ATENÇÃO
FU N Ç ÕE S C OGN IT I VAS – P S IC OLOGIA DA
A P R E N D I ZAGE M
FAESA – CENTRO UNIVERSITÁRIO
Vitória/ES
Profª Esp. Me. Camila Nasser Mancini
ATENÇÃO NO TEMPO DE MÚLTIPLOS
ESTÍMULOS!
ATENÇÃO NO DIA-A-DIA
• A atenção tem papel primordial em nosso cotidiano; especialmente na “era da
hiperestimulação”, a partir da disseminação da internet e digitalização dos espaços.
• Nossas atividades mentais ocorrem no contexto de ambientes repletos de
estímulos, relevantes ou não, que se sucedem de modo ininterrupto.
• Os estímulos que nos cercam (sejam olfatórios, visuais, auditivos, etc.) devem ser
selecionados de acordo com os objetivos pretendidos, conscientes ou não. Como
visto, diversas funções cognitivas dependem fortemente da atenção, em especial
da memória.
• Um déficit atencional pode, portanto, expressar-se em uma ampla gama de
sintomas e em um grande espectro de áreas da vida diária e ter grandes
repercussões especialmente nos processos de aprendizagem e na produção de
atividades laborais.
ATENÇÃO NA “ERA DA
HIPERESTIMULAÇÃO”
• Uma das características da atenção é a dependência do interesse e da
necessidade em relação à tarefa em questão. Assim, a prática clínica é
recheada de exemplos em que mães se queixam da desatenção de seus filhos
exclusivamente para “tarefas escolares e obrigações”, pois “ele só presta
atenção no que tem interesse”.
• Naturalmente, tarefas que ativam centros encefálicos relacionados ao prazer
mais facilmente mantêm o foco do indivíduo, daí a queixa de que a atenção
da criança pode ser boa “para jogar videogame”, mas não para estudar. Esse
tipo de queixa, não exclui a presença de déficit atencional real, o que exige do
examinador expertise na avaliação da atenção e na correlação com a clínica.
TRANSTORNOS ATENCIONAIS
• Existem transtornos que cursam com desatenção primária, sendo o mais frequente
deles o TDAH, com prevalência de aproximadamente 5% em crianças e 4% em adultos
(Kessler, Chiu, Demler, & Walters, 2005; Polanczyk, Lima, Horta, Biederman, & Rohde,
2007).
• De todas as funções cognitivas, a atenção é, provavelmente, aquela que se torna
comprometida com mais frequência em casos de lesões cerebrais, independentemente
de sua localização. Ela pode ser a única expressão de lesões mais sutis, como no caso
dos traumatismos craniencefálicos (TCEs) leves (Souza & Mattos, 1999), além de ocorrer
frequentemente em indivíduos com doenças cerebrovasculares e diferentes tipos de
demências.
• A atenção geralmente também se encontra comprometida em outros transtornos, como
a esquizofrenia, a dislexia e os transtornos abrangentes (invasivos) do desenvolvimento.
ATENÇÃO
• A Atenção refere-se a um conjunto de processos que
permitem controlar a atividade nervosa relacionada a
eventos externos e/ou internos, de modo a selecionar
aspectos que receberão processamento prioritário.
• Esses processos podem incluir a intensificação da atividade
nervosa em circuitos relacionados a informações sensoriais
presentes e/ou esperadas, a manutenção e/ou o resgate de
informações arquivadas na memória e ações ou planos motores.
ATENÇÃO COMO PROCESSO
ADAPTATIVO
• Registros de regularidades/padrões anteriormente vivenciados que foram
estocados na memória permitem antecipar eventos, que sofisticalizaram nossos
processos atencionais.
• Podemos assumir que esse tipo de função conferiu vantagens adaptativas tanto
pela melhora na eficiência do processamento de informações como pela redução no
tempo de reação a estímulos críticos, aumentando, assim, as chances de
sobrevivência.
• Tais processos parecem envolver diferentes mecanismos de controle. Não
surpreende, portanto, a postulação da existência de diferentes formas de atenção,
como atenção sustentada, atenção dividida, atenção seletiva e orientação
atencional, entre outras.
PESQUISAS EM ATENÇÃO: BREVE
HISTÓRICO
• Em meados do século XIX, Herman von Helmholtz começou a investigar de forma
sistemática o construto da atenção, sendo o primeiro pesquisador sobre o
assunto. Seus experimentos mostraram a capacidade da visão humana para
direcionar a atenção em detrimento de outros.
• Em 1890, William James propôs que a focalização e a concentração eram aspectos
fundamentais e básicos do construto.
• Em 1907, Thorndike apontou duas possibilidades ao se referir à atenção, atenção
como sensação e atenção como ato ou ação. Como sensação, a atenção é
caracterizada como esforço para que se prevaleça um interesse em detrimento de
outros. A atenção como ato ou ação, caracteriza-se pela focalização mental em
uma determinada ideia.
• Como percebido, desde a segunda metade do século XIX até o início do século
XX houve preocupação em definir a atenção.
PESQUISAS EM ATENÇÃO: BREVE
HISTÓRICO
• A contribuição da Psicologia cognitiva para o estudo da atenção foi bastante valiosa, em
que a teoria do filtro atentivo de Broadbent (1958) guiou várias pesquisas até a metade do
século XX.
• Segundo essa teoria, o processamento da informação ocorreria em dois momentos:
Primeiro, a filtragem dos estímulos relevantes e, posteriormente, o descarte dos estímulos
considerados irrelevantes, deixando clara o caráter seletivo da atenção. E que sua
capacidade era limitada.
