Bacias Sedimentares Da Margem Continental Brasileira-Webster Ueipass Mohriak-CPRM
Bacias Sedimentares Da Margem Continental Brasileira-Webster Ueipass Mohriak-CPRM
Capítulo III
Bacias Sedimentares da
Margem Continental Brasileira
Sedimentary Basins of the Brazilian Continental Margin
Petrobras
Summary
The Brazilian continental margin has been the object of study of several basin analysis projects in the
last few decades. Technological advances in the acquisition, processing and interpretation of the
large geological and geophysical datasets obtained by the petroleum industry resulted in outstanding
advances in the geological interpretation and substantial development of new concepts related to the
tectono-sedimentary evolution of the continental margin, with direct implications in the evaluation
of the exploratory potential. This work presents an integrated review of the tectono-sedimentary
evolution of the basins along the Brazilian continental margin, from the transform-related domains
in the equatorial margin towards the divergent domains of the South American plate. This review
focus on the sedimentary basins along the equatorial margin (Foz do Amazonas, Pará–Maranhão,
Barreirinhas, Ceará, and Potiguar) and along the transversal and divergent domains of the plate,
from the northeastern and eastern region (Pernambuco–Paraíba, Sergipe–Alagoas, Jacuípe, Camamu,
Almada, Jequitinhonha, Cumuruxatiba), and extending to the southeastern and southern regions
(Espírito Santo, Campos, Santos and Pelotas). A number of aborted rifs (example, Tacutu and
Tucano) developed during the Gondwana breakup and during the continental drift phase are also
discussed.
    The syn-rift phase of the sedimentary basins along the continental margin is associated with
extensional processes, which are responsible for synthetic and antithetic normal faults that formed
half-grabens and grabens. These were filled with siliciclastic and carbonate lacustrine continental
sediments deposited during the Neocomian and Barremian. The southeastern and southern segments
of the margin are characterized by a large igneous province dated as Upper Jurassic to Early Cretaceous,
with tholeiitic basalts underlying the syn-rift sediments, whereas in the northeastern Brazilian margin
the syn-rift sediments are underlain by Paleozoic to Mesozoic pre-rift sediments.
    The transitional phase (Aptian age) is associated with siliclastic and carbonate sediments deposited
above a regional unconformity (breakup unconformity) that heralds the continental drift phase,
which is associated with evaporite sedimentation between the Sergipe–Alagoas and Santos basins,
suggesting the occurrence of an elongated and shallow gulf, which was subsequently invaded by
88      Parte I – Geologia
     marine waters during the first marine ingressions of the nascent Atlantic Ocean. The presence of salt (halite) in the evaporites
     resulted in the development of a characteristic tectonic style marked by diapirs and extensional and compressional structures. The
     marine megasequence may be divided into a transgressive marine supersequence, with the establishment of a carbonate platform
     that grades into marls and shales (Albian to Turonian), and a regressive marine supersequence (Santonian to Tertiary), with
     carbonate and siliciclastic facies extending from the platform toward the deep water region.
          The equatorial margin is characterized by a few aborted rifts along the continental platform and in the onshore region (for
     example, the Caciporé, Tacutu and S. Luís rifts), and by some sedimentary basins that are characterized by an extensional phase
     followed by transcurrent movements associated with wrench tectonics and transform faults, forming compressional structures (e.g.,
     along the western part of the Ceará Basin). Following the inception of oceanic crust (whose limit with the continental crust´s
     characterized by an abrupt segmentation by transform faults), the thermal subsidence sedimentation is affected by relatively few
     fault zones, the exception being gravitational collapse faults that occur in the depocenters near the shelf edge. This process resulted
     in extensional and compressional features in the slope and in the deep water region of several basins (for example, Foz do
     Amazonas, Pará–Maranhão, Barreirinhas).
          Post-rift magmatic episodes are characterized notably in the Abrolhos Volcanic Complex (northern part of the Espírito Santo
     Basin), and in the southern part of the Campos Basin (Cabo Frio region, near the limit with the northern Santos Basin), as well as
     along transform faults in the equatorial margin, forming linear chains of volcanic plugs and igneous intrusions. Reactivation of
     basement-involved faults are recorded in several intervals, notably in the Early Tertiary, with a marked association with alkaline
     magmatism and formation of aborted rifts along the border of the continental margin, as for example, the taphrogenic basins in
     the southeastern Brazilian region (e.g. the Taubaté Basin).
1991; Mohriak et al. 1993), e também levantamentos regionais             A Fig. III.2 apresenta uma composição de figuras
da margem continental, ou efetuados por instituições                reconstituindo a fisiografia do Atlântico Sul atual com os riftes
governamentais (e.g., Projeto Leplac) ou por instituições ligadas   das bacias marginais na época pré-deriva continental. A Fig.
à indústria de petróleo em levantamentos especulativos (e.g.,       III.2a mostra um mapa fisiográfico com as principais feições
Fainstein, 1999; Fainstein et al. 2001). Utilizam-se também         do Oceano Atlântico, destacando-se o centro de espalhamento
mapas regionais de batimetria, gravimetria (free-air e Bouguer)     atual entre o continente sul-americano e africano. A Fig. III.2b
e magnetometria (Munis, 1997), resultado de compilações de          apresenta uma reconstituição palinspástica com as principais
dados de métodos potenciais da PETROBRAS e da CPRM                  bacias sedimentares formadas com a separação das placas
integrados com dados do Geosat, de domínio público (Sandwell        sul-americana e africana (Mohriak et al. 1998a). O sistema de
e Smith, 1997).                                                     riftes da margem continental brasileira (principalmente no
                                                                    segmento entre Sergipe–Alagoas e Santos) formou-se como
                                                                    conseqüência de processos extensionais datados de Jurássico
Evolução Tectono-Sedimentar da
                                                                    Superior ao Cretáceo Inferior (Asmus e Porto, 1980; Asmus e
                                                                    Baisch, 1983; Szatmari et al. 1985; Chang et al. 1992). Há
Margem Atlântica                                                    evidências de esforços extensionais polifásicos nas regiões
                                                                    extremas da placa sul-americana, com idades de sedimentos
                                                                    preenchendo grábens que atingem até o Triássico, corroboradas
Principais feições morfoestruturais                                 por datação geocronológica de rochas intrusivas e extrusivas
do Atlântico Sul                                                    precedendo a fase principal de rifteamento (Conceição et al.
                                                                    1988; Mizusaki et al. 2002).
O supercontinente Gondwana (vide Cap. I deste volume)                    As principais bacias da margem continental brasileira e
formou-se no Proterozóico Superior como resultado da                suas principais feições tectônicas estão mostradas na Fig.
assembléia de terrenos acrescidos aos crátons Amazonas e            III.3. A Fig. III.3a mostra as principais estruturas da margem
São Francisco durante a orogenia Brasiliana ou Pan-Africana         equatorial, e a Fig. III.3b as estruturas da margem nordeste,
(Almeida et al. 1976; Almeida et al. 2000, Heilbron et al.          leste e sudeste–sul do Brasil. Na margem sul destacam-se as
2000). Os cinturões de dobramento separando massas cratô-           estruturas e bacias da margem continental argentina, que
nicas pré-cambrianas (Fig. III.1 e Cap. V) são caracterizados       apresentam um padrão de rifteamento distinto do observado
por estruturas de direção NE–SW na margem leste e sudeste           na margem brasileira (Milani e Thomaz Filho, 2000).
brasileira, principalmente ao longo do segmento entre as bacias          A ruptura do Gondwana é caracterizada por alguns riftes
de Espírito Santo e Santos, estando associados à transpressão       abortados na região emersa intracontinental (e.g., no norte
dextral ao longo da zona de cisalhamento Além-Paraíba               do Brasil, destacam-se os riftes de Tacutu e Marajó; na mar-
(Radambrasil, 1983; Szatmari et al. 1984; Cobbold et al. 2001).     gem equatorial, ocorrem também pequenos riftes na plataforma
No nordeste brasileiro, destaca-se o alinhamento leste–oeste        continental do Ceará, e.g., Jacaúna); no nordeste, destaca-
de Pernambuco–Paraíba, que exerce papel fundamental no              se o sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá; e na região
controle tectônico das bacias formadas no Mesozóico (Cordani        sudeste, registram-se vários pequenos grábens localizados
et al. 1984; Chang et al. 1992). Na margem norte brasileira         entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os riftes ao
destaca-se o lineamento Transbrasiliano, de direção NE–SW,          longo da margem continental, que evoluíram até formar as
que atravessa a Bacia do Parnaíba e separa o segmento               bacias sedimentares da margem passiva, formam um conjunto
extensional da bacia do Ceará (Bacia de Mundaú, a leste) dos        de bacias sedimentares que se estende desde o limite com a
segmentos transpressionais da bacia de Piauí–Camocim                Guiana até o limite com as águas territoriais do Uruguai.
(Cordani et al. 1984; Cordani et al. 2000).                              Baseando-se principalmente em dados do Leplac (Russo,
    A orogenia do Pré-Cambriano Superior a Paleozóico Inferior      1999), observa-se que os depocentros das bacias sedimentares
é seguida por uma fase de sedimentação intracratônica nas           da margem continental apresentam uma espessura total de
bacias sedimentares paleozóicas (Paraná, Parnaíba,                  sedimentos (entre o fundo do mar e o embasamento pré-
Amazonas), com diversos ciclos deposicionais (Milani e Zalán,       cambriano ou vulcânico) bastante variável. As maiores
1999; Milani e Thomaz Filho, 2000). No Mesozóico essas bacias       espessuras sedimentares da margem são observadas nos
foram afetadas pela ruptura continental (quebra do                  depocentros do Cone do Rio Amazonas, na Bacia de
Gondwana), resultando em feições extensionais de riftes             Barreirinhas, no segmento das bacias de Espírito Santo a
superpostos aos sedimentos anteriormente depositados (e.g.,         Santos e no Cone do Rio Grande, na Bacia de Pelotas.
Bacia de São Luís e Bacia Sergipe–Alagoas), e também                     A Tab. III.1 mostra as principais características das bacias
cobertas por derrames basálticos associados à abertura do           sedimentares da margem continental (Tab. III.1a) e dos riftes
Atlântico Sul (Misuzaki et al. 2002).                               abortados (Tab. III.1b) no interior do continente brasileiro.
90      Parte I – Geologia
     Figura III.1 – Principais elementos tectônicos da América do Sul   Figure III.1 – Main tectonic elements of the South American continent
           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira   91
(a)
(b)
Figura III.4 – (a) Mapa batimétrico da plataforma continental brasileira; (b) Mapa de anomalias Bouguer (região emersa) e free-air da plataforma continental
brasileira; e (c) Mapa de anomalias Bouguer da plataforma continental brasileira. Sistema de projeção policônica com MC = 54 W, datum WGS 84. Nos mapas
gravimétricos as cores quentes (vermelho e laranja) indicam anomalias positivas, e as cores frias (azul e verde) indicam anomalias negativas
Figure III.4 – (a) Bathymetric map of the Brazilian continental platform; (b) Bouguer gravity anomaly (onshore region) and free-air gravity anomaly map of the Brazilian
continental platform; and (c) Bouguer anomaly map of the Brazilian continental platform. Polyconic projection with Central Meridian = 54oW, datum WGS 84. In the
gravity maps, the hot colors (red and orange) indicate positive anomalies, and the cold colors (blue and green) indicate negative anomalies
                                                                                                                                                                                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira
     direção do eixo de espalhamento meso-atlântico. Outras           1981), e a Zona de Fratura de Rio Grande – Lineamento de
     importantes feições geomorfológicas mencionadas por Jinno        Florianópolis, que separa as bacias de Santos e Pelotas.
     e Souza (1999) correspondem à Cadeia Vitória–Trindade, o             As bacias de Santos e Campos estão localizadas no Platô
     Lineamento de Florianópolis, o Alto do Rio Grande e o Platô      de São Paulo, a mais importante feição fisiográfica da margem
     de São Paulo, que é caracterizado por uma larga província de     sudeste brasileira (Ponte et al. 1977; Ponte e Asmus, 1978;
     diápiros de sal na região sudeste e com estreitamento na         Ponte et al. 1980; Asmus, 1982; Kowsmann et al. 1982; Palma
     direção norte. Os mapas de métodos potenciais permitem           1984). A Fig. III.5 mostra um mapa de detalhe da batimetria
     caracterizar importantes altos vulcânicos, montes submarinos     e da topografia continental da região leste–sudeste do Brasil,
     e diversos lineamentos estruturais que serão discutidos          destacando algumas das principais feições morfológicas e
     posteriormente. O mapa de anomalia Bouguer também                tectônicas já referidas, particularmente os lineamentos
     identifica os depocentros da fase rifte (em cores frias,         vulcânicos que adentram a região de crosta oceânica, como o
     azuladas), a crosta transicional (em tons de verde) e a crosta   Alto do Rio Grande e a cadeia Vitória–Trindade.
     oceânica (em cores quentes, de vermelho a violeta).                  Uma das principais feições observadas no Atlântico Sul
         Alves et al. (1997) identificam três principais zonas de     corresponde ao alinhamento NW que se estende desde a região
     fraturas na margem leste brasileira: a Zona de Fratura de        continental (como Alto do Paranaíba, separando as Bacias do
     Martin Vaz, cujo prolongamento para leste vai coincidir com o    Paraná e São Francisco, Cordani et al. 1984), e atinge a região
     Monte Almirande Saldanha, a Zona de Fratura do Rio de Janeiro,   da plataforma continental nas proximidades do Alto de Cabo
     cujo prolongamento para oeste vai coincidir com o lineamento     Frio, entre as bacias de Santos e Campos (Fig. III.6). Esse
     de alcalinas na região de Cabo Frio (Sadowski e Dias Neto,       lineamento (designado como Cruzeiro do Sul, Souza et al.
1993) continua para SE através de várias intrusões ígneas e,            Na região adjacente ao Complexo Vulcânico dos Abrolhos
em crosta oceânica, é caracterizado por feições tectônicas          ocorrem vários montes submarinos, principalmente na planície
extensionais interpretadas como riftes intra-oceânicos. Szatmari    abissal, como, por exemplo, o Monte Submarino Besnard na
e Mohriak (1995) caracterizam feições extensionais e                Bacia do Espírito Santo. Alguns altos vulcânicos atingem o
compressionais como associadas à movimentação da placa              nível de mar constituindo ilhas (e.g., Santa Bárbara, Martin
sul-americana durante a deriva continental, com uma rotação         Vaz e Trindade). Na plataforma continental da Bacia do Espírito
no sentido anti-horário entre a cadeia de Vitória–Trindade e a      Santo destaca-se a ocorrência de pequenas ilhas na região
região do Alto do Rio Grande.                                       norte de Abrolhos, em particular a Ilha de Santa Bárbara,
    A maior inflexão leste–oeste ao longo da margem                 onde afloram arenitos cretácicos a terciários cobertos por
continental leste brasileira localiza-se ao longo do Estado do      rochas ígneas e vulcânicas (Cordani, 1970).
Rio de Janeiro, entre as bacias de Campos e Santos. A deflexão          O Complexo Vulcânico de Royal Charlotte constitui o limite
do limite pré-aptiano dessas bacias, que em geral tem direção       entre a Bacia de Cumuruxatiba e a Bacia de Jequitinhonha.
NE, é marcada, na província de Cabo Frio, por ampla atividade       Na região nordeste brasileira também destacam-se vários
magmática com vulcanismo e intrusões alcalinas datadas do           lineamentos E–W e NW–SE ao largo das bacias da Bahia,
Cretáceo Superior até o Terciário Inferior (Mohriak et al. 1990c;   Sergipe, Alagoas e Pernambuco–Paraíba. Essas feições estão
Misuzaki e Mohriak, 1992). Mais ao norte, a cadeia de Vitória–      associadas a montes submarinos e cones vulcânicos cuja
Trindade (Figs. III.5 e III.6), de direção leste–oeste, constitui   datação radiométrica apresenta idades de Cretáceo Superior
importante feição vulcânica cuja origem provavelmente está          (Cherkis et al. 1989).
associada a plumas ou pontos quentes do manto (Gibson et                Nesta mesma área destacam-se a ocorrência das zonas
al. 1994).                                                          de fraturas e os lineamentos de Bode Verde e Ascensão (Mello
98      Parte I – Geologia
Figura III.7 – Modelo geodinâmico esquemático da margem   Figure III.7 – Schematic geodynamic model of the divergent continental
continental divergente                                    margin
100      Parte I – Geologia
      em ampla área na região do rifte, para um centro de                a deposição carbonática e resultando na acumulação de
      espalhamento localizado na cordilheira meso-atlântica (Harry       sedimentos marinhos de águas profundas (Fig. 7e). Ao final
      e Sawyer, 1992). Esta fase é também associada com episódios        do Cretáceo a margem sudeste é afetada por maciço aporte
      de magmatismo continental e oceânico, reativação de grandes        sedimentar relacionado ao soerguimento da Serra do Mar e
      falhas e erosão de blocos de rifte por uma discordância regional   da Serra da Mantiqueira, resultando em notável progradação
      que arrasa a topografia anterior e separa ambientes de             de siliciclásticos, formando grandes cunhas sedimentares que
      deposição tipicamente continental (lacustrino e fluvial) de        avançam na direção da quebra de plataforma e forçando uma
      ambientes transicionais e marinhos (Fig. 7d).                      regressão marinha. Esses episódios são também associados a
          Sobre essa discordância angular e abaixo de sedimentos         reativações de falhas do embasamento e a episódios
      da seqüência transicional evaporítica, algumas bacias registram    magmáticos (Cainelli e Mohriak, 1998).
      uma espessura significativa de sedimentos aptianos, pouco
      afetados por falhas, que constituem uma seqüência sedimentar       Modelos evolutivos da margem transformante
      do estágio final de rifte (sag basin) e que localmente podem
      dar origem a rochas geradoras de hidrocarbonetos (Henry e          Três principais estágios podem ser caracterizados na margem
      Brumbaugh, 1995). Essa seqüência é coberta por sedimentos          equatorial do Atlântico Sul: pré-transformante, sin-
      evaporíticos no Aptiano Superior, e subseqüentemente, a            transformante e pós-transformante (Mascle e Blarez, 1987;
      sedimentação torna-se predominantemente carbonática, com           Mascle et al. 1997; Matos, 2000; Bird, 2001).
      o período Albiano dominado por plataformas de águas rasas.             A Fig. III.8 mostra esquematicamente a separação da
      Ao fim desse intervalo, adentrando no Cenomaniano e                placa sul-americana da placa africana por meio de falhas
      Turoniano, ocorre um aumento de paleobatimetria, terminando        transformantes, condicionando diferentes estágios evolutivos
das bacias sedimentares. O primeiro estágio inclui a fase de      Feições tectônicas crustais e evolução geodinâmica
sedimentação pré-transtensão (pré-Barremiano) e a fase sin-
transtensão (Barremiano a Aptiano), quando esforços               Neste item serão discutidas algumas feições tectônicas crustais,
transtensionais criaram uma série de depocentros com direção      como a caracterização da descontinuidade de Mohorovicic,
NW–SE, dispostos en-echelon (Matos, 1999a).                       falhas crustais, cunhas de refletores mergulhantes para o
    O estágio sin-transformante (Albiano a Cenomaniano) inclui    mar (SDR) e transição de crosta continental para crosta
segmentos dominados por transtensão com cisalhamento puro         oceânica. Será também discutida a evolução cronológica do
(falhamentos extensionais normais), limitados por zonas           rifteamento continental e sua evolução para a formação de
cisalhantes discretas, como em Barreirinhas, e regiões            crosta oceânica.
dominadas por cisalhamento do tipo wrench, com transtensão             A Fig. III.9 mostra uma seção sísmica na porção noroeste
e transpressão. No segmento entre Piauí e Ceará–Acaraú            da Bacia de Campos, com proeminentes refletores sísmicos
observam-se grandes feições compressionais, como falhas de        profundos observados na parte inferior da seção. Esses
empurrão, resultados do encurtamento crustal e do                 refletores profundos aparentemente marcam a transição de
soerguimento dos sedimentos dos depocentros anteriormente         uma crosta média a inferior, composta por rochas granulíticas
formados. A fase sin-transformante também apresenta uma           do embasamento pré-cambriano, com assinatura sísmica mais
fase de margem transformante passiva, quando ocorre contato       transparente, para uma crosta inferior mais refletiva, com
entre crosta continental e crosta oceânica por meio de uma        topo entre 7 e 8 s (tempo de trânsito duplo). Esses fortes
falha transformante ativa.                                        refletores sísmicos provavelmente estão associados a
    O estágio pós-transformante é caracterizado principalmente    contrastes de impedância entre tipos litológicos distintos, com
pela fase de margem passiva transformante, quando ocorre          uma transição para rochas ultrabásicas (material de
contato contínuo entre segmentos de crosta oceânica ao longo      underplating) ou para peridotitos do manto superior (Meissner,
da falha transformante ativa (Fig. III.8). Essa fase é marcada    2000). Esse sistema de refletores sísmicos estende-se para
por uma contínua subsidência e sedimentação na margem             9s a 10s (tempo de trânsito duplo) na região de águas
continental, como resultado do resfriamento e contração           profundas, quando ocorre amalgamento com refletores da
térmica da litosfera (Matos, 1999b).                              descontinuidade de Mohovicic em crosta oceânica, conforme
Figura III.9 – Seção geológica esquemática ao longo da Bacia de   Figure III.9 – Schematic geological section along the Campos Basin,
Campos, com modelo de arquitetura crustal                         with crustal architecture model
102      Parte I – Geologia
      sugerido para a Bacia Sergipe–Alagoas (Mohriak et al. 1998b).     220 e 160 Ma, aproximadamente), formando bacias sedimen-
          Linhas sísmicas com resolução profunda adquiridas nas         tares abortadas, relacionadas ao rifteamento do Atlântico
      bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, particularmente        Norte, cujas idades de vulcânicas também precedem o
      na região da plataforma continental, imageiam estruturas          vulcanismo do Cretáceo Inferior comumente observado na
      antiformais na base da crosta, as quais são interpretadas         margem leste brasileira (Conceição et al. 1988; Milani e Thomaz
      como soerguimento do Moho devido ao estiramento litosférico       Filho, 2000). O processo de rifteamento foi novamente
      e ao afinamento crustal (McKenzie, 1978; Mohriak et al. 1990b;    retomado com a abertura da margem equatorial, no Cretáceo
      Meisling et al. 2001) ou à acumulação de material de              Inferior (entre 140 e 130 Ma), com idades mais jovens de
      underplating (Furlong e Fountain, 1986; Mohriak et al. 1990b).    rifteamento à medida que se avança para leste na direção da
      Em algumas bacias (e.g., Sergipe–Alagoas e Espírito Santo)        Bacia de Pernambuco–Paraíba, atingindo idades entre 135 e
      esse refletor é imageado na base da crosta inferior ou na         115 Ma (Conceição et al. 1988).
      interface entre crosta média e crosta inferior, marcando um            O limite cronológico superior dos falhamentos da fase
      forte contraste de impedância que parece coincidir com uma        rifte é marcado pela discordância da ruptura continental do
      região ou superfície de descolamento para as grandes falhas       Gondwana. Essa discordância é freqüentemente designada
      do rifte, que provavelmente está associada a mudanças de          como break-up unconformity (Falvey, 1974; Falvey e Middleton,
      comportamento geológico, com transição de crosta rúptil para      1981) e marca o início de uma fase de quiescência tectônica,
      crosta dúctil (Meissner, 2000).                                   baseada na ausência de atividade expressiva em falhas
          O estiramento litosférico que levou à ruptura do Gondwana     envolvendo o embasamento e na reduzida atividade sintectônica
      e à formação do Atlântico Sul iniciou-se no Mesozóico e           controlando deposição de sedimentos pré-sal. O término da
      culminou com a formação de crosta oceânica no Cretáceo            fase rifte é diácrona ao longo da margem continental,
      Inferior (Rabinowitz e LaBrecque, 1979; Müller et al. 1997),      terminando no Aptiano Inferior a Aptiano Médio na margem
      embora haja algumas evidências de rifteamento no Triássico–       sudeste e atingindo o Albiano e até mesmo Cretáceo Superior
      Jurássico, tanto na extremidade norte da margem divergente        na margem nordeste (Matos, 1992).
      da placa sul-americana (reflexo da separação entre as placas           Os derrames basálticos da Formação Serra Geral
      do noroeste da África e da região leste da placa norte-           (equivalente às lavas Etendeka na Namíbia) são interpretados
      americana) quanto na extremidade sul da placa sul-americana       como resultado da passagem da pluma termal ou ponto quente
      (na região da Argentina). O clímax do rifteamento deu-se no       de Tristão da Cunha, durante os estágios precursores ou iniciais
      intervalo Jurássico Superior–Cretáceo Inferior, coincidente ou    do rifteamento (Turner et al. 1996; White e McKenzie, 1989;
      logo após a formação de lavas basálticas (Rabinowitz e            Jackson et al. 2000). O enxame de diques da Bacia do Paraná
      LaBrecque, 1979; Conceição et al. 1988; Chang et al. 1992,        é bem evidente em mapas de anomalias magnéticas e forma
      Davison, 1999; Karner, 2000).                                     os canais alimentadores dos derrames basálticos.
