Curso Técnico em Enfermagem
ÉTICA E
BIOÉTICA
NA
ENFERMAGEM
Prof. Enf. DERICK
LOPES
A discussão ética tem caráter dinâmico, haja
vista que os valores são mutáveis e
acompanham a evolução histórica e se
encontra consubstanciado no contexto
sociocultural, político e econômico, sendo que
em suas relações diárias o homem se
confronta com a necessidade (intrínseca) de
pautar seu comportamento em normas
socialmente estabelecidas e entendidas como
obrigatórias.
Filosoficamente, ética é um “conjunto de
princípios morais que regem os direitos e
deveres de cada um de nós e que são
estabelecidos e aceitos numa época por
determinada comunidade humana” (Padilha,
1995).
“A partir da compreensão de que os homens agem moralmente na
sociedade é que, de acordo com as normas, as pessoas guiam as
suas ações e compreendem que têm o dever de agir desta ou de
outra maneira, além de refletirem sobre o seu comportamento na
vida prática e o tomarem como objeto da sua reflexão” (Vázquez,
2002).
• Na interface das práticas de saúde, surge nos
Estados Unidos na década de 70 a Bioética, que
se ocupa em disciplinar as práticas assistenciais
no campo da saúde, estabelecendo quatro
princípios:
• Autonomia
• Beneficência
• Não maleficência
• Justiça
• Primam pelo respeito ao indivíduo,
entendendo que a ética nas atividades em
saúde não deve ser pontual e sim, uma
postura adotada pelos profissionais que
devem assumir a responsabilidade social
e respeitar o direito à cidadania
Ética
É o ramo da filosofia que estuda os
juízos de apreciação que se refere à
conduta humana, suscetível de
qualificação do ponto de vista do
bem e do mal. Vem de Ethos
(grego) e significa caráter, costume,
hábito ou modo de ser. Compreende
os comportamentos que
caracterizam uma cultura ou grupo
profissional, utilizando valores e
uma escala de valores.
Moral
Moral proveniente do latim
mos, moris (costume), poderia
ser simplesmente definida
como ciência que se preocupa
com atos ou costumes
humanos, deveres do homem
individual, grupal e perante
seu grupo profissional.
Bioética
De origem grega que
significa ética da vida, é
um estudo sistemático
das dimensões morais –
incluindo visão, decisão,
conduta e normas morais
– das ciências da vida e
da saúde
Deontologia
Qualificada como sendo a ciência
que estuda os deveres de um
grupo profissional. Para a
deontologia a consciência
significa o julgamento interno
que cada pessoa faz de seus atos
e dos outros. Assim, qualquer
atitude tomada num nível pré-
consciente ou inconsciente será
parcial ou totalmente isenta de
responsabilidade, quer jurídica ou
deontológica.
ÉTICA
Estudo fundamentado dos valores morais
MORAL
Costumes, regras, tabus e convenções
estabelecidas por cada sociedade
Princípios Éticos
1. Beneficiência ou benevolência;
2. Não-maleficência;
3. Fidelidade;
4. Justiça;
5. Veracidade;
6. Confidencialidade;
7. Automia;
Enfoques da bioética.
Zoboli, pautando-se em Anjos, Pessini e Barchifontaine, destacam
que, dentre os paradigmas mais utilizados na bioética, podem ser
elencados o do liberalismo, que tem nos direitos humanos a
justificativa para o valor central da autonomia do indivíduo sobre
seu próprio corpo e as decisões relativas à saúde; o das virtudes,
que coloca a tônica na boa formação do caráter e da
personalidade das pessoas ou dos profissionais; o da casuística,
que incentiva a análise sistêmica de casos a fim de reunir
características paradigmáticas que se prestarão para analogias
em situações com circunstâncias semelhantes; o narrativo, que
entende a intimidade e a identidade experimentadas pelas
pessoas ao contarem ou seguirem histórias como um instrumental
facilitador da análise ética; o do cuidado, que defende a
importância das relações interpessoais e da solicitude; e o
principialista.
Sendo o enfoque principialista da bioética o mais difundido, tendo
seu referêncial pautado em quatro princípios:
Beneficência;
Não-Maleficência;
Autonomia;
Justiça;
Beneficência
Fazer sempre o bem aos outros.
