Gestão Pública A
Aula 9 – 15/04/2025
Modelos de Gestão Pública (Secchi,
2009)
Secchi (2009)
Causas da modernização administrativa (levantamento):
• crise fiscal;
• aumento da competição territorial por investimentos e
mão de obra qualificada;
• novos conhecimentos organizacionais e tecnologia;
• ascensão de valores pluralistas e neoliberais;
• crescente complexidade, dinâmica e diversidade social.
Críticas ao modelo burocrático:
• inadequado para a sociedade contemporânea;
• ineficiente;
• moroso;
• autorreferenciado;
• descolado das necessidades dos cidadãos.
Alternativas apresentadas:
• administração pública gerencial;
• governo empreendedor;
• governança pública.
Modelos de administração pública:
• Burocrático: modelo organizacional;
• Gerencialismo: gerencial + governo empreendedor.
Conjunto de ferramentas, argumento ou filosofia
administrativa, doutrina;
• Governança pública: paradigma relacional – sistema
governamental e o ambiente.
Modelo burocrático:
Fundamento: a fonte do poder nas organizações e na
sociedade moderna é a racionalidade-legal (axioma).
Derivações na administração:
• formalidade: deveres e responsabilidades dos
membros, hierarquia, procedimentos escritos,
rotinização de tarefas e padronização serviços para
evitar a discricionariedade;
• impessoalidade: relações internas e externas baseadas
em funções e linhas de autoridade; posições pertencem
à organização e não às pessoas (autoridade vem do
cargo);
• profissionalismo: valor positivo do mérito. Condenação
do nepotismo e da senioridade no acesso ao cargo;
• separação entre público e privado;
• separação entre formulação e implementação das
políticas;
• eficiência econômica: alocação racional de pessoas na
organização, preocupação com as prescrições formais
das tarefas – ‘como fazer’;
• equidade: tratamento igualitário de funcionários que
desempenham tarefas iguais e provisão de produtos e
serviços padronizados;
• desconfiança geral com relação à natureza humana.
Gerencialismo:
Características:
• valores da produtividade;
• descentralização;
• eficiência na prestação de serviços;
• competição entre prestadores de serviços públicos;
• accountability.
Governança pública
Conceitos de governança:
Senso comum: conjunto de (boas) práticas
democráticas e de gestão que propiciam o
desenvolvimento econômico e social.
FMI e Banco Mundial: boas práticas que buscam a
eficiência administrativa, a accountability, o combate
à corrupção.
Ciência política e administração pública:
• modelo horizontal de relação entre atores públicos e
privados no processo de elaboração de políticas
públicas;
• denota pluralismo;
• traduzida por mudança no papel do Estado - menos
hierárquico e monopolista na solução dos problemas
públicos (neoliberalismo);
• resgate da política na administração – adoção da
participação e deliberação na esfera pública (em
detrimento da técnica).
Fundamentos (causas) do modelo de governança:
• crescente complexidade, dinâmica e diversidade das
sociedades, que colocam novos desafios ao Estado;
• ascensão de valores neoliberais e incapacidade do
Estado para solucionar os problemas, o que exige a
delegação para organizações internacionais, não-
estatais e locais.
• o próprio gerencialismo com seu foco no desempenho
e no tratamento de problemas.
Elementos da governança pública:
(1)Abordagem relacional que engloba interações fluidas entre
os três tipos de estrutura: (i) mecanismos de hierarquia
(governo), (ii) mecanismos autorregulados (mercado), (iii)
mecanismos horizontais de cooperação (comunidade,
sociedade, redes);
(2)Resgate das redes/comunidades/sociedades como
estruturas de construção de políticas públicas.
(3)Diminuição do protagonismo estatal na elaboração de
políticas públicas– envolvimento de atores não-estatais no
planejamento e implementação.
“Estado torna-se uma coleção de redes interorganizacionais
compostas por atores governamentais e sociais sem
nenhum ator soberano capaz de guiar e regular” (Roddes,
1997, apud Secchi, p. 360).
Plataformas organizacionais da governança pública:
(1)envolvimento dos cidadãos na construção de políticas
por meio de mecanismos de democracia deliberativa
(fortalecimento da comunidade, planejamento e
orçamento participativos, conselhos deliberativos);
(2) redes de políticas públicas abertas, independentes,
horizontais;
(3) parcerias público-privadas: coordenação temporária
(contratos) entre atores estatais e não estatais no
desenvolvimento de serviços e produtos; por exemplo,
em setores de infraestrutura e proteção ambiental.
Comparação entre os modelos
(1) Controle: comum aos três modelos
• Burocrático: formalidade e impessoalidade servem para
controlar os agentes públicos, as comunicações, as
relações intraorganizacionais e com o ambiente.
• Gerencial: há controle dos políticos sobre a máquina
administrativa e os resultados das políticas.
• Governança pública: envolvimento de atores não estatais
na formulação e implementação.
(2) Distinção entre política e administração:
• Burocrático: construção da agenda é tarefa
eminentemente política; a implementação, tarefa
burocrática.
• Gerencialismo: responsabilidade pelos resultados é dos
políticos. Mas a descentralização do poder decisório, o
envolvimento da comunidade e burocracias no desenho
das políticas suavizam a distinção.
• Governança pública: rompe com a distinção.
(3) Discricionariedade dos gestores:
• Burocrático: evita a discricionariedade;
• Gerencialismo e GP: visão mais positiva do
funcionário público – controle maior dos resultados e
menor dos processos.
(4) Relação entre ambientes internos e externos à
organização pública:
• Burocrático: esferas públicas e privadas são
impermeáveis - evitar a corrupção e patrimonialismo.
• Gerencial e GP: mecanismos de distinção são
suavizados – práticas deliberativas, redes de política,
PPP, governo catalisador.
(5) Tratamento do cidadão:
• Burocrático : usuário de serviços públicos
• Gerencial: clientes que devem ser satisfeitos
• Governança pública: parceiros e stakeholders, com
os quais são construídos, na esfera pública, modelos
horizontais de relacionamento e coordenação.
(6) Uso analítico das quatro funções de administração
(planejamento, organização, direção e controle):
• Três modelos enfatizam o controle.
• Gerencial: ênfase no planejamento (planejamento
estratégico; acordo de objetivos entre políticos,
burocratas e cidadãos; administração por objetivos).
• Burocrático: ênfase na função organização – análise e
descrição de cargos, divisão racional de tarefas, criação
fluxogramas, canais de comunicação entre setores e
departamentos.
• Governança pública: ênfase na direção – soma de
liderança e atividades de coordenação para a busca de
soluções (coordenação entre atores públicos e privados;
coordenação horizontal entre organizações públicas, do
terceiro setor, cidadãos , redes de políticas e
organizações privadas).
Questões:
•Empowerment: que teoria do governo democrático
permite discrição aos servidores e ao mesmo tempo
garante um governo regido por leis?
•Inovação: que teoria do governo democrático permite
ou encoraja os trabalhadores da linha de frente à
inovação na busca de um melhor desempenho?