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CAÇA E MANEJO
DEESPÉCIES
Biodiversidade,
biogeografia, ecologia de
paisagens e conservação
João Pedro Nogueira Leroux
NÃO SUSTENTÁVEL
Sustento de populações tradicionais
forma não sustentável, pode levar à extinção local ou
global de espécies, como demonstram diversos
casos históricos documentados.
Atualmente, a caça é uma atividade ilegal no Brasil
Introdução
Contexto Atual
Atualmente, a caça é uma atividade ilegal no Brasil e
promove elevado impacto ambiental sobre as
populações de animais silvestres em todos os biomas. A
atividade ocorre em maior ou menor escala em diversas
localidades de todos os biomas, apesar da legislação
brasileira vigente proibir tal atividade (FERNANDES-
FERREIRA; ALVES, 2014).
Introdução
Introdução
Antes da Lei de Proteção à Fauna de 1967, o Brasil
passou por cerca de um século de exploração
descontrolada de espécies silvestres para abastecer o
mercado internacional de peles, causando declínios ou
mesmo colapsos nas populações de ariranhas, jacarés-
açus, peixes-boi e queixadas da Amazônia (PEZZUTI et
al., 2018).
Introdução
Caça de
Subsistência
Praticada para obtenção de alimento e recursos
básicos para sobrevivência, caracterizada por:
• Populações pequenas e estáveis
• Técnicas tradicionais de baixo impacto
• Conhecimento ecológico tradicional
• Regulação cultural através de tabus e normas sociais
• Sustentabilidade baseada em práticas ancestrais
Caça
Comercial
Atividade econômica visando lucro através da venda de
produtos da fauna
• Exploração em escala industrial
• Uso de tecnologias avançadas para maximizar captura
• Motivação puramente econômica
• Impactos frequentemente insustentáveis
• Exemplos: caça de baleias, comércio de peles, marfim
Caça de Baleias: A Primeira Indústria Extrativa Global
Período áureo (séculos XVII-XIX): A caça de baleias
representou uma das primeiras atividades econômicas
verdadeiramente globais, movida principalmente pela
demanda por:
• Óleo de baleia: utilizado para iluminação (lampiões e
velas)
• Espermacete: cera extraída da cabeça do cachalote,
considerada de qualidade superior
• Barbatanas: utilizadas em corpetes, guarda-chuvas e
outros produtos
Impactos devastadores:
• Baleia-franca-do-atlântico-norte: reduzida a menos de
500 indivíduos
• Baleia-azul: populações globais reduzidas em mais de
90%
• Baleia-cinzenta do Atlântico: extinta no século XVIII
Eliminação sistemática de espécies consideradas
indesejáveis, frequentemente motivada por:
• Competição por recursos
• Medo ou percepção de ameaça
• Políticas governamentais mal orientadas
• Preconceito contra predadores
Caça de
Extermínio/
Controle
Caça
Esportiva/Recreativa
Praticada como atividade de lazer, podendo contribuir
para conservação quando bem regulamentada:
• Motivação recreativa e de status social
• Potencial fonte de recursos para conservação
• Regulamentação através de licenças e cotas
• Exemplos de sucesso: modelo norte-americano
Caça de
Retaliação
Eliminação de animais considerados prejudiciais às
atividades humanas ou perigosos:
• Proteção de cultivos agrícolas
• Eliminação de predadores de rebanhos
• Controle de espécies consideradas pragas
• Frequentemente baseada em percepções e não em
evidências científicas
O tilacino ou tigre-da-tasmânia era o maior marsupial carnívoro
moderno, endêmico da Austrália e Tasmânia:
• Comportamento: predador noturno, solitário
• Habitat: florestas temperadas e savanas
O Tigre-da-Tasmânia (Thylacinus
cynocephalus)
• Introdução de ovelhas na Tasmânia
• Conflitos imediatos com criadores de gado
• Percepção do tilacino como ameaça ao rebanho
Campanha de extermínio (1830-1909):
• Governo da Tasmânia estabeleceu recompensas pela morte de
tilacinos
• Pagamento de uma libra por animal morto (valor significativo na
época)
• Caça sistemática e indiscriminada
Chegada dos europeus (1803)
Fatores
Contribuintes
Destruição de habitat:
desmatamento para
agricultura
Competição: introdução
de cães domésticos
Doenças: possivelmente
transmitidas por cães
População pequena:
vulnerabilidade genética
• Tilacinos raramente atacavam ovelhas
• Principal causa de morte dos rebanhos eram cães selvagens
• Mandíbula do tilacino era fraca demais para matar ovelhas
grandes (Wilson et al 2023)
• Dieta baseada principalmente em pequenos marsupiais e
aves
Evidências
posteriores
Dodo (Raphus
cucullatus) - Maurício
O dodo, ave endêmica da ilha Maurício, foi extinto no
século XVII devido a uma combinação de fatores,
incluindo a caça pelos colonizadores holandeses.