          Embora a idade dos sedimentos sinrifte mais antigos ainda     Particularmente ao longo dos estados de Santa Catarina e
      não seja bem caracterizada em várias bacias, por estarem          Paraná, os diques apresentam direção NW–SE e estão
      muito profundos (e.g., Bacia de Santos ou Tucano Central),        associados a arcos regionais, como o de Ponta Grossa, e
      os modelos geodinâmicos indicam que o rifteamento do              provavelmente exerceram importante papel na acomodação
      Atlântico Sul foi iniciado ao sul (Argentina) e propagou-se       dos esforços extensionais entre a região a sul da Bacia de
      para o norte como na abertura de um zíper (Rabinowitz e           Santos, com crosta oceânica formada, e o segmento de crosta
      LaBrecque, 1979; Figueiredo, 1985; Szatmari et al. 1985;          continental ainda em rifteamento, mais ao norte (Conceição
      Conceição et al. 1988; Davison, 1999; Jackson et al. 2000).       et al. 1988; Macedo, 1989). Outros diques, com direções NE–
          A ruptura da massa continental na margem nordeste             SW, formam um sistema quase que perpendicular ao enxame
      brasileira é caracterizada por uma fase inicial de incipiente     anterior. Esses diques ocorrem ao longo da borda continental
      subsidência com sedimentos continentais lacustrinos e fluviais    das bacias de Santos e Campos, particularmente ao longo dos
      depositados durante o Jurássico Superior–Cretáceo Inferior        Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os diques têm sido
      (aproximadamente 140–130 Ma), associados a bacias de              datados no intervalo 133–129 Ma pelo método Ar-Ar e são
      subsidência interior (sag basins) que constituem a megasse-       aproximadamente contemporâneos com os derrames de
      qüência pré-rifte (Garcia, 1991). Na margem sudeste–sul, entre    basaltos tholeiíticos da Bacia do Paraná (Formação Serra Geral)
      as bacias de Santos e Pelotas, as fases iniciais de subsidência   e da margem continental (Renne et al. 1992; Turner et al.
      estão associadas a derrames de basaltos tholeiíticos              1994; Misuzaki et al. 2002).
      equivalentes aos basaltos da Formação Serra Geral da Bacia             Mapas tectônicos com as principais feições da Bacia de
      do Paraná (Cainelli e Mohriak, 1998).                             Santos (e.g., Fig. III.6) caracterizam a linha de charneira
          Na margem equatorial, na região limítrofe com as Guianas,     sub-paralela à linha de costa, com uma notável inflexão leste–
      há evidências de magmatismo e rifteamento no Jurássico (entre     oeste na parte norte, zonas de fraturas oceânicas de direção
                                                                             III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira             103
leste–oeste, alinhamentos de vulcânicas em crosta oceânica              Lineamento de Florianópolis (e.g., Kowsmann et al. 1982;
e em crosta continental, e zonas de transferência de direção            Macedo, 1989; Dias, 1993). Entretanto, em trabalhos recentes
NW. Na região de Cabo Frio observa-se um expressivo                     (Gladczenko et al. 1997; Bassetto et al. 2000; Mohriak, 2001),
lineamento de direção NW–SE, estendendo-se para crosta                  a análise de linhas sísmicas regionais indica que o limite do
oceânica, caracterizando uma zona de cisalhamento designada             sal e limite crustal podem ser caracterizados por um complexo
Cruzeiro do Sul (Souza et al. 1993; Cainelli e Mohriak, 1998).          extrusivo pós-rifte, relacionado à implantação de crosta proto-
Ao sul da Bacia de Santos caracterizam-se cadeias vulcânicas            oceânica.
provavelmente relacionadas a altos vulcânicos pós-rifte,                    Duas interpretações opcionais podem ser consideradas
interpretados em crosta continental (e.g., cadeia Avedis,               como modelos conceituais para a extensão do rifte na região
Demercian e Szatmari, 1999) ou a propagadores oceânicos                 de águas profundas da Bacia de Santos (Fig. III.10). Macedo
(e.g., cadeia Abimael, Mohriak 2001), interpretados como                (1989) sugere que a margem sudeste brasileira teria sido
centros de espalhamento ativos durante a formação de crosta             afetada por uma pluma do manto que geraria uma anomalia
proto-oceânica e posteriormente abortados (Kumar e Gamboa,              térmica precedendo o rifteamento e, portanto, teria um
1979; Mohriak, 2001, Meisling et al. 2001).                             comportamento mais dúctil durante o estiramento litosférico.
    O Platô de São Paulo apresenta em sua maior parte um                A Zona de Transferência de Florianópolis (Fig. III.6 e Fig.
substrato de crosta continental (Kowsmann et al. 1982;                  III.10) ter-se-ia comportado como uma descontinuidade crustal
Guimarães et al. 1982; Macedo, 1989; Severino e Gomes, 1991;            que separaria regiões com taxas de extensão diferentes (maior
Gomes et al. 1993, Souza et al. 1993). Entretanto, a extensão           no sul e menor no norte, próximo do pólo de rotação que
das estruturas do rifte na região da província de diápiros e            estaria localizado na região nordeste). Nesse modelo, o
muralhas de sal em águas profundas não é calibrada por                  rompimento da crosta se daria com implantação de centros
poços exploratórios. Alguns estudos tectônicos na bacia têm             de espalhamento inicialmente na Bacia de Pelotas, enquanto
questionado interpretações anteriores que prolongavam o rifte           na Bacia de Santos haveria a continuidade do regime distensivo.
além do limite do sal, até a Zona de Fratura de Rio Grande ou           Cande e Rabinowitz (1979) apresentaram mapas regionais
Figura III.10 – Modelos opcionais para o rifte da Bacia de Santos em    Figure III.10 – Alternative models for the Santos Basin rift in the deep
águas profundas. (a) ocorrência de sedimentação do rifte desde a        water region. (a) presence of syn-rift sediments in the region extending
região de diápiros de sal até a região da Zona de Fratura de            from the salt diapir province towards the Florianópolis Fracture Zone;
Florianópolis; e (b) ocorrência de complexo vulcânico extrusivo         and (b) presence of extrusive volcanic complex associated with the
associado à formação de crosta oceânica entre a província de diápiros   formation of oceanic crust between the salt diapir province and the
de sal e a Zona de Fratura de Florianópolis                             Florianópolis Fracture Zone
104      Parte I – Geologia
      magnéticos da margem sudeste brasileira e aventaram a                  podem ser associadas com intrusões ígneas puntiformes
      possibilidade de um centro de espalhamento abortado                    (Bonatti, 1985) que se estendem desde a Bacia de Pelotas
      localizado na zona axial do Platô de São Paulo, com direção            até a parte sul da Bacia de Santos, formando vários centros
      NNE. Macedo (1989), Gomes (1992) e Dias (1993), entretanto,            vulcânicos associados ao propagador oceânico da cadeia
      interpretam que todo o Platô seria de natureza continental.            Abimael, ativo na Bacia de Pelotas, enquanto na Bacia de
      Trabalhos recentes de Karner (2000), Meisling et al. (2001) e          Santos a fase sinrifte ainda estava em desenvolvimento
      Mohriak (2001) contribuem com dados e interpretações que               (Mohriak, 2001). Subseqüentemente, os centros de
      enfatizam a ocorrência de feições oceânicas na região                  espalhamento foram abortados e os propagadores avançaram
      anteriormente interpretada como crosta continental.                    em direção norte, com deslocamentos dextrais en-echelon
          Observa-se na região sudeste brasileira uma grande                 (Mohriak, 2001). A leste dos centros de espalhamento oceânico,
      anomalia gravimétrica triangular na porção sul da Bacia de             as anomalias gravimétricas e os dados sísmicos indicam uma
      Santos, caracterizada por ausência de camadas de sal e                 região de crosta proto-oceânica, com difrações hiperbólicas
      aumento de batimetria, e na porção norte, por altos vulcânicos         no topo da camada 2 (abaixo dos sedimentos), sugerindo
      alinhados na direção NE–SW, formando cadeias vulcânicas                tratar-se de derrames de basaltos.
      (Demercian, 1996, Demercian e Szatmari, 1999) ou                           Na porção centro-sul da Bacia de Santos destaca-se
      propagadores oceânicos (Mohriak, 2001).                                também uma grande anomalia batimétrica e gravimétrica (Fig.
          O modelo de implantação de centros de espalhamento                 III.5), com uma geometria romboédrica, que também tem
      por propagadores oceânicos (Manighetti et al. 1998) caracteriza        expressão regional nos mapas de anomalias magnéticas
      uma evolução tectônica bem mais complexa que modelos                   (Mohriak, 2001). Essa feição está associada a um alto de
      baseados em estiramentos litosféricos diferenciais (Leyden,            embasamento onde sedimentos sinrifte diminuem de espessura
      1976) e afinamento da crosta com sedimentos sinrifte limitados         ou estão aparentemente ausentes (por não-deposição ou por
      pelas zonas de fraturas oceânicas (Macedo, 1989). Nessa                erosão), e mesmo as seqüências pós-sal apresentam
      interpretação, várias anomalias gravimétricas e batimétricas           afinamento na direção do ápice estrutural, indicando repetidas
      Figura III.11 – Alto externo na parte centro-sul da Bacia de Santos,   Figure III.11 – Outer high in the central-southern region of the Santos
      com refletores divergentes no ápice de estrutura antiformal dômica     Basin, with divergent reflectors in the apex of an antiformal domic
                                                                             structure
                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            105
reativações tectônicas afetando seqüências estratigráficas            sudeste–sul brasileira, mostrando assinatura das feições
desde o Aptiano até o Cretáceo Superior (Fig. III.11).                vulcânicas associadas à transição entre crosta continental para
    Na direção da plataforma de Florianópolis, estratos pré-          crosta oceânica.
sal ficam com assinatura sísmica distinta da assinatura
observada em depocentros como na região norte da Bacia de             Formação de crosta proto-oceânica e estruturas em
Santos ou na parte central da Bacia de Campos. Williams e             crosta oceânica
Hubbard (1984) interpretaram que os estratos sub-sal seriam           O vulcanismo Serra Geral precede o vulcanismo associado às
predominantemente vulcânicos devido à proximidade da pluma            cunhas de refletores mergulhantes para o mar, que estão
de Tristão da Cunha.                                                  associadas à incepção de crosta proto-oceânica e
    A caracterização de uma transição de crosta continental           desenvolveram-se no intervalo 120–110 Ma, englobando o
para crosta oceânica a sul da zona de fratura de Florianópolis        intervalo anterior e subseqüente à deposição dos evaporitos
está relacionada a um importante baixo estrutural tanto a             aptianos (Cainelli e Mohriak, 1998). Essas cunhas de refletores
nível de batimetria atual quanto a nível de embasamento e             mergulhantes para o mar (SDR) são associados aos complexos
também corresponde ao término da bacia evaporítica                    vulcânicos relacionados à ruptura do Gondwana e formação
(Kowsmann et al. 1982; Severino et al. 1991). A Fig. III.12           do centro de espalhamento meso-atlântico e são imageados
apresenta um segmento de uma linha sísmica na margem                  por levantamentos sísmicos tanto na margem continental
Figura III.12 – Seção sísmica (não-interpretada e com interpretação   Figure III.12 – Seismic section (not interpreted and with a schematic
esquemática) na parte sul da Bacia de Santos – norte de Pelotas,      interpretation) in the southern part of the Santos Basin – northern
mostrando últimos blocos de rifte rotacionados por falhas de baixo    part of the Pelotas Basin, showing the outermost rift blocks rotated by
ângulo e transição para crosta oceânica por cunhas de refletores      low-angle faults, and the transition to oceanic crust by wedges of
mergulhantes para o mar (SDR)                                         seaward-dipping reflectors (SDR)
106      Parte I – Geologia
      brasileira quanto na margem africana (Hinz, 1981; Mutter,                   A formação de crosta oceânica está relacionada à ocorrência
      1985; Gladczenko et al. 1997; Mohriak et al. 1998b; Talwani e           de cunhas de refletores mergulhantes para o mar, que marcam
      Abreu, 2000; Mohriak, 2001). Dessa forma, esses dois eventos            um estágio inicial da abertura do Atlântico, e a fraturas e
      magmáticos relacionados à ruptura do Gondwana formaram                  zonas de falhas transformantes, que separam segmentos do
      rochas vulcânicas com diferentes expressões sísmicas e                  centro de espalhamento, notadamente na margem equatorial
      significados tectônicos distintos (Mohriak et al. 1995b; Cainelli       brasileira. A Fig. III.12 mostra a expressão dessas feições
      e Mohriak, 1998; Bassetto et al. 2000).                                 interpretadas como cunhas de refletores mergulhantes para o
          O rompimento da crosta continental e formação de crosta             mar (SDR), caracterizando crosta proto-oceânica ao sul da
      oceânica foi um processo com notáveis assimetrias no Atlântico          zona de Fratura de Florianópolis. A transição da região de
      Sul. A inserção do centro de espalhamento meso-atlântico,               SDRs para uma crosta oceânica pura é ilustrada na Fig. III.13,
      na região sudeste, foi bem mais próxima do limite do rifte na           na Bacia do Espírito Santo, caracterizando a típica assinatura
      margem africana do que na margem brasileira, resultando                 sísmica de feições intra-embasamento oceânico, em que se
      ampla extensão do rifte e da bacia evaporítica no lado                  observa o forte contraste de impedância na Moho, marcando
      brasileiro, particularmente no Platô de São Paulo, onde a               a transição da base da crosta para o manto superior.
      Bacia de Santos comporta a maior parte do sal aptiano, em
      detrimento da margem conjugada africana (Leyden, 1976;                  Zonas de transferência nos riftes da margem continental
      Szatmari et al. 1985; Macedo, 1989; Chang et al. 1992;                  Zonas de transferência separando depocentros de riftes são
      Szatmari, 2000).                                                        reconhecidas em várias bacias sedimentares, e, baseando-se
      Figura III.13 – Seção sísmica na região sudeste brasileira, mostrando   Figure III.13 – Seismic section in the southeastern Brazilian region,
      língua de sal e transição para crosta oceânica na qual claramente se    showing salt tongue and the transition to oceanic crust where the
      caracteriza a descontinuidade de Mohorovicic, limite entre a crosta     Mohorovicic discontinuity is clearly recognized at the upper mantle-
      e o manto superior                                                      crust boundary
                                                                        III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira         107
no estudo do sistema de riftes do leste africano, Rosendahl         Janeiro) e adentra a região oceânica (Cainelli e Mohriak, 1998).
(1987) propõe que essas zonas são aproximadamente paralelas         Destaca-se também a zona de falha de Vaza-Barris/Itaporanga,
ao vetor principal da extensão horizontal, modelo também            que se estende desde a Bacia de Tucano (Alto de Vaza-Barris)
proposto por Gibbs (1984) para os riftes do Mar do Norte.           até a Bacia Sergipe–Alagoas (Milani, 1989). Esta zona de
    Falhas de transferência envolvendo o embasamento são            falha separa o Cráton São Francisco da faixa de dobramentos
geralmente associadas a processos de rifteamento ortogonal          sergipana e se estende até a Bacia Sergipe–Alagoas formando
ou oblíquo. No caso da margem continental brasileira, essas         a falha principal do Baixo de Mosqueiro e depois inflete na
feições podem resultar em altos síncronos de focalização para       direção leste–oeste alinhando-se com a zona de fratura de
a migração de hidrocarbonetos gerados na seqüência pré-sal          Sergipe (Mohriak et al. 2000).
(Cobbold et al. 2001; Meisling et al. 2001).                            Na região da margem equatorial destaca-se a ocorrência
    As zonas de transferência podem-se estender na direção          do Lineamento Transbrasiliano, que atravessa a Bacia do
de crosta oceânica formando alinhamentos com zonas de               Parnaíba e se estende até a Bacia do Ceará, onde separa
fraturas e falhas transformantes. Meisling et al. (2001) propõem    segmentos extensionais e compressionais na margem
que a mudança de depocentros dos riftes de Campos e Santos          continental (Fig. III.1). Também é notável o alinhamento das
podem ser interpretados como um escalonamento dextral de            falhas que controlam os riftes continentais abortados (como
falhas extensionais en-echelon, ao longo do lineamento do           os grábens de São Luís e Bragança–Viseu) com o
Rio de Janeiro, que foram afetadas pelo Alto de Cabo Frio,          prolongamento de zonas de fraturas oceânicas (Fig. III.3).
este de direção NW e se propagando na direção de crosta
oceânica através do Lineamento Cruzeiro do Sul (Souza et al.
1993; Cainelli e Mohriak, 1998).                                    Evolução estrutural e estratigráfica
    Várias zonas de transferência são interpretadas na região,      da margem continental
a nordeste e a sudoeste da saliência de Campos, sendo
marcadas por traços sigmoidais das falhas extensionais quando       O conhecimento do arcabouço estratigráfico da margem
cruzadas pelas zonas de transferência (Meisling et al. 2001).       continental brasileira tem evoluído significativamente desde
Essas zonas também podem controlar a inversão de polaridade         o início da década de 70, com o advento da Tectônica de
das falhas, afetando e rotacionando as camadas sinrifte             Placas, que relaciona a formação das bacias sedimentares da
(mecanismo flip-flop de Rosendahl, 1987). A expressão sísmica       margem atlântica à separação da placa sul-americana da placa
das zonas de transferência corresponde a falhas normais de          africana. Utilizando paradigmas desse modelo, as
alto ângulo ou estruturas em flor, algumas das quais mostrando      megasseqüências sedimentares, normalmente separadas por
separação reversa (flores positivas) como evidenciado na região     discordâncias angulares e erosivas, são intrinsecamente
de Cabo Frio (Mohriak et al. 1995b; Meisling et al. 2001).          relacionadas às fases evolutivas pré-rifte, sinrifte, transicional,
    Também na Bacia de Santos são caracterizadas zonas de           e margem continental passiva.
transferência, freqüentemente com direção NW, que também                 O arcabouço estratigráfico adotado para as bacias da
controlam a tectônica de sal (Demercian e Szatmari, 1999),          margem continental acomoda fases tectônicas com princípios
destacando-se a zona de transferência de Tubarão, que separa        estratigráficos hierarquicamente agrupados em megasse-
a parte sudoeste da Bacia de Santos da plataforma de                qüências deposicionais, super-seqüências e seqüências (Cainelli
Florianópolis, a zona de transferência de Merluza, que separa       e Mohriak, 1998). São definidas 4 megasseqüências: a pré-
a província SW da província central, e a zona de transferência      rifte, a sinrifte, a transicional e a pós-rifte (Asmus e Ponte,
de Cabo Frio, que separa a parte norte da bacia de Santos da        1973; Asmus, 1982).
parte sul da Bacia de Campos (Cainelli e Mohriak, 1998;
Demercian e Szatmari, 1999).                                        Megasseqüência Pré-Rifte
    Algumas das falhas transformantes ao longo da margem
são associadas a zonas de fraturas e lineamentos que penetram       Esta megasseqüência representa a fase intracratônica do
em crosta continental como falhas ou descontinuidades,              Supercontinente Gondwana, precedendo o rifte do Atlântico
sugerindo uma continuação de fraquezas anteriores na crosta         Sul e formando amplas e suaves depressões que foram
continental, que foram reativadas durante a formação de zonas       preenchidas por sedimentos de águas rasas. A super-seqüência
de fraturas oceânicas (Asmus e Ferrari, 1978; Milani, 1989;         paleozóica é notavelmente desenvolvida nas bacias intracra-
Mohriak et al. 1995b). Como exemplo dessas estruturas               tônicas do Solimões, Amazonas, Parnaíba e Paraná (e.g., Zalán
pretéritas utilizadas durante a fase rifte e aproveitadas durante   et al. 1990; Milani e Zalán, 1999; e Cap. II deste volume).
a deriva continental pode-se sugerir que o limite pré-aptiano           A espessura de sedimentos paleozóicos pode atingir alguns
que limita a borda do rifte da Bacia de Santos continua como        milhares de metros nessas bacias intracratônicas, mas na
um lineamento na direção leste-oeste (Lineamento do Rio de          margem nordeste brasileira a seqüência expressa-se apenas
108      Parte I – Geologia
      por remanescentes de rochas do Permiano e Carbonífero, que        limite oeste do rifte encontra-se na plataforma continental,
      ocorrem nas bacias Sergipe–Alagoas, nos riftes de Recôncavo–      exceto nas proximidades do Cabo de São Tomé na Bacia de
      Tucano–Jatobá e nas bacias da margem continental da Bahia,        Campos, onde o limite pré-aptiano aproxima-se da linha de
      onde podem atingir algumas centenas de metros (Cainelli e         costa (Fig. III.6). Nessa região, ocorre também uma conspícua
      Mohriak, 1998). Também ocorrem sedimentos paleozóicos nas         subida do manto litosférico, marcando-se um alto da Moho
      bacias da margem equatorial, notadamente em Barreirinhas          em linhas sísmicas de resolução profunda (Mohriak, 1989;
      e em alguns grábens abortados (e.g., Marajó e São Luís).          Mohriak et al. 1990b), que coincide com o início dos
          A Super-seqüência do Jurássico é separada da seqüência        falhamentos que controlaram a sedimentação do rifte (Fig.
      do Paleozóico por um hiato que envolve todo o Triássico. Um       III.9). Feições crustais semelhantes também ocorrem na região
      novo pulso de subsidência resultou no desenvolvimento de          do Alto de Vitória e na Bacia Sergipe–Alagoas, onde linhas
      depressões regionais relacionadas ao estiramento litosférico      regionais também mostram a subida da Moho, bastante abrupta
      inicial que precedeu a fase principal de rifteamento e formou     na plataforma, e uma suavização da topografia do manto
      uma grande bacia que é designada como “depressão afro-            superior na região de águas profundas (Mohriak et al. 1990b;
      brasileira” (Garcia, 1991). Essa área de sedimentação pode        Chang et al. 1992; Mohriak et al. 1995b).
      atingir 100 a 300 m de espessura na Bacia Sergipe–Alagoas,            O limite leste da megasseqüência sinrifte é de extrema
      cobrindo remanescentes de rochas paleozóicas ou pré-              importância por condicionar a área de ocorrência de rochas
      cambrianas (Feijó, 1994c), e atinge espessuras ainda maiores      lacustrinas potencialmente geradoras de hidrocarbonetos. Essa
      na Bacia do Recôncavo. Na margem sudeste e sul as                 interpretação é baseada na integração de métodos sísmicos e
      seqüências paleozóicas ocorrem com grande espessura na            potenciais (Mohriak et al. 1995b). A delimitação da ocorrência
      Bacia do Paraná, atingindo a margem continental na região         de rochas do rifte na direção de águas profundas é prejudicada
      do sinclinal de Torres (Dias et al. 1994b).                       pela degradação do sinal sísmico na província de muralhas de
          As rochas pré-rifte na margem continental sudeste podem       sal e junto ao limite transicional entre crosta continental e
      ser associadas ao derrame de lavas do Jurássico Superior–         crosta oceânica. A identificação deste limite, cuja análise é
      Cretáceo Inferior da Formação Serra Geral, que se estende da      baseada na integração de dados gravimétricos e magneto-
      Bacia do Paraná até a região da plataforma continental,           métricos, apresenta importantes implicações para exploração
      constituindo o embasamento econômico das bacias de Pelotas        de petróleo em águas profundas (Mohriak et al. 1990b; Mohriak
      até Espírito Santo (Cainelli e Mohriak, 1998).                    et al. 1995b; Bassetto et al. 1996; Mohriak et al. 1998b;
                                                                        Bassetto et al. 2000; Rodarte, 2001).
