NO MUNDO
• Segundo Pascal o homem deve olhar a si mesmo como ser
pensante, logo sua dignidade particular reside nesta qualidade
diferencial de ser capaz de pensar.
• Pascal traz um conceito interessante que é o Divertissement
(Divertir-se) que é a maneira pela um ser desejante busca a
felicidade.
CONSTITUIÇÃO DO EU: O EU NO MUNDO
• O homem que se diverte se ocupa com uma atividade sem fim, em outras palavras o
que ele visa é ilusório.
• Esse homem que deseja a estima dos outros e coloca toda felicidade nesse fator não
pode, no entanto, alcançar a realização do seu desejo. Tal possibilidade resulta da
consideração de que o desejo humano dissolve todas a relações: O homem que forja
para si uma imagem de grandeza é incapaz de amor direcionado para reconhecimento
legítimo do outro. Pelo contrário ele necessita do outro para reforçar essa imagem que
ele construiu de si mesmo.
CONSTITUIÇÃO DO EU: O EU NO MUNDO
• A necessidade que o homem tem de legitimar a construção de si mesmo através
do reconhecimento do outro é caracterizado por Pascal como guerra constante dos
“eus”. Tal situação impossibilita a realização da felicidade humana uma vez que
todos querem ser estimados.
• Portanto por mais que o homem preencha com disfarces aquilo que nele é falta
constitutiva, a própria gratuidade da estima, ou melhor a não realização desta
mesma, uma vez que cada eu vive uma incessante luta de ser confirmado pelo
olhar do outro, coloca em evidência a condição de miséria.
Referência:
NASCIMENTO, Jussara Santos. Paradoxo do homem: um estudo sobre a condição
humana em Pascal. (Dissertação de Mestrado em Filosofia) – UFSCar, São Carlos, 2006.
Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/4892/
DissJSN.pdf?sequence=1. Acesso em: 20 nov. 2023.