Evidências arqueológicas sugerem que os habitantes
locais caçavam preferencialmente certas partes do
animal, contribuindo para a pressão sobre a espécie. A
extinção do dodo tornou-se um símbolo mundial das
consequências da exploração não sustentável da fauna.
Pombo-passageiro
(Ectopistes
migratorius) -
América do Norte
O pombo-passageiro norte-americano foi uma das
espécies mais abundantes do planeta, com populações
estimadas em bilhões de indivíduos. No entanto, a caça
comercial intensiva nos séculos XVIII e XIX, aliada à
destruição de habitat, levou à extinção da espécie em
1914. A última representante, Martha, morreu no
Zoológico de Cincinnati.
Fatores
Contribuintes
Caça comercial em escala
industrial
Uso de novas tecnologias
de caça (telégrafos para
localizar bandos)
Ausência de regulamentação
Destruição de áreas de
nidificação
A atual crise de extinções de espécies
em escala planetária, denominada de
Sexta Extinção em Massa, tem
chamado a atenção de um crescente
número de pesquisadores que
investigam os impactos das
atividades humanas sobre a
biodiversidade. Houve um explosivo
aumento da produção de formas
técnicas ("tecnodiversidade"), ao
mesmo tempo que ocorreu uma
preocupante queda das formas de
vida (biodiversidade) (MEGA, 2024).
Extinção da Megafauna Pleistocênica:
Primeira Grande Extinção Antropogênica
Teoria do Overkill: Proposta pelo
paleontólogo Paul S. Martin (1973),
sugere que a chegada dos pioneiros
grupos humanos ao continente
americano, há cerca de 15 mil anos,
ocasionou a rápida extinção da
megafauna. Esses animais não
estavam preparados para enfrentar o
novo desafio ecológico imposto pelos
seres humanos e seus artefatos.
Extinção da Megafauna Pleistocênica:
Primeira Grande Extinção Antropogênica
• Mamutes (Mammuthusspp.)
• Mastodontes (Mammut
americanum)
• Preguiças-gigantes (Megatherium
spp.)
• Tigres-dentes-de-sabre (Smilodon
fatalis)
• Cavalos americanos (Equus spp.)
• Camelos americanos (Camelops
spp.)
Espécies extintas
Os dados arqueológicos da América
do Sul diferem dos da América do
Norte. Não foram encontradas
evidências significativas de caçadas à
megafauna ao sul do istmo do
Panamá, ao contrário da América do
Norte, onde as evidências são
numerosas (MEGA, 2024).
Evidências conflitantes
Os primeiros trâmites jurídicos que tratam do
controle da depleção de fauna silvestre no Brasil
remontam ao ano de 1521, através das
Ordenações Manuelinas, regime de leis
provenientes da Coroa Portuguesa com a
proibição da caça a perdizes, lebres e coelhos
com instrumentos que provocassem sofrimento.
Evolução histórica
da legislação de
caça no Brasil
Período Colonial e Imperial (1521-1933)
Desde 1521 até 1934, nunca houve qualquer
outra regulamentação envolvendo controle de
caça, especificamente. As atividades cinegéticas
eram realizadas sem qualquer tipo de
fiscalização (FERNANDES-FERREIRA; ALVES,
2014).
Evolução histórica
da legislação de
caça no Brasil
Período Colonial e Imperial (1521-1933)
Em 1933, os pesquisadores do Museu Nacional de
História Natural do Rio de Janeiro (MNRJ), Cândido de
Mello Leitão, Edgard Roquette-Pinto e Alberto José de
Sampaio, elaboraram um anteprojeto aprovado no ano
seguinte. A aprovação do Decreto nº 23.672 (Código
de Caça e Pesca), assinado pelo Presidente Getúlio
Vargas em 2 de janeiro de 1934, é considerada o
primeiro avanço legal da depleção de vida silvestre no
país.
