CRISE DA PRIMEIRA REPÚBLICA:
Movimento Modernista
Movimento Tenentista
Aliança Liberal e Revolução de 1930
Prof.ª Karen S. Barros
Movimento Modernista
Movimento Modernista
Fatos decisivos no sentido da eclosão e do estabelecimento do Modernismo:
1912: Oswald de Andrade retorna da Europa e divulga o Manifesto do
futurismo, de autoria de Marinetti.
1914: A Primeira Grande Guerra viria a agilizar o processo de industrialização de
São Paulo, cenário dava a cidade um contexto cosmopolita efervescente.
1915: início do Modernismo português com a revista Orpheu.
1917: Anita Malfatti organiza uma exposição de pinturas, gravuras, aquarelas,
caricaturas e desenhos, nas quais era nítida a orientação expressionista, uma
das recentes tendências europeias.
1918: fim da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, a burguesia enfrenta a
tradicional aristocracia rural.
1921: Mário de Andrade publica, no Jornal do Comércio, a série Mestres do
passado, em que analisa a poesia de: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo
Correia, Francisca Júlia e Vicente de Carvalho, ironizando-os, e publica o poema
Paulicéia desvairada.
1922: centenário da Independência do Brasil; fundação do Partido Comunista;
Tenentismo. Artur Bernardes é eleito presidente; Semana de Arte Moderna em
São Paulo, revista Klaxon (revista oficial do Modernismo brasileiro).
Movimento Modernista
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu
fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira
metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes
plásticas.
A Semana de Arte Moderna, não só enriqueceu decisivamente a
consciência artística, mas também forçou o contato da intelectualidade
brasileira com as novas correntes da arte europeia, chamadas
genericamente de Vanguardas (Futurismo, Expressionismo, Cubismo,
Surrealismo, Dadaísmo). Apesar da aversão dos modernistas, em geral, o
conhecimento das tendências vanguardistas representava informação.
A Semana de Arte Moderna teria, ainda, o aspecto histórico social: pregar a
tomada de consciência da realidade social brasileira e da cultura emanada
dessa realidade; enfoque elementos da cultura brasileira.
Movimento Modernista
Considera-se a Semana de Arte Moderna (11 a 18 de fevereiro de 1922),
realizada em São Paulo, como ponto de partida do modernismo no Brasil
lançando as ideias do movimento e dando espaço para novos grupos urbanos
em uma sociedade marcada pelas elites rurais.
Participantes da Semana de Arte Moderna
Literatura: Graça Aranha; Oswald de Andrade; Mário de Andrade; Menotti del
Picchia; Ronald de Carvalho; Guilherme de Almeida; Plínio Salgado; Sérgio
Milliet; Agenor Barbosa e outros
Artes plásticas: Di Cavalcanti; Anita Malfatti; Tarsila do Amaral; Victor
Brecheret; John Graz e outros
Música: Heitor Villa-Lobos; Guiomar Novais; Ernani Brafa e outros
Movimento Modernista
Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases:
Primeira geração (1922-1930): rica em manifestos e revistas, período mais
radical, moderno, original e polêmico em consequência da necessidade de
romper com todas as estruturas do passado, com o nacionalismo em suas
múltiplas facetas, volta das origens, através da valorização do indígena e a
língua falada pelo povo.
Daí o seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade: "...se
alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista”.
Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas distintas:
a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia da realidade (Em
1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário de Andrade um de seus
fundadores.)
a ufanista, exagerado e de extrema direita (a Ação Integralista Brasileira
(AIB), movimento nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932,
por Plínio Salgado.)
Movimento Modernista
Revista de Antropofagia (1928-1929)
Seu nome origina-se da tela Abaporu
(O que come) de Tarsila do Amaral.
O Movimento antropofágico foi
caracterizado por assimilação
(“deglutição”) crítica às vanguardas e
culturas europeias, com o fim de
recriá-las, tendo em vista o
redescobrimento do Brasil em sua
autenticidade primitiva.
Movimento Modernista
Segunda geração (1930-1945)
Alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem
política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela
gravidade de espírito, a seriedade da alma.
Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu
povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões,
tornando o regionalismo importante.
Bagaceira, de José Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino.
Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Verissimo,
Graciliano Ramos, Orígenes Lessa e outros escritores criaram um estilo novo,
completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos
quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais.
A consciência crítica estava presente, e mais do que tudo, os escritores da
segunda geração consolidaram em suas obras a questões sociais bastante
graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de
escravidão, o coronelismo entre outros, apoiado na posse das terras.
