Asfixiologia forense I
Sumário
Introdução
Definição
Fisiopatologia
Sinais gerais
Mecanismos de morte
Classificação das asfixias
Desenvolvimento
ASFIXIA
Asfixia literalmente significa “sem ou
ausência do pulso”, visto que os
primeiros anatomistas pensavam que
nas artérias circulava ar ou pneuma.
Do ponto de vista cientifico expressão
correcta seria anoxemia (déficit total
de oxigénio) ou hipoxemia (déficit
parcial de oxigénio).
Definição
Asfixia mecânica
Síndrome caracterizado pelos efeitos da
ausência do oxigénio no ar respirável de
causa fortuita, violenta e externa.
Impedimento mecânico pode ocorrer de
diversas circunstâncias.
Asfixia clinica;
Asfixia toxicas;
Fisiopatologia
A função respiratória tem como objectivo as trocas
gasosas, que se realiza inicialmente a nível pulmonar e
depois através do transporte hemático a nível celular.
Respiração normal
Ar respirável contendo Oֺ2;
Permeabilidade dos orifícios e das vias respiratórias;
Biomecânica musculo respiratória ;
Expansibilidade pulmonar;
Circulação sanguínea normal, volume circulatório em
qtd e qld para transportar oxigénio para os tecidos.
Mecanismos de morte / Classificação
das Asfixias
Respiratório
Circulatório
Nervoso
Classificação da asfixias (Afrânio
Peixoto)
Asfixias Puras Asfixias em ambientes por gases Confinamento
irrespiráveis Asfixia por monóxido de
carbono
Asfixia por outros vícios de
ambiente
Obstaculação a penetração do ar nas vias Sufocação directa
respiratórias Sufocação indirecta
Transformação do meio gasoso em líquido Afogamento
ou semi-líquido
Transformação do meio gasosos em solido Soterramento
ou pulverulento
Asfixias Constrição passiva do pescoço exercida Enforcamento
pelo peso do corpo
Complexas
Constrição activa do pescoço exercida Estrangulamento
pela força muscular
Asfixias mistas Constrição do pescoço por meio das mãos Esganadura
Alterações anatomopatológicas
Sinais comuns das asfixias
mecânicas, classificadas em:
Sinais externos
Sinais internos
Sinais externos
Livor mortis ou manchas hipostáticas
Cianose na face ou máscara equimótica
Equimoses e ou petéquias na pele e mucosas
Fenómenos cadávericos
Cogumelo de espuma
Projecção da língua e Exoftalmia
Sinais externos
Cianose na face ou mascara equimótica
Sinais externos
Cianose ungueal
Sinais externos
Equimoses ou petéquias na pele e mucosas;
Em qualquer região do corpo;
A nível da mucosa são sinais mais constantes
- Conjuntival palpebral
- Ocular;
- Lábios.
Sinais externos
Hemorragia subconjutival
Sinais externos
Fenómenos cadavéricos:
Livor mortis ou manchas hipostáticas
- Precoce;
- Abundantes
- Tonalidade escura
Esfriamento cadavérico lento;
Rigidez cadavérica lenta, posteriormente intensa e
prolongada;
Putrefacção precoce e rápida.
Sinais externos
Cogumelo de espuma:
Bolinhas finas de secreção
espumosa;
Boca e orifícios nasais
estende-se a VRI.
Típico nas vitimas de
afogamento;
Pode aparecer em outros tipos
de asfixias (edema pulmonar);
Sinais externos
Projecção da língua e exoftalmia
Frequente nas asfixias complexas e mistas
Sinais internos
Petéquias ou Equimoses
viscerais
Aspecto do sangue
Congestão polivisceral
Edema pulmonar
Sinais internos
Petéquias ou equimoses viscerais;
Manchas de Tardieu (forma de cabeça de
alfinete)
Presentes em todos os tipos de asfixias
- Pleura visceral dos pulmões
- Pericárdio
- Timo.
Sinais internos
Distendidos
Edema pulmonar
Congestão e
edema;
Aspectodo
sangue: Fluido e
de cor escura;
Congestão
polivisceral
Asfixias puras
Confinamento
Permanência em ambientes restritos ou fechado, sem
renovação do ar respirável;
Diagnostico: Comemorativos;
Ex: Baus, malas, elevadores, viajantes clandestinos,
cadeias/celas superlotadas.
Sinais de defesa ou de tentativa desesperada de sair do local.
Causa jurídica: Geralmente acidental; Homicídio; suicídio é
muito raro.
Asfixia por monóxido de carbono
Antecedentes
Características típicas e peculiares:
- Manchas hipostática cor rosa carmim
- Habito interno: congestão polivisceral cor carmim
- Sangue fluido e de cor róseo;
- Pesquisa de carboxihemoglobina;
Causa Jurídica de morte:
Geralmente acidental ( + épocas frias);
Suicídio ( +países ocidentais);
Asfixia por monóxido de carbono
Cor carmim
Asfixias por vícios do ambiente
Ambientes saturados por gases ( esgotos,
fossas, gases pântanos);
Causa jurídica de morte: Acidental.