• Strauss, Barton e Reiley (1995) postularam que a atenção era uma função mental
complexa, relacionada a capacidade de a pessoa selecionar e manter o controle da
entrada de informações externas e o processamento de informações internas necessárias
em um dado momento.
•
ATENÇÃO: DEFINIÇÃO DO
CONSTRUTO
• Atualmente, a definição mais aceita é a de Sternberg (2000): “Fenômeno pelo
qual o ser humano processa ativamente uma quantidade limitada de
informações do enorme montante de informações disponíveis através dos
órgãos dos sentidos, de memórias armazenadas e de outros processos
cognitivos”
• Ou seja, a Atenção é:
• Limitada
• Seletiva
• Utiliza-se de informações sensoriais (visão, audição, toque...)
• É orientada de acordo com as memórias armazenadas (Ex. Grito = Perigo)
• Está intimamente relacionada ao processamento cognitivo
A AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO
• Fenômeno complexo que compartilha limites com habilidades perceptivas (visuais, táteis, etc.), memória,
afeto e níveis de consciência (Lezak, Howieson, Loring, Hannay, & Fischer, 2004).
• A avaliação da atenção é obrigatória em qualquer exame neuropsicológico, devendo, preceder a das
demais funções.
• É necessário sempre considerar o estado de consciência (idosos e nos pacientes sob efeito de
medicamentos ou drogas), a motivação, o cansaço, o humor (depressão) e a ansiedade em completar as
tarefas. A presença de dor ou de déficits sensoperceptivos também deve ser levada em consideração.
• O local deve ser próprio para o exame, sem distratores externos (Visuais ou auditivos, calor...).
• Antes da realização dos exames, é importante perguntar a pessoa se ela dormiu bem, se está se sentindo
bem disposta, se se alimentou, se está com sede, se quer ir ao banheiro, se está sentindo dor...
• Comumente, em casos de reavaliação com pessoas já medicadas, pode ser indicado a realização de parte
dos exames com medicação, e partes sem, para se comparar os ganhos de desenvoltura com o uso da
medicação.
PRINCIPAIS TIPOS DE ATENÇÃO
• Alertness ou arousal, que pode ser traduzido como nível de
alerta ou ativação. Tal aspecto regula a responsividade global à
estimulação ambiental, incluindo o ciclo sono-vigília, o nível de
vigilância e o potencial para “focalizar”. Corresponde à
intensidade em que o indivíduo está acordado, alerta, pronto para
emitir uma resposta.
• •Seletividade. Seleção de parte dos estímulos disponíveis para
processamento enquanto os demais são mantidos “suspensos”. A
importância da seletividade é a necessidade de não se processar
tudo aquilo que é apresentado nos campos visual ou auditivo,
havendo, portanto, a necessidade de direcionar o foco para os
estímulos relevantes. Dessa forma, a atenção seletiva refere-se à
PRINCIPAIS TIPOS DE ATENÇÃO
• •Alternância. Corresponde à capacidade de alternar entre um estímulo ou
conjunto de estímulos e outro, ou entre um tipo de tarefa e outra, sucessivamente.
• •Dividida. Corresponde à capacidade de focar dois ou mais estímulos distintos
simultaneamente. Normalmente, este tipo de atenção é o que mais gera
dificuldade em pessoas com déficits nesta função, havendo uma perda significativa
na qualidade de produção (aumento no número de omissões e erros)
• •Sustentação. Corresponde à capacidade de manter o foco atentivo em
determinada atividade por um tempo mais prolongado com o mesmo padrão de
consistência/qualidade. Este aspecto engloba tanto a quantidade de tempo na qual
o indivíduo consegue manter o foco, como também a consistência de resposta
durante esse intervalo.
PECULARIDADES DA ATENÇÃO
• A avaliação dos diferentes aspectos da atenção exige cautela, tendo em vista que a
desatenção pode se manifestar de diversas formas.
• A lentidão de processamento, por exemplo, com frequência indica a presença de déficits
atencionais, daí a importância desse índice em diversos testes para avaliação de tal função –
comumente descrito como tempo médio de reação ou variação do tempo de reação ao longo
da tarefa.
• A lentidão de processamento pode ser observada tanto em lesões do sistema nervoso
central (SNC) como em casos de TCEs mais graves ou em indivíduos com demências
subcorticais.
• Essa lentidão pode se agravar com o aumento da complexidade da tarefa, em que o
indivíduo deve processar uma maior quantidade de estímulos simultaneamente.
• Pacientes com depressão também podem apresentar lentidão nas respostas.
PRINCIPAIS TESTES UTILIZADOS
• Teste Stroop (Trenerry, Crosson, DeBoe, & Leber, 1989). Esse teste é
reconhecido como uma prova de seletividade da atenção, em uma tarefa que
envolve também controle inibitório.
• TAVIS-4 (Coutinho, Mattos, Araújo, Borges, & Alfano, 2017): Seletividade,
Alternância e Sustentação
• BPA – Bateria Psicológica da Atenção (Rurda, 2013): Atenção Concentrada,
Atermada e Dividida
• Teste Dígitos e de Velocidade de Processamento do WISC
• Teste de Trilhas
REFERÊNCIAS (TEXTOS BASE)
• MALLOY-DINIZ, Leandro F. Avaliação neuropsicológica. 2. Porto Alegre ArtMed,
2018
• SANTOS, Flávia Heloísa dos. Neuropsicologia hoje. 2. Porto Alegre ArtMed, 2015
• RUEDA, Fabián Javier Marín; DE MAGALHÃES MONTEIRO, Rebecca. Bateria
Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA): desempenho de diferentes faixas
etárias. Psico-USF, v. 18, n. 1, p. 99-108, 2013.
OBRIGADA!!!
CAMILA.