Movimento Modernista
Terceira geração (1945-1960): Com a transformação do cenário sociopolítico
do Brasil, a literatura também transformou-se: o fim da Era Vargas, a ascensão
e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram
de grande influência na Terceira Fase.
O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação
dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na
psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço
caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações
modernistas de 22, o que faz com que, na concepção de muitos estudiosos
(como Tristão de Athayde e Ivan Junqueira), esta geração seja tratada como
pós-modernista.
MOVIMENTO TENENTISTA
O tenentismo e a contestação das oligarquias
• O tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar, e à série de
rebeliões de jovens oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro
(tenentes, sargentos, cabos e soldados) no início da década de 1920 descontentes
com a situação política do Brasil.
• Aconselhavam reformas na estrutura de poder do país: o fim do voto aberto (fim
do voto de cabresto), instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.
• Os tenentes argumentavam que o Exército era a única instituição realmente
preocupada com o desenvolvimento do país e capaz de combater a corrupção
política (sem refletir sobre a corrupção dentro do seu próprio organismo). Para
tanto, defendiam a ação armada para mudar a situação.
• Os tenentes provocaram uma série de levantes, que contribuíram decisivamente
para enfraquecer a Primeira República: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
em 1922, a Revolta Paulista de 1924 a Comuna de Manaus de 1924 e a Coluna
Prestes.
• O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na
estrutura política do país, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas
conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, representado na
Política do café com leite. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a
Revolução de 1930, que alterou, definitivamente, as estruturas de poder no país.
Levante do Forte de Copacabana
• O descontentamento dos tenentes com a situação política vivida
pelo Brasil atingiu o seu auge no dia 5 de julho de 1922.
• Revoltados com a prisão do marechal Hermes da Fonseca, acusado
de estimular a revolta militar por ter apoiado uma manifestação em
Pernambuco, e com o fechamento do Clube Militar, por ele presidido,
os militares do Forte de Copacabana deram início à ação.
• Durante a manhã do dia 5, os militares amotinaram-se no forte, que
foi bombardeado pelas forças do governo, mas os tenentes
mantiveram-se firmes.
• Um dos comandantes do forte, o capitão Euclides Hermes, filho do
marechal preso, sugeriu que desistissem da luta. Indecisa, parte dos
militares desistiu da revolta, e apenas 29 revoltosos continuaram no
movimento.
Levante do Forte de Copacabana
• Na tentativa de negociar com o governo, Euclides Hermes deixou o
forte e foi imediatamente preso.
• Os 28 militares restantes decidiram continuara luta; repartiram a
bandeira fixada no alto do forte em 29 pedaços, sendo um deles
para o capitão quando fosse libertado, e saíram em marcha pela
avenida Atlântica.
• Ocorreu um combate com as tropas do governo e apenas dois
manifestantes sobreviveram: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
• Apesar da derrota, o episódio serviu de estímulo para outros
levantes militares por todo o Brasil.
Da esquerda para direita:
tenente Eduardo Gomes,
tenente Siqueira Campos,
tenente Newton Prado
civil Otávio Correia.
Levante de 1924
• No ano de 1924, em comemoração ao levante do Forte de Copacabana,
ocorrido dois anos antes, os tenentes organizaram revoltas militares
simultâneas em vários estados.
• Em 5 de julho de 1924 ressurgiu então o movimento armado, dirigido
pelo general Isidoro Dias Lopes em São Paulo. Os tenentes ocuparam o
Palácio do governo e dominaram a cidade durante 23 dias.
• O objetivo era a deposição do presidente Artur Bernardes e a reforma
do regime político vigente.
• Outra reação relevante ocorreu no Rio Grande do Sul, onde os tenentes
se revoltaram contra a manutenção do poder da oligarquia local.
• Derrotados. os rebeldes organizaram-se em grupos armados, chamados
de “colunas”, e fugiram para o interior do Paraná, onde se reuniram sob a
liderança do major Miguel Costa e do capitão Luís Carlos Prestes.
Coluna Prestes
• O mais significativo movimento do tenentismo
foi a Coluna Prestes, formada pela junção das
colunas Paulista e Gaúcha, sob o comando de
Luís Carlos Prestes.
• Entre os anos de 1924 e 1927, cerca de 1.500
soldados marcharam aproximadamente 25 mil
quilômetros.
• O objetivo do movimento era promover um
levante popular contra o regime oligárquico.
