NARCISISMO II
Profª Débora Guedes
ASPECTOS INDIVIDUAIS DO NARCISISTA
Aspectos ou Traços Explicação
Grandiosidade A pessoa acredita que é superior aos outros
Necessidade de admiração A pessoa busca constantemente a admiração
A INCAPACIDADE DE SUPORTAR A AMBIGUAÇÃO
• Freud escreveu: “A neurose é a incapacidade de suportar a
ambiguidade“.
• Uma forma possível de compreender esta frase é pensar que uma
psique rígida (inflexível) sofrerá por querer impor sua realidade
psíquica aos fatores externos, não os compreendendo em sua
complexidade.
• Esta rigidez pode ser reflexo de situações como o narcisismo.
• A psicanálise vê o narcisismo como:
• Resultado de um ego fragilizado, pois o ego precisa se defender e
se autoafirmar como supremo (e isso não é sinal de força!);
• Este ego fragilizado (para se defender de sua fraqueza) cria uma
autoimagem de força;
• A terapia psicanalítica contra o narcisismo implica em permitir o
contato do analisando com outras possibilidade de ver o mundo e
de aceitar as outras pessoas.
• Poderíamos pensar que, no extremo, o que se entende por narcisismo
seja não tolerar a ambiguidade, não tolerar a diversidade, não tolerar a
complexidade. Porque a pessoa narcisista simplifica o mundo a si
mesmo, à sua autoverdade, fechando-se à alteridade (ao outro),
fechando-se a descobertas. Seria um exemplo de “não tolerar a
ambiguidade”.
• Não significa que a pessoa narcisista necessariamente vá se isolar do
mundo. Mesmo em constante conflito com os outros, é recorrente o
narcisista precisar dos outros, exatamente para ter uma referência
sobre a qual se sobressair.
Ego fortalecido x Ego Narcísico
• Todos nós somos um pouco narcísicos. Isso é importante porque o
ego precisa criar defesas ao organismo e à vida psíquica do ser. É
uma forma de defesa e uma forma de delimitarmo-nos frente ao
mundo externo e aos outros. Sem a ação do ego e nossa
autocrença de que somos distintos das outras pessoas (e do
mundo), a psique poderia se perder em uma indistinção
potencialmente esquizofrênica.
• A questão é que o ego fortalecido sem o narcisismo exagerado:
• terá um fundo de desconfiança sobre si mesmo,
• buscará outros conhecimentos,
• avaliará os fatos por diversas perspectivas,
• saberá sobre si o suficiente para se amar, mas sem que isso se
torne “fechar-se” e
• estará aberto a ouvir e conviver com o outro.
• Enquanto o ego fragilizado representaria um narcisismo
exagerado, que fecharia o sujeito em si mesmo e o faria ver o
outro como ameaça. Como resultado, é recorrente a pessoa
narcisista:
• fazer-se elogios desmedidos, ou
• utilizar-se das outras pessoas principalmente focando em seus
objetivos pessoais, ou
• demonstrar agressividade quando questionado ou contrariado.
• Para Sigmund Freud, o narcisismo é uma fase do desenvolvimento
das pessoas. É um estágio em que verifica-se a passagem do
autoerotismo, ou seja, do prazer que é concentrado no próprio
corpo, para eleição de outro ser como objeto de amor. Essa
transição é importante porque o indivíduo adquire a habilidade de
conviver com aquilo que é diferente.
• O Narcisismo é mais do que uma simples autoadmiração. A análise do
narcisismo pode levar a uma compreensão mais profunda da
personalidade.
• A teoria dos Estágios do Desenvolvimento Psicossexual de Freud pode
oferecer insights valiosos. O narcisismo é frequentemente ligado à fase
fálica, quando a criança começa a descobrir seu próprio corpo. Essa
passagem é denominada por Freud como narcisismo primário. É o
momento em que o ego é eleito como objeto de amor. Ele se diferencia
do autoerotismo, que é uma fase em que o ego ainda não existe.
• Quando essa fase é mal resolvida, pode levar a um narcisismo exagerado.
• De acordo com Freud, todas as pessoas são narcisistas em certo ponto, já
que elas contêm em si uma pulsão de autoconservação. Então, o
narcisismo pode ser considerado em um espectro.
• Em um extremo, temos o narcisismo saudável, em que a pessoa tem uma
autoestima saudável.
• No outro, está o narcisismo patológico, que pode levar a transtornos de
personalidade e tensões psíquicas ao sujeito narcisista.
• A consciência do outro (e de si) se dá através da falta que sente /
percebe, sem poder dar conta do que se passa. O acolhimento que
lhe é concedido (colo, afago, saciedade, etc) dá a criança a
percepção de si, que ela tem contornos e pele, e de que está no
centro do mundo (seu mundo) inaugura-se o Narcisismo Primário.
Narcisismo não é igual a auto-erotismo, pois uma unidade comparável ao ego
não existe desde o início, ele tem que ser desenvolvido; os instintos auto-
eróticos se encontram desde o início.