      Megasseqüência Sinrifte                                               A Fig. III.14 mostra a imagem da fácies lacustrina sinrifte
                                                                        (Neocomiano a Barremiano) na parte central da Bacia de
      Esta megasseqüência foi depositada em ambiente continental        Campos, que é caracterizada por refletores fortes, contínuos
      (fluvial e lacustrino), durante o rifteamento crustal associado   e sub-paralelos, que correspondem a intercalações de folhelhos
      à movimentação divergente entre as placas sul-americana e         pretos e carbonáticos com coquinas da Formação Lagoa Feia
      africana, principalmente no Jurássico Superior a Cretáceo         (Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Abrahão e Warme,
      Inferior (Cainelli e Mohriak, 1998). O rifte da margem leste      1990; Mello et al. 1988). Essa fácies pode ser identificada,
      brasileira estende-se por cerca de 3.500 km, sendo em geral       com algumas variações, na região de águas profundas da
      limitado a oeste por falhas normais sintéticas com rejeitos       Bacia de Campos (Fig. III.15) e também nas bacias de Santos
      variáveis (chegando a 2.000 m nas bacias de Campos e Sergipe–     e Espírito Santo. Na parte sul da Bacia de Santos as fácies
      Alagoas), ou por linhas de charneira que apresentam pequenos      lacustrinas pré-sal são menos contínuas, provavelmente devido
      rejeitos nas bacias de Santos e Pelotas (Dias, 1993).             ao preenchimento sinrifte fortemente influenciado por material
          Na margem divergente brasileira o limite oeste da             vulcânico (Williams e Hubbard, 1984). Na Bacia do Espírito
      megasseqüência sinrifte (também designada de megasse-             Santo, uma grande espessura de sedimentos pré-sal,
      qüência continental) em geral é controlado por um flexura no      correspondendo ao estágio denominado sag basin (Henry e
      embasamento ou por um sistema de falhas normais com               Brumbaugh, 1995), cobre os blocos de rifte rotacionados.
      mergulho predominante para leste (falhas sintéticas, como         Esses blocos basculados são separados da bacia de subsidência
      na Bacia do Espírito Santo ou Campos) ou para oeste (falhas       termal por uma discordância angular (break-up unconformity)
      antitéticas, como na Bacia de Pelotas). Na margem divergente      que aplainou a topografia residual do rifte (Cainelli e Mohriak,
      esse limite apresenta uma direção geral N–S a NNE–SSW,            1998).
      exceto na região entre Cabo Frio e Ilha de São Sebastião,             A megasseqüência sinrifte é normalmente coberta por
      onde ocorre uma inflexão leste–oeste.                             rochas do Cretáceo e do Terciário, aflorando apenas na região
          Nas bacias de Pelotas, Santos e Campos, sedimentos            nordeste do Brasil (Bahia e Sergipe–Alagoas). Ao norte do
      sinrifte estão ausentes na região emersa, uma vez que o           Alto de Vitória, o trend NNE deflete para uma direção quase
                                                                            III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira             109
Figura III.14 – Seção sísmica na Bacia de Campos, mostrando a          Figure III.14 – Seismic section in the Campos Basin, showing the
assinatura sísmica da megasseqüência sinrifte (Neocomiano–             seismic signature of the syn-rift megasequence (Neocomian–Barremian),
Barremiano), da megasseqüência transicional (Aptiano) e da             the transitional megasequence (Aptian) and the post-rift or marine
megasseqüência pós-rifte ou marinha (Albiano–Recente)                  megasequence (Albian–Recent)
Figura III.15 – Perfil geosísmico (A) e seção geológica (B) na Bacia   Figure III.15 – Geoseismic profile (A) and geological section (B) in the
de Campos, mostrando as principais seqüências estratigráficas das      Campos Basin, showing the main stratigraphic sequences of the syn-
megasseqüências sinrifte, transicional e pós-rifte ou marinha          rift, transitional and post-rift or marine megasequences
110      Parte I – Geologia
      N–S, enquanto a linha de costa continua com a direção anterior.    Megasseqüência Transicional
      Tal situação resulta na ocorrência de rochas sinrifte na região
      continental da Bacia do Espírito Santo, formando um corredor       Esta megasseqüência marca a transição da megasseqüência
      estreito que marca a única província petrolífera no continente     sinrifte (continental) para a megasseqüência pós-rifte ou drifte
      na região sudeste do Brasil (Cainelli e Mohriak, 1998).            (fase de deriva continental, marinha). A sucessão litológica
           A sedimentação inicial dessa megasseqüência deu-se em         inicia-se com siliciclásticos do Aptiano Inferior e termina com
      depocentros alongados, controlados por falhas, com                 sedimentos evaporíticos (predominantemente halita, com
      preenchimento por espesso pacote de rochas siliciclásticas         anidrita subordinada, e, localmente, com deposição de sais
      nas bacias entre Sergipe–Alagoas e Espírito Santo, enquanto        de potássio em Sergipe), depositados no Aptiano Superior a
      nas Bacias de Santos e Pelotas a seqüência mais antiga do          Albiano Inferior. Esta megasseqüência desempenha importante
      rifte poderia incluir rochas vulcânicas (derrames de lavas         papel como a principal camada selante para a movimentação
      tholeiíticas). Esse evento vulcânico, datado entre 130 e 120       de fluídos gerados na megasseqüência sinrifte. Além disso, a
      Ma, é equivalente à grande extrusão de basaltos da Formação        tectônica salífera controla a migração e distribuição de
      Serra Geral na Bacia do Paraná (Mizusaki et al. 1988; Zalán et     hidrocarbonetos para os reservatórios superiores por meio de
      al. 1990).                                                         falhas lístricas, as fácies sedimentares dos carbonatos albianos
           A megasseqüência sinrifte é composta por três principais      e eventualmente dos siliciclásticos do Cretáceo Superior
      associações de fácies sedimentares e litológicas (Figueiredo       (Figueiredo e Mohriak, 1984). Esses reservatórios estão
      1985; Dias et al. 1988; Cainelli e Mohriak, 1998): (i) leque       estruturados pela movimentação do sal subjacente (almofadas
      aluvial/leque deltaico e depósitos transicionais; (ii) folhelhos   de sal, diápiros penetrantes, grábens de evacuação, mini-
      e margas lacustrinos; e (iii) carbonatos com pelecípodas           bacias, etc.), resultando numa série de trapas combinadas,
      lacustrinos (coquinas).                                            estratigráficas e estruturais, onde estão localizados vários
           As fácies proximais das bordas dos riftes nas bacias da       campos de hidrocarbonetos (Figueiredo e Mohriak, 1984).
      margem sudeste são dominadas por conglomerados e arenitos,              A megasseqüência transicional é marcada pelo término
      comumente com fragmentos de vulcânicas. Litologias de fácies       da fase de estiramento litosférico e rifteamento da crosta
      mais distais, com granulometrias mais finas, foram                 continental, cessando a atividade de grande parte das falhas
      depositadas nos depocentros dos lagos, onde condições              envolvendo o embasamento. Um período de peneplanização
      anóxicas extremas permitiram a deposição e a conservação           das cristas dos blocos rifte rotacionados prevaleceu, até que
      de folhelhos pretos, carbonáticos, ricos em matéria orgânica,      as primeiras ingressões marinhas cobrissem os sedimentos
      que constituem a principal rocha mãe para os hidrocarbonetos       depositados no Neocomiano, deixando apenas uma suave
      da bacia de Campos (Guardado et al. 1989; Mohriak et al.           topografia residual (Fig. III.15). Esse evento erosivo resultou
      1990a; Mello et al. 1994).                                         na formação de clásticos grosseiros (arenitos e conglomerados)
           Acumulações de coquinas (conchas de pelecípodes)              depositados sobre a discordância angular (break-up
      desenvolveram-se em flancos e cristas ao longo dos altos           unconformity), nas regiões proximais, e de carbonatos e
      internos do rifte, longe das áreas fontes de sedimentos            siliciclásticos finos nas regiões mais distais.
      terrígenos (Bertani e Carozzi, 1984; Bertaini e Carozzi, 1985;          Ainda no Aptiano, as primeiras ingressões marinhas do
      Abrahão e Warme, 1990). Essas coquinas, além de basaltos           Oceano Atlântico (em fase inicial de formação por meio de
      fraturados, constituem os únicos reservatórios produtores de       um golfo alongado que separava a placa sul-americana da
      hidrocarbonetos na seção rifte da Bacia de Campos (Guardado        placa africana, Asmus, 1984) culminaram com a deposição da
      et al. 1989; Mohriak et al. 1990b).                                seqüência de evaporitos, notadamente na região entre as
           Nas bacias do nordeste (e.g., Sergipe–Alagoas e Potiguar)     bacias de Santos e Sergipe–Alagoas. O limite sul da bacia
      a produção de hidrocarbonetos concentra-se nos reservatórios       evaporítica corresponde à Zona de Fratura do Rio Grande
      siliciclásticos (arenitos e conglomerados). Na Bacia de Santos,    (Lineamento de Florianópolis) e o limite norte, ao lineamento
      a megasseqüência sinrifte aprofunda-se rapidamente na direção      de Pernambuco (Cainelli e Mohriak, 1998).
      da plataforma continental, onde atinge profundidades maiores            A movimentação do sal iniciou-se no Aptiano Superior–
      que 5.000 m em grande parte da área e, conseqüentemente,           Albiano Inferior, criando uma série de falhas lístricas que se
      não tem sido penetrada por poços exploratórios na região           propagam para a seção sedimentar mais nova, criando uma
      além do talude.                                                    estruturação complexa associada à tectônica salífera, com
           O limite do rifte ainda não é bem conhecido na região do      almofadas de sal, casco de tartaruga, diápiros de sal, muralhas
      Complexo Vulcânico de Abrolhos, assim como na plataforma           de sal, falhas extensionais e compressionais, também
      de Florianópolis, regiões afetadas por intenso vulcanismo pós-     controlando a deposição sedimentar em calhas associadas à
      rifte.                                                             evacuação do sal (Figueiredo e Mohriak, 1984). A bacia
                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           111
evaporítica é caracterizada por vários domínios tectônicos: os         que se movem para a bacia profunda como jangadas, à
compartimentos extensionais com almofadas de sal, o                    semelhança do que ocorre na África (Duval et al. 1992). A
compartimento com diápiros de sal e a região de muralhas de            Fig. III.16 mostra a formação de cascos de tartaruga e grandes
sal com grandes empurrões e dobramentos, localmente inver-             anticlinais associados à tectônica de sal na plataforma e
tendo as mini-bacias (Szatmari e Demercian, 1993; Cobbold              talude, e a Fig. III.17 mostra a tectônica de sal característica
et al. 1995; Mohriak e Nascimento, 2000; Meisling et al. 2001).        da região de águas profundas de alguns segmentos da bacia
    Dois tipos principais de falhamentos associados à                  evaporítica, com deformações compressionais da cobertura
halocinese são reconhecidos no Atlântico Sul: falhas normais           sedimentar pós-sal.
de crescimento com cisalhamento basal sintético e antitético               Um excepcional exemplo de falhamento com cisalhamento
(Mohriak, 1995a; Mohriak et al. 1995b; Mohriak e Szatmari,             basal antitético (Mohriak et al. 1995b) pode ser identificado
2001). Na Bacia de Campos, a maior parte das falhas normais            na região de Cabo Frio, entre a porção sul da Bacia de Campos
relacionadas à tectônica de sal apresenta rejeito sintético,           e as porções norte e central da Bacia de Santos (Fig. III.18).
com mergulho do plano de falha na direção da bacia e rotação           Nessa região caracteriza-se notável sistema de falhas normais
dos blocos na direção do continente, com a criação de cunhas           antitéticas, associadas à tectônica de sal, resultado do colapso
de sedimentos que espessam para oeste. Também é comum o                de estratos sedimentares junto da quebra da plataforma
fenômeno de descolamento de blocos da plataforma albiana,              continental (Mohriak et al. 1995b; Mohriak e Szatmari, 2001).
Figura III.16 – Seção convertida em profundidade na Bacia de Campos,   Figure III.16 – Depth-converted seismic section in the Campos Basin,
com interpretação geológica das principais seqüências tectonos-        with geological interpretation of the main tectono-sedimentary
sedimentares, ilustrando feições halocinéticas em águas profundas      sequences, illustrating halokinetic features in the deep water region
112      Parte I – Geologia
          A Fig. III.19 (localizada na porção norte da Bacia de Santos)      embasamento), formando leques submarinos em águas
      mostra um notável estilo de tectônica de sal associada a               profundas que estão altamente rotacionados devido à expulsão
      falhamento antitético, caracterizado por cunhas de refletores          do sal subjacente. As sucessivas progradações resultaram na
      que correspondem a uma espessa seqüência sedimentar                    movimentação do sal na direção de águas profundas (Fig.
      progradante de idade Cretáceo Superior a Terciário, com                III.19), criando um imenso vazio de estratos sedimentares
      depocentros espessando e ficando mais jovens para leste,               albianos (Albian gap, Mohriak et al. 1995b). Modelagem física
      controlados por falhas que descolam na base do sal e                   dessa feição (Szatmari et al. 1996) sugere que grandes
      apresentam mergulho para o continente e que localmente se              extensões poderiam estar associadas ao fluxo de sal
      tornam falhas de baixo ângulo devido à expulsão do sal e ao            (localmente excedendo 50 km), embora também haja
      avanço da cunha sedimentar (Mohriak et al. 1995b; Mohriak e            interpretações de que as progradações sejam devidas ao fluxo
      Szatmari, 2001). A compressão observada na região de                   de sal controlado pela sobrecarga sedimentar, sem extensão
      muralhas de sal, em águas profundas, aparentemente é                   dos estratos (Ge et al. 1997). Feições semelhantes, em menor
      balanceada pela extensão sedimentar nas zonas de falhas da             escala, também ocorrem em outras bacias sedimentares (e.g.,
      plataforma continental (Cobbold et al. 1995).                          Bacia de Jequitinhonha, na Bahia).
          A falha antitética de Cabo Frio resultou de progradação                Segmentos da margem continental caracterizados por
      clástica maciça de sedimentos siliciclásticos do Albiano Médio         reentrâncias ou concavidades na bacia evaporítica (e.g., Santos
      a Terciário Inferior, associados a soerguimento da Serra do            e Cumuruxatiba) resultam em fluxo convergente de sal, na
      Mar e Serra da Mantiqueira (Mohriak et al. 1995b). A sobrecarga        direção do centro do arco, no qual são comuns estruturas
      sedimentar resultou em mobilização da massa de sal, cujo               compressionais, como empurrões e gotas de sal (Szatmari e
      fluxo foi controlado por grande falha de rejeito antitético            Demercian, 1993; Cobbold et al. 1995). Já os segmentos da
      (provavelmente associada a reativações de falhas de                    margem caracterizados por convexidades ou saliências na bacia
      Figura III.17 – Seção sísmica na Bacia de Campos, ilustrando feições   Figure III.17 – Seismic section in the Campos Basin, illustrating exten-
      halocinéticas extensionais e compressionais em águas profundas         sional and compressional halokinetic features in the deep water region
                                                                             III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira             113
Figura III.18 – Mapa geológico esquemático da região sudeste            Figure III.18 – Schematic geological map of the southeastern Brazilian
brasileira, mostrando as bacias tafrogênicas do continente, a região    region, showing the onshore taphrogenic sedimentary basins, the Tertiary
de vulcanismo terciário ao longo do Alto de Cabo Frio e a região do     volcanic region along the Cabo Frio High and the Albian gap associated
vazio albiano associado à zona de falha antitética de Cabo Frio         with the antithetic Cabo Frio fault zone
Figura III.19 – Seção sísmica na Bacia de Santos, ilustrando feições    Figure III.19 – Seismic section in the Santos Basin, illustrating
halocinéticas relacionadas à progradação clástica maciça no Cretáceo,   halokinetic features associated with Cretaceous massive clastic
formando diápiros de sal em águas profundas                             progradation, forming salt diapirs in the deep water region
114      Parte I – Geologia
      evaporítica (e.g., Bacia de Campos) apresentam fluxo               condições de maior restrição à circulação oceânica, com
      divergente de sal, onde são mais comuns as falhas                  ambiente deposicional caracterizado por hipersalinidade e
      extensionais, seja na direção da bacia seja na direção paralela    anoxia (Dias-Brito, 1987), definindo-se uma seqüência marinha
      à linha de costa.                                                  restrita. Nesta seqüência podem ser reconhecidas as seguintes
          Nas bacias da margem leste, particularmente em                 fácies, em função das características de ambiente deposicional
      Cumuruxatiba e Jequitinhonha, destacam-se notáveis feições         e de litologia: nerítica, hemipelágica e de águas profundas. A
      compressionais, com grandes falhas de empurrão com                 fácies nerítica, que abrange idades do Albiano Inferior a Médio,
      vergência para o mar (Mohriak e Nascimento, 2000).                 pode atingir mais de 1.000 m de espessura e é marcada por
          Na Bacia Sergipe–Alagoas, feições diapíricas em águas          uma sedimentação carbonática (calcarenitos e dolomitos) em
      profundas têm interpretações opcionais de intrusões ígneas e       água rasa, intercalados com folhelhos, com os estratos
      diápiros de sal (Mohriak, 1995b).                                  sedimentares depositados em domínios de rampa a plataforma
          Registra-se também a ocorrência de sedimentos da               de alta energia, com águas hiper-salinas e fundo oxigenado
      megasseqüência transicional, localmente incluindo evaporitos,      (Dias-Brito, 1982; Dias-Brito e Azevedo 1986; Koutsoukos e
      nas bacias da margem equatorial, em particular, na Bacia do        Dias-Brito, 1987; Azevedo et al. 1987). A coincidência geral
      Ceará. Ocorrências esparsas de evaporitos aptianos são             entre almofadas de sal e bancos carbonáticos de alta energia
      também registradas nos riftes intracontinentais do norte–          alongados segundo a direção NE–SE sugere um possível
      nordeste, em particular nas bacias de São Luís, Bragança–          controle dessas fácies por feições positivas (almofadas de
      Viseu e Araripe, além das bacias intracratônicas (e.g.,            sal), enquanto os carbonatos de granulometria mais fina
      Parnaíba).                                                         ocupavam as depressões entre os bancos (Guardado e Spadini,
                                                                         1987).
      Megasseqüência Pós-rifte                                               As fácies hemipelágicas e de águas profundas representam
                                                                         o afogamento da plataforma albiana. As litologias
      A passagem da Megasseqüência Transicional (evaporítica) para       predominantes são margas e calcilutitos de idade
      a Megasseqüência pós-rifte ou marinha (carbonática a               Cenomaniano–Turoniano, registrando-se também folhelhos
      siliciclástica) é gradacional, pontuada por várias pequenas        pretos, ricos em matéria orgânica, relacionados ao evento
      discordâncias (Cainelli e Mohriak, 1998). O decaimento temporal    anóxico mundial do Turoniano (Jenkyns, 1980). Em resposta
      da anomalia térmica gerada durante a fase de estiramento           ao afastamento das placas oceânicas, o Atlântico Sul tornou-
      litosférico (McKenzie, 1978) e o progressivo movimento da          se conectado ao Atlântico Norte e ao Oceano Índico apenas
      placas sul-americana e africana, afastando-se do centro de         no Turoniano Superior (Emery e Uchupi, 1984).
      espalhamento ativo na cordilheira meso-oceânica, resultou              Arenitos turbidíticos estão distribuídos nessas fácies e
      no resfriamento e contração da litosfera e, como conseqüência,     indicam quedas do nível do mar de terceira e quarta ordens
      isostática, no aumento da subsidência termal na direção da         durante a subida do nível do mar que prevalecia como variação
      bacia profunda. A subsidência contínua resultou na dissipação      relativa de segunda ordem (Guardado e Spadini, 1987; Cainelli
      das barreiras de restrição no proto-oceano, com o ambiente         e Mohriak, 1998, Guardado et al. 2000). No caso da Bacia de
      tornando-se marinho aberto.                                        Campos, os turbiditos albo-cenomanianos da super-seqüência
           Essas mudanças permitem dividir a megasseqüência pós-         marinha transgressiva formam extensos lençóis arenosos,
      rifte ou marinha em duas super-seqüências, uma transgressiva       enquanto os turbiditos do Cenomaniano–Turoniano estão
      e outra regressiva (Cainelli e Mohriak, 1998). A super-seqüência   confinados em calhas mais estreitas, controladas por falhas
      marinha transgressiva compreende uma espessa seção                 durante uma fase de intensa halocinese (Bacoccoli et al. 1980;
      sedimentar mais restrita, carbonática (ambiente marinho raso       Guardado et al. 1989).
      na plataforma e marinho profundo na bacia). A super-seqüência          Condições de mar cada vez mais franco começaram a
      marinha regressiva inclui espessa seção sedimentar                 predominar apenas no Turoniano Superior (Cainelli e Mohriak,
      siliciclástica, em ambiente marinho aberto, com paleoba-           1998), sendo marcante a ocorrência de uma discordância
      timetrias que atingem níveis batiais a abissais, na plataforma     regional (e.g., discordância da base da Formação Calumbi na
      e na região das muralhas de sal (Koutsoukos, 1984).                Bacia Sergipe–Alagoas), separando os estratos pré-turonianos
           A Super-seqüência Marinha Transgressiva é marcada por         dessa seqüência inferior, de características mais anóxicas,
      sedimentação francamente oceânica, sendo caracterizada por         dos estratos superiores, depositados em ambientes mais
      uma relativa estabilidade ambiental, por paleobatimetrias          oxidados. Caracteriza-se uma típica transgressão até o
      atingindo valores entre 1.000 e 2.000 m e por grande               Santoniano–Campaniano, quando começa a ocorrer um
      diversidade biológica (Koutsoukos, 1984; Koutsoukos, 1987).        aumento do aporte sedimentar, formando uma típica regressão
      Parte da megasseqüência marinha, englobando idades de              marinha. A Super-seqüência Marinha Regressiva instala-se no
      Albiano Inferior a Cenomaniano Superior, é marcada por             Cretáceo Superior na Bacia de Santos (Pereira e Feijó, 1994)
                                                                      III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           115
Figura III.20 – Seção sísmica na Bacia de Campos (Alto de Cabo    Figure III.20 – Seismic section in the Campos Basin (Cabo Frio High),
Frio), mostrando cones vulcânicos do Terciário (em detalhe)       showing Tertiary volcanic plugs (inset with zoom)
116      Parte I – Geologia
      Figura III.21 – Seção sísmica (com interpretação geológica) na região   Figure III.21 – Seismic section (with geological interpretation) in the
      de águas profundas da Bacia de Santos, mostrando altos vulcânicos       deep water region of the Santos Basin, showing volcanic highs of the
      dos Montes Jean Charcot                                                 Jean Charcot seamounts
      discordância regional do Eoceno Médio que é bem caracteri-              coalesceram lateralmente, formando uma relativamente
      zada, particularmente na bacia de Campos (Rangel et al. 1994).          espessa e extensa acumulação de areias sob forma de lençóis
          Um amplo complexo turbidítico estabeleceu-se entre o                e cunhas clásticas, limitadas por superfícies de erosão, as
      Eoceno Médio e o Oligoceno nas bacias de Campos, Santos,                quais estão provavelmente associadas a mudanças climáticas
      Espírito Santo e Sergipe–Alagoas. Como a Bacia de Campos é              e ao padrão de circulação oceânica (Souza Cruz, 1998).
      marcada pela ocorrência dos únicos campos gigantes de                       A tectônica salífera, particularmente na região de diápiros
      petróleo do Brasil, a análise dos parâmetros que controlaram            e muralhas de sal, resultou em depressões acentuadas,
      a formação dos reservatórios em águas profundas é de grande             formando calhas de subsidência, grábens de evacuação e mini-
      importância econômica e para a geologia do petróleo.                    bacias, nas quais empilharam-se sucessivamente diversos
          A formação dos depósitos turbidíticos da Bacia de Campos            sistemas turbidíticos que se amalgamaram verticalmente e
      pode ser atribuída ao fato de que no intervalo Cretáceo                 coalesceram lateralmente, formando cunhas espessas que
      Superior–Terciário Médio grandes áreas da parte externa da              algumas vezes apresentam inversão de depocentros (chamado
      plataforma e do talude tornaram-se instáveis, e o colapso               efeito gangorra, causado por movimentação halocinética entre
      gravitacional dos depósitos arenosos, movimentados por                  diápiros adjacentes).
      tectônica de sal e eventos magmáticos, resultou numa maciça                 Registram-se espessas seqüências de turbiditos no
      transferência de sedimentos como fluxos de massa na direção             Maastrichtiano, no Eoceno Médio e no Oligoceno, várias delas
      da bacia profunda, formando lençóis de turbiditos e de fluxos           com acumulações gigantes de hidrocarbonetos (Rosa, 1987;
      de detritos (Peres, 1993; Cainelli e Mohriak, 1998). A porção           Guardado et al. 1989; Mohriak et al. 1990a; Candido e Costa,
      erosional de cada limite de seqüência é expressa sismicamente           1990; Rangel et al. 1998). Subseqüentemente, mais de 1.000 m
      por vales incisos, cânions, cicatrizes e colapso de talude              de sedimentos pelíticos do Mioceno cobriram o complexo
      (Carminatti e Scarton, 1991).                                           turbidítico do Oligoceno, resultando em nova sobrecarga
          Na direção do talude, os mais espessos depósitos                    sedimentar sobre a camada de sal e desenvolvimento de
      turbidíticos acumularam-se onde a remobilização de sal,                 grandes falhas lístricas que estruturaram os turbiditos do
      associada à sobrecarga sedimentar diferencial, ocorreu                  Oligoceno e criaram caminhos de migração para a acumulação
      contemporaneamente com a deposição dos siliciclásticos nos              de óleo nos reservatórios superiores (Guardado et al. 1989;
      baixos contemporâneos (Figueiredo e Mohriak, 1984). Esse                Pessoa et al. 1999).
      processo resultou numa larga e relativamente rasa depressão                 Dados de litofácies para o sistema turbidítico do Oligoceno
      no fundo do mar, para onde foram canalizados os cânions                 na região dos campos gigantes de Marlim e Albacora (Guardado
      submarinos, que focalizaram a deposição de sucessivos                   et al. 1989; Dias et al. 1990; Candido e Costa, 1990; Carminatti
      depósitos turbidíticos que se amalgamaram verticalmente e               e Scarton, 1991; Peres, 1993; Cainelli e Mohriak, 1998) revelam
                                                                       III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira      117
três fácies arenosos, geneticamente relacionados a limites         margem equatorial para a margem nordeste) e os segmentos
de seqüências: (1) a fácies proximal, caracterizada por            divergentes das margens nordeste, leste, sudeste e sul, cada
conglomerados maciços, com matriz argilosa, e por arenitos         qual com características estratigráficas e estruturais distintas
conglomeráticos, formando depósitos residuais nos canais e         (Cainelli e Mohriak, 1998).
preenchendo superfícies erosionais irregulares; (2) a fácies           Além das bacias oceânicas, ocorrem também alguns riftes
arenosa, consistindo de arenitos de granulação fina, sem           abortados que são parte integrante da evolução tectono-
estruturas evidentes, com corpos variando em espessura entre       sedimentar da margem continental, estando relacionados à
30 e 150 m; e (3) a fácies arena-argilosa, caracterizada por       ruptura do Gondwana, tendo sua gênese associada a
intercalações de arenitos laminados bem selecionados, produto      semelhantes processos formadores de bacias. Entre esses riftes
de retrabalhamento de depósitos anteriores por correntes de        destacam-se os seguintes: Tacutu; Bragança–Viseu; São Luís–
fundo, com folhelhos hemipelágicos. Estas duas últimas fácies      Ilha Nova; Jacaúnas; Potiguar (terrestre); Recôncavo–Tucano–
compreendem mais de 95% dos reservatórios do Oligoceno             Jatobá; São Paulo–Taubaté–Resende–Volta Redonda–Itaboraí–
dos campos gigantes de Marlim e Albacora (Carminatti e             Barra de São João.
Scarton, 1991). Sismicamente, o corpo arenoso aparece como             A Fig. III.22 mostra a localização das principais bacias
uma feição tabular, mas em escala de reservatório. As análises     oceânicas e continentais a serem discutidas a seguir. Da Fig.
de testemunhos e de dados sísmicos 3-D indicam que os              III.23 até a Fig. III.26 apresenta-se uma sucessão de colunas
turbiditos são formados por (i) complexos de canais; (ii) lobos    tectono-estratigráficas dos principais riftes abortados e das
amalgamados, relativamente espessos; e (iii) delgados lobos        bacias sedimentares ao longo da margem continental.
amalgamados, com granulometria mais fina, e bastante
dissecados por canais (Bruhn et al. 1998; Bruhn, 1999).