No campo da enfermagem, esse
princípio é fundamental. A tradição
dos profissionais de saúde, por meio
de Hipócrates, estabelece que a
medicina exista para beneficiar o
enfermo e o necessitado de saúde.
Esse princípio é reforçado
negativamente;
Não-
Maleficência
Refere à minimização ou
prevenção de danos,
Ou seja, a medicina, só existe
para o bem; é inconcebível seu
uso para infringir o mal
Negligência
Imprudência
Imperícia
Negligência
Omissão – deixa de tomar atitude em determinada situação, na qual foi preparado);
Ex. desleixo, desatenção, menosprezo, indolência, omissão ou inobservância do dever, em realizar
determinado procedimento, com as precauções necessárias;
Imprudência
Falta de cuidado - age, mas toma uma atitude diversa da esperada.
Ex. falta de cautela, de cuidado, é mais que falta de atenção, é a imprevidência a cerca do mal, que
se deveria prever, porém, não previu.
Imperícia
Inaptidão – falta de técnica necessária para realização de certa atividade;
Autonomia
constitui a pessoa
humana como
independente
Doações de órgaos e
transfusão sanguinea
Justiça
• relacionado à sociedade política
pelo qual se obriga a criar
condições públicas para o
tratamento da saúde de todos os
cidadãos e de promoção da
igualdade.
• Saúde como direito de
TODOS
RELEMBRAND
O
ETICA x MORAL
BENEFICIÊNCIA
NÃO MALEFICIÊNCIA
NEGLIGENCIA
IMPRUDENCIA
IMPERICIA
AUTONOMIA
JUSTIÇA
BIOÉTICA
DEONTOLOGIA
A tomada de uma decisão
De acordo com Fry (2002) a tomada de decisão
ética
ética depende de sensibilidade ética e de
raciocínio moral. A sensibilidade ética do
enfermeiro sofre a influência da cultura,
religião, educação e experiências pessoais. O
raciocínio moral é a habilidade de reconhecer
e determinar o que deve ser feito, ou não,
numa situação particular. Trata-se de um
processo cognitivo em que cada um
determina a ação eticamente defensável para
resolver um conflito de valores. O estudo dos
códigos de ética, padrões práticos de conduta
ética, assim como sobre princípios éticos e a
formação de valores, ajudará o enfermeiro a
desenvolver a sensibilidade ética e a
capacidade para o raciocínio moral e a
integrar essas qualidades como habilidades
para resolução de problemas.
Ética pessoal - ação individual.
Ex. Devolução de algo perdido e encontrado por
você.
Ética Pública (ou social) - responsabilidade da
sociedade como um todo pelo bem comum.
Ex. Gestores municipal, estadual e federal
agindo pelo bem comum e não o pessoal.
Ética Profissional - forma particular de agir da
pessoa em sua atividade profissional em benefício
da comunidade.
Ex. Enfermagem e o diagnóstico do paciente.
Código de ética Profissional
Cada profissão conta como respectivo código de
ética. Na enfermagem, existe um código que
“reúne normas e princípios, direitos e
deveres, pertinentes à conduta ética do
profissional que deverá ser assumido por
todos”. Ao ser reformulado, o Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem (CEPE)
levou em consideração, prioritariamente, a
necessidade e o direito de Assistência de
Enfermagem à população, os interesses do
profissional e de sua organização. Está
centrado na clientela e pressupõe que os
Agentes de Trabalho da Enfermagem estejam
aliados aos usuários na luta por uma
assistência de qualidade, sem riscos e
acessível a toda a população.
Percebe-se diante do exercício da
enfermagem de forma legal e ética,
alguns paradigmas de natureza social,
religiosa, pessoal que precisam ser
trabalhados suscintamente para que
não haja nenhum tipo de “disparidade”
ente o profissional e o paciente/família
DISCUSSÃO
Recorra á igreja da qual faz parte do paciente sempre
que necessário.
Nunca se coloque na posição de conselheiro espiritual,
mas esteja ciente de sua obrigação, em providenciar
este tipo de apoio sempre que necessário. Comunique
ao supervisor quando o paciente exigir um apoio
religioso especial.