O Marco de 1934: Primeiro Código de Caça e Pesca
Evolução histórica
da legislação de
caça no Brasil
Em 1943 foi aprovado o Novo Código de Caça (Lei nº
5.894/43), estabelecendo regras mais rígidas para
áreas de caça e abertura de temporadas de abate.
A Revolução Legal de 1967
A Lei nº 5.197/67 criou o Código de Proteção à Fauna,
estabelecendo que:
• O direito de propriedade dos animais silvestres passa
a ser do Estado
• Foi proibida a caça profissional
• Algumas condutas foram elevadas à categoria de
crime
Período de Transição (1943-1967)
Evolução histórica
da legislação de
caça no Brasil
Década de 1980: Endurecimento das Leis
• Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85)
• Lei nº 7.643/87: proibição da caça de cetáceos
• Constituição de 1988: proteção constitucional
fauna
Lei de Crimes Ambientais (1998)
A Lei Federal nº 9605/98 estabelece as
penalidades mais rigorosas, com
exceções para estado de necessidade,
proteção de lavouras e controle de
animais nocivos (FERNANDES-FERREIRA;
ALVES, 2014).
As atividades de caça eram exaltadas pela mídia brasileira
até o final da década de 60:
• Programas de rádio exclusivos sobre caça. Sucessos como
canção Caçador (Tião Carreiro e Pardinho).
• Revistas especializadas: "Revista Caça e Pesca", "Revista
Troféu", "Revista Fauna"
• Literatura: "Caçadas de Pedrinho" (Lobato 1962), "Manual
do Caçador" (Carvalho 1924). Imagem do caçador como
herói.
Era Dourada da Caça (Décadas de 1940-1960)
A transformação
da percepção
midiática e social
A partir da década de 70, o advento dos movimentos
ambientalistas brasileiros mudou radicalmente a
percepção:
• Contexto político: final da Ditadura Militar (1964-1986)
• Classe média emergente e movimentos contra a ditadura
• Protecionismo ecológico como tendência ocidental
As mídias de massa passaram a associar a imagem do
caçador a caracteres de destruição do meio ambiente. Essa
imagem negativa permanece massificada nos dias atuais,
impactando o status social da atividade (FERNANDES-
FERREIRA; ALVES, 2014).
A Revolução Ambiental (Década de 1970)
A transformação
da percepção
midiática e social
O plano de caça
sustentável de São
Paulo: a perdiz como
caso piloto
O estado de São Paulo desenvolveu, nas décadas de
1980-1990, propostas pioneiras para implementar
programas de manejo sustentável de fauna cinegética,
tendo a perdiz (Rhynchotus rufescens) como espécie-
piloto.
Contexto Histórico
O plano de caça
sustentável de São
Paulo: a perdiz como
caso piloto
• Desenvolver modelo de caça sustentável como
ferramenta de conservação
• Gerar recursos para conservação através de taxas de
caça
• Monitorar populações de fauna cinegética
• Capacitar caçadores em práticas sustentáveis
Objetivos
O plano de caça
sustentável de São
Paulo: a perdiz como
caso piloto
• Zoneamento de áreas de caça
• Estabelecimento de cotas
• Monitoramento populacional
• Capacitação obrigatória
• Fiscalização rigorosa
Metodologia
Por que a perdiz foi
escolhida?
• Alta taxa reprodutiva: espécie prolífica com ninhadas
grandes
• Adaptabilidade: tolera bem ambientes modificados
pelo homem
• Distribuição ampla: presente em diversos habitats
paulistas
• Conhecimento científico: biologia reprodutiva bem
estudada
Características biológicas favoráveis
Destino do Programa
O programa foi descontinuado antes de sua
implementação plena, principalmente devido às
mudanças na legislação federal e à crescente oposição
social à caça, mesmo que sustentável.
Estratégias de manejo
sustentável
Peru-selvagem (Meleagrisgallopavo):
• População mínima: ~30.000 indivíduos (1930)
• População atual: >7 milhões
• Estratégias: regulamentação da caça, restauração de
habitat, reintrodução
Veado-de-cauda-branca (Odocoileusvirginianus):
• População mínima: ~500.000 (1900)
• População atual: >30 milhões
• Financiamento via taxas de caça e equipamentos
Casos de Recuperação de Espécies
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
O pirarucu (Arapaima gigas) é o maior peixe de escamas
do mundo e predador de topo das florestas inundáveis
amazônicas. Dada sua alta relevância econômica,
cultural e alimentar, a espécie teve suas populações
drasticamente reduzidas no século passado, sendo
extinta em muitas localidades devido à sobrepesca.