    Na Bacia de Santos, grandes depósitos turbidíticos podem       Riftes abortados da margem continental
ser identificados na plataforma continental, estendendo-se
na direção do talude e da região de águas profundas (Pereira       Vários riftes abortados (com reduzido desenvolvimento de
et al. 1986; Peres, 1993). Notadamente na parte centro-norte       subsidência da fase termal e sedimentação marinha) são
da bacia, progradações do Eoceno são bastante características      encontrados ao longo da margem continental e também no
nos dados sísmicos (Cainelli e Mohriak, 1998).                     interior do continente. São bacias relativamente pequenas,
    Na Bacia do Espírito Santo, depósitos arenosos com grande      mas que podem alcançar grandes espessuras, como é o caso
espessura concentram-se numa calha alongada segundo a              da Bacia do Tucano. Alguns desses riftes (e.g., Tacutu e Marajó)
direção NW, aparentemente controlados por grandes                  estão associados à fase inicial de ruptura do Gondwana, com
descontinuidades no embasamento, notadamente o lineamento          evolução tectono-sedimentar estendendo-se até o Triássico–
de Colatina, que atravessa a região continental na região do       Jurássico, enquanto outros estão diretamente ligados à
Alto de Vitória e estende-se para o sul na direção da Bacia de     formação dos riftes das bacias da margem continental, no
Campos (Cordani et al. 1984).                                      Cretáceo Inferior (e.g., Recôncavo–Tucano–Jatobá). Outros
    Na Bacia Sergipe–Alagoas, os turbiditos arenosos do            ocorrem na plataforma continental rasa e são cobertos por
Cretáceo Superior a Terciário Inferior são eventos relativamente   sedimentos da fase de subsidência termal das bacias marginais
comuns mas descontínuos e com pequena espessura, sendo             (e.g., Cassiporé). Outros estão associados a reativações
ocasionalmente encontrados na perfuração de objetivos mais         tectônicas tardias, durante a fase de deriva continental,
profundos. Normalmente as camadas arenosas atingem                 notadamente na região sudeste, onde ocorrem pequenas bacias
espessuras de poucos metros, e os sedimentos de granulometria      com preenchimento sedimentar com idade terciária a
mais grosseira são interpretados como depósitos residuais de       quaternária (e.g., bacia de Taubaté e outras bacias da região
fundo de canal, formando corpos isolados ou amalgamados,           entre São Paulo e Rio de Janeiro).
com canais e levees migrando ao longo do talude (Cainelli e            Os principais riftes abortados a serem discutidos são os
Mohriak, 1998).                                                    seguintes: Tacutu; Cassiporé; Bragança–Viseu; São Luís–Ilha
                                                                   Nova; Jacaúnas; Potiguar (terrestre); Recôncavo–Tucano–
                                                                   Jatobá; São Paulo–Taubaté–Resende–Volta Redonda–Itaboraí–
Características Estratigráficas
                                                                   Barra de São João.
                                                                       A Fig. III.23 apresenta uma sucessão de colunas
e Estruturais                                                      estratigráficas simplificadas dos principais riftes abortados
                                                                   da margem continental.
A margem continental brasileira pode ser dividida em diversos          A Bacia de Tacutu (Fig. III.22), situada na região de
domínios tectônicos, englobando o segmento transformante           fronteira entre o Estado de Roraima e o distrito guianense de
da margem equatorial, o segmento transversal (passagem da          Rupunini, estende-se por cerca de 300 km na direção NE e
118      Parte I – Geologia
      Figura III.23 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares   Figure III.23 – Stratigraphic columns of the Brazilian sedimentary
      brasileiras associadas a riftes abortados                         basins associated with aborted rifts
                                                                         III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           119
Figura III.24 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da   Figure III.24 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
margem norte brasileira                                              the northern Brazilian margin
apresenta largura entre 30 e 50 km, com área total de cerca          e prosseguiu com a sedimentação sinrifte, que engloba desde
de 12.500 km2.                                                       folhelhos e siltitos lacustres da Formação Manari, depositados
    Constitui-se num sistema de meio-grábens implantados             logo acima das vulcânicas, a siliciclásticos finos e grosseiros,
sobre rochas pré-cambrianas do Escudo das Guianas e                  datados entre Jurássico Superior e Cretáceo Inferior. Ainda
apresenta espessura maior que 7.000 m nos principais                 na seqüência sinrifte registram-se sedimentos da Formação
depocentros (Eiras e Kinoshita, 1990). A bacia é caracterizada       Pirara, que inclui evaporitos (carbonatos, sulfatos, halita), e
por dois semi-grábens separados por uma zona de acomodação           a Formação Tacutu, de idade neocomiana, cuja base é
associada ao Alto de Savanas do Norte, que separa a porção           representada por camadas avermelhadas de siltito e folhelho.
meridional da bacia, cujo depocentro é controlado pela falha         Em baixos preservados da erosão ocorrem remanescentes da
mestre de Lethem, com mergulho para norte, da porção                 Formação Tucano, que atinge idade aptiana–albiana.
setentrional, que é controlada por uma falha de menor rejeito,       Recobrindo a estratigrafia anterior tem-se a Formação Boa
que apresenta mergulho para sul (Falha de Maú). A Fig. III.27        Vista, composta por siliciclásticos cenozóicos responsáveis pelo
apresenta uma seção sísmica característica do estilo estrutural      relevo plano da bacia.
e estratigráfico da bacia. A Fig. III.28 mostra seções geológicas        Eiras e Kinoshita (1988) caracterizam evidências sísmicas
na parte central da bacia (no topo) e na parte norte da bacia        de transcorrência no Gráben de Tacutu e apontam uma possível
(na base).                                                           idade de Terciário Superior. Estas feições estão possivelmente
    A sedimentação no gráben de Tacutu iniciou-se com uma            relacionadas com a interação entre as placas de Nazca e
seqüência de rochas vulcânicas de idade jurássica (Formação          Caribe, em subducção sob a placa da América do Sul.
Apoteri), depositada como derrames sub-aquosos de lavas                  A Bacia de Caciporé está localizada na plataforma
basálticas tholeiíticas, muito amigdaloidais (Eiras et al. 1994),    continental do Estado do Amapá e ocorre no prolongamento
120      Parte I – Geologia
      Figura III.25 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da   Figure III.25 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
      margem nordeste e leste brasileira                                   the northeastern and eastern Brazilian margin
      na direção NW de um sistema de riftes que ocorrem desde o            Uma segunda fase rifte, de idade valanginiano a albiano médio,
      Pará, incluindo também os grábens da Bacia de Marajó. A              inclui folhelhos e arenitos alcançando uma espessura total de
      Fig. III.29 mostra um mapa tectônico simplificado da margem          até 7.000 m nos depocentros. A sedimentação da fase pós-
      equatorial brasileira, caracterizando o gráben de Caciporé no        rifte inclui siliciclásticos e carbonatos da Formação Limoeiro
      extremo setentrional da margem continental, na divisa com a          (Albiano–Paleoceno), seguindo-se rochas terciárias da
      Guiana Francesa. A Bacia de Caciporé (Fig. III.30) corresponde       Formação Marajó. A parte superior da estratigrafia relaciona-
      a um semi-gráben controlado por falha normal de alto ângulo,         se com carbonatos da Formação Amapá e folhelhos da
      que controla espessa seção sedimentar da fase rifte, datada          Formação Travosas, à semelhança da bacia da Foz do Amazonas
      de Aptiano–Albiano. Essa seqüência rotacionada e erodida é           (Milani e Thomaz Filho, 2000).
      coberta por sedimentos arenosos do Cretáceo Superior e                    Ainda na margem equatorial, destacam-se os riftes
      Terciário, depositados durante uma fase de subsidência termal        abortados de Marajó e São Luís–Bragança–Viseu, que ocorrem
      da Bacia da Foz do Amazonas. Na região continental emersa            na região continental e se estendem para a plataforma rasa.
      observam-se diques de diabásio de idade triássica, com direção       A Fig. III.31 mostra duas seções geológicas esquemáticas
      NNW–SSE, provavelmente relacionados aos esforços que                 ilustrando o estilo estrutural desses riftes. A Bacia de Marajó
      originaram as bacias do Atlântico Norte (Conceição et al. 1988).     estende-se da região a leste da Bacia Amazonas e adentra a
      A fase pré-rifte e a rifte inicial, com espessura de até 1.000 m,    região da Foz do Amazonas na Ilha de Marajó, onde se bifurca
      inclui rochas vulcânicas e sedimentos datados entre 222 e            em dois ramos de rifte, constituindo o gráben de Mexiana a
      186 Ma (Brandão e Feijó, 1994a; Milani e Thomaz Filho, 2000).        norte e o gráben de Limoeiro a leste da Ilha de Marajó. Uma
                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           121
Figura III.26 – Colunas estratigráficas das bacias sedimentares da    Figure III.26 – Stratigraphic columns of the sedimentary basins along
margem sudeste e sul brasileira                                       the southeastern and southern Brazilian margin
Figura III.27 – Seção sísmica na Bacia do Tacutu mostrando espessa-   Figure III.27 – Seismic section in the Tacutu Basin showing stratigra-
mento estratigráfico no depocentro controlado pela falha de Lethem    phic thickening in the depocenter controlled by the Lethem fault
122      Parte I – Geologia
      Figura III.28 – Seções geológicas esquemáticas na Bacia de Tacutu   Figure III.28 – Schematic geological sections in the Tacutu Basin
      mostrando a sucessão estratigráfica e os altos internos regionais   showing the stratigraphic succession and the internal regional highs
      das principais características da bacia é a ocorrência de notável        A Bacia Potiguar, em sua porção terrestre, consiste em
      anomalia gravimétrica positiva no eixo central da bacia,            semi-gráben de direção NE, com um alto estrutural interno
      interpretada como intrusão de material mais denso na crosta         (Alto de Quixabá) que separa o baixo de Boa Vista a norte e
      (Milani, 1991). A espessura total da bacia atinge mais de           o gráben de Umbuzeiro a sul (Bertani et al. 1990). O rifte da
      11.000 m, sendo constituída pelas megasseqüências pré-rifte,        Bacia Potiguar é controlado por falhas profundas (Matos, 1989),
      sinrifte e pós-rifte.                                               que continuam na direção da plataforma continental, onde se
          As bacias de Bragança–Viseu e São Luís–Ilha Nova                desenvolve uma sedimentação de margem passiva. Uma das
      constituem um sistema de riftes (semi-grábens e grábens)            principais características do rifte terrestre é a ocorrência de
      localizados na margem equatorial brasileira, próximo do litoral     notável anomalia gravimétrica positiva na parte leste,
      dos estados de Pará e Maranhão. Esses grábens estão                 interpretada como intrusão de material mais denso na crosta
      encaixados entre terrenos do cinturão de dobramentos do             (Milani, 1991).
      Gurupi, o Arco Ferrer e a plataforma de Sobradinho, a sul, e             A sedimentação na Bacia Potiguar terrestre é caracterizada
      pela plataforma da Ilha de Santana, a norte. Os diferentes          por três megasseqüências: sinrifte, transicional e pós-rifte
      depocentros são separados pelos altos de Gurupi e Curupu            (Matos, 1993). A megasseqüência sinrifte, representada pela
      (Lima et al. 1994). A seqüência pré-rifte inclui sedimentos de      Formação Pendência, de idade Neocomiano–Barremiano, é
      idade paleozóica (Formação Bequimão do Cambriano) e                 constituída por siltitos, folhelhos e arenitos. Esses sedimentos
      sedimentos ordovicianos a triássicos relacionados à Bacia do        estão associados a intrusões ígneas (diabásios) na parte sul
      Parnaíba (Aranha et al. 1990; Lima et al. 1994). A seqüência        da bacia, que correspondem ao enxame de diques de direção
      rifte, de idade aptiana a albiana, é caracterizada por              leste–oeste da Formação Rio Ceará Mirim, com datação de
      sedimentos arenosos a conglomeráticos da Formação Bragança,         140–120 Ma (Araripe e Feijó, 1994). A megasseqüência
      seguindo-se sedimentos da Formação Grajaú, Codó e Itapecuru.        transicional, depositada sobre a discordância break-up, é
      Ocorrem também remanescentes de sedimentos siliciclásticos          representada pela Formação Alagamar, constituída por
      da Formação Periá (Cenomaniano), correspondente à fácies            sedimentos siliciclásticos aptianos. A megasseqüência pós-
      arenosa da Formação Caju e Formação Humberto de Campos,             rifte ou marinha é representada pela Formação Açu, de idade
      na Bacia de Pará–Maranhão e Barreirinhas. Recobrindo a bacia        albiano–turoniano, constituída por uma seqüência siliciclástica
      ocorrem sedimentos cenozóicos da Formação Pirabas.                  que grada para pelitos finos no topo, e pela Formação Jandaíra,
                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            123
Figura III.29 – Mapa geológico regional da margem equatorial entre    Figure III.29 – Regional geologic map of the equatorial margin between
o gráben de Cassiporé e a região oeste da Bacia do Ceará, mostrando   the Cassiporé graben and the western region of the Ceará Basin, showing
as zonas de fraturas transformantes                                   the transform fracture zones
124      Parte I – Geologia
      Figura III.30 – Seção sísmica no Gráben de Caciporé, mostrando      Figure III.30 – Seismic section in the Caciporé Graben, showing
      espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de   stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
      alto ângulo com mergulho para leste                                 eastward-dipping faults
      constituída por sedimentos carbonáticos de alta energia, de         qüência pré-rifte e pequena cobertura por sedimentos da
      idade Cretáceo Superior. Essas megasseqüências são recobertas       megasseqüência transicional, além da cobertura cenozóica
      por sedimentos continentais arenosos da Formação Barreiras,         da Formação Barreiras.
      de idade cenozóica. A Fig. III.32 apresenta uma seção geológica          A megasseqüência pré-rifte é representada por sedimentos
      esquemática com as principais feições estruturais e                 paleozóicos e permianos, incluindo a Formação Afligidos, com
      estratigráficas da Bacia Potiguar em sua porção terrestre.          níveis evaporíticos, e também por sedimentos continentais
          As bacias Recôncavo–Tucano-Jatobá (Fig. III.33) constituem      siliciclásticos de idade jurássica da Formação Aliança e da
      um sistema de riftes que cobrem uma área de cerca de                Formação Sergi. A megasseqüência sinrifte, de idade
      45.000 km2, alongando-se na direção N–S entre a cidade de           Neocomiano–Barremiano, é representada pela Formação
      Salvador até próximo ao lineamento de Pernambuco, quando            Candeias (folhelhos) e por uma seqüência de colmatação do
      as falhas da borda norte da bacia de Jatobá infletem para a         lago que culmina com a deposição dos arenitos da Formação
      direção NE (Milani, 1987; Magnavita e Cupertino, 1987;              São Sebastião em ambiente fluvial (Caixeta et al. 1994). Junto
      Magnavita e Cupertino, 1988; Milani e Davison, 1988; Santos         à falha de Salvador, ocorrem conglomerados da Formação
      e Braga, 1990; Santos et al. 1990). O limite norte da Bacia de      Salvador. Toda a seqüência do rifte é coberta por sedimentos
      Jatobá é condicionado pela falha de Ibimirim e pelo Lineamento      siliclásticos da Formação Marizal (Aptiano). Recobrindo as
      de Pernambuco. A oeste o sistema de riftes Recôncavo–Tucano         megasseqüências anteriores registra-se a ocorrência de
      é limitado na porção sul pelo Cinturão Granulítico Atlântico,       sedimentos pouco consolidados da Formação Barreiras.
      na porção central pelo Cráton São Francisco (Bloco Serrinha)             O sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá está
      e em Tucano norte por sedimentos do Proterozóico Superior.          associado à tectônica extensional da abertura do Atlântico
      O limite leste dos riftes de Tucano norte e Jatobá corresponde      Sul (Milani et al. 1988; Figueiredo et al. 1994). Peraro (1995)
      ao maciço de Pernambuco–Paraíba; o limite leste de Tucano           sugere que movimentos transcorrrentes são responsáveis por
      central corresponde aos sedimentos do Proterozóico Superior         feições compressionais na Bacia de Jatobá.
      e na porção sul das bacias de Tucano e Recôncavo o limite                A Fig. III.34 mostra o mapa de anomalia Bouguer do
      leste corresponde ao cinturão granulítico e ao Alto de Jacuípe.     sistema de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá e adjacências,
          Esses riftes foram preenchidos com sedimentos da                no qual está localizado um perfil regional que atravessa a
      megasseqüência sinrifte, com alguns resíduos da megasse-            sub-Bacia de Tucano Central e alcança a região de águas
                                                                            III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            125
Figura III.31 – Seções geológicas esquemáticas na Bacia de Marajó e    Figure III.31 – Schematic geological sections in the Marajó and São
de São Luís, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das     Luís basins, showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte                                        syn-rift and post-rift successions
Figura III.32 – Seção geológica esquemática na Bacia Potiguar (parte   Figure III.32 – Schematic geological section in the Potiguar Basin
terrestre), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das      (onshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte                                        syn-rift and post-rift successions
126      Parte I – Geologia
      Figura III.33 – Mapa geológico esquemático do segmento nordeste   Figure III.33 – Schematic geological map in the northeastern segment
      da margem continental divergente brasileira                       of the divergent Brazilian continental margin
      profundas da Bacia Sergipe–Alagoas (Mohriak et al. 1998b).        Campos, estando associado a um sistema de falhas terciárias
      A Fig. III.35 mostra a linha sísmica profunda do segmento do      de direção NE que se estendem desde a região da Lagoa Feia
      perfil AA’ correspondente ao gráben de Tucano Central, e a        e Cabo de São Tomé até a região de Búzios. Aparentemente o
      Fig. III.36 apresenta o perfil gravimétrico e o modelo crustal    gráben está associado a outros riftes cenozóicos da região
      do perfil AA’ (Fig. III.34), baseado em dados de sísmica          sudeste, que se desenvolvem entre a porção emersa da Bacia
      profunda e métodos potenciais da bacia de Tucano e Sergipe–       de Campos (próximo ao Cabo de São Tomé), constituindo
      Alagoas (Mohriak et al. 1998b). Observa-se que o depocentro       diversas bacias alongadas e com reduzida espessura
      da bacia de Tucano Central é caracterizado por uma espessa        sedimentar, destacando-se as bacias de Itaboraí, Volta Redonda,
      seqüência sedimentar controlada por falhas com mergulho           Resende, Taubaté e São Paulo (Almeida, 1976; Melo et al.
      para oeste e não há significativo soerguimento da                 1985; Mohriak e Barros, 1990). O evento tectônico responsável
      descontinuidade do Moho nesse depocentro, sugerindo modelos       pela formação dessas bacias também formou intrusões
      de cisalhamento simples para a formação dessa bacia (Ussami       alcalinas que se estendem desde Poços de Caldas até o Morro
      et al. 1986) ou múltiplos descolamentos litosféricos (Castro      de São João, próximo de Rio das Ostras (Almeida, 1983;
      Jr., 1987).                                                       Sadowski e Neto, 1981).
           O gráben de Barra de São João (Mohriak e Barros, 1990)           A Bacia de Taubaté é a maior bacia desse sistema de
      é um pequeno rifte localizado na parte oeste da bacia de          riftes terciários da região sudeste (Fig. III.37a), sendo
                                                                             III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           127
Figura III.34 – Mapa de anomalia Bouguer do segmento nordeste           Figure III.34 – Bouguer anomaly map of the northeastern Brazil segment
brasileiro e da margem continental entre as bacias de Sergipe–Alagoas   and the continental margin between the Sergipe–Alagoas and Jacuípe
e Jacuípe                                                               basins
Figura III.35 – Seção sísmica na Bacia de Tucano Central, mostrando     Figure III.35 – Seismic section in the Central Tucano Basin, showing
espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de       stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
alto ângulo com mergulho para oeste                                     westward-dipping faults
128      Parte I – Geologia
      Figura III.36 – Modelo de arquitetura crustal ao longo do perfil AA’   Figure III.36 – Crustal architecture model along the Tucano–Sergipe–
      entre Tucano e Sergipe–Alagoas mostrando abrupto afinamento            Alagoas transect, showing abrupt crustal thinning in the continental
      crustal na região da margem continental                                margin region
      controlada por grandes falhas de direção NE no embasamento             (e.g., Gráben de Jacaúnas no Ceará, preenchido com
      pré-cambriano, que foram reativadas como falhas extensionais           sedimentos aptianos) até os grábens de Sete Barras e Cananéia
      normais e direcionais (Radambrasil, 1983). A Fig. 37b mostra           na região oeste da Bacia de Santos (Almeida, 1976; Machado
      uma imagem de satélite (Landsat) com as feições                        Jr., 2001), desenvolvidos entre o Terciário e o Quaternário.
      geomorfológicas da região adjacente ao rifte. O preenchimento
      sedimentar dessa bacia é associado a ambientes continentais
      lacustrinos e fluviais, que preenchem diversos compartimentos          Bacias sedimentares da
      controlados por falhas normais que apresentam alternâncias             margem continental
      de polaridade (Marques, 1990). A idade da sedimentação é
      atribuída a eventos tectônicos iniciados no Eoceno, em função          As bacias sedimentares da margem continental são analisadas
      da ocorrência de lavas ankaramíticas datadas de 50 Ma na               nos seguintes segmentos:
      bacia de Volta Redonda (Riccomini et al. 1992) e estende-se
      até o Quaternário. A Fig. III.38 mostra uma linha sísmica na               Margem Equatorial (segmento transformante)
      parte centro-sul da Bacia de Taubaté, caracterizando a falha               Bacia da Foz do Amazonas
      mestre na borda sul do gráben, ao contrário de outros                      Bacia Pará–Maranhão
      segmentos do rifte, que apresentam controle por falha mestre               Bacia de Barreirinhas
      na borda norte (Marques, 1990).                                            Bacia de Piauí–Camocim
          Vários outros pequenos grábens ocorrem ao longo da                     Bacia do Ceará–Mundaú
      margem continental brasileira, desde a margem equatorial                   Bacia Potiguar
                                                                            III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            129
(a)
(b)
Figura III.37 – (a) Mapa geológico esquemático da região continental   Figure III.37 – (a) Schematic geological map of the onshore continental
emersa adjacente ao segmento sudeste da margem divergente              region adjacent to the southeastern segment of the divergent Brazilian
brasileira; e (b) Imagem Landsat de detalhe da Bacia de Taubaté        margin; and (b) Detailed Landsat image of the Taubaté Basin
130      Parte I – Geologia
      Figura III.38 – Seção sísmica na Bacia de Taubaté, mostrando        Figure III.38 – Seismic section in the Taubaté Basin, showing
      espessamento estratigráfico no depocentro controlado por falha de   stratigraphic thickening in the depocenter controlled by high-angle,
      alto ângulo com mergulho para oeste                                 westward-dipping fault
à movimentação de falhas transformantes e também a                   depositados do Campaniano ao Mioceno Médio, que formam
intrusões vulcânicas, bastante comuns no segmento entre              uma espessa plataforma carbonática proximal (Formação
Ceará e Potiguar.                                                    Amapá), ladeada por areias proximais (Formação Marajó), e
                                                                     em direção ao eixo da bacia, em sedimentação regressiva,
Bacia da Foz do Amazonas                                             ocorrem sedimentos pelágicos distais (Formação Travosas). O
                                                                     terceiro intervalo inclui sedimentos depositados do Mioceno
A Bacia da Foz do Amazonas situa-se na porção oeste da               ao Recente e é representado por uma expressiva cunha
margem equatorial brasileira. Limita-se a noroeste com o platô       sedimentar clástica progradante (Grupo Pará), que forma uma
de Demerara e a sudeste com a Bacia Pará–Maranhão, na                grande espessura sedimentar na Foz do Amazonas. Na parte
parte oeste da Ilha de Santana (Fig. III.3a e Fig. III.22).          central da bacia, na região do talude conhecida como Cone
Abrange uma área de aproximadamente 350.000 km2, incluindo           do Amazonas, observa-se uma intensa tectônica gravitacional
a plataforma continental, talude e região de águas profundas,        que estrutura toda a seção cenozóica por meio de falhas
até o limite entre as crostas continental e oceânica (Tab.           extensionais e falhas de empurrão na direção da bacia profunda
III.1a).                                                             (Silva e Rodarte, 1989; Silva et al. 1999; Mello et al. 2001).
    Os primeiros registros sedimentares desta bacia                      A Fig. III.39 apresenta o arcabouço estratigráfico e
compreendem clásticos da megasseqüência pré-rifte,                   estrutural com base em seção sísmica regional na região da
representados pela Formação Calçoene, de idade triássica,            Foz do Amazonas (Silva e Maciel, 1998). A Fig. III.40 apresenta
inferida a partir da datação radiométrica (entre 186 e 222           uma seção geológica baseada em dados sísmicos e de poços,
Ma) de basaltos intercalados com sedimentos arenosos                 mostrando vários compartimentos tectônicos, desde o domínio
(Brandão e Feijó, 1994a). Esses sedimentos são recobertos            extensional na plataforma até o domínio de empurrões além
pelas megasseqüências sinrifte e pós-rifte. A megasseqüência         da quebra da plataforma. A seção sísmica e a seção geológica
sinrifte relaciona-se à abertura final do Atlântico e na região      sugerem que a movimentação do embasamento e dos
equatorial desenvolveu-se entre o Cretáceo Inferior e o Albo-        sedimentos terciários pode estar relacionada à presença da
aptiano, correspondendo a sedimentos siliciclásticos da              zona de fratura de São Paulo. Algumas linhas sísmicas
Formação Caciporé. A megasseqüência pós-rifte (ou marinha)           adquiridas na região de águas profundas da margem equatorial
pode ser subdividida em três intervalos estratigráficos              brasileira indicam que as zonas de fratura associadas às falhas
principais: o primeiro inclui sedimentos depositados entre o         transformantes estão tectonicamente ativas até o presente,
Albiano Superior–Cenomaniano e o Santoniano (Formação                afetando a cobertura sedimentar do Terciário e perturbando o
Limoeiro), sendo caracterizado por uma sedimentação clástica         fundo do mar, com movimentos compressionais e extensionais
marinha transgressiva. O segundo intervalo inclui sedimentos         (Silveira, 1993).