Diagnóstico dado pelos comemorativos.
Sufocação
Obstaculação a penetração do ar respirável, por
meio directo ou indirecto.
-Directa:
1. Por obstaculação dos orifícios oronasais
2. Por obstaculação dos vias respiratórias;
-Indirecta:
Por compreensão da parede toraco-abdominal;
Sufocação directa
Causa Juridica de morte:
Homicídio
Oclusão dos orifícios oronasais (manual, mantas,
almofadas, etc), Desproporção entre a vitima e o criminoso
(infanticídios e gerarcídios).
Sinais locais (estigmas ungueais na face, ao redor dos
orifícios, equimoses na mucosa labial).
Acidental
Obst. dos orifícios respiratórios: Recém-nascidos (durante a
amamentação ou sono)
Frequente em crianças, encravamento de objectos
(brinquedos, moedas) , nas vias respiratórias.
Sufocação indirecta
Compressão toraco-abdominal;
Asfixia mecânica por alteração da
mecânica da musculatura respiratória, que
consiste no impedindo a penetração do ar;
Causa jurídica:
- Acidental++ (avalanches de multidões,
desabamentos de casas e minas,
mecânicos);
- Homicídio: Negligencia nas prisões.
Sufocação indirecta (cont)
Diagnostico:
Sinais comuns de asfixia;
Mascara equimótica de Morestin;
Lesões traumáticas na parede
toraco-abdominal;
Lesões de defesa e de luta
(durante o pânico).
Afogamento
Asfixia mecânica produzida por
substituição do meio gasoso das vias
respiratorias por liquido ou semi-
liquido. Frequente no verão.
Etiologia medico legal:
Suicida,
Homicida,
Acidental – Pescadores por mau
tempo.
Afogamento (cont)
Submersão completa (Afogamentos azuis):
Fundamentalmente morte devido ao mecanismo
respiratório.
Submersão incompleta ( Afogamento branco de Parrot)
a morte advém do mecanismo nervoso, por inibição
nervosa periférica, devido ao contacto aos orifícios
respiratórios, traumatismo tipo ”chapa” no momento em
que a vitima penetra na H2O ( Water shock).
Nos casos as vitimas não apresentam sinais típicos de
afogamento.
Afogamento interno
Asfixiaquando os líquidos ou
substancias próprias do individuo
produzem a asfixia ( aspiração de
vómitos, hematémeses,
hemoptises, vómica);
Afogamento (cont)
SINAIS EXTERNOS
• Hipotermia
• Pele anserina.
• Retração do mamilo, escroto e do pênis.
• Maceração da epiderme.
• Cogumelo de espuma.
• Erosão dos dedos
• Presença de corpos estranhos sob as unhas.
• Equimoses da face e das conjuntivas
• Lesões "pos mortem" produzidas por animais aquáticos.
Afogamento (cont)
LESÕES INTERNAS
• Presença de líquidos nas vias respiratórias.
• Presença de corpos estranhos no líquido das vias respiratórias.
• Pulmões: aumentados, distendidos, enfisema aquoso e equimoses.
• Manchas de TARDIEU = equimose subpleural
• Manchas de PALTAUF = Hemorragias sub pleurais com 2 ou mais cm de
diâmetro
• Diluição do sangue (hidremia ou hemodiluição)
Congestao polivisceral
• Ossos Craneo: infiltrado hemorragico temporal, etimoidal
Mordedura por animais do
mar/rio
Soterramento
Asfixia mecânica pura devido a substituição do meio gasoso por
sólido ou pulverulentas;
A terra e destroços provenientes de desmoronamentos,
desabamentos e deslizamentos fornecem as substâncias
ditas pulverulentas.
É freqüente a associação destes sinais com outras lesões
traumáticas causadas pela compressão ou penetração de objetos no
corpo das vítimas.
O soterramento pode ser acidental (desastre) ou homicídio.
Raramente suicídio.
Soterramento
Asfixias
complexas
Enforcamento
Asfixia complexa em que há constrição
passiva do pescoço por meio de um laço
fixo, agindo o peso corporal como força
activa;
Formas de enforcamento:
- Completo ( corpo totalmente suspenso, sem
apoio);
- Incompleto ( parte do cadaver se apoia sobre
uma superfície)
Enforcamento (cont)
Mecanismo de morte:
Morte por compressão do laço sobre a laringe
ou traqueia;
Morte por obstrução da circulação: neste caso
o mais importante seria a obstrução das
carótidas acarretando perturbações cerebrais
pela anóxia.
Morte por inibição devido à compressão dos
elementos nervosos do pescoço
(principalmente sobre o nervo vago).
Enforcamento (cont)
O posicionamento do cadáver: a cabeça se
encontra inclinada para o lado contrário ao nó;
A face é pálida ou cianótica;
Orificios oronasais podendo exibir coleção
espumosa.