Contexto Histórico e Declínio
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
• Sobrepesca comercial: exploração intensiva sem
regulamentação
• Facilidade de captura: peixe de respiração aérea
obrigatória, facilmente localizado na superfície
• Alto valor comercial: carne muito apreciada e de alto
valor de mercado
• Falta de fiscalização: ausência de controle
governamental efetivo
Fatores do declínio
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
Na tentativa de reverter o processo de declínio
populacional, comunidades locais, em parceria estreita
com diferentes esferas do governo e o terceiro setor,
deram início ao manejo colaborativo na RDS Mamirauá.
O Modelo de Manejo Colaborativo
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
• Exploração restrita: apenas em lagos destinados ao
manejo
• Cotas de abate: estabelecidas durante a temporada de
pesca
• Planejamento espacial: lagos de não uso como refúgios
• Vigilância local constante: monitoramento comunitário
• Capacitação técnica: treinamento de manejadores
locais
Princípios fundamentais
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
Zoneamento dos lagos:
• Lagos de manejo: onde a pesca é permitida sob cotas
• Lagos de preservação: áreas de reprodução
totalmente protegidas
• Lagos de subsistência: uso restrito para alimentação
familiar
Metodologia do Manejo
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
Sistema de contagem:
• Censo anual: contagem de indivíduos adultos por
membros da comunidade
• Identificação de tamanhos: classificação por classes
etárias
• Estimativa reprodutiva: avaliação da capacidade de
reposição
Metodologia do Manejo
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
Estabelecimento de cotas:
• Base científica: máximo de 30% dos adultos contados
• Proteção de reprodutores: manutenção de casais com
filhotes
• Rotação de áreas: alternância entre lagos para
recuperação
Metodologia do Manejo
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
Recuperação populacional:
• Densidades 30 vezes maiores em lagos protegidos
pelas comunidades
• Aumento do tamanho médio dos indivíduos
capturados
• Recuperação da estrutura etária das populações
• Expansão natural para áreas anteriormente extintas
Resultados Obtidos
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
• Aumento da renda familiar: venda legal do pescado
• Melhoria da alimentação: maior disponibilidade de
proteína
• Fortalecimento organizacional: cooperativas de
pescadores
• Valorização cultural: resgate de conhecimentos
tradicionais
Benefícios socioeconômicos
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
• Recuperação de ecossistemas: pirarucu como espécie-
chave
• Controle de populações: predação de peixes menores
• Ciclagem de nutrientes: transferência entre ambientes
aquático e terrestre
Benefícios ecológicos
Fatores de Sucesso
Participação comunitária efetiva:
• Apropriação local: comunidades como gestoras diretas
• Conhecimento tradicional: integração com ciência
acadêmica
• Vigilância voluntária: fiscalização por interesse próprio
O caso do pirarucu
na Amazônia:
modelo de manejo
sustentável
• Parcerias multi-setoriais: governo, ONGs, academia
• Marco legal: reconhecimento oficial da atividade
• Assessoria técnica: suporte científico contínuo
Apoio institucional
Base científica sólida
• Monitoramento contínuo: avaliação anual das
populações
• Pesquisa aplicada: estudos sobre biologia reprodutiva
• Adaptação metodológica: ajustes baseados em
resultados
BARNOSKY, A. et al. Has the Earth's sixth mass extinction already arrived? Nature, v. 471, n. 3, p. 51-57,
2011.
CEBALLOS, G.; EHRLICH, P.; DIRZO, R. Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction
signaled by vertebrate population losses and declines. PNAS, v. 114, n. 30, p. 6089-6096, 2017.
FERNANDES-FERREIRA, H.; ALVES, R.R.N. Legislação e mídia envolvendo a caça de animais silvestres no
Brasil: uma perspectiva histórica e socioambiental. Gaia Scientia, v. 8, n. 1, p. 1-7, 2014.
KOLBERT, E. A sexta extinção em massa: Uma história não natural. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
MARTIN, P. S. The discovery of America: The first Americans may have swept the Western Hemisphere and
decimated its fauna within 1000 years. Science, v. 179, n. 4077, p. 969-974, 1973.
MEGA, O. J. A catastrófica ecologia do Antropoceno: uma abordagem arqueológica da Sexta Extinção em
Massa. Revista Arqueologia Pública, v. 19, e024004, 2024.
PEZZUTI, J.C.B. et al. A Caça e o Caçador: uma Análise Crítica da Legislação Brasileira sobre o Uso da Fauna
por Populações Indígenas e Tradicionais na Amazônia. Biodiversidade Brasileira, v. 8, n. 2, p. 42-74, 2018.