Figura III.39 – Seção sísmica na Foz do Amazonas, mostrando grande   Figure III.39 – Seismic section in the Amazon Cone Basin, showing
espessamento estratigráfico na plataforma continental e falhas       stratigraphic thickening in the continental platform and extensional
extensionais e compressionais na região de águas profundas           and compressional faults in the deep water region
132      Parte I – Geologia
      Figura III.40 – Seção geosísmica na Foz do Amazonas, mostrando    Figure III.40 – Geoseismic section in the Amazon Cone Basin, showing
      seqüências estratigráficas e domínios tectônicos na plataforma    stratigraphic sequences and tectonic domains in the continental
      continental e na região de águas profundas                        platform and in the deep water region
Figura III.41 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando          Figure III.41 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
seqüências estratigráficas e ocorrência de altos vulcânicos associados   stratigraphic sequences and occurrence of volcanic ridges associated
a zonas de fraturas transformantes                                       with the transform fracture zones
Figura III.42 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando          Figure III.42 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
cinturão de dobramento na região da quebra da plataforma, talude         fold belt in the shelf-edge, slope and deep basin
e bacia profunda
Aptiano, constitui o pacote geneticamente relacionado com a              Maranhão, também pode ser subdividida em dois intervalos,
Bacia de Barreirinhas propriamente dita (Feijó, 1994a). Teve             conforme discutido anteriormente, englobados no Grupo Caju,
início com a tectônica extensional que atingiu o clímax no               representado por clásticos e carbonatos de alta e baixa energia
Aptiano (Azevedo, 1986), sendo representada pelos sedimentos             albo-cenomanianos. O Grupo Humberto de Campos,
clásticos de um complexo flúvio-deltaico (Grupo Canárias). A             representado por uma seção progradante nerítica e batial
megasseqüência pós-rifte ou marinha, como na Bacia Pará–                 (Turoniano–Oligoceno) é coberto por carbonatos de alta energia
134      Parte I – Geologia
      da Formação Pirabas (Mioceno–Recente) e finalmente ocorre                   À semelhança de outras bacias da margem continental,
      a cobertura de clásticos plio-pleistocênicos da Formação               podem ser reconhecidas três megasseqüências tectonossedi-
      Barreiras (Feijó, 1994a).                                              mentares: a primeira (megasseqüência sinrifte) reúne rochas
          A Fig. III.43 mostra uma seção geológica esquemática na            de natureza continental, correspondendo clásticos continentais
      Bacia de Barreirinhas, caracterizando notável cinturão de              meso-aptianos da Formação Mundaú. A megasseqüência transi-
      dobramentos na região além do talude, associado à tectônica            cional, acima da discordância break-up, é representada pela
      gravitacional (Caldeira et al. 1991). A bacia é caracterizada          Formação Paracuri, que inclui carbonatos e evaporitos localiza-
      por grande espessura sedimentar e presença de feições                  dos de idade neoaptiana/eoalbiana, marcando a transição do
      vulcânicas além da quebra do talude (Guimarães et al. 1989).           ambiente continental para o marinho restrito. A megasse-
                                                                             qüência pós-rifte ou marinha, tipicamente de margem passiva,
      Bacia do Ceará – parte oeste                                           é associada aos sedimentos siliciclásticos da Formação Ubarana
      (Sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí)                          (Cretáceo Superior a Terciário), depositados em ambiente
                                                                             essencialmente marinho (Beltrami et al. 1994). O Terciário
      As sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú e Icaraí constituem             Superior é marcado pela deposição dos carbonatos progradantes
      a parte oeste da Bacia do Ceará, que engloba ainda a sub-              e rochas siliciclásticas das formações Guamaré e Tibau.
      Bacia de Mundaú, que será discutida posteriormente. Estas                   Destaca-se nas bacias de Piauí–Camocim o hiato entre o
      sub-Bacias localizam-se na margem equatorial brasileira, em            Cenomaniano e o Eoceno, devido à inversão de bacia,
      frente ao litoral dos estados do Piauí e do Ceará (Fig. III.22)        caracterizando-se um hiato com mais de 50 milhões de anos
      e são limitadas, a oeste, pelo Alto de Tutóia, que as separa           de duração (Beltrami et al. 1994). A notável transpressão
      da Bacia de Barreirinhas, e a leste a separação entre as sub-          observada em linhas sísmicas (Beltrami et al. 1989; Costa et
      Bacias de Icaraí e Mundaú se dá na plataforma de Aracati               al. 1990) é responsável pela inversão estrutural de baixos do
      (Beltrami et al. 1994). O limite entre a sub-Bacia de Mundaú           rifte, soerguendo os sedimentos anteriormente depositados e
      e a Bacia Potiguar se dá no Alto de Fortaleza. A área total            resultando em estruturas anticlinais e falhas de empurrão.
      das sub-Bacias é de aproximadamente 30.100 km2, sendo                  Em termos estruturais, a principal feição da bacia corresponde
      1.000 km2 na região emersa.                                            ao Alto Atlântico, uma feição positiva de direção E–W
          As sub-Bacias mais a oeste (Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí)         relacionada a grandes falhas transpressionais (wrench)
      são caracterizadas por feições associadas a transcorrência e           envolvendo o embasamento (Zalán e Warme, 1985). É possível
      compressão, que invertem depocentros anteriormente formados            que ocorram sedimentos paleozóicos na seqüência pré-rifte,
      (Zalán e Warme, 1985; Costa et al. 1990), enquanto a sub-              ainda não-atingida por perfurações na plataforma continental
      Bacia de Mundaú, no extremo leste da bacia do Ceará, é                 (Beltrami et al. 1994).
      menos influenciada pelos esforços ligados à movimentação                    A Fig. III.44 mostra uma seção sísmica ilustrando o estilo
      dextral entre as placas africana e sul-americana (Matos e              estrutural desse segmento da margem equatorial,
      Waick, 1998; Matos, 2000).                                             caracterizando a parte leste da estrutura em flor positiva do
      Figura III.43 – Seção geosísmica na Bacia de Barreirinhas, mostrando   Figure III.43 – Geoseismic section in the Barreirinhas Basin, showing
      falhas extensionais e compressionais na borda da plataforma,           extensional and compressional faults near the shelf break, forming
      formando cinturão de dobramento em águas profundas                     deep water fold belts
                                                                          III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            135
Figura III.44 – Seção sísmica na Bacia de Piauí–Camocim, mostrando   Figure III.44 – Seismic section in the Piauí–Camocim, showing inversion
inversão de depocentros associado a movimentos transcorrentes e      of depocenters associated with transcurrent movements and wrench
tectônica cisalhante                                                 tectonics
MAS-23 e na parte central da figura as estruturas do PIS-1 e         1994). Mapas de métodos potenciais e mapas estruturais
a leste, na direção do Alto Atlântico (além do extremo NE da         sísmicos indicam a ocorrência de falhas de direção NW
linha sísmica), estruturas compressionais e o soerguimento           separadas pelas direções transformantes E–W.
dos estratos (Costa et al. 1990).                                        A evolução tectono-sedimentar da sub-Bacia de Mundaú
                                                                     compreende três principais megasseqüências (Beltrami et al.
Bacia do Ceará – parte leste                                         1994): sinrifte, transicional e pós-rifte. A megasseqüência
(sub-Bacia de Mundaú)                                                sinrifte (Neocomiano–Aptiano), caracterizada por espessa seção
                                                                     sedimentar, evoluiu a partir de um processo de estiramento e
A sub-Bacia de Mundaú está localizada na parte leste da              afinamento crustal, cujo clímax deu-se no Eoaptiano, a partir
Bacia do Ceará, plataforma continental da Margem Equatorial          de esforços transtensivos. Esta fase é responsável pelo
Brasileira, no Estado do Ceará. Limita-se a oeste com a sub-         desenvolvimento de falhas normais de direção NW–SE, formando
Bacia de Icaraí, pela plataforma de Aracati, e a leste com a         semi-grábens assimétricos, e por uma sedimentação
Bacia Potiguar, pelo Alto de Fortaleza. A norte, a bacia está        continental, marcada pelos arenitos flúvio-deltaicos e folhelhos
limitada pela falha transformante do Ceará, associada à zona         lacustres da Formação Mundaú. A megasseqüência transicional
de fratura Romanche. A sul, limita-se pelo embasamento cris-         (Neoaptiano ao Albiano Inferior) é marcada pelas primeiras
talino aflorante próximo à linha de costa. Abrange uma área          incursões marinhas na bacia, sendo responsável pela deposição
de cerca de 12.000 km², sendo que cerca de 50% ocorrem em            de arenitos fluviais, deltaicos e lacustres, além de calcários e
águas com profundidades superiores a 100 m (Tab. III.1a).            evaporitos subordinados, rochas que compõem a Formação
    Assim como os outros segmentos da Bacia do Ceará, a              Paracuru. Esta fase culmina com a discordância break-up, que
sub-Bacia de Mundaú tem sua gênese relacionada à abertura            é seguida por deposição de sedimentos marinhos. A
do Atlântico Equatorial durante o Cretáceo Inferior. Embora a        megasseqüência pós-rifte ou marinha (Albiano ao Recente)
margem equatorial seja uma margem transformante-                     desenvolveu-se a partir da deriva continental e subsidência
divergente, caracterizada por rifteamento oblíquo e                  termal da bacia, com sedimentos depositados em duas
cisalhamento crustal, a sub-Bacia de Mundaú mostra uma               principais seqüências estratigráficas. A primeira corresponde
evolução tectônica menos complexa quando comparada com               a uma fase de transgressão marinha, do Albiano ao Santoniano,
as sub-Bacias adjacentes a oeste, sendo mais apropriadamente         com deposição dos carbonatos da Formação Ponta do Mel e
considerada uma bacia do tipo rifte, desenvolvida entre              folhelhos da Formação Ubarana. A fase marinha regressiva,
segmentos divergentes na margem equatorial (Beltrami et al.          iniciada no Campaniano, é caracterizada por folhelhos e arenitos
136      Parte I – Geologia
      turbidíticos da Formação Ubarana. Essa seqüência está               Inferior, depositados nos depocentros da Falha de Pescada
      lateralmente associada com os carbonatos de plataforma da           (Araripe e Feijó, 1994), concomitantemente às manifestações
      Formação Guamaré e os arenitos proximais da Formação Tibau.         magmáticas na bacia (Milani e Thomaz Filho, 2000).
      Os sedimentos continentais clásticos da Formação Barreiras              A megasseqüência transicional iniciou-se com a deposição
      (Mioceno–Recente) finalizam a deposição na bacia.                   de seqüência transicional a marinha (Formação Alagamar),
          Destaca-se na Bacia do Ceará a ocorrência de intrusões          de idade Alagoas, acima da qual ocorre a discordância break-
      ígneas (diabásio) e extrusões (basaltos) de idade Terciário na      up que a separa da megasseqüência marinha.
      porção terrestre, representadas pela Formação Macau. Feições            A megasseqüência pós-rifte (fase termal de subsidência)
      ígneas estão presentes na plataforma continental e além do          é caracterizada por sedimentos flúvio-marinhos numa fase
      talude, na bacia oceânica, formando altos vulcânicos ao longo       transgressiva (Formação Açu, com sedimentos proximais, e
      de zonas de fraturas, montes submarinos e guyots cortando           sedimentos siliciclásticos a carbonáticos das formações Ponta
      toda a seqüência sedimentar, do Aptiano ao Recente (Szatmari        do Mel, Quebradas, Jandaíra e Ubarana, esta última
      et al. 1987; Matos, 2000). A região entre a plataforma e o          representando a fácies distal). A partir do Campaniano
      sopé continental é também caracterizada por feições compres-        caracteriza-se na bacia uma fase regressiva, com o sistema
      sionais associadas ao colapso gravitacional dos sedimentos.         típico de margem continental passiva, abrangendo sedimentos
                                                                          de leques costeiros, plataforma continental, talude e bacia
      Bacia Potiguar                                                      profunda. A seqüência do Cretáceo Superior é recoberta por
                                                                          uma seqüência terciária clástica e carbonática (Formação Tibau,
      A Bacia Potiguar localiza-se no extremo leste da Margem             Guamaré e Ubarana). Também são caracterizadas rochas
      Equatorial Brasileira, compreendendo um segmento emerso e           vulcânicas associadas à Formação Macau, depositadas entre
      outro submerso. Distribui-se em sua maior parte no Estado           o Eoceno e o Oligoceno (Mizusaki, 1989; Bertani et al. 1990),
      do Rio Grande do Norte e parcialmente no Estado do Ceará            e feições ígneas em águas profundas.
      (Fig. III.22). Geologicamente é limitada a sul, leste e oeste           A Fig. III.45 apresenta uma seção geológica esquemática
      pelo embasamento cristalino, estendendo-se a bacia para norte       da Bacia Potiguar na região da plataforma continental.
      até a isóbata de 2.000 m. O alto de Fortaleza define seu
      limite oeste com a Bacia do Ceará (sub-Bacia de Mundaú),
      enquanto o alto de Touros define seu limite leste com a Bacia       Margem nordeste (segmento transversal)
      Pernambuco–Paraíba. A bacia abrange uma área de
      aproximadamente 60.000 km 2 , sendo que 24.000 km 2                 Na margem transversal (entre Potiguar e Alagoas), a Bacia
      encontram-se emersos e 36.000 km2 submersos.                        Pernambuco–Paraíba apresenta em sua porção terrestre e na
           A Bacia Potiguar foi formada por esforços extensionais         plataforma continental um gráben formado por sedimentos
      durante o Cretáceo Inferior (Neocomiano), associados ao             da fase rifte (Neocomiano–Aptiano) e sedimentos carbonáticos
      rifteamento que culminou com a separação das placas sul-            do Albiano–Cretáceo Superior, que gradam para siliciclásticos
      americana e africana. O arcabouço estrutural da bacia, na           do Terciário. O talude continental da região entre o Alto de
      parte terrestre, inclui dois grábens assimétricos principais,       Touros e o Alto de Maragoji é bastante estreito, caindo-se de
      de direção NE–SW, separados por altos internos alongados e          batimetrias de 1.000 m para mais de 4.000 m em menos do
      bordejados por duas plataformas de embasamento raso                 que 50 km. A parte superior do Platô de Pernambuco é
      (plataformas de Touros e Aracati). Na porção submersa da            caracterizado por crosta continental, e a parte inferior, na
      bacia, uma segunda fase rifte (Barremiano ao Eoaptiano)             direção da Bacia Oceânica do Brasil, é caracterizada por crosta
      implantou-se sobre a fase rifte anterior. Uma importante            oceânica (Costa e Maia, 1986).
      reativação tectônica ocorreu durante o Campaniano, associada            A região nordeste brasileira é caracterizada pelo sistema
      a movimentos transcorrentes, e outra no Terciário, quando           de riftes abortados Recôncavo–Tucano–Jatobá que não
      foram reativados antigos falhamentos normais e gerados              evoluíram a uma fase de subsidência termal (Figueiredo et al.
      dobramentos, notadamente na parte oeste da bacia.                   1994), enquanto o sistema de riftes alongados entre Jacuípe
           O registro estratigráfico inclui três megasseqüências:         e Sergipe–Alagoas evoluíram para bacias de margem passiva
      sinrifte, depositada no Cretáceo Inferior, transicional, de idade   divergente (Castro Jr., 1987). Feições associadas à
      aptiano (Formação Alagamar), e outra pós-rifte, depositada          transcorrência são observadas na sub-Bacia de Alagoas,
      entre o Albiano e o Recente. A megasseqüência sinrifte é            provavelmente relacionadas à movimentação sinistral e à
      representada pelos depósitos flúvio-deltaicos e lacustres da        rotação de microplacas (Szatmari e Milani, 1999).
      Formação Pendência (Berriasiano/Barremiano). Uma segunda                A Fig. III.25 apresenta a sucessão e colunas estratigráficas
      fase sinrifte, ou um rifte tardio, é representada pela Formação     para o segmento transversal e parte da margem leste brasileira.
      Pescada, com sedimentos de idade Barremiano–Aptiano
                                                                            III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           137
Figura III.45 – Seção geológica esquemática na Bacia Potiguar (parte   Figure III.45 – Schematic geological section in the Potiguar Basin
marinha), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das        (offshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
seqüências sinrifte e pós-rifte                                        syn-rift and post-rift successions
      Figura III.47 – Seção geológica esquemática na Bacia Pernambuco–   Figure III.47 – Schematic geological section in the Pernambuco–Paraíba
      Paraíba (parte marinha), mostrando o arcabouço estrutural e        Basin (offshore), showing the structural and stratigraphic framework
      estratigráfico das seqüências sinrifte e pós-rifte                 for the syn-rift and post-rift successions
                                                                        III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira         139
Formação Itamaracá) e, posteriormente, do Neocretáceo ao            batimétrica de 2.000 m. A Fig. III.49 apresenta um mapa
Recente, por uma seqüência carbonática progradante (Formação        regional simplificado com as principais feições tectônicas da
Maria Farinha) e por uma seqüência siliciclástica progradante       região entre as bacias Sergipe–Alagoas e Camamu, mostrando
de águas profundas (Formação Calumbi).                              também as principais anomalias magnéticas.
    Na região de águas profundas, a bacia é caracterizada               A bacia é representada por um rifte assimétrico, alongado
por uma reduzida espessura sedimentar e profundos cortes            na direção NNE/SSW e limitado a norte com a Bacia
de cânions (Costa et al. 1991; Alves e Costa, 1993). O rifte é      Pernambuco–Paraíba, pelo Alto de Maragoji, e a sul com a
caracterizado por falhas de baixo ângulo, que aparentam             Bacia do Jacuípe, pelo sistema de falhas de Vaza-Barris. Divide-
descolar em horizontes crustais profundos (Gomes et al. 2000).      se em duas sub-Bacias, Alagoas e Sergipe, separadas pelo
Também ocorrem feições interpretadas por métodos geofísicos         alto de Jaboatã–Penedo, nas imediações do Rio São Francisco
(sísmica e métodos potenciais) como intrusões ígneas e              (Aquino e Lana, 1990).
extrusões vulcânicas. A Fig. III.48 apresenta um transect sísmico       Das bacias da margem continental brasileira, esta bacia é
e gravimétrico atravessando a região de águas profundas da          a que apresenta a mais completa sucessão estratigráfica,
Bacia Pernambuco–Paraíba e adentrando a região de crosta            sendo reconhecidas quatro megasseqüências (pré-rifte, sinrifte,
oceânica.                                                           transicional e pós-rifte) com diferentes fases de desenvol-
                                                                    vimento tectono-sedimentar (Cainelli e Mohriak, 1998). A
Bacia Sergipe–Alagoas                                               megasseqüência pré-rifte (Paleozóico e Mesozóico), inclui
                                                                    rochas cambrianas (Formação Estância), depósitos glaciais do
A Bacia Sergipe–Alagoas situa-se na margem continental              Carbonífero (Formação Batinga), depósitos de sabkha costeira
nordeste do Brasil (Fig. III.22). Em sua porção terrestre abrange   do Permiano (Formação Aracaré) e os sedimentos flúvio-
uma área de aproximadamente 13.000 km² e sua porção                 lacustrinos do Neo-Jurássico/Eo-Cretáceo (formações
submersa uma área de cerca de 40.000 km², até a cota                Candeeiros, Bananeiras, Serraria e Barra de Itiúba).
Figura III.48 – Seção sísmica na Bacia de Pernambuco–Paraíba,        Figure III.48 – Seismic section in the Pernambuco–Paraíba Basin,
mostrando transição de crosta continental estirada para crosta       showing the transition from stretched continental crust to oceanic
oceânica com intrusões ígneas                                        crust with igneous intrusions
140      Parte I – Geologia
          A fase sinrifte, também denominada sinrifte I, desenvolveu-   (Formação Calumbi) passaram a ser recobertas por fácies de
      se entre o Neocomiano e o Barremiano, sendo caracterizada         maior energia (carbonatos da Formação Mosqueiro e
      pelo sistema siliciclástico das formações Rio Pitanga, Penedo     siliciclásticos da Formação Marituba), com o estabelecimento
      e Barra de Itiúba. A megasseqüência transicional, localmente      de um sistema de plataforma/talude/bacia profunda. Na parte
      afetada por falhamentos, sendo designada de sinrifte II,          terrestre os sedimentos continentais da Formação Barreiras
      abrange o Barremiano e Aptiano e inclui a Formação Poção, a       recobrem todas as megasseqüências mais antigas.
      Formação Coqueiro Seco e a Formação Maceió. Durante a                  A Bacia de Alagoas é caracterizada por uma espessa seção
      fase transicional, no Aptiano, iniciaram-se as primeiras          sedimentar da fase rifte na região continental e por feições
      incursões marinhas, com deposição de duas seqüências              associadas à transpressão na região da plataforma e talude.
      evaporíticas na Formação Muribeca (Membro Paripueira e            A Fig. III.50 apresenta um seção sísmica entre a região da
      Membro Ibura), com destaque para os evaporitos do Membro          plataforma continental e a região de águas profundas, onde
      Ibura (Feijó, 1994c).                                             ocorrem intrusões ígneas (Pontes et al. 1991).
          A megasseqüência pós-rifte ou marinha, caracterizada por           Entre as sub-Bacias de Alagoas e Sergipe ocorrem feições
      subsidência termal, inicia-se no Albiano, com a instalação de     diapíricas em águas profundas que podem estar relacionadas
      uma plataforma carbonática (Formação Riachuelo). A fase           à tectônica de sal (Mohriak, 1995b). A Bacia de Sergipe é
      marinha transgressiva resultou na deposição, entre o Albiano      caracterizada por um espesso depocentro na região do Baixo
      e o Santoniano, de três faixas diferenciadas de sedimentos        de Mosqueiro, a sul de Aracaju, o qual é controlado por falha
      englobados na Formação Riachuelo, com arenitos proximais,         da fase rifte (Vaza-Barris–Itaporanga) que apresenta
      carbonatos de plataforma e folhelhos distais (Membro Taquari      reativações até o Cretáceo Superior (Cainelli e Mohriak, 1998).
      e Membro Aracaju; Feijó, 1994c). Do Campaniano ao Recente,             A interpretação da seqüência rifte na região de águas
      após um período ainda dominantemente transgressivo, iniciou-      profundas apresenta duas principais hipóteses opcionais
      se uma forte regressão onde as fácies de menor energia            (Mohriak et al. 2000): a) ocorrência de espessa seqüência
                                                                             III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           141
Figura III.50 – Seção sísmica na sub-bacia de Alagoas, mostrando         Figure III.50 – Seismic section in the Alagoas sub-basin, showing
seqüências estratigráficas afetadas por inversão de bacia e ocorrência   stratigraphic sequences affected by basin inversion and occurrence of
de altos vulcânicos associados a zonas de fraturas transformantes        volcanic intrusions associated with the transform fracture zones
aptiana, neocomiana e sedimentos pré-rifte até a região de               transgressiva, predominantemente carbonática, de idade
áltos vulcânicos das zonas de fraturas (Pontes et al. 1991); e           albiana-turoniana (Formação Algodões), e predominantemente
b) afinamento do rifte na região do talude e bacia profunda,             argilosa da Formação Urucutuca (Cretáceo Superior). A
com presença de seaward-dipping reflectors na transição para             seqüência marinha regressiva, caracterizada por seqüência
crosta oceânica (Mohriak et al. 1995a; Mohriak et al. 2000). A           progradante, é representada pelas fácies arenosa proximal e
Fig. III.51 apresenta uma linha sísmica na região sul da sub-            litorânea da Formação Rio Doce, carbonática de plataforma
Bacia de Sergipe, estendendo-se desde a plataforma até a                 da Formação Caravelas e folhelhos de talude da Formação
região de águas profundas, e a Fig. III.52 a interpretação da            Urucutuca (Terciário–Quaternário).
linha (Mohriak et al. 1998b).                                                 O arcabouço estrutural simplificado da bacia consiste em
                                                                         dois domínios distintos. Adjacente à costa, na região da
Bacia de Jacuípe                                                         plataforma continental, ocorre um patamar com embasamento
                                                                         raso, limitado por uma falha de grande rejeito. Esta falha,
A Bacia de Jacuípe localiza-se na porção marítima do litoral             que coincide com a quebra atual da plataforma, separa o
norte do Estado da Bahia (Fig. III.22), entre a cidade de                patamar de embasamento raso do domínio de embasamento
Salvador e o limite dos estados da Bahia e Sergipe. Alonga-              profundo, onde a seção sedimentar pode atingir 7.000 m de
se por cerca de 210 km na direção SW–NE e tem uma largura                espessura (Wanderley Filho e Graddi, 1995).
média de 35 km até a cota batimétrica de 2.000 m. Estende-                    À semelhança da Bacia Sergipe–Alagoas, duas
se por uma área de aproximadamente 7.500 km2, sendo que                  interpretações opcionais têm sido propostas para a seqüência
cerca de 4.500 km2 localizam-se sob lâmina d’água de até                 rifte na região de águas profundas: a) ocorrência de espessa
400 m. Limita-se a norte com a Bacia Sergipe–Alagoas, pela               seqüência sinrifte neocomiana a aptiana (possivelmente
falha de Vaza-Barris, e a sul com a Bacia de Camamu, pela                recobrindo sedimentos pré-rifte) até a região de altos vulcânicos
zona de transferência de Itapuã, sendo que no continente a               das zonas de fraturas (Pontes et al. 1991; Wanderley Filho e
separação com a bacia do Recôncavo se dá pela falha da                   Graddi, 1995); e b) rotação de blocos de rifte e grande
Barra (Netto et al. 1994).                                               diminuição de espessura desses sedimentos na região do talude
    O arcabouço estratigráfico da bacia atualmente conhecido             e bacia profunda, com presença de seaward-dipping reflectors
inclui duas megasseqüências, correspondentes às fases sinrifte           na transição para crosta oceânica (Mohriak et al. 1995a). A
(continental) e pós-rifte (marinha). A fase sinrifte, pouco              Fig. III.53 apresenta uma linha sísmica estendendo-se desde
desenvolvida na plataforma, engloba a Formação Rio de Contas             a plataforma até a região de águas profundas da Bacia de
(Cretáceo Inferior), composta de arenitos, conglomerados e               Jacuípe.