Exoftalmia, protusão da língua
No enforcamento completo, os membros
inferiores estão suspensos e os superiores, colados
ao corpo, geralmente com os punhos fechados.
Livor mortis na porção inferior do corpo.
Enforcamento tipico
Enforcamento atipico
Enforcamento atipico
Enforcamento
Enforcamento (cont)
Sinais Locais externos:
Sulco, geralmente único, pode ser
duplo, triplo
Consistência mole ou dura;
Apergaminhado;
Geralmente incompleto, se
interrompe no local do nó;
De direcção oblicua, ascendente
não uniforme em toda a sua
extensão ou de profundidade
desigual.
Classificação segundo a posição do
no:
- Típico: No posterior, simétrico (na
nuca);
-Atípico: No lateral ou submentoniano.
Enforcamento (cont)
Sinais locais internos:
Nos casos de sulcos duros e apergaminhados, na face interna do tecido
celular subcutaneo - LINHA ARGENTICA.
Infiltração hemorrágica dos músculos cervicais
LESÃO DO APARELHO LARÍNGEO (fraturas da cartilagem tireóide,
cricóide e do osso hióide).
LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL (fraturas ou luxações de
vértebras cervicais, principalmente C2).
Fratura da apófise odontóide do axis (2º vértebra cervical).
Infilitrado hemorragico
Enforcamento (cont)
Sinais internos:
Sinais encontrados nas asfixias em geral, como
congestão polivísceral,
Sangue fluído e escuro,
Pulmões com edema e congestão,
Causa Juridica de morte:
Geralmente suicidio.
Acidental e Homicidio são raros, possibilidade de
simulação de suicidio.
Sentença Juridica.
Estrangulamento
Asfixia mecânica complexa;
Constrição activa do pescoço por meio de um laço
exercida por uma força externa;
O corpo da vitima age passivamente;
Impedimento da penetração do ar nas vias aéreas
Dano circulatório pela compressão dos grandes vasos do
pescoço, com funestas conseqüências encefálicas.
Ocorre ainda, o mecanismo reflexo (inibição vagal),
levando à morte de uma maneira mais rápida.
Estrangulamento (cont)
Causa jurídica de morte:
Geralmente Homicídio.
Raríssimo Acidental e quase impossível
suicídio;
Sinais externos a distancia:
Mascara equimótica;
Equimoses subconjutivais;
Projecção da língua
Estrangulamento (cont)
Sinais externos locais:
Sulco
No terço medio ou abaixo
da cartilagem tiroidea;
Único, duplo ou múltiplo;
Duro ou mole;
Direcção horizontal ou
transversal;
Uniforme em toda a sua
extensão;
Geralmente completo.
Lesões de defesa;
Estrangulamento com uma
barra de ferro
Estrangulamento (cont)
Sinais internos:
Infiltrações hemorrágicas no tecido celular
subcutâneo e nos músculos;
Distribuição uniforme e a mesma altura que o
laço;
Fracturas do osso hioide e do aparelho
laríngeo;
Lesões na intima da túnica da carótida, rotura
transversais bilateralmente e da adventícia;
Sinais comuns de asfixias;
Asfixia mista
Esganadura
Asfixia mecânica mista
Constrição do pescoço por meio das mãos
Causa jurídica: homicídio
Sintomatologia variável de acordo com a
própria dinâmica do processo
Esganadura
Lesões externas locais:
Mais importante são os
produzidos pela unha do agressor,
estigmas ou marcas ungueais.
Pode também ter a forma de
rastros escoriativos.
Se o criminoso for dextro, lesões
em maior quantidade no lado
esquerdo do pescoço da vítima.
Em alguns casos, podem surgir
escoriações de várias dimensões e
sentidos, devido às reações da
vítima ao defender-se.
As marcas ungueais podem estar
(uso de vestes, luvas, etc).
Esganadura
Lesões externas a distancia:
Mascara equimotica da face;
Hemorragias subconjuntivais;
Petéquias na face e no pescoço
Cianose ungueal
Esganadura (cont)
Lesões internas:
Infiltrações hemorragicas no tecido celular subcutaneo e
muscular do pescoço;
Lesões no aparelho laringeo com fractura das cartilagens
e do osso hioide;
Sinais comuns de asfixias.
Bibliografia
Zacarias, António Eugénio, Temas de Medicina Legal e Seguros, 1ª
Edição, Maputo, 2004.
De França, Jenival Veloso, Medicina Legal, 5ª Edição, Editora
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1998.
Gisbert, A.J.Calabui, Medicina Legal e Toxicologia, 6ª Edição,
Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1998.
C.Simonin, Medicina Legal Judicial, Editora Jims, Barcelona, 1962.
Basile, Alejandro A., Fundamentos de Medicicna legal, Deontologia
y Bioetica, 5ª Edicao, Editora El Ateneo, Buenos Aires, 2004.
Obrigada pela atenção.