REDFORD, K.H. The empty forest. BioScience, v. 42, n. 6, p. 412-422, 1992.
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  • 1. CAÇA E MANEJO DEESPÉCIES Biodiversidade, biogeografia, ecologia de paisagens e conservação João Pedro Nogueira Leroux NÃO SUSTENTÁVEL
  • 2. Sustento de populações tradicionais forma não sustentável, pode levar à extinção local ou global de espécies, como demonstram diversos casos históricos documentados. Atualmente, a caça é uma atividade ilegal no Brasil Introdução
  • 3. Contexto Atual Atualmente, a caça é uma atividade ilegal no Brasil e promove elevado impacto ambiental sobre as populações de animais silvestres em todos os biomas. A atividade ocorre em maior ou menor escala em diversas localidades de todos os biomas, apesar da legislação brasileira vigente proibir tal atividade (FERNANDES- FERREIRA; ALVES, 2014). Introdução
  • 4. Introdução Antes da Lei de Proteção à Fauna de 1967, o Brasil passou por cerca de um século de exploração descontrolada de espécies silvestres para abastecer o mercado internacional de peles, causando declínios ou mesmo colapsos nas populações de ariranhas, jacarés- açus, peixes-boi e queixadas da Amazônia (PEZZUTI et al., 2018). Introdução
  • 5. Caça de Subsistência Praticada para obtenção de alimento e recursos básicos para sobrevivência, caracterizada por: • Populações pequenas e estáveis • Técnicas tradicionais de baixo impacto • Conhecimento ecológico tradicional • Regulação cultural através de tabus e normas sociais • Sustentabilidade baseada em práticas ancestrais
  • 6. Caça Comercial Atividade econômica visando lucro através da venda de produtos da fauna • Exploração em escala industrial • Uso de tecnologias avançadas para maximizar captura • Motivação puramente econômica • Impactos frequentemente insustentáveis • Exemplos: caça de baleias, comércio de peles, marfim
  • 7. Caça de Baleias: A Primeira Indústria Extrativa Global Período áureo (séculos XVII-XIX): A caça de baleias representou uma das primeiras atividades econômicas verdadeiramente globais, movida principalmente pela demanda por: • Óleo de baleia: utilizado para iluminação (lampiões e velas) • Espermacete: cera extraída da cabeça do cachalote, considerada de qualidade superior • Barbatanas: utilizadas em corpetes, guarda-chuvas e outros produtos
  • 8. Impactos devastadores: • Baleia-franca-do-atlântico-norte: reduzida a menos de 500 indivíduos • Baleia-azul: populações globais reduzidas em mais de 90% • Baleia-cinzenta do Atlântico: extinta no século XVIII
  • 9. Eliminação sistemática de espécies consideradas indesejáveis, frequentemente motivada por: • Competição por recursos • Medo ou percepção de ameaça • Políticas governamentais mal orientadas • Preconceito contra predadores Caça de Extermínio/ Controle
  • 10. Caça Esportiva/Recreativa Praticada como atividade de lazer, podendo contribuir para conservação quando bem regulamentada: • Motivação recreativa e de status social • Potencial fonte de recursos para conservação • Regulamentação através de licenças e cotas • Exemplos de sucesso: modelo norte-americano
  • 11. Caça de Retaliação Eliminação de animais considerados prejudiciais às atividades humanas ou perigosos: • Proteção de cultivos agrícolas • Eliminação de predadores de rebanhos • Controle de espécies consideradas pragas • Frequentemente baseada em percepções e não em evidências científicas
  • 12. O tilacino ou tigre-da-tasmânia era o maior marsupial carnívoro moderno, endêmico da Austrália e Tasmânia: • Comportamento: predador noturno, solitário • Habitat: florestas temperadas e savanas O Tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus)
  • 13. • Introdução de ovelhas na Tasmânia • Conflitos imediatos com criadores de gado • Percepção do tilacino como ameaça ao rebanho Campanha de extermínio (1830-1909): • Governo da Tasmânia estabeleceu recompensas pela morte de tilacinos • Pagamento de uma libra por animal morto (valor significativo na época) • Caça sistemática e indiscriminada Chegada dos europeus (1803)
  • 14. Fatores Contribuintes Destruição de habitat: desmatamento para agricultura Competição: introdução de cães domésticos Doenças: possivelmente transmitidas por cães População pequena: vulnerabilidade genética
  • 15. • Tilacinos raramente atacavam ovelhas • Principal causa de morte dos rebanhos eram cães selvagens • Mandíbula do tilacino era fraca demais para matar ovelhas grandes (Wilson et al 2023) • Dieta baseada principalmente em pequenos marsupiais e aves Evidências posteriores
  • 16. Dodo (Raphus cucullatus) - Maurício O dodo, ave endêmica da ilha Maurício, foi extinto no século XVII devido a uma combinação de fatores, incluindo a caça pelos colonizadores holandeses. Evidências arqueológicas sugerem que os habitantes locais caçavam preferencialmente certas partes do animal, contribuindo para a pressão sobre a espécie. A extinção do dodo tornou-se um símbolo mundial das consequências da exploração não sustentável da fauna.