folhelhos. A fase pós-rifte inclui a seqüência marinha
142      Parte I – Geologia
      Figura III.51 – Seção sísmica na sub-Bacia de Sergipe, mostrando         Figure III.51 – Seismic section in the Sergipe sub-basin, showing the
      seqüências estratigráficas associadas à fase sinrifte e pós-rifte e      syn-rift and post-rift stratigraphic sequences and occurrence of expressive
      ocorrência de expressivo refletor profundo na região a leste da quebra   deep seismic reflector in the region beyond the continental shelf break
      do talude continental
      Figura III.52 – Interpretação da seção sísmica na sub-Bacia de           Figure III.52 – Interpretation of the seismic section in the Sergipe sub-
      Sergipe, mostrando afinamento das seqüências estratigráficas da fase     basin, showing pinch-out of syn-rift stratigraphic sequences in the
      rifte na direção da bacia profunda e possível ocorrência de cunhas       deep water region, and possible occurrence of seaward-dipping wedges
      de refletores mergulhantes para o mar e intrusões vulcânicas próximo     and volcanic intrusions near the continental-oceanic crust boundary
      do limite entre crosta continental e crosta oceânica
                                                                           III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           143
Figura III.53 – Interpretação da seção sísmica na Bacia de Jacuípe,   Figure III.53 – Interpretation of the seismic section in the Jacuípe
mostrando expressiva erosão afetando os blocos de rifte em águas      Basin, showing expressive erosion affecting the syn-rift blocks in the
profundas e ocorrência de refletores mergulhantes para o mar acima    deep water region, and occurrence of seaward-dipping reflector wedges
de expressivo refletor profundo                                       above an expressive deep seismic reflector
Margem Leste, Sudeste e Sul                                           cota batimétrica de 2.000 m, é de cerca de 9.000 km2, sendo
(segmento divergente)                                                 2.000 km2 em terra e 7.000 km2 no mar. A bacia limita-se ao
                                                                      sul com a bacia de Almada, pelo Alto de Itacaré, e ao norte
Na Margem Leste e Sudeste destaca-se a ocorrência de                  com as bacias de Jacuípe e do Recôncavo, pelas zonas de
evaporitos de idade aptiana, que formam grandes diápiros e            transferência de Itapoã e da Barra, esta última com
muralhas de sal na região entre as bacias de Camamu e Santos.         características de falha de transferência, com direção E–W
De uma maneira geral, a plataforma continental, assim como            (Netto et al. 1994).
a área de ocorrência da megasseqüência sinrifte, é relativa-               A bacia apresenta grande espessura sedimentar, que pode
mente estreita na margem nordeste, mas alarga-se na direção           atingir 8.000 m nos depocentros (Gonçalves et al. 2000),
sul, até a região das bacias de Campos e Santos. Ao adentrar-         podendo ser individualizadas quatro megasseqüências,
se a Bacia de Pelotas, ao sul do lineamento de Florianópolis,         correspondentes às fases pré-rifte, sinrifte, transicional e pós-
desaparecem os evaporitos aptianos, e a megasseqüência                rifte. A fase pré-rifte caracteriza-se por pequeno estiramento
sinrifte é caracterizada por falhamentos antitéticos.                 litosférico, gerando uma ampla sinéclise na qual se registram
    A Fig. III.26 apresenta a sucessão de colunas estratigráficas     sedimentos marinhos da Formação Afligidos (Permiano), com
simplificadas para as principais bacias da Margem Sudeste e           uma seção basal areno-evaporítica e uma seção superior pelítica
Sul.                                                                  e sedimentos siliciclásticos das formações Aliança, Sergi e
                                                                      Itaípe (Jurássico Superior e Cretáceo Inferior). As formações
Bacia de Camamu                                                       Aliança e Sergi são compostas basicamente por arenitos
                                                                      fluviais, e a Formação Itaípe (Cretáceo Inferior) por folhelhos
A Bacia de Camamu situa-se no litoral do Estado da Bahia,             lacustres. A megasseqüência sinrifte caracteriza-se por
abrangendo a planície costeira, plataforma, talude e sopé             intensos falhamentos normais e formação de um lago profundo,
continental, com cerca de 125 km de comprimento na direção            confinado e preenchido por uma espessa seqüência alúvio-
N–S e 70 km de largura na direção E–W. Sua área total, até a          flúvio-deltaica-lacustre, composta basicamente de folhelhos
144      Parte I – Geologia
      e arenitos do Cretáceo Inferior, associados às formações Morro    pondentes às fases de incipiente afinamento crustal (pré-
      do Barro e Rio de Contas. As primeiras incursões marinhas na      rifte), de ruptura (sinrifte), transicional e pós-rifte,
      bacia, no Aptiano, resultaram numa megasseqüência                 caracterizada por subsidência térmica durante a fase de deriva
      transicional em golfos restritos onde se depositaram os           continental. Na megasseqüência pré-rifte foram depositados
      evaporitos, carbonatos e siliciclásticos da Formação Taipus       arenitos fluviais e folhelhos lacustres das formações Sergi e
      Mirim, que engloba o Membro Serinhaém (siliciclásticos) e o       Itaípe, de idade Jurássico Superior e Cretáceo Inferior,
      Membro Igrapiúna (evaporitos).                                    respectivamente.
          A megasseqüência pós-rifte ou marinha é caracterizada              A megasseqüência sinrifte desenvolveu-se no Cretáceo
      por uma fase transgressiva e uma fase regressiva. Com o           Inferior (Andar Rio da Serra ao Alagoas Inferior), sendo
      estabelecimento de um mar raso (Albiano), formou-se uma           representada pela Formação Morro do Barro, composta
      plataforma carbonática, com a deposição dos calcarenitos e        predominantemente de folhelhos lacustres, e Formação Rio
      calcilutitos da Formação Algodões. A partir do Cretáceo           de Contas, associada a uma seqüência alúvio-flúvio-deltaica,
      Superior, em mar aberto, depositaram-se os folhelhos de           constituída basicamente de arenitos e conglomerados. A
      talude da Formação Urucutuca, cuja deposição se estende até       megasseqüência transicional, de idade aptiana, é associadas
      o Recente. O contato basal da Formação Urucutuca se dá com        a seqüências evaporíticas (Membro Igrapiúna) sobrepostas aos
      os carbonatos da Formação Algodões por importante                 carbonatos e siliciclásticos continentais (Membro Serinhaém),
      discordância regional de caráter erosivo (Netto et al. 1994). A   que compõem a Formação Taipus Mirim. A megasseqüência
      partir do Oligoceno, registram-se fácies litorâneas e             pós-rifte marca o início da sedimentação marinha na bacia,
      plataformais (arenitos da Formação Rio Doce e carbonatos de       com uma seqüência transgressiva e oura regressiva. No Albiano
      plataforma da Formação Caravelas), que na direção da bacia        formou-se uma plataforma carbonática rasa, com deposição
      profunda transicionam para os pelitos da Formação Urucutuca.      dos calcarenitos e calcilutitos da Formação Algodões, que
          A Fig. III.54 apresenta uma seção geológica através da        gradam para margas e folhelhos na direção da bacia. A partir
      plataforma continental e atingindo a região do talude, sopé       do Cretáceo Superior, em ambiente marinho, depositou-se a
      continental e bacia profunda. Próximo do limite distal da         Formação Urucutuca, composta de folhelhos de talude e raros
      província de diápiros de sal caracteriza-se notável anomalia      arenitos. A partir do Eoceno, ocorrem fácies litorâneas e
      magnética, provavelmente relacionada à formação de crosta         plataformais progradantes, que correspondem às areias da
      oceânica.                                                         Formação Rio Doce e calcários da Formação Caravelas. Na
                                                                        região emersa da bacia, ocorrem registros esparsos da
      Bacia de Almada                                                   Formação Barreiras, de origem aluvial e idade terciária a
                                                                        quaternária.
      A Bacia de Almada está localizada no litoral do Estado da              Na região de águas profundas, além da quebra do talude,
      Bahia, abrangendo parte da planície costeira e avançando          poços exploratórios caracterizaram a ocorrência de sedimentos
      através da plataforma, talude e sopé continentais. Possui         siliciclásticos intercalados com evaporitos, provavelmente
      cerca de 80 km de comprimento na direção N–S e                    equivalentes ao sal aptiano mais antigo encontrado em alguns
      aproximadamente 50 km de largura na direção E–W. Sua área         segmentos da margem, como, por exemplo, o Membro
      total, considerando-se a cota batimétrica máxima de 2.000         Paripueira na Bacia Sergipe–Alagoas (Uessugui, 1987). A Fig.
      m, é de 4.000 km2, com pequena ocorrência de sedimentos           III.55 apresenta uma seção sísmica na Bacia de Almada,
      na parte terrestre. Limita-se ao norte com a Bacia de Camamu,     ilustrando o estilo estrutural da tectônica de sal.
      pelo Alto de Itacaré, e ao sul com a Bacia de Jequitinhonha,
      pelo Alto de Olivença (Netto et al. 1994).                        Bacia do Jequitinhonha
          Seu arcabouço estrutural consiste de um compartimento
      de embasamento raso, adjacente à costa, no bloco alto da          A Bacia do Jequitinhonha está localizada na porção nordeste
      falha de Aritaguá; um compartimento intermediário, no bloco       da margem leste brasileira, no litoral do Estado da Bahia, em
      baixo desta falha; e a região além da quebra do talude, onde      frente à foz do Rio Jequitinhonha. A norte, limita-se com a
      a seção sedimentar pode atingir até 8.000 m de espessura          Bacia do Almada pelo Alto de Olivença, enquanto o banco
      (Netto et al. 1994). No sul da bacia, destaca-se uma expressiva   vulcânico de Royal Charlotte a separa da Bacia de Cumuruxatiba
      escavação submarina, denominada cânion de Almada, que             a sul (Fig. III.22). Ocupa uma área de cerca de 10.000 km2,
      atravessa os compartimentos intermediário e de embasamento        dos quais apenas 500 km2 ocorrem na parte emersa.
      raso, na direção NW–SE, estendendo-se também pelo                     Do ponto de vista estrutural a porção norte da bacia
      continente adentro.                                               distingue-se da porção sul pela presença de um patamar no
          À semelhança da Bacia de Camamu, o arcabouço                  embasamento, na região da plataforma continental rasa. Três
      estratigráfico é formado por 4 megasseqüências, corres-           megasseqüências principais caracterizam a evolução da bacia
                                                                              III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira              145
Figura III.54 – Seção geológica esquemática na Bacia de Camamu           Figure III.54 – Schematic geological section in the Camamu Basin
(parte marinha), mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico       (offshore), showing the structural and stratigraphic framework for the
das seqüências sinrifte e pós-rifte                                      syn-rift and post-rift successions
Figura III.55 – Seção sísmica na Bacia de Almada (parte marinha),        Figure III.55 – Seismic section in the Almada Basin (offshore), showing
mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e estruturas   syn-rift and post-rift stratigraphic sequences, and structures related to
características da tectônica de sal                                      salt tectonics
146      Parte I – Geologia
      (Santos et al. 1994): a primeira está associada a uma fase       Bacia de Cumuruxatiba
      sinrifte iniciada no Eoaptiano, cuja seção é mais espessa na
      parte terrestre e na porção marinha sul, sendo caracterizada     A Bacia de Cumuruxatiba localiza-se em porções emersas e
      por siliciclásticos (Membro Mucuri da Formação Mariricu). A      submersas da margem leste brasileira, no extremo sul do
      megasseqüência transicional caracteriza-se por evaporitos neo-   Estado da Bahia, abrangendo uma área total de 21.000 km2.
      aptianos do Membro Itaúnas (Formação Mariricu), marcando         Sua porção emersa se estende ao longo do litoral entre as
      o início de uma ingressão marinha. A terceira megasseqüência,    cidades de Alcobaça e Porto Seguro, compreendendo uma
      pós-rifte ou marinha, formou-se durante a fase de deriva         área de aproximadamente 7.000 km2 e que apresenta somente
      continental e caracteriza-se pela acumulação de sedimentos       sedimentos terciários sobre o embasamento pré-cambriano.
      marinhos transgressivos, depositados durante uma fase de         A parte submersa possui uma área de 9.000 km2, até a lâmina
      subsidência termal da bacia, seguindo-se uma fase marinha        d’água de 400 m. A parte de águas profundas, com lâmina
      regressiva. No início da sedimentação marinha ocorrem            d’água entre 400 e 2.500 m, possui área aproximada de 5.000
      siliciclásticos e carbonatos neríticos do Grupo Barra Nova       km2. A Bacia de Cumuruxatiba encontra-se circundada pelos
      (respectivamente, Formação São Mateus e Formação Regência),      bancos vulcânicos de Royal Charlotte, ao norte, Abrolhos, ao
      depositados do Albiano ao Coniaciano, sendo mais espessos        sul e Sulphur Minerva, a leste.
      no sul da bacia. No Cretáceo Superior e no Terciário Inferior         Ao longo da evolução sedimentar da bacia, distinguem-se
      ocorrem depósitos transgressivos de talude e bacia, com os       três megasseqüências ou fases principais. A fase sinrifte, de
      pelitos e arenitos finos da Formação Urucutuca. A partir do      idade neocomiana, inclui rochas siliciclásticas fan-deltaicas
      Eoceno instala-se na bacia uma fase marinha regressiva, com      da Formação Monte Pascoal, folhelhos lacustres da Formação
      um sistema de leques aluviais (Formação Rio Doce) e carbonatos   Porto Seguro e rochas siliciclásticas flúvio-lacustres da
      de plataforma (Formação Caravelas) que gradam para folhelhos     Formação Cricaré. A fase transicional aptiana é caracterizada
      batiais (Formação Urucutuca).                                    por siliciclásticas fluviais (Membro Mucuri) e evaporitos de
           A região de águas profundas da bacia é caracterizada por    ambiente lagunar e marinho restrito (Membro Itaúnas da
      notáveis feições compressionais associadas a tectônica           Formação Mariricu). A fase pós-rifte ou marinha inclui rochas
      gravitacional (Mohriak e Nascimento, 2000). A Fig. III.56        siliciclásticas e carbonáticas da Formação Barra Nova, que
      apresenta uma linha sísmica ilustrando a tectônica salífera      são recobertadas por siliciclásticas neo-cretáceas a terciárias,
      com empurrões com vergência para o mar, característica desse     de águas profundas, da Formação Urucutuca. Abriel et al.
      segmento da margem continental.                                  (2001) sugerem que os carbonatos de alta velocidade da
                                                                            III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            147
plataforma continental diminuem de espessura em direção ao             devido ao fluxo convergente do sal. A Fig. III.57 apresenta
eixo da bacia, em rápida transição para margas e folhelhos.            uma seção geológica esquemática na plataforma continental,
O sistema regressivo neoterciário na bacia é caracterizado             mostrando a tectônica de sal e a ocorrência de camadas
por fácies progradantes de litoral e plataforma, com os arenitos       vulcânicas associadas ao complexo vulcânico de Abrolhos.
da Formação Rio Doce e carbonatos da Formação Caravelas,
que se estendem até a região do Complexo Vulcânico de                  Bacias de Mucuri e Espírito Santo
Abrolhos, com transição para folhelhos batiais da Formação
Urucutuca.                                                             As bacias de Mucuri e Espírito Santo ocupam uma área
    O arcabouço estrutural e estratigráfico da bacia é                 explorável de 18.000 km2 em sua parte terrestre, ao longo
caracterizado por três compartimentos principais, delimitados          dos litorais sul do Estado da Bahia e centro-norte do Estado
por falhamento mestre da borda do rifte, com direção SSW–              do Espírito Santo, e estendem-se ainda para a plataforma
NNE, e por falhas de transferência com direção NW–SE,                  continental, onde cerca de 200.000 km2 encontram-se sob
destacando-se a Falha de Porto Seguro, que atuaram como                lâmina d´água de até 3.000 m. O limite sul, com a Bacia de
zonas de acomodação diferencial durante a evolução da bacia            Campos, é a feição geológica conhecida como Alto de Vitória,
(Gontijo e Santos, 1992). No compartimento proximal ocorrem            enquanto o limite norte, com a bacia de Cumuruxatiba,
somente rochas terciárias das formações Rio Doce e Caravelas.          corresponde ao limite norte do Complexo Vulcânico de
O compartimento intermediário apresenta uma coluna                     Abrolhos, que em terra corresponde à região de embasamento
sedimentar mais expressiva, com sedimentos das fases rifte             raso do Alto de Alcobaça (Vieira et al. 1994).
e transicional. Não é observada, neste compartimento, a seção              A evolução tectono-sedimentar pode ser associada a três
de idade neocretácea/eoterciária da Formação Urucutuca. O              megasseqüências ou fases principais (Biassusi et al. 1990;
terceiro compartimento, mais distal, compreende os baixos              Vieira et al. 1994). A fase sinrifte (Formação Cricaré), de
regionais onde se desenvolveram as maiores espessuras e a              idade Neocomiano/Aptiano, é composta por rochas
coluna sedimentar mais completa da bacia (Santos et al. 1994).         sedimentares depositadas em ambiente continental,
Destaca-se na estruturação geral e evolução estratigráfica da          registrando-se rochas vulcânicas, representadas pela Formação
bacia a atuação do tectonismo e vulcanismo terciários, bem             Cabiúnas, que repousam discordantemente sobre o
como a notável reentrância de batimetria a oeste dos altos             embasamento pré-cambriano, na base da coluna sedimentar,
vulcânico Sulphur–Minerva, que provavelmente controlou a               ou intercaladas com sedimentos sinrifte. A megasseqüência
tectônica halocinética, marcada por feições compressionais             transicional (Formação Mariricu), de idade aptiana, é composta
Figura III.57 – Seção geológica esquemática na Bacia de                Figure III.57 – Schematic geological section in the Cumuruxatiba Basin,
Cumuruxatiba, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das    showing the structural and stratigraphic framework for the syn-rift and
seqüências sinrifte e pós-rifte. Formações: MTP – Monte Pascoal, PSG   post-rift successions
– Porto Seguro, CRI – Cricaré, MU – Mucuri, IT – Itaúnas, REG –
Regência, URU – Urucutuca, ABR – Abrolhos, SM – São Mateus, RDO
– Rio Doce, CV – Caravelas
148      Parte I – Geologia
      por sedimentos siliciclásticos (Membro Mucuri) e evaporitos             método Ar-Ar sugerem uma concentração de idades no
      (Membro Itaúnas), que marcam as primeiras incursões                     intervalo Paleoceno–Eoceno (Szatmari et al. 2000).
      marinhas na bacia. Esta seqüência relaciona-se ao estágio                   Bacoccoli (1982) e Sobreira (1996) propõem modelos
      final da fase rifte, durante o processo de separação dos                geológicos em que as vulcânicas de Abrolhos são alimentadas
      continentes. A megasseqüência pós-rifte ou marinha é                    por diápiros do manto e intrusões ígneas locais, com focos
      caracterizada por uma seqüência marinha de idade albiana,               vulcânicos na plataforma continental da Bacia do Espírito Santo,
      composta por rochas siliciclásticas e carbonáticas do Grupo             enquanto Parsons et al. (2001) interpretam que as rochas
      Barra Nova, recoberta por uma seqüência siliciclástica marinha          vulcânicas são extrusivas e com fonte distante da área de
      transgressiva (Formação Urucutuca) de idade cenomaniana a               ocorrência. Diques ígneos e evidências de estruturas afetando
      eo-eocena, seguida por uma seqüência marinha regressiva                 a seção sedimentar do Terciário Superior são reportadas por
      (formações Rio Doce e Caravelas), do Meso/Eoceno ao Recente.            Sobreira (1997). Na zona de charneira da bacia são notadas
      Durante a fase de subsidência termal a evolução da bacia é              reativações de falhas associadas à fase sinrifte do Cretáceo
      intensamente influenciada pela tectônica salífera.                      Inferior, algumas das quais apresentam movimentações até o
          O Complexo Vulcânico de Abrolhos é caracterizado por                Terciário Superior (Sobreira, 1999).
      rochas vulcânicas extrusivas e intrusivas recobrindo sedimentos             Na região entre as bacias de Mucuri e Espírito Santo,
      terciários e cretácicos das bacias de Mucuri e Espírito Santo           peculiar estilo de tectônica de sal (Fig. III.58) é condicionado
      (Cordani, 1970; Cordani e Blazekovic, 1970). A seqüência                pela sobrecarga das vulcânicas de Abrolhos formando frentes
      vulcanoclástica inclui tipos litológicos distintos como tufos,          de empurrões com vergência na direção do continente (Van
      basaltos, hialoclastitos, brechas, diabásio e gabro, com                der Ven et al. 1998; Biassusi et al. 1999). Numa primeira fase
      datações pelo método K-Ar apresentando idades entre 64 e                de halocinese, ocorreu a formação de falhas extensionais
      32 Ma (Cordani e Blazekovic, 1970). Idades obtidas pelo                 normais com mergulho predominante para leste, à semelhança
      Figura III.58 – Seção sísmica na Bacia do Espírito Santo (parte         Figure III.58 – Seismic section in Espírito Santo Basin (offshore),
      marinha), mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e   showing syn-rift and post-rift stratigraphic sequences and extensional
      estruturas extensionais e compressionais características da tectônica   and compressional structures related to salt tectonics
      de sal
                                                                              III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira           149
das falhas da Bacia de Campos. Numa segunda fase de                          A Fig. III.59 apresenta uma seção sísmica através do
halocinese, a barreira formada pela extrusão e intrusão de               complexo vulcânico de Abrolhos, desde a plataforma continental
lavas basálticas e rochas ígneas na região de Abrolhos resultou          até a região de crosta oceânica. Observam-se espessa seção
num obstáculo para o fluxo de sal na direção da bacia profunda,          rifte abaixo das seqüências com evaporitos e perda de
resultando na mobilização de evaporitos e folhelhos em direção           qualidade do sinal sísmico na região das vulcânicas, próximo
contrária (oeste), associada a falhas de empurrão com vergência          da quebra de plataforma. A leste de Abrolhos ocorrem feições
na direção do continente, e formação de feições                          compressionais (falhas de empurrão) com vergência para a
compressionais (Fig. III.58). No terceiro estágio, ocorreu a             direção leste, na região de transição com crosta oceânica.
formação de diápiros de sal penetrantes nas camadas                          Destacam-se também na região do talude e bacia profunda,
sedimentares mais jovens, alguns dos quais afetam o Terciário            particularmente no embainhamento da parte sul da bacia do
Superior e Quaternário. Experimentos de modelagem física                 Espírito Santo, a ocorrência de diápiros de sal (Fig. III.60)
reproduzem com bastante fidelidade esse tipo de estruturação             que afetam o fundo do mar (Cainelli e Mohriak, 1998).
(Guerra et al. 1992).
Figura III.59 – Seção sísmica na Bacia do Espírito Santo (região de      Figure III.59 – Seismic section in the Espírito Santo Basin (Abrolhos
Abrolhos), mostrando seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e   region), showing syn-rift and post-rift stratigraphic sequences, and
ocorrência de abrupta quebra de talude a leste do complexo vulcânico     abrupt shelf break eastwards of the volcanic complex
Figura III.60 – Seção geológica esquemática na Bacia do Espírito         Figure III.60 – Schematic geological section in the Espírito Santo
Santo, mostrando o arcabouço estrutural e estratigráfico das             Basin, showing the structural and stratigraphic framework for the syn-
seqüências sinrifte e pós-rifte                                          rift and post-rift successions
150      Parte I – Geologia
Figura III.61 – Seção sísmica na Bacia de Campos, mostrando                 Figure III.61 – Seismic section in the Campos Basin, showing syn-rift
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e ocorrência de anomalias   and post-rift stratigraphic sequences, and occurrence of gravity and
gravimétricas e magnéticas próximo do limite crustal                        magnetic anomalies near the crustal limit
Figura III.62 – Seção geosísmica na Bacia de Campos, mostrando              Figure III.62 – Geoseismic section in the Campos Basin, showing syn-
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e compartimentos            rift and post-rift stratigraphic sequences, and tectonic compartments
tectônicos associados à halocinese                                          associated with halokinesis
152      Parte I – Geologia
      A megasseqüência transicional caracteriza-se pela deposição         formando cones vulcânicos e diversas fácies vulcanoclásticas
      de siliciclásticos e evaporitos aptianos, depositados acima da      (Mizusaki e Mohriak, 1992).
      discordância break-up, em ambiente marinho restrito,                    Na parte sul da bacia, próximo à região da Plataforma de
      registrando-se carbonatos, anidrita e halita na Formação Ariri.     Florianópolis, destaca-se a ocorrência de muralhas de sal com
      A terceira fase tectônica corresponde à megasseqüência pós-         geometria linear em planta e que em seções sísmicas aparecem
      rifte ou marinha, associada a subsidência térmica durante a         com forma de agulhas atravessando toda a seqüência
      deriva dos continentes. Esta fase inicia-se por depósitos           sedimentar cretácica e terciária. Ocorrem também nessa região
      siliciclásticos (Formação Florianópolis) e carbonáticos             anomalias gravimétricas e magnéticas de direção NNE
      (Formação Guarujá) de idade eo/meso-albiana, que                    associadas a altos vulcânicos na direção da plataforma de
      posteriormente foram recobertas por sistemas transgressivos         Florianópolis e anomalias E–W que correspondem a zonas de
      clástico/carbonáticos (Formação Itanhaém) do Neo-Albiano ao         fraturas (Zona de Fratura do Rio Grande).