Freud postula que um ser humano tem originalmente dois objetos sexuis: ele
próprio e a mulher que cuida dele – o que leva a considerações de um
narcisismo primário em todos, o qual, em alguns casos, pode manifestar-se de
forma dominante em sua escolha objetal.
Freud diz que o grande encanto de uma criança reside em grande medida em
seu narcisismo, seu auto-contentamento e inacessibilidade.
• Para Freud o desenvolvimento do ego consiste em um afastamento
do narcisismo primário e dá margem a uma vigorosa tentativa de
recuperação desse estado. Esse afastamento é ocasionado pelo
deslocamento da libido em direção a um ideal do ego imposta de
fora, sendo a satisfação provocada pela realização desse ideal.
• Le Poulichet (1997) diz que o que vem a perturbar o narcisismo
primário é o Complexo de Castração. É através dele que se opera o
reconhecimento de uma incompletude que desperta o desejo de
recuperar a perfeição narcisista
AUTO-EROTISMO
• Primeira fase do indivíduo, onde as pulsões buscam sua satisfação
nas próprias zonas erógenas, em que são produzidas, sem a
necessidade de objetos externos.
• O sujeito toma ao mesmo tempo o corpo como sendo fonte e objeto
do prazer sexual
• O bebê enxerga o mundo externo como parte dele mesmo, tornando
o mundo externo como algo indiferente, como se não existisse.
AUTO-EROTISMO
• O bebê acredita que a fome surge na própria boca, levando o
corpo à tensão e que ela própria produz o prazer, que gera
satisfação, sem a necessidade de um objeto externo a ele – auto-
erostismo.
• Pulsão sexual indissociada da autoconservação.
NARCISISMO PRIMÁRIO
• Considerado uma evolução do auto-erotismo
• O bebê enxerga outros objetos mas entende que é uma extensão
dele mesmo
• Indiferenciação entre Ego e Realidade (Eu e o outro)
• Do ponte de vista objetivo, o bebê está em interação com a mãe e
no ponto de vista do bebê, a mãe é um prolongamento dele,
bastando apenas em pensar numa informação para conseguir
magicamente que suas necessidades sejam supridas
NARCISISMO PRIMÁRIO
• A criança ao nascer encontra-se em um estado de indiferenciação
entre ela e o mundo. Todos os objetos, inclusive e principalmente
sua mãe, fazem parte de si própria.
• Este estágio Auto Erótico dura poucas semanas pois logo começa a
perceber, através de seu desconforto interno (fome, frio, calor,
intensidade luminosa, ruídos abruptos), que estes estímulos
insuportáveis são amainados por algo (na verdade alguém) que lhe
socorre.
NARCISISMO SECUNDÁRIO
• Em pouco tempo, as pulsões de autoconservação (Libido do Eu ou narcísica) e pulsões
sexuais (Libido objetal) começam a se diferenciar. A criança passa a desejar o Seio e
outros objetos externos que a satisfazem e vai de encontro a eles.
• A Libido objetal, tal como Freud a define, passa a ser a carga de energia sexual
(catexia) que como os pseudópodos de uma Ameba se dirigem ao objeto e depois
recolhe-se novamente. Ocorre que este “Amor Objetal” precisa recompensar o Ego
do indivíduo (satisfação narcísica).
• E nem sempre isto é possível (aliás – quase nunca – a vida acontece onde falta algo),
e ao frustrar-se em seus objetivos a pulsão é recolhida novamente ao Ego (Narcisismo
Secundário).
NARCISISMO SECUNDÁRIO
• Reflexo de energia pulsional, o qual depois de ter investido e
ocupado os objetos externos, sofre um desinvestimento libidinal,
quase sempre devido a fortes decepções, com os objetos externos
provedores, e retornam ao seu lugar inicial: O próprio Ego.
NARCISISMO SECUNDÁRIO
• Afastamento da ação psíquica do narcisismo primário:
• Percepção da existência do outro através da frustação – realidade
externa – e percepção e desenvolvimento do “eu”.
• Eu: indivíduo com necessidades
• Outro: Indivíduo que suprirá as necessidades
NARCISISMO SECUNDÁRIO
• Então ocorre o deslocamento do investimento da libido do ego
para o objeto externo;
• Perda da majestade do bebê cria uma ferida no narcisismo
primário;
• Ele percebe que não é o único e nem o centro de atenção da mãe.
NARCISISMO SECUNDÁRIO
• O objetivo será fazer-se amar pelo outro, construindo um ego ideal (o que
eu deveria ser para ser amado)
• Respeitá-lo, agradá-lo reconquistá-lo... Desde que satisfaça a exigência
do ideal do ego (Ele é o objeto ideal para satisfazer às minhas
necessidades?)
• Construção de modelo idealizado
• O QUE DEVO SER PARA SER AMADO?
E QUAIS AS CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS DA
FASE NARCÍSICA?