  • 17. Pombo-passageiro (Ectopistes migratorius) - América do Norte O pombo-passageiro norte-americano foi uma das espécies mais abundantes do planeta, com populações estimadas em bilhões de indivíduos. No entanto, a caça comercial intensiva nos séculos XVIII e XIX, aliada à destruição de habitat, levou à extinção da espécie em 1914. A última representante, Martha, morreu no Zoológico de Cincinnati.
  • 18. Fatores Contribuintes Caça comercial em escala industrial Uso de novas tecnologias de caça (telégrafos para localizar bandos) Ausência de regulamentação Destruição de áreas de nidificação
  • 19. A atual crise de extinções de espécies em escala planetária, denominada de Sexta Extinção em Massa, tem chamado a atenção de um crescente número de pesquisadores que investigam os impactos das atividades humanas sobre a biodiversidade. Houve um explosivo aumento da produção de formas técnicas ("tecnodiversidade"), ao mesmo tempo que ocorreu uma preocupante queda das formas de vida (biodiversidade) (MEGA, 2024). Extinção da Megafauna Pleistocênica: Primeira Grande Extinção Antropogênica
  • 20. Teoria do Overkill: Proposta pelo paleontólogo Paul S. Martin (1973), sugere que a chegada dos pioneiros grupos humanos ao continente americano, há cerca de 15 mil anos, ocasionou a rápida extinção da megafauna. Esses animais não estavam preparados para enfrentar o novo desafio ecológico imposto pelos seres humanos e seus artefatos. Extinção da Megafauna Pleistocênica: Primeira Grande Extinção Antropogênica
  • 21. • Mamutes (Mammuthusspp.) • Mastodontes (Mammut americanum) • Preguiças-gigantes (Megatherium spp.) • Tigres-dentes-de-sabre (Smilodon fatalis) • Cavalos americanos (Equus spp.) • Camelos americanos (Camelops spp.) Espécies extintas
  • 22. Os dados arqueológicos da América do Sul diferem dos da América do Norte. Não foram encontradas evidências significativas de caçadas à megafauna ao sul do istmo do Panamá, ao contrário da América do Norte, onde as evidências são numerosas (MEGA, 2024). Evidências conflitantes
  • 23. Os primeiros trâmites jurídicos que tratam do controle da depleção de fauna silvestre no Brasil remontam ao ano de 1521, através das Ordenações Manuelinas, regime de leis provenientes da Coroa Portuguesa com a proibição da caça a perdizes, lebres e coelhos com instrumentos que provocassem sofrimento. Evolução histórica da legislação de caça no Brasil Período Colonial e Imperial (1521-1933)
  • 24. Desde 1521 até 1934, nunca houve qualquer outra regulamentação envolvendo controle de caça, especificamente. As atividades cinegéticas eram realizadas sem qualquer tipo de fiscalização (FERNANDES-FERREIRA; ALVES, 2014). Evolução histórica da legislação de caça no Brasil Período Colonial e Imperial (1521-1933)
  • 25. Em 1933, os pesquisadores do Museu Nacional de História Natural do Rio de Janeiro (MNRJ), Cândido de Mello Leitão, Edgard Roquette-Pinto e Alberto José de Sampaio, elaboraram um anteprojeto aprovado no ano seguinte. A aprovação do Decreto nº 23.672 (Código de Caça e Pesca), assinado pelo Presidente Getúlio Vargas em 2 de janeiro de 1934, é considerada o primeiro avanço legal da depleção de vida silvestre no país. O Marco de 1934: Primeiro Código de Caça e Pesca Evolução histórica da legislação de caça no Brasil
  • 26. Em 1943 foi aprovado o Novo Código de Caça (Lei nº 5.894/43), estabelecendo regras mais rígidas para áreas de caça e abertura de temporadas de abate. A Revolução Legal de 1967 A Lei nº 5.197/67 criou o Código de Proteção à Fauna, estabelecendo que: • O direito de propriedade dos animais silvestres passa a ser do Estado • Foi proibida a caça profissional • Algumas condutas foram elevadas à categoria de crime Período de Transição (1943-1967) Evolução histórica da legislação de caça no Brasil Década de 1980: Endurecimento das Leis • Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) • Lei nº 7.643/87: proibição da caça de cetáceos • Constituição de 1988: proteção constitucional fauna Lei de Crimes Ambientais (1998) A Lei Federal nº 9605/98 estabelece as penalidades mais rigorosas, com exceções para estado de necessidade, proteção de lavouras e controle de animais nocivos (FERNANDES-FERREIRA; ALVES, 2014).