      Eo/Cenomaniano (Pereira et al. 1986). O subseqüente                     A Fig. III.63 apresenta uma seção geológica esquemática
      aprofundamento da bacia resultou na implantação de um               na região do campo de Merluza, e a Fig. III.64 (modificada de
      ambiente marinho transgressivo até o Meso/Turoniano                 Cainelli e Mohriak, 1998) apresenta a continuação dessa seção
      (Formação Itajaí–Açu), seguido por fortes eventos regressivos       ao longo de uma linha sísmica na porção centro-sul da Bacia
      a partir do Maastrichtiano (formações Santos e Juréia),             de Santos. A Fig. III.65 apresenta a continuação da seção,
      resultando num sensível avanço da linha de costa na direção         atravessando a porção distal da província de diápiros de sal e
      do mar (Pereira e Macedo, 1990). O Terciário da Bacia de            atingindo a região de crosta vulcânica com intrusões ígneas
      Santos é representado pelo sistema Iguape/Marambaia, com            associadas à Zona de Fratura do Rio Grande (Lineamento de
      dominância de plataformas carbonáticas na porção centro-sul         Florianópolis).
      e forte influxo de clásticos grosseiros na porção norte. A
      sedimentação culmina com a deposição de areias e folhelhos          Bacia de Pelotas
      da Formação Sepetiba, de idade pleistocênica (Pereira e
      Macedo, 1990; Pereira e Feijó, 1994).                               A Bacia de Pelotas situa-se no extremo sul da margem
           O segmento central do sistema de depocentros da fase           continental brasileira, limitando-se a norte com a Bacia de
      rifte que se estende entre a Bacia de Santos e o sul da Bacia       Santos, pela plataforma de Florianópolis, e a sul com as bacias
      de Campos é caracterizado por uma faixa de anomalias                da Margem Continental do Uruguai (Fig. III.22). A área da
      gravimétricas negativas, com direção NNE, indicativas de grande     bacia compreende cerca de 250.000 km2 (até a lâmina d’água
      profundidade da base do sal e do embasamento, com um                de 3.000 m), 20 % dos quais estão situados em região de
      principal depocentro a leste do gráben de Merluza (Karner e         embasamento raso na região emersa e na plataforma
      Driscoll, 1999; Meisling et al. 2001).                              continental.
           Destaca-se na parte centro-norte da Bacia de Santos, entre         O desenvolvimento da bacia pode ser dividido em três
      a região de Cabo Frio até a região central da Bacia, ao sul da      megasseqüências ou fases principais de evolução tectônica.
      Ilha Grande, a ocorrência de uma grande falha lístrica              A megasseqüência pré-rifte corresponde a sedimentos e
      antitética, associada a tectônica de sal (Mohriak et al. 1995b).    vulcânicas do Paleozóico e Mesozóico da Bacia do Paraná.
      Esta feição relaciona-se com uma progradação maciça de              Esses sedimentos são reconhecidos apenas na área do Sinclinal
      sedimentos siliciclásticos no Cretáceo Superior, resultando em      de Torres, onde a seção paleozóica da Bacia do Paraná está
      expulsão dos evaporitos e criando uma cicatriz de sal que é         sotoposta ao pacote cenozóico da Bacia de Pelotas (Dias et
      coberta por sedimentos pós-albianos, que ficam cada vez mais        al. 1994a). A megasseqüência sinrifte (Neocomiano–
      novos à medida que se aproximam do plano da falha de baixo          Barremiano) é caracterizada por falhamentos antitéticos que
      ângulo. A falha de Cabo Frio controla também uma grande             definem meio-grábens na plataforma continental, com
      faixa alongada com ausência de sedimentos albianos (Albian          interpretação (Dias et al. 1994b) de que a magnitude dos
      gap ou vazio albiano), cujo modelo de formação tem sido             falhamentos aumenta para leste. Esta megasseqüência foi
      discutido em diversos trabalhos (Mohriak et al. 1995b; Cainelli     amostrada em poucos poços em situação de gráben proximal,
      e Mohriak, 1998). Modelagens físicas desta feição halocinética      constituindo-se de conglomerados com fragmentos de basalto
      sugerem diferentes hipóteses, algumas com grande extensão           (Formação Cassino). A base dessa seqüência assenta-se sobre
      da cobertura sedimentar, e outras, alternativamente, com            rochas vulcânicas (basaltos tholeiíticos, com datação de 124
      pouca extensão (Szatmari et al. 1996; Ge et al. 1997, Mohriak       Ma pelo método K-Ar, Dias et al. 1994a), representadas pela
      e Szatmari, 2001).                                                  Formação Imbituba. A megasseqüência transicional, que nas
           Na parte norte da bacia, junto ao Alto de Cabo Frio, ocorrem   bacias a norte do lineamento de Florianópolis incluem evaporitos
      feições vulcânicas do Cretáceo Superior (notadamente na Bacia       com halita (Formação Ariri), é reconhecida apenas na região
      de Santos) e do Terciário (na direção da Bacia de Campos),          da Plataforma de Florianópolis, onde se constatou anidrita.
                                                                                  III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira             153
Figura III.63 – Seção geosísmica na Bacia de Santos, mostrando               Figure III.63 – Geoseismic section in the Santos Basin, showing syn-
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e diápiros de sal próximos   rift and post-rift stratigraphic sequences, and salt diapirs near the
da quebra da plataforma continental                                          continental shelf break
Figura III.64 – Seção sísmica na Bacia de Santos, mostrando                  Figure III.64 – Seismic section in the Santos Basin, showing syn-rift
seqüências estratigráficas sinrifte e pós-rifte e ocorrência de expressiva   and post-rift stratigraphic sequences, and occurrence of expressive salt
tectônica de sal na região além da quebra da plataforma                      tectonics in the region beyond the shelf break
Figura III.65 – Seção sísmica na Bacia de Santos, mostrando transição        Figure III.65 – Seismic section in the Santos Basin, showing the
entre província de diápiros de sal adjacente à região com embasamento        transition from the salt diapir province adjacent to the region with
vulcânico e presença de intrusões ígneas ao longo de zonas de                volcanic basement, and presence of igneous intrusions along oceanic
fraturas oceânicas                                                           fracture zones
154      Parte I – Geologia
      Localmente, abaixo da Formação Ariri, registra-se a ocorrência     coluna sedimentar, em batimetrias de 1.000 a 2.500 m
      de traquiandesito cinza esverdeado (Formação Curumim) cuja         (Fontana, 1989; Fontana e Mussumeci, 1994; Sad et al. 1997;
      datação Ar-Ar apresentou idade de 113 Ma (Dias et al. 1994a).      Sad et al. 1998). Também nessa região caracteriza-se uma
          A megasseqüência pós-rifte, que representa a                   faixa de dobramentos dos sedimentos terciários, mobilizados
      sedimentação marinha da bacia, pode ser subdividida em             por empurrões com vergência para o mar (Fontana, 1989;
      algumas seqüências principais (Dias et al. 1994a): 1) seqüência    Cainelli e Mohriak, 1998).
      do Albiano/Aptiano, com sua porção superior coincidente com            A ocorrência de grábens controlados por falhas antitéticas
      o topo da seção de calcários do Eo/Meso/Albiano (Formação          na região proximal da bacia e na plataforma sugere modelos
      Porto Belo); 2) seqüência do Cretáceo Superior, composta por       diversos para a formação e evolução geodinâmica do rifte na
      sedimentos pelíticos, responsável pela deposição de areias         Bacia de Pelotas. Três hipóteses podem ser aventadas (Mohriak
      na área do baixo de Mostardas e de margas e folhelhos na           et al. 1995b; Cainelli e Mohriak, 1998): (1) ocorrência de
      plataforma continental (Formação Atlântida); 3) seqüência do       basculamento regional associado à implantação de crosta
      Cretáceo Superior–Terciário Inferior, constituída por folhelhos    oceânica e posterior ruptura por falhamentos mais novos
      e delgadas camadas de arenitos; 4) seqüência do Eoceno/            (Gonçalves et al. 1979); (2), ocorrência de grandes falhas
      Oligoceno Inferior, composta por clásticos na área do baixo        antitéticas que aumentam de rejeito na direção de águas
      de Mostardas e por folhelhos na plataforma (Formação Imbé);        profundas (Dias et al. 1994b); e (3) ocorrência de feições
      e 5) seqüência do Oligoceno Superior ao Recente, de caráter        caracterizadas como seaward-dipping reflectors, relacionadas
      progradante e composição pelítica.                                 à implantação de crosta proto-oceânica (Chang et al. 1992;
          Na porção sul da Bacia de Pelotas, em frente à Laguna          Fontana, 1990; Fontana, 1996; Mohriak et al. 1995b; Cainelli
      dos Patos, destaca-se grande espessamento da seqüência             e Mohriak, 1998, Talwani e Abreu, 2000).
      sedimentar na região do cone do Rio Grande, associada a                A Fig. III.66 apresenta uma seção sísmica regional através
      altas taxas de sedimentação no Terciário. O rápido soterramento    da porção centro-norte da Bacia de Pelotas, com caracterização
      propiciou a preservação de matéria orgânica e a formação de        de cones vulcânicos e feições interpretadas como seaward-
      gás biogênico, registrando-se notável ocorrência de hidratos       dipping reflectors (Mohriak et al. 1995b; Fontana, 1996; Talwani
      de gás em profundidades que estão entre 100 e 1.000 m na           e Abreu, 2000).
      Figura III.66 – Seção sísmica na Bacia de Pelotas (parte norte),   Figure III.66 – Seismic section in the Pelotas Basin, showing features
      mostrando feições interpretadas como cunhas de refletores          interpreted as seaward-dipping wedges (SDR) related to the inception
      mergulhantes para o mar (SDR) relacionadas à formação de crosta    of proto-oceanic crust
      proto-oceânica
                                                                        III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira       155
          abertura do Atlântico Norte. Nessa fase, registram-se             para bacias de margem passiva divergente com a formação
          sedimentos controlados por falhas de rifte na região de           de crosta oceânica.
          Tacutu e Cassiporé.                                           •   A plataforma continental na região nordeste é muito mais
      •   A evolução tectono-estratigráfica das bacias da margem            estreita que na região sudeste e com uma abrupta transição
          continental é caracterizada por uma megasseqüência pré-           entre talude e bacia profunda marcada por um limite
          rifte com remanescentes da sedimentação intracratônica            crustal relativamente próximo da quebra de plataforma.
          do Paleozóico e do Mesozóico; uma megasseqüência sinrifte         A plataforma continental alarga-se na região do segmento
          associada a processos extensionais, com depósitos conti-          transversal da margem entre a Bacia Pernambuco–Paraíba
          nentais fluviais e lacustres; uma megasseqüência                  e a Bacia Potiguar.
          transicional, associada a um golfo marinho, com depósitos     •   Lavas basálticas precursoras do rifteamento são registradas
          evaporíticos; e uma megasseqüência pós-rifte, predomi-            na Bacia do Paraná e em várias bacias da margem
          nantemente marinha. A megasseqüência pós-rifte pode               continental. Derrames de lavas basálticas, também
          ser dividida em seqüências marinha transgressiva e marinha        associados à ruptura do Atlântico Sul, são registrados na
          regressiva. A seqüência marinha transgressiva é                   Bacia do Parnaíba, estendendo-se para os grábens de
          inicialmente marcada por sedimentação de carbonatos em            São Luís e para a margem equatorial. Também registram-
          plataforma, seguindo-se uma sedimentação francamente              se intrusões ígneas e lavas basálticas precursoras da
          oceânica e relativa estabilidade ambiental, com                   sedimentação continental lacustrina na Bacia do Tacutu e
          paleobatimetrias atingindo valores entre 1.000 e 2.000m,          na Bacia Potiguar.
          e por grande diversidade biológica. Na margem divergente,     •   A formação de crosta oceânica é precedida pelo
          condições de mar cada vez mais franco começaram a                 extravasamento de lavas basálticas em ambiente subaéreo,
          predominar apenas no Turoniano Superior, sendo marcante           que constituem cunhas que mergulham para o mar,
          a ocorrência de uma discordância regional (e.g., discordân-       formando os pacotes designados como seaward-dipping
          cia da base da Formação Calumbi na Bacia Sergipe–                 reflectors, que marcam a transição de crosta continental
          Alagoas), separando os estratos pré-turonianos da                 para crosta oceânica.
          seqüência inferior, de características mais anóxicas, dos     •   Os mapas de anomalia Bouguer indicam uma faixa de
          estratos santonianos a campanianos, depositados em                anomalias positivas próximas do limite pré-aptiano (limite
          ambiente mais aberto. A seqüência marinha regressiva é            oeste da megasseqüência sinrifte) nas bacias de Santos,
          caracterizada por grande afluxo de sedimentos                     Campos e Espírito Santo. Essas anomalias provavelmente
          siliciclásticos na região sudeste brasileira, associados a        estão associadas ao inicio de um afinamento crustal e a
          grandes progradações sigmoidais, e por turbiditos                 um pronunciado soerguimento do Moho sob os depocentros
          intercalados em folhelhos batiais.                                sedimentares.
      •   A margem transformante apresenta segmentos de direção         •   Grandes falhas da fase rifte aparentemente penetram a
          E–W e segmentos de direção NW–SE, conforme evidenciado            crosta continental e solam no topo de massas ígneas
          nos mapas de métodos potenciais, formando um padrão               aprisionadas na base da crosta (underplating) ou são
          en-echelon característico de bacias associadas a                  absorvidas numa região onde se observam fortes refletores
          movimentações transcorrentes ou margens transformantes.           na crosta média a inferior. Esses refletores, na região de
      •   As bacias sedimentares da margem equatorial podem ser             águas profundas, amalgamam-se com a descontinuidade
          caracterizadas pelas seguintes fases evolutivas: pré-             do Moho.
          transformante/pré-transtensão (Jurássico a Barremiano),       •   Na direção da porção central dos riftes, uma segunda
          pré-transformante/sintranstensão (Aptiano), sintransfor-          faixa de anomalias positivas em algumas bacias indica
          mante/margem transformante; passiva (Albiano–                     um alto externo (Bacia de Campos, por exemplo), que
          Cenomaniano), pós-transformante/margem transformante              corresponde a um alto vulcânico onde a seqüência rifte é
          passiva (Cenomaniano–Recente).                                    praticamente ausente. Esses altos vulcânicos podem estar
      •   Linhas sísmicas regionais na margem equatorial indicam            cobertos por uma reduzida cobertura sedimentar de idade
          que algumas zonas de fraturas associadas às falhas                aptiana ou por evaporitos.
          transformantes estão tectonicamente ativas até o presente,    •   A porção norte da Bacia de Pelotas e a porção sul da
          mostrando perturbações no fundo do mar (causadas por              Bacia de Santos são caracterizadas por diversas intrusões
          movimentos compressionais e extensionais).                        ígneas interpretadas como altos vulcânicos em crosta
      •   A região nordeste brasileira é caracterizada pelo sistema         continental ou como propagadores associados à
          de riftes Recôncavo–Tucano–Jatobá que não evoluíram a             implantação de crosta oceânica.
          uma fase de subsidência termal, enquanto o sistema de         •   O trend de anomalias gravimétricas negativas de direção
          riftes alongados entre Jacuípe e Sergipe–Alagoas evoluíram        NNE, coincidente com os depocentros das bacias de Santos,
                                                                      III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira            157
      J.A. Cupertino                        H.A.O. Ojeda                          Alves, E.C., Sperle, M., Mello, S.L.M., Sichel, S.E. 1997. Compar-
      L.S. Demercian                        C.A.F. Oliveira                         timentação tectônica do sudeste do Brasil e suas relações com as
                                                                                    zonas de fraturas oceânicas. In: Sociedade Brasileira de Geofísica,
      J.L. Dias                             J.B.Oliveira
                                                                                    Congresso Internacional, 5, São Paulo, Anais, 48-50.
      F.U.H. Falkenhein                     L.O.A. Oliveira                       Aquino, G.S., Lana, M.C. 1990. Exploração na Bacia de Sergipe–
      A.M.F. Figueiredo                     P.R. Palagi                             Alagoas: o “estado da arte”. Boletim de Geociências da Petrobrás,
      R.L. Fontana                          J.L. Pantoja                            Rio de Janeiro, 4(1):75-84.
      C.A. Fontes                           O.B. de Paula                         Aranha, L.G.F., Lima, H.P., Souza, J.M.P., Makino, R.K. 1990. Origem e
                                                                                    evolução das bacias de Bragança–Viseu, São Luís e Ilha Nova. In:
      S. Francis                            M. Pequeno
                                                                                    Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coord.). Origem e evolução de bacias
      M.R. Franke                           M.J. Pereira                            sedimentares. Petrobrás, CENSUD, Rio de Janeiro, p. 221-233.
      A. Fugita                             C.S. Pontes                           Araripe, P.T., Feijó, F.J. 1994. Bacia Potiguar. Boletim de Geociências
      L.A.P. Gamboa                         J.H.L. Rabelo                           da Petrobrás, Rio de Janeiro, 8(1):127-141.
      B.S. Gomes                            H.D. Rangel                           Asmus, H.E. 1984. Geologia da margem continental brasileira. In:
                                                                                    Schobbenhaus, C., Campos, D.A., Derze, G.R., Asmus, H.E. (eds.).
      P.O. Gomes                            M.A.L. Ricci
                                                                                    Geologia do Brasil, MME/DPNPM, Brasília, 443-472.
      L.R. Guardado                         J.B. Rodarte                          Asmus, H.E., Baisch, P.R. 1983. Geological evolution of the Brazilian
      M. Guerra                             S.M. Rodrigues                          continental margin. Episodes, 1983(4):3–9.
      P.T. Guimarães                        A.L. R. Rosa                          Asmus, H.E., Ferrari, A.L. 1978. Hipótese sobre a causa do tectonismo
      M.A.L. Latgé                          A.R.E. Sad                              cenozóico na região sudeste do Brasil. 4:75-88 (Série Projeto Remac).
                                                                                  Asmus, H.E., Porto, R. 1980. Diferenças nos estágios iniciais da
      C.C. Lima                             M.S. Scutta
                                                                                    evolução da margem continental brasileira: possíveis causas e
      C.F. Lucchesi                         S.R.P. Silva                            implicações. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 31,
      J.M. Macedo                           D.P. Silveira                           Camboriú–SC, Anais 1:225-239.
      L.P. Magnavita                        J.F.F. Sobreira                       Asmus, H.E. 1982. Significado geotectônico das feições estruturais
      R.M.D. Matos                          P. Szatmari                             das bacias marginais brasileiras e áreas adjacentes. In: SBG,
                                                                                    Congresso Brasileiro de Geologia, 32, Salvador–BA, Anais 4:1547-
      M.R. Mello                            L.B. Teixeira                           1557.
      E.J. Milani                           A. Thomaz Filho                       Asmus, H.E., Ponte, F.C. 1973. The Brazilian Marginal Basins. In:
      A.M.P. Mizusaki                       I.S. Vieira                             Nairn, A.E.M., Stehili, F.G. (eds.). The Ocean Basins and Margins, The
      R. Mosmann                            P.H.V. Ven                              South Atlantic, Plenum Press, Nova York, 1:87-133.
      M.M. Nascimento                                                             Azevedo, R.P. 1986. Interpretação geodinâmica da evolução
                                            P.V. Zalán                              Mesozóica da Bacia de Barreirinhas. In: SBG, Congresso Brasileiro
      F. Nepomuceno Filho
                                                                                    de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 3:1115-1130.
                                                                                  Azevedo, R.P. 1991. Interpretation of a deep seismic reflection profile
                                                                                    in the Pará–Maranhão Basin. In: Sociedade Brasileira de Geofísica,
                                                                                    Congresso Internacional, 2, Salvador–BA, Anais, 661-666.
      Referências Bibliográficas                                                  Azevedo, R.L.M., Gomide, J., Viviers, M.C. 1987. Geohistória da Bacia
                                                                                    de Campos, Brasil, do Albiano ao Maastrichtiano. Revista Brasileira
                                                                                    de Geociências, 17:139-146.
      Abrahão, D., Warme, J.E. 1990. Lacustrine and associated deposits in        Bacoccoli, G. 1982. Offshore Brazil – twelve years of oil exploration.
         a rifted continental margin – Lower Cretaceous Lagoa Feia Fm.,             In: Watkins, J.S., Drake, C.L. (eds.). Studies in continental margin
         Campos Basin, Offshore Brazil. In: Katz, B.J. Lacustrine basin             geology, AAPG Memoir 34:539-546.
         exploration, case studies and modern analogs. AAPG, Memoir 50, p.        Bacoccoli, G., Morales, R.G., Campos, O.A.J. 1980. The Namorado Oil
         287-305.                                                                   Field: A Major Oil Discovery in the Campos Basin, Brazil. The American
      Abriel, W.L., Letsch, D., Luken, M., Teerman, S., Bruton, J. 2001. A          Association of Petroleum Geologists Bulletin, 329-337.
         Deepwater Pore Pressure Risk Management Case in Offshore Brazil.         Bassetto, M., Alkmin, F.F., Szatmari, P., Mohriak, W.U. 2000. The oceanic
         In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical Society,     segment of the southern Brazilian margin: morpho-structural
         7, Salvador–BA, Anais, 41-44.                                              domains and their tectonic significance. In: Mohriak, W. U., Talwani,
      Almeida, F.F.M. 1976. The system of continental rifts bordering the           M. (eds.), Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical
         Santos Basin. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48:15-26           Monograph 115:235-259.
         (suplemento).                                                            Bassetto, M., Mohriak, W.U., Vieira, I.S. 1996. Modelagens Gravimétrica
      Almeida, F.F.M. 1983. Relações tectônicas das rochas alcalinas                e Magnética Utilizadas como Ferramentas de Apoio à Análise
         mesozóicas da região meridional da plataforma sul-americana.               Regional de Bacias Sedimentares: In: SBG, Congresso Brasileiro de
         Revista Brasileira de Geociências, 13(3):139-158.                          Geologia, 39, Salvador, Anais, 222-225.
      Almeida, F.F.M., Hasui, Y., Brito Neves, B.B. 1976. The Upper               Beltrami, C.V., Caldeira, J.L., Freitas, R.W. 1989. Análise sismoestra-
         Precambrian of South America. Boletim IG, Instituto de Geociências         tigráfica dos sedimentos oligo/miocênicos da Bacia do Ceará águas
         da USP, 7:45-80.                                                           profundas. In: Petrobrás, I Seminário de Interpretação Exploratória,
      Almeida, F.F.M., Brito Neves, B.B., Carneiro, C.D.R. 2000. The origin         1, Rio de Janeiro, Anais, 75-85.
         and evolution of the South American Platform. Earth Science              Beltrami, C.V., Alves, L.E.M., Feijó, F.J. 1994. Bacia do Ceará. Boletim
         Reviews, 50:77–111.                                                        de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, 8(1):117-125.
      Alves, E.C., Costa, E.A. 1993. Evolução sedimentar mesozóica-cenozóica      Bertani, R.T., Carozzi, A.V. 1984. Microfacies, Depositional Models and
         do Platô de Pernambuco e da área adjacente da Bacia Oceânica do            Diagenesis of Lagoa Feia Formation (Lower Cretaceous) Campos Basin,
         Brasil. In: Sociedade Brasileira de Geofísica, Congresso                   Offshore Brazil, Ciência-Técnica-Petróleo, Petrobrás/Cenpes, Rio
         Internacional, 3, Rio de Janeiro, Anais, 1249-1254.                        de Janeiro, 14:104.
                                                                                 III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira              159
Bertani, R.T., Carozzi, A.V. 1985. Lagoa Feia Formation (Lower                an Overview. In: Weimer, P., Link, M.H. (eds.). Seismic Facies and
   Cretaceous) Campos Basin, Offshore Brazil: Rift-valley Stage               Sedimentary Processes of Submarine Fans and Turbidite Systems,
   Carbonate Reservoirs – I and II, Journal of Petroleum Geology,             Springer-Verlag, New York, 41-246.
   8(37/58):199-220.                                                        Castro Jr., A.C.M. 1987. The Northeastern Brazil and Gabon Basins: a
Bertani, R.T., Costa, I.G., Matos, R.M.D. 1990. Evolução tectono-             Double Rifting System Associated with Multiple Crustal Detachment
   sedimentar, estilo estrutural e habitat do petróleo na Bacia Potiguar.     Surfaces. Tectonics, 6:727-738.
   In: Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coords.). Origem e Evolução de       Chang, H.K., Kowsmann, R.O., Figueiredo, A.M.F., Bender, A. 1992.
   Bacias Sedimentares, PETROBRAS, CENSUD, Rio de Janeiro, 291-               Tectonics and stratigraphy of the East Brazil Rift system: an overview.
   310.                                                                       Tectonophysics, 213:97-138.
Biassusi, A.S., Maciel, A.A., Carvalho, R.S. 1990. Bacia do Espírito        Cherkis, N.Z., Chayes, D.A., Costa, L.C. 1989. Multibeam bathymetry
   Santo: o “estado da arte” da exploração. Boletim de Geociências da         studies in the Bahia seamounts region. In: SBGf, Congresso da
   Petrobrás, 4(1):13-19.                                                     Sociedade Brasileira de Geofísica, 1, Rio de Janeiro, Anais, 792-
Biassusi, A.S., Brandão, J.R., Vieira, P.E. 1999. Salt tectonics and          796.
   structural styles in the Province of the Foz do Rio Doce. In: SBGf,      Cobbold, P.R., Szatmari, P., Demercian, L.S., Coelho, D., Rossello, E.A.
   International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio        1995. Seismic experimental evidence for thin-skinned horizontal
   de Janeiro, 1 CD.                                                          shortening by convergent radial gliding on evaporites, deep-water
Bird, D. 2001. Shear margins: continent-ocean transform and fracture          Santos Basin. In: Jackson, M.P.A., Roberts, R.G., Snelson, S. (eds.).
   zones boundaries. The Leading Edge, 20(2): 150-159.                        Salt tectonics: a global perspective, AAPG Memoir 65:305–321.
Bonatti, E. 1985. Punctiform initiation of seafloor spreading in the        Cobbold, P.R., Meisling, K.E., Mount, V.S. 2001. Reactivation of an
   Red Sea during transition from a continental to an oceanic rift.           obliquely rifted margin, Campos and Santos basins, southeastern
   Nature, 316:33-37.                                                         Brazil. AAPG Bulletin, 11:1925-1944.
Brandão, J.A.S.L., Feijó, F.J. 1994a. Bacia da Foz do Amazonas. Boletim     Conceição, J.C.J., Zalán, P.V., Wolff, S. 1988. Mecanismo, Evolução e
   de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):91-99.                   Cronologia do Rift Sul-Atlântico, Boletim de Geociências da
Brandão, J.A.S.L., Feijó, F.J. 1994b. Bacia do Pará–Maranhão. Boletim         PETROBRAS, 2(4):255-265.
   de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):101-102.               Cordani, U.G. 1970. Idade do vulcanismo no Oceano Atlântico Sul.