• Entretanto, em vez do apoio da população, a
coluna angariou sua inimizade, uma vez que seus
métodos, pela necessidade de se sustentar, às Luís Carlos Prestes
vezes eram violentos, levando à destruição de
plantações e ao consumo de rebanhos inteiros em
um curto espaço de tempo.
COL
ÉGI
O
EUC
LIDE
S DA
CUN
HA
Aliança Liberal e Revolução de 1930
Aliança Liberal e Revolução de 1930
Em 1929, começaram as negociações para a eleição
presidencial de 1930 e, de acordo com a política do café com
leite, era a vez de o Partido Republicano Mineiro (PRM) indicar
o candidato.
Relembrando...
Aliança Liberal e Revolução de 1930
• Entretanto, um fato externo atingiu profundamente a economia
brasileira; a quebra da Bolsa de Valores de Nova York de 29, que
desencadeou uma grave crise na economia mundial que duraria vários
anos e resultaria na redução brutal das exportações de café além da
concessão de empréstimos e investimentos estadunidenses.
• Entre 1925 e 1929, o café chegou a representar 70% do valor de nossas
exportações. Mas, durante a crise de 1929, a situação se complicou,
pois o café era considerado um “produto de sobremesa", e não um
gênero de primeira necessidade e, por isso, sua procura caiu a níveis
muito baixos no mercado externo.
• O governo federal chegou a adquirir e armazenar as safras de café para
tentar manter os preços em um nível razoável e ajudar os produtores.
• A chamada “política café com leite“ e o Convênio de Taubaté, que
dominara o cenário da Primeira República, perdurou até 1930.
Aliança Liberal e Revolução de 1930
• No entanto, a ajuda do governo não surtia muito efeito, pois os
fazendeiros vendiam suas safras para o governo, mas não diminuíam
a área plantada com café, nem buscavam investir o valor recebido em
outro produto que tivesse maior procura no mercado interno ou
externo. Assim, os recursos do governo federal continuavam a ser
empregados para manter os ganhos dos grandes cafeicultores.
• Esse fato levou o presidente Washington Luís, do Partido
Republicano Paulista (PRP), a indicar o paulista Júlio Prestes para a
sucessão presidencial, a fim de garantir a continuidade da politica
de valorização do café.
• Os mineiros, porém, não aceitaram perder o direito de indicar o novo
presidente e acabaram se aliando a políticos gaúchos, fundando
assim a Aliança Liberal para lançar a candidatura do governador do
Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas.
• A Aliança Liberal era formada pelos presidentes de Rio Grande do
Sul, Minas Gerais e Paraíba. A Aliança pregava a justiça trabalhista, o
voto secreto e o voto feminino.
Aliança Liberal e Revolução de 1930
• O tenentismo passou a participar da Aliança Liberal em 1929, com
exceção de Luís Carlos Prestes.
• O tenentismo, em sua grande maioria, apoiou esse movimento e,
depois da vitória e posse de Getúlio Vargas, vários tenentes
tornaram-se interventores.
• Luís Carlos Prestes não apoiou o movimento de 1930, pois aderira
ao comunismo em maio daquele ano.
• Siqueira Campos, que seria um dos líderes, morrera em acidente
aéreo, também em 1930.
• Líderes: Juracy Magalhães na Bahia, Landri Sales no Piauí,
Magalhães Almeida no Maranhão e Joaquim de Magalhães Cardoso
Barata no Pará, entre outros.
Aliança Liberal e Revolução de 1930
• A manipulação do resultado das eleições garantiu a vitória
do paulista Júlio Prestes, e os aliancistas, inconformados,
começaram a falar em golpe de Estado. Para tanto,
procuraram as lideranças dos tenentes, na sua maior parte
no exílio, para prepararem a rebelião.
• A oportunidade surgiu quando, em julho de 1930, o
paraibano João Pessoa, candidato a vice-presidente pela
chapa da Aliança Liberal, foi assassinado (por motivos
pessoais).
• Os aliancistas aproveitaram o episódio para criar um clima
contrário ao governo, obtendo o apoio de políticos e setores
do exército.
Aliança Liberal e Revolução de 1930
As ações militares da Aliança Liberal começaram a 3 de outubro em
vários pontos do país. No dia 24, os militares cercaram o Palácio da
Guanabara e prenderam Washington Luís.
A 03/11/1930, Getúlio Vargas encontrava-se no Rio de Janeiro para
assumir o novo governo. A Primeira República chegava ao fim.