  • 27. As atividades de caça eram exaltadas pela mídia brasileira até o final da década de 60: • Programas de rádio exclusivos sobre caça. Sucessos como canção Caçador (Tião Carreiro e Pardinho). • Revistas especializadas: "Revista Caça e Pesca", "Revista Troféu", "Revista Fauna" • Literatura: "Caçadas de Pedrinho" (Lobato 1962), "Manual do Caçador" (Carvalho 1924). Imagem do caçador como herói. Era Dourada da Caça (Décadas de 1940-1960) A transformação da percepção midiática e social
  • 28. A partir da década de 70, o advento dos movimentos ambientalistas brasileiros mudou radicalmente a percepção: • Contexto político: final da Ditadura Militar (1964-1986) • Classe média emergente e movimentos contra a ditadura • Protecionismo ecológico como tendência ocidental As mídias de massa passaram a associar a imagem do caçador a caracteres de destruição do meio ambiente. Essa imagem negativa permanece massificada nos dias atuais, impactando o status social da atividade (FERNANDES- FERREIRA; ALVES, 2014). A Revolução Ambiental (Década de 1970) A transformação da percepção midiática e social
  • 29. O plano de caça sustentável de São Paulo: a perdiz como caso piloto O estado de São Paulo desenvolveu, nas décadas de 1980-1990, propostas pioneiras para implementar programas de manejo sustentável de fauna cinegética, tendo a perdiz (Rhynchotus rufescens) como espécie- piloto. Contexto Histórico
  • 30. O plano de caça sustentável de São Paulo: a perdiz como caso piloto • Desenvolver modelo de caça sustentável como ferramenta de conservação • Gerar recursos para conservação através de taxas de caça • Monitorar populações de fauna cinegética • Capacitar caçadores em práticas sustentáveis Objetivos
  • 31. O plano de caça sustentável de São Paulo: a perdiz como caso piloto • Zoneamento de áreas de caça • Estabelecimento de cotas • Monitoramento populacional • Capacitação obrigatória • Fiscalização rigorosa Metodologia
  • 32. Por que a perdiz foi escolhida? • Alta taxa reprodutiva: espécie prolífica com ninhadas grandes • Adaptabilidade: tolera bem ambientes modificados pelo homem • Distribuição ampla: presente em diversos habitats paulistas • Conhecimento científico: biologia reprodutiva bem estudada Características biológicas favoráveis
  • 33. Destino do Programa O programa foi descontinuado antes de sua implementação plena, principalmente devido às mudanças na legislação federal e à crescente oposição social à caça, mesmo que sustentável.