Bruhn, C.H.L. 1999. Major Types of Deep-Water Reservoirs from the             Boletim IGA, 1:9-75.
   Eastern Brazilian Rift and Passive Margin Basins. In: SBGF,              Cordani, U.G., Blazekovic, A. 1970. Idades radiométricas das rochas
   International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6,            vulcânicas dos Abrolhos. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia,
   Anais. 1 CD-ROM.                                                           24, Brasília, Anais, 265-270.
Bruhn, C.H.L., Becker, M.R., Arienti, L.M., Rodrigues, E.B., Abreu,         Cordani, U.G., Neves, B.B.B., Fuck, R.A., Porto, R., Thomaz Filho, A.,
   C.E.B.S., Alves, R.R.P., Castro, D.D., Santos, R.A., Freitas, L.C.S.,      Cunha, A.F. 1984. Estudo preliminar de integração do Pré-cambriano
   Barros, A. P., Sarzenski, D.J. 1998a. Contrasting Styles of Oligocene/     com eventos tectônicos das bacias sedimentares brasileiras.
   Miocene Turbidite Resevoirs from Deep Water Campos Basin, Brazil,          PETROBRAS, Série Ciência Técnica Petróleo: Exploração de Petróleo,
   Proceedings for the 1998 AAPG Annual Convention, Salt Lake City,           Rio de Janeiro, 15-70.
   Utah (USA), A95, 4p.                                                     Cordani, U.G., Sato, K., Texeira, W., Tassinari, C.C.G., Basei, M.A.S.
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1998. Geology of Atlantic Eastern Brazilian       2000. Crustal evolution of the South American platform. In:
   basins. 1998. In: AAPG, International Conference & Exhibition              Cordani, U.G., Milani, E.J., Thomaz Filho, A., Campos, D.A. (eds.).
   Short Course – Brazilian Geology Part II, Rio de Janeiro, Brazil, 67       Tectonic evolution of South America, 31 International Geological
   p. + figures.                                                              Congress, Rio de Janeiro, 19-40.
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1999a. General evolution of the eastern         Costa, I.G., Beltrami, C.V., Alves, L.E.M. 1990. A evolução tectono-
   Brazilian continental margin. The Leading Edge, 18(7): 800-804.            sedimentar e o habitat do óleo da Bacia do Ceará. Boletim de
Cainelli, C., Mohriak, W.U. 1999b. Some remarks on the evolution of           Geociências da PETROBRAS, 4(1):65-74.
   sedimentary basins along the Eastern Brazilian continental margin.        Costa, M.P.A., Maia, M.C.A.C. 1986. Prováveis contatos de crosta
   Episodes, 22(3):206-216.                                                   continental/oceânica no Platô de Pernambuco, Nordeste do Brasil.
Cainelli, C., Moraes Jr., J.J. 1986. Preenchimento sedimentar da Bacia        In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 34, Goiânia, Anais,
   do Pará–Maranhão. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 34,           2:810-823.
   Goiânia, Anais, 1:131-144.                                               Costa, M.P.A. Alves, E.C., Costa, E.A. 1991. Sismo-estratigrafia da
Caixeta, J.M., Bueno, G.V., Magnavita, L.P., Feijó, F.J. 1994. Bacias         porção da bacia oceânica do Brasil adjacente ao Platô de
   do Recôncavo, Tucano e Jatobá. Boletim de Geociências da                   Pernambuco e suas relações com o Platô e a Bacia de Pernambuco-
   PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):163-172.                                   Paraíba. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Brasileira
Caldeira, J.L., Coutinho, L.F.C., Moraes, M.F.B. 1991. Aspectos               de Geofísica, 2, Salvador, Anais, 650-655.
   estruturais e sismo-estratigráficos da seção neo-cretácea e terciária    Davison, I. 1999. Tectonics and hydrocarbon distribution along the
   da Bacia de Barreirinhas – águas profundas. In: SBGf, Congresso            Brazilian South Atlantic margin. In: Cameron, N.R., Bate, R.H.,
   Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, 2, Salvador,           Clure, V.S. (eds.). The oil and gas habitats of the South Atlantic,
   Anais, 667-672.                                                            Geological Society [London] Special Publication, 153:133-151.
Cande, S.C., Rabinowitz, P.D. 1979. Magnetic anomalies of the               Demercian, L.S. 1996. A halocinese na evolução do Sul da Bacia de
   continental margin of Brazil: AAPG map, Tulsa.                             Santos do Aptiano ao Cretáceo Superior. Universidade Federal do
Candido, A., Cora, C.A.G. 1992. The Marlim and Albacora Giant Fields,         Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, 201 p.
   Campos Basin, Offshore Brazil. In: Halbouty, M.T. (ed.). American        Demercian, L.S., Szatmari, P. 1999. Thin-Skinned Gravitational Transfer
   Association of Petroleum Geologists, Memoir 54: Giant Oil and Gas          Zone in the Southern Part of Santos Basin. In: SBGf International
   Fields of the Decade 1978-1988, Chapter 8, p. 123-135.                     Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1
Candido, A., Costa, C.A.G. 1990. The Marlim and Albacora Giant Fields,        CD.
   Campos Basin, Offshore Brazil, AAPG Memoir, p. 123-135.                  Demercian, L.S., Szatmari, P., Cobbold, P.R. 1993. Style and Pattern
Carminatti, M., Scarton, J.C. 1991. Sequence Stratigraphy of the              of Salt Diapirs due to Thin-Skinned Gravitational Gliding, Campos
   Oligocene Turbidite Complex of the Campos Basin, Offshore Brazil:          and Santos Basins, Offshore Brazil. Tectonophysics, 228:393-433.
160       Parte I – Geologia
      Dias, J.L. 1993. Evolução da fase rift e a transição rift/drift nas bacias     Figueiredo, A.M.F., Mohriak, W.U. 1984. A Tectônica Salífera e as
         das margens leste e sudeste do Brasil. In: SBGf, International Congress        Acumulações de Petróleo da Bacia de Campos. In: SBG, Congresso
         of the Brazilian Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro, Expanded              Brasileiro de Geologia, 33, Anais, Rio de Janeiro, 1380-1394.
         Abstracts, 2:1328-1332.                                                     Figueiredo, A.M.F., Braga, J.A.E., Zabalaga, J.C., Oliveira, J.J., Aguiar,
      Dias, J.L., Oliveira, J.Q., Vieira, J.C. 1988. Sedimentological and               G.A., Silva, O.B., Mato, L.F., Daniel, L.M.F., Magnavita, L. P. 1994.
         stratigraphic analysis of the Lagoa Feia Formation, rift phase of              Recôncavo Basin, Brazil: a Prolific Intracontinental Rift Basin. In:
         Campos Basin, offshore Brazil. Revista Brasileira de Geociências,              Landon, S.M. (ed.). Interior Rift Basins: AAPG Memoir 59:157-203.
         18:252-260.                                                                 Fontana, R.L. 1989. Evidências geofísicas da presença de hidratos de
       Dias, J.L., Sad, A.R.E., Latgé, M.A.L., Silveira, D.P. 1994a. Bacia de           gás na Bacia de Pelotas – Brasil. In: Congresso da Sociedade
         Pelotas: estado da arte e perspectivas exploratórias. In: PETROBRAS,           Brasileira de Geofisica, 1, Rio de Janeiro, Anais, 234-248.
         Seminário de Interpretação Exploratória, 2, Rio de Janeiro, Anais,          Fontana, R.L. 1990. Desenvolvimento termo-mecânico da Bacia de
         270-275.                                                                       Pelotas e parte sul da plataforma de Florianópolis. In: Gabaglia,
       Dias, J.L., Sad, A.R.E., Fontana, R.L., Feijó, F.J. 1994b. Bacia de              G.P.R., Milani, E.J. (coords). Origem e evolução de bacias sedimentares.
         Pelotas. Boletim de Geociências da Petrobrás, 8(1):235-245.                    PETROBRAS, CENSUD, Rio de Janeiro, 377-400.
      Dias, J.L., Scarton, J.C., Esteves, F.R., Carminatti, M., Guardado, L.R.        Fontana, R.L., Mussumeci, A. 1994. Hydrates offshore Brazil. Annals
         1990. Aspectos da evolução tectono-sedimentar e a ocorrência de                of the New York Academy of Sciences, International Conference on
         hidrocarbonetos na Bacia de Campos. In: Gabaglia, G.P.R., Milani,              natural gas hydrates, 715:106-113.
         E.J. (coords.). Origem e evolução de bacias sedimentares, PETROBRAS,        Fontana, R.L. 1996. SDR (Seaward-dipping reflectors) e a transição
         CENSUD, Rio de Janeiro, 333-360.                                               crustal na Bacia de Pelotas. In: SBG, Congresso Brasileiro de
      Dias-Brito, D. 1982. Evolução Paleoecológica da Bacia de Campos                   Geologia, 39, Salvador, Anais, 5:425-430.
         durante a Deposição dos Calcilutitos, Margas e Folhelhos da                 Furlong, K.P., Fountain, D.M. 1986. Lithospheric evolution with
         Formação Macaé (Albiano e Cenomaniano?). Boletim Técnico da                    under-plating: Thermal considerations and seismic-petrologic
         PETROBRAS, 25:84-97.                                                           consequences. Journal of Geophysical Research, 91:8285-8294.
      Dias-Brito, D. 1987. A Bacia de Campos no Meso-cretáceo – Uma                  Garcia, A.J.V. 1991. Evolução Sedimentar da Seqüência Pré-Rift das
         Contribuição a Paleoceanografia do Atlântico Sul Primitivo. Revista            Bacias Costeiras e Interiores do Nordeste Brasileiro. Pesquisas,
         Brasileira de Geociências, 17:162-167.                                         Instituto de Geociências, UFRGS, 18:3-12.
      Dias-Brito, D., Azevedo, R.L.M. 1986. As Seqüências Deposicionais              Ge, H., Jackson, M.P.A., Vendeville, B.C. 1997. Kinematics and
         Marinhas da Bacia de Campos sob a Ótica Paleoecológica. In: SBG,               dynamics of salt tectonics driven by progradation. AAPG Bulletin,
         Congresso Brasileiro de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 38-49.                   81:393–423.
      Duval, B., Cramez, C., Jackson, M.P.A. 1992. Raft tectonics in the             Gibbs, A. 1984. Structural evolution of extensional basin margins.
         Kwanza Basin, Angola. Marine and Petroleum Geology, 9:389-404.                 Journal of the Geological Society, 141:609-620.
      Eiras, J.F., Kinoshita, E.M. 1988. Evidências de movimentos                    Gibson, S.A., Thompson, R.N., Leonardos, O.G., Dickin, A.P., Mitchell,
         transcorrentes na Bacia de Tacutu. Boletim de Geociências da                   J.G. 1994. The late Cretaceous impact of the Trindade plume:
         PETROBRAS, 2:193-208.                                                          evidence from large-volume, mafic, potassic magmatism. In: SE
      Eiras, J.F., Kinoshita, E.M. 1990. Geologia e perspectivas petrolíferas           Brazil. International Symposium on the Physics and Chemistry of
         da Bacia do Tacutu. In: Gabaglia, G.P.R., Milani, E.J. (coords.),              the Upper Mantle, São Paulo – Brazil. Abstracts, 56-58.
         Origem e evolução de bacias sedimentares. PETROBRAS, CENSUD, Rio            Gladczenko, T.P., Hinz, K., Eldholm, O., Meyer, H., Neben, S., Skogseid,
         de Janeiro, 197-220.                                                           J. 1997. South Atlantic volcanic margins. Journal of the Geological
      Eiras, J.F., Kinoshita, E.M., Feijó, F.J. 1994. Bacia do Tacutu. Boletim          Society of London, 154:465-470.
         de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):83-89.                    Gomes, B.S. 1992. Integração preliminar dos dados gravimétricos
      Emery, K.O., Uchupi, E. 1984. The geology of the Atlantic Ocean.                  marítimos da PETROBRAS e do Projeto Leplac: Bacias de Campos,
         Springer-Verlag, New York, 1.050 p.                                            Santos e Pelotas. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 37,
      Fainstein, R. 1999. Brazil Expands Exploration of its twenty Offshore             São Paulo–SP, Anais, 1:559-560.
         Sedimentary Basins. Pennwell Offshore Magazine, October, 56-60.             Gomes, P.O., Severino, M.C.G., Gomes, B.S. 1993. Projeto LEPLAC:
      Fainstein, R., Jamieson, G., Hannan, A., Eiles, N., Krueger, A., Schelander,      Interpretação Integrada dos Dados Geofísicos do Prospecto LEPLAC-
         D. 2001. Offshore Brazil Santos Basin exploration potential from               IV – Margem Continental Sul Brasileira. In: SBGf, Cong. Int. Soc.
         recently acquired seismic data. In: SBGf, International Congress of            Bras. Geof., 3, Rio de Janeiro, Anais, 2:1275-1280.
         the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador, Anais, 52-55.               Gomes, P.O., Gomes, B.S., Palma, J.J.C., Jinno, K., Souza, J.M. 2000.
      Falvey, D.A. 1974. The Development of Continental Margins in Plate                Ocean-continent transition and tectonic framework of the oceanic
         Tectonic Theory. The APEA Journal, 14(1):95-106.                               crust at the continental margin off NE Brazil: results of LEPLAC
      Falvey, D.A., Middleton, M.F. 1981. Passive continental margins:                  Project. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (edS.). Atlantic rifts and
         evidence for a pré-breakup deep crustal metamorphic subsidence                 continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:261-291.
         mechanism. Oceanologica Acta, 4:103-114.                                    Gonçalves, A., Oliveira, M.A.M., Motta, S.O. 1979. Geologia da plataforma
      Feijó, F.J. 1994a. Bacia de Barreirinhas. Boletim de Geociências da               continental sul brasileira. Boletim Técnico da PETROBRAS, 22:157-
         PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):103-109.                                       174.
      Feijó, F.J. 1994b. Bacia de Pernambuco–Paraíba. Boletim de Geociências         Gonçalves, F.T.T., Bedregal, R.P., Coutinho, L.F.C., Mello, M.R. 2000.
         da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):143-147.                                    Petroleum system of the Camamu-Almada Basin: a quantitative
      Feijó, F.J. 1994c. Bacia de Sergipe–Alagoas. Boletim de Geociências da            modeling approach. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.). Petroleum
         PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):149-161.                                       systems of South Atlantic margins: AAPG Memoir 73:257-271.
      Figueiredo, A.M.F. 1985. Geologia das bacias brasileiras. In: Viro, E.J.       Gontijo, R.C., Santos, C.F. 1992. Compartimentação e alinhamentos
         (ed.). Avaliação de Formação no Brasil. Schlumberger, Rio de Janeiro,          estruturais transversais da Bacia de Cumuruxatiba (BA). In: SBG,
         I:1–38.                                                                        Congresso Brasileiro de Geologia, 37, São Paulo, Anais, 1:564.
       Figueiredo, A.M.F., Martins, C.C. 1990. 20 anos de Exploração da              Gorini, M.A. 1993. A margem equatorial brasileira – uma visão
         Bacia de Campos e o sucesso nas águas profundas. Boletim de                    geotectônica. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
         Geociências da PETROBRAS, 4(1):105-123.                                        Brasileira de Geofísica, 3, Rio de Janeiro, Anais,1355-1357.
                                                                                   III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira              161
Guardado, L.R., Spadini, A.R. 1987. Evolução Deposicional e                  Koutsoukos, E.A.M. 1984. Evolução Paleoecológica do Albiano ao
   Distribuição das Fáceis do Macaé Inferior (Eomesoalbiano, Bacia             Maestrichtiano na Área Noroeste da Bacia de Campos, Brasil, com
   de Campos). Boletim de Geociências da PETROBRAS, 1:237-240.                 base em Foraminíferos. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 33,
Guardado, L.R., Gamboa, L.A.P. Luchesi, C.F. 1989. Petroleum geology           Rio de Janeiro, Anais, 2:685.
   of the Campos Basin, a model for a producing Atlantic-type basin.         Koutsoukos, E.A.M. 1987. A Área Noroeste da Bacia de Campos, Brasil,
   In: Edwards, J. D., Santogrossi, P.A. (eds.). Divergent/Passive Margin      do Mesocretáceo ao Neocretáceo: Evolução Paleoambiental e
   Basins. Am. Assoc. Pet. Geol. Mem., 48:3-79.                                Paleogeográfica pelo Estudo de Foraminíferos. Revista Brasileira de
 Guardado, L.R., Spadini, A.R., Brandão, J.S.L., Mello, M.R. 2000.             Geociências, 17:168-172.
   Petroleum System of the Campos Basin, Brazil. In: Mello, M.R.,            Koutsoukos, E.A.M., Dias-Brito, D. 1987. Paleobatimetria da Margem
   Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of South Atlantic margins,             Continental do Brasil durante o Albiano. Revista Brasileira de
   AAPG Memoir 73:317- 324.                                                    Geociências, 17:86-91.
Guerra, M.C.M., Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Abdalla, E.T.C., Cobbold,   Kowsmann, R.O., Costa, M.P.A., Boa Hora, M.P., Guimarães, P.P. 1982.
   P.R. 1992. Fluxo de sal na Bacia do Espírito Santo e seu relacionamento     Geologia estrutural do Platô de São Paulo. In: SBG, Cong. Bras.
   ao vulcanismo dos Abrolhos. Rel. Int. PETROBRAS – Cenpes, 27 p.             Geol., 32, Salvador, BA, Anais, 4:1558-1569.
Guimarães, P.P.D. et al. 1982. Modelagem gravimétrica na porção sul          Koyi, H.A. 2000. Towards dynamic restoration of geologic profiles:
   do Platô de São Paulo e suas implicações geológicas. In: SBG,               some lessons from analogue modelling. In: Mohriak, W.U., Talwani,
   Congresso Brasileiro de Geologia, 32, Salvador, Anais, 4:1570-              M. (eds.). Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical
   1575.                                                                       Monograph 115:317-329.
Guimarães, P.T.M., Machado, E.R., Silva, S.R.P. 1989. Interpretação          Kumar, N., Gamboa, L.A.P. 1979. Evolution of the São Paulo Plateau
   sismo-estratigráfica em águas profundas na Bacia do Pará–                   (southeastern Brazilian margin) and implications for the early history
   Maranhão. In: Sintex, Seminário de Interpretação Exploratória, 1,           of the South Atlantic. Geological Society of America Bulletin, 90:281-
   PETROBRAS – Departamento de Exploração, Rio de Janeiro, Anais,              293.
   171-183.                                                                  Leyden, R. 1976. Salt distribution and crustal models for the eastern
Harry, D.L., Sawyer, D.S. 1992. Basaltic volcanism, mantle plumes and          Brazilian margin. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48:159-
   the mechanics of rifting: the Paraná flood basalt province of South         168.
   America. Geology, 20:207-210.                                             Lima, H.P., Aranha, L.G.F., Feijó, F.J. 1994. Bacias de Bragança–Viseu,
Heilbron, M., Mohriak, W.U., Valeriano, C.M., Milani, E.J., Almeida, J.,       São Luís e Gráben de Ilha Nova. Boletim de Geociências da PETROBRAS,
   Tupinambá, M. 2000. From collision to extension: the roots of the           Rio de Janeiro, 8(1):111-116.
   southeastern continental margin of Brazil. In: Mohriak, W.U.,             Macedo, J.M. 1989. Evolução tectônica da Bacia de Santos e áreas
   Talwani, M. (eds.). Atlantic rifts and continental margins, AGU             continentais adjacentes. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio
   Geophysical Monograph, 115:1-32.                                            de Janeiro, 3(3):159-173.
Henry, S.G., Brumbaugh, W. 1995. Pré-Salt Rock Development on                Machado Jr., D.L. 2001. Transcorrência associada ao alinhamento de
   Brazil’s Conjugate Margin: West African Examples. In: SBGf,                 Guapiara. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 6,
   International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 4, Rio         Recife–PE, Resumos, 209-212.
   de Janeiro, Expanded Abstracts, I:68-70.                                  Magnavita, L.P., Cupertino, J.A. 1987. Concepção atual sobre as bacias
Hinz, K. 1981. A Hypothesis on Terrestrial Catastrophes: Wedges of             de Tucano e Jatobá, Nordeste do Brasil. Boletim de Geociências da
   Very Thick Oceanward Dipping Layers beneath Passive Continental             PETROBRAS, Rio de Janeiro, 1:119-134.
   Margins. Geologisches Jahrbuch, E(22):3-28.                               Magnavita, L.P., Cupertino, J.A. 1988. A new approach to the geologic
Jackson, M.P.A., Cramez, C., Fonck, J.M. 2000. Role of subaerial               configuration of the Lower Cretaceous Tucano and Jatobá basins,
   volcanic rocks and mantle plumes in creation of South Atlantic              northeastern Brazil. Revista Brasileira de Geociências, 18(2):222-230.
   margins: implications for salt tectonics and source rocks. Marine         Manighetti, I., Tapponnier, P., Gillot, P.Y., Jacques, E., Courtillot, V.,
   and Petroleum Geology, 17:477-498.                                          Armijo, R., Ruegg, J.C., King, G. 1998. Propagation of rifting along
Jackson, M.P.A., Cramez, C., Mohriak, W.U. 1998. Salt tectonics                the Arabia–Somalia plate boundary: into Afar. Journal of Geophysical
   provinces across the continental – oceanic boundary in the Lower            Research, 103(B3):4947-4974.
   Congo and Campos Basins on the South Atlantic Margins. AAPG               Marques, A. 1990. Evolução tectono-sedimentar e perspectivas
   International Conference and Exhibition, Rio Janeiro, Brazil,               exploratórias da Bacia de Taubaté, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira
   Extended Abstract, 40-41.                                                   de Geociências, 4(3):253-262.
Jenkyns, H.C. 1980. Cretaceous anoxic events: from continents to             Mascle, J., Blarez, E. 1987. Evidence for transform margin evolution
   oceans: Journal of the Geological Society of London, 137:171-188.           from the Ivory Coast–Ghana continental margin. Nature, 326:376-
Jinno, K., Souza, J.M. 1999. Brazilian undersea features: A Gazetteer          81.
   of geographical names. In: SBGf, International Congress of the            Mascle, J., Lohmann, P., Clift, P. 1997. Development of a passive margin:
   Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD ROM.                 Côte d’Ivoire–Ghana transform margin – ODP Leg 159 preliminary
Johann, P. 1999. Reservoir Geophysics in Deep and Ultra-DeepWater              results. GeoMarine Letters, 17:4-11.
   Oil Fields Campos Basin. In: Brazil. 6th International Congress of        Matos, R.M.D. 1989. Imagem Sísmica crustal na bacia Potiguar emersa.
   the Brazilian Geophysical Society, SBGf, Anais, 16699, p. 1-4.              In: SBGf, Congresso da Sociedade Brasileira de Geofísica, 1, Rio de
Karner, G.D., Driscoll, N.W. 1999. Tectonic and stratigraphic                  Janeiro, Anais, 223-227.
   development of the West African and eastern Brazilian margins:            Matos, R.M.D. 1992. The Northeastern Brazilian Rift System. Tectonics,
   Insights from quantitative basin modelling. In: Cameron, N.R.,              11:766-791.
   Bate, R.H., Clure, V.S. (eds.). The oil and gas habitats of the South     Matos, R.M.D. 1993. Early Cretaceous rifting in Northeast Brazil:
   Atlantic, Geological Society [London] Special Publication 153:11-           chronology, basin geometry and tectonics. In: SBGf, International
   40.                                                                         Congress of the Brazilian Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro,
Karner G.D. 2000. Rifts of the Campos and Santos Basins, Southeastern          Anais, 1261-265.
   Brazil: Distribution and Timing. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.).      Matos, R.M.D. 1999a. From oblique rifting to a transform margin: the
   Petroleum systems of Sout Atlantic margins. AAPG Memoir 73:301-             opening of the Equatorial Atlantic. In: SBGf, International Congress
   315.                                                                        of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD ROM.
162       Parte I – Geologia
      Matos, R.M.D. 1999b. History of the northeast Brazilian rift system:           Milani, E.J., Thomaz Filho, A. 2000. Sedimentary basins of South
        kinematic implications for the break-up between Brazil and West                America. In: Cordani, U.G., Milani, E.J., Thomaz Filho, A., Campos,
        Africa. In: Cameron, N.R., Bate, R.H., Clure, V.S. (eds.). The oil and         D.A. (eds.). Tectonic evolution of South America, 31 International
        gas habitats of the South Atlantic. Geological Society, London,                Geological Congress, 31, Rio de Janeiro, 389-449.
        Special Publications, 153:55-73.                                             Milani, E.J., Zalán, P.V. 1999. An outline of the geology and petroleum
      Matos, R.M.D. 2000. Tectonic evolution of the equatorial South                   systems of the Paleozoic interior basins of South America. Episodes,
        Atlantic. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.). Atlantic rifts and            22(3):199-205.
        continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:331-354.                  Mizusaki, A.M.P. 1989. A formação Macau na porção submersa da
      Matos, R.M.D., Waick, R.N. 1998. A unique transform margin: the                  Bacia Potiguar. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 3(3):191-
        Equatorial Atlantic. In: Mello, M. R., Yilmaz, P.O. (eds.). AAPG,              200.
        International Conference and Exhibition, 1998, Rio Janeiro, Brazil,          Mizusaki, A.M.P., Mohriak, W.U. 1992. Seqüências vulcano-
        Extended Abstract, 798-799.                                                    sedimentares na região da plataforma continental de Cabo Frio,
      McKenzie, D. 1978. Some Remarks on the Development of Sedimentary                RJ. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 37, São Paulo, SP,
        Basins. Earth and Planetary Science Letters, 40:25-32.                         Resumos Expandidos, 2:468-469.
      Meisling, K.E., Cobbold, P.R., Mount, V.S. 2001. Segmentation of an            Mizusaki, A.M.P., Thomaz Filho, A. Valença, J.G. 1988. Volcano-
        obliquely rifted margin, Campos