I SEMINÁRIO DE PESQUISA
DA FACULDADE DE
DIREITO DA UFG
DIREITO DO CONSUMIDOR, COMPORTAMENTO DE
ESCOLHA, MEIO AMBIENTE, DIREITOS HUMANOS E
SUSTENTABILIDADE
GT 4: DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA, GÊNERO E
SUSTENTABILIDADE
UM OLHAR SOBRE AS DESIGUALDADES
GLOBAIS NA AMÉRICA LATINA
Marcelo Marques de Almeida Filho
Doutorando em Ciências Sociais – Estudos Comparados sobre as Américas (UnB). Professor do curso de Relações
Internacionais da UNIP – Unidade Flamboyant. Membro associado do FOMERCO e membro do GEPPHERG e do NEAB
(UnB). E-mail:
[email protected].
Alessandra dos Santos Oliveira
Pós-graduanda em Direito Constitucional Aplicado pela Faculdade Legale. E-mail:
[email protected].
Mikhaelly Mendes de Oliveira
Pós-graduanda em Direito Constitucional Aplicado pela Faculdade Legale. E-mail:
[email protected].
Introdução
• A crise de 2008, estopim de uma crise sistêmica, escancarou a nova
transformação da natureza do capitalismo global e suas contradições.
• A crise tem se agravado, sobretudo, nas periferias do sistema global, se
desdobrando em instabilidades dentro e entre os Estados.
• Como reflexo, as múltiplas desigualdades têm explodido, em especial,
nos países com grande concentração de renda e com proteção social
insuficiente.
Introdução
• O impacto jurídico da expansão das desigualdades é
visível, pois, além de atacar as políticas de bem estar
social, impacta a efetivação dos direitos fundamentais e de
cidadania.
• Em 2020, a pandemia do coronavírus afetou ainda mais as
questões sociais, jurídicas e as relações políticas globais.
Problema
• Como a expansão das desigualdades globais tem
incidido na América Latina, no âmbito da crise e da
pandemia?
Objetivos
• O objetivo geral é analisar a expansão das desigualdades globais em um cenário de contraditório aumento da
riqueza global e consequente concentração de renda.
• Os objetivos específicos são: 1) estudar o fenômeno das desigualdades globais; 2) analisar como este
fenômeno se relaciona com a crise do capitalismo neoliberal e com a pandemia global, e; 3) observar como o
mesmo incide nas políticas sociais da América Latina.
Metodologia
• A metodologia utilizada é a qualitativa, junto ao método dedutivo, nos permitindo estabelecer as
generalizações e recortes necessários. Este estudo também se utilizou de pesquisa bibliográfica e documental e
do consórcio entre a pesquisa explicativa e a pesquisa exploratória.
Desenvolvimento
• A crise afetou mais severamente as pessoas em situação de pobreza. A pandemia contribuiu para ampliar a crise
em andamento. Nisto as desigualdades globais têm se acirrado, escancarando as incoerências e mazelas do
capitalismo neoliberal. Vivenciamos um novo momento de mudanças sistêmicas, provavelmente de reforma,
tendente ao autoritarismo, conservadorismo e da polarização social (SAAD-FILHO, 2020; UNDP, 2020).
• A América Latina foi afetada de forma singular neste processo. Para Dávalos (2016) precisamos entender que a
região foi inserida de forma assimétrica e desigual ao sistema capitalista. Aqui, a crise e a pandemia
promoveram crescente concentração de renda, financeirização das economias e endividamento dos Estados.
Desenvolvimento
• Segundo Atkinson (2015), as desigualdades são complexas e possuem vertentes variadas, sendo as sociedades
contemporâneas multidesiguais. O período pós-1970 seria a “virada da desigualdade”, pois elas crescem desde
então.
• Sassen (2016) aponta a lógica das expulsões, que aumentam as desigualdades e as pressões do centro sobre a
periferia, onde os setores públicos são afastados das demandas sociais, indo para os setores produtivos e
financeiros. Assevera que não é mais possível designar o que acontece hoje como apenas desigualdades, pois
isto já não dá mais conta da atualidade.
Desenvolvimento
• Milanovic (2016) reforça que as desigualdades globais são a soma da desigualdade entre as nações e a dentro das nações. Outro ponto
é que o nascimento em locais onde há menor desigualdade de renda concederia um “prêmio de cidadania” a estas pessoas.
• Consideramos complementar a esta visão os apontamentos de Menezes (2020) sobre os refluxos da globalização terem como um dos
traços principais a desigualdade, pois isto nos leva a refletir sobre como este debate tem se dado nos países centrais e não centrais.
• Medeiros (2016) deduz que a desigualdade em países como o Brasil é subestimada. Afirma que o ‘mundo’ é o lugar mais desigual do
‘mundo’. Chama a atenção para o enfraquecimento dos Estados, em razão da concentração de poder e riqueza em um pequeno grupo
de famílias no globo, o que acaba por definir demandas públicas e outras atividades sociais representando uma ameaça às
democracias.
Considerações Finais
• A concentração de renda e as desigualdades na América Latina são
efeitos derivados de nosso passado colonialista-escravagista, gerando
profundas contradições socioeconômicas, raciais, sociais, e outras,
bem como diversas formas de violência contra as minorias políticas.
• Se, por um lado, atingimos alguns avanços no combate às
desigualdades nas últimas décadas, por outro, o sistema capitalista
tem cada vez mais se rearranjado para garantir os processos de
acumulação e exploração massiva das forças de trabalho.
Referências
• ATKINSON, Anthony B. Desigualdade: O que pode ser feito? Trad. Elisa Câmara. São Paulo: LeYa,
2015.
• DÁVALOS, Pablo. El Posneoliberalismo, Apuntes para una Discusión. Rebelión, s.l., 24 maio 2016.
Disponível em: https://rebelion.org/el-posneoliberalismo-apuntes-para-una-discusion/. Acesso em: 18
mar. 2021.
• MEDEIROS, Marcelo. O mundo é o Lugar mais Desigual do Mundo: Novo livro de Branko Milanovic
Discute os Riscos da Concentração da Riqueza Global. Revista Piauí, Tribuna Livre da Luta de
Classes, ed. 117, jun. 2016. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-mundo-e-o-
lugarmais-desigual-do-mundo/. Acesso em: 22 set. 2021.
• MENEZES, Roberto Goulart. Geopolítica, Desigualdade Global e Desconexão Forçada: As Periferias
no Século XXI. In MENEZES, Roberto Goulart; BRUSSI, Antônio José Escobar; COSTA, Jales Dantas
Referências
• MILANOVIC, Branko. Global inequality: A New Approach for the Age of Globalization. Cambridge:
Belknap Press, 2016.
• PIKETTY, Thomas. A Economia da Desigualdade. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Intrínseca
Ltda., 2015.
• SASSEN, Saskia. Expulsões. Brutalidade e complexidade na economia global. São Paulo: Paz e
Terra, 2016.
• UNDP. Coronavirus vs. inequality: How we’ll pay vastly different costs for the COVID-19
pandemic. UNO, 2020. Disponível em: https://feature.undp.org/coronavirus-vs-inequality/?
utm_source=social&utm_medium=undp&utm_campaign=covid19-inequality. Acesso em: 15 jun.
2021.