  • 34. Estratégias de manejo sustentável Peru-selvagem (Meleagrisgallopavo): • População mínima: ~30.000 indivíduos (1930) • População atual: >7 milhões • Estratégias: regulamentação da caça, restauração de habitat, reintrodução Veado-de-cauda-branca (Odocoileusvirginianus): • População mínima: ~500.000 (1900) • População atual: >30 milhões • Financiamento via taxas de caça e equipamentos Casos de Recuperação de Espécies
  • 35. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável O pirarucu (Arapaima gigas) é o maior peixe de escamas do mundo e predador de topo das florestas inundáveis amazônicas. Dada sua alta relevância econômica, cultural e alimentar, a espécie teve suas populações drasticamente reduzidas no século passado, sendo extinta em muitas localidades devido à sobrepesca. Contexto Histórico e Declínio
  • 36. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável • Sobrepesca comercial: exploração intensiva sem regulamentação • Facilidade de captura: peixe de respiração aérea obrigatória, facilmente localizado na superfície • Alto valor comercial: carne muito apreciada e de alto valor de mercado • Falta de fiscalização: ausência de controle governamental efetivo Fatores do declínio
  • 37. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável Na tentativa de reverter o processo de declínio populacional, comunidades locais, em parceria estreita com diferentes esferas do governo e o terceiro setor, deram início ao manejo colaborativo na RDS Mamirauá. O Modelo de Manejo Colaborativo
  • 38. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável • Exploração restrita: apenas em lagos destinados ao manejo • Cotas de abate: estabelecidas durante a temporada de pesca • Planejamento espacial: lagos de não uso como refúgios • Vigilância local constante: monitoramento comunitário • Capacitação técnica: treinamento de manejadores locais Princípios fundamentais
  • 39. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável Zoneamento dos lagos: • Lagos de manejo: onde a pesca é permitida sob cotas • Lagos de preservação: áreas de reprodução totalmente protegidas • Lagos de subsistência: uso restrito para alimentação familiar Metodologia do Manejo
  • 40. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável Sistema de contagem: • Censo anual: contagem de indivíduos adultos por membros da comunidade • Identificação de tamanhos: classificação por classes etárias • Estimativa reprodutiva: avaliação da capacidade de reposição Metodologia do Manejo
  • 41. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável Estabelecimento de cotas: • Base científica: máximo de 30% dos adultos contados • Proteção de reprodutores: manutenção de casais com filhotes • Rotação de áreas: alternância entre lagos para recuperação Metodologia do Manejo
  • 42. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável Recuperação populacional: • Densidades 30 vezes maiores em lagos protegidos pelas comunidades • Aumento do tamanho médio dos indivíduos capturados • Recuperação da estrutura etária das populações • Expansão natural para áreas anteriormente extintas Resultados Obtidos
  • 43. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável • Aumento da renda familiar: venda legal do pescado • Melhoria da alimentação: maior disponibilidade de proteína • Fortalecimento organizacional: cooperativas de pescadores • Valorização cultural: resgate de conhecimentos tradicionais Benefícios socioeconômicos
  • 44. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável • Recuperação de ecossistemas: pirarucu como espécie- chave • Controle de populações: predação de peixes menores • Ciclagem de nutrientes: transferência entre ambientes aquático e terrestre Benefícios ecológicos Fatores de Sucesso Participação comunitária efetiva: • Apropriação local: comunidades como gestoras diretas • Conhecimento tradicional: integração com ciência acadêmica • Vigilância voluntária: fiscalização por interesse próprio
  • 45. O caso do pirarucu na Amazônia: modelo de manejo sustentável • Parcerias multi-setoriais: governo, ONGs, academia • Marco legal: reconhecimento oficial da atividade • Assessoria técnica: suporte científico contínuo Apoio institucional Base científica sólida • Monitoramento contínuo: avaliação anual das populações • Pesquisa aplicada: estudos sobre biologia reprodutiva • Adaptação metodológica: ajustes baseados em resultados
  • 46. BARNOSKY, A. et al. Has the Earth's sixth mass extinction already arrived? Nature, v. 471, n. 3, p. 51-57, 2011. CEBALLOS, G.; EHRLICH, P.; DIRZO, R. Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and declines. PNAS, v. 114, n. 30, p. 6089-6096, 2017. FERNANDES-FERREIRA, H.; ALVES, R.R.N. Legislação e mídia envolvendo a caça de animais silvestres no Brasil: uma perspectiva histórica e socioambiental. Gaia Scientia, v. 8, n. 1, p. 1-7, 2014. KOLBERT, E. A sexta extinção em massa: Uma história não natural. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015. MARTIN, P. S. The discovery of America: The first Americans may have swept the Western Hemisphere and decimated its fauna within 1000 years. Science, v. 179, n. 4077, p. 969-974, 1973. MEGA, O. J. A catastrófica ecologia do Antropoceno: uma abordagem arqueológica da Sexta Extinção em Massa. Revista Arqueologia Pública, v. 19, e024004, 2024. PEZZUTI, J.C.B. et al. A Caça e o Caçador: uma Análise Crítica da Legislação Brasileira sobre o Uso da Fauna por Populações Indígenas e Tradicionais na Amazônia. Biodiversidade Brasileira, v. 8, n. 2, p. 42-74, 2018. REDFORD, K.H. The empty forest. BioScience, v. 42, n. 6, p. 412-422, 1992. Referências