Não comente sua vida nem seus problemas pessoais ou
familiares com seus doentes não ser em termos gerais.
• Gratificações, como dinheiro, presentes e gorjetas por
parte dos pacientes, devem ser recusados.
• ►
DISCUSSÃO
► Durante a carreira de enfermagem você encontrará
certos tipos especiais de pacientes, como viciados em
drogas, alcoólicos, criminosos, suicidas e pervertidos
sexuais. Não deixe que sua simpatia e antipatia pessoal
interfiram no atendimento a essa espécie de doente.
NÃO permita, tampouco, que a condição social ou
econômica do paciente modifique a qualidade do
atendimento que você dispensa.
► ► Nunca faça diagnóstico nem medicação para os
pacientes, para seus familiares e amigos, porque isso
constitui exercício ilegal da Medicina.
► NÃO DEIXE que se estabeleçam laços pessoais entre
você e seu paciente.
► Delicadamente desencoraje-o quando ele fizer
tentativas neste sentido.
DISCUSSÃO
Responda logo a qualquer chamado do paciente.
Atenda a suas solicitações, sempre que possível.
Quando estiver em dúvida ou não for capaz de faze-
lo, chame o supervisor.
“Os tópicos acima citados deverão fazer parte do
dia-a-dia e em um processo de reflexão”
CARTA BRASILEIRA DOS
DIREITOS DO PACIENTE
1- á saúde e á correspondente educação sanitária para
poder participar ativamente da preservação da mesma.
2- De saber como, quando e onde receber cuidados de
emergência.
3- Ao atendimento sem qualquer restrição de ordem
social, econômica, cultural, religiosa e social ou outra.
4- Á vida e á integridade, física, psíquica e cultural.
5- Á proteção contra o hipertencinismo que viola seus
direitos e sua dignidade como
pessoa.
6- Á liberdade religiosa e á assistência espiritual.
7- De ser respeitado e valorizado como pessoa humana.
CARTA BRASILEIRA DOS
DIREITOS DO PACIENTE
8- De apelar do atendimento que fira sua dignidade ou seus
direitos como pessoa.
9- De ser considerado como sujeito do processo de
atendimento a que será submetido.
10- De conhecer seus direitos a partir do inicio do tratamento.
11- De saber se será submetido a experiência, pesquisas ou
praticas que afetem o seu tratamento ou sua dignidade e de
recusar submeter-se as mesmas.
12- De ser informado a respeito do processo terapêutico a que
será submetido, bem como de seus riscos e probabilidade de
sucesso.
13- De solicitar a mudança de médico, quando o julgar
oportuno, ou de discutir seu caso com um especialista.
14- Á assistência médica durante o tempo necessário e até o
limite das possibilidades técnicas e humanas do hospital.
CARTA BRASILEIRA DOS
DIREITOS DO PACIENTE
15- De solicitar e de receber informações relativas aos diagnósticos, ao
tratamento e aos resultados de exames e outras práticas efetuadas
durante sua internação.
16- De conhecer as pessoas responsáveis pelo tratamento e de manter
relacionamento com as mesmas.
17- A ter seu prontuário devidamente preenchido, atualizado, e mantido
sem sigilo.
18- A rejeitar, até os limites legais, o tratamento que lhe é oferecido e a
receber informações relativas ás conseqüências de sua decisão.
19- Ao sigilo profissional relativo á sua enfermidade por parte de toda a
equipe de cuidados.
20- A ser informado do estado ou da gravidade de sua enfermidade.
21- De ser atendido em instituição com serviço adequados.
22- De conhecer as normas do hospital relativas á sua internação.
23- De receber explicações relativas aos componentes da fatura
independente da fonte e pagamento.
CARTA BRASILEIRA DOS
DIREITOS DO PACIENTE
24- De receber familiares ou outras pessoas
estranhas á equipe de cuidados.
25- De deixar o hospital independente de sua
condição ou situação financeira mesmo contrariando
o julgamento do seu médico e do hospital, embora,
no caso deva assinar seu pedido de alta.
26- De recusar sua transferência para outro hospital
ou médico até obter todas as informações
necessárias para uma aceitação consciente da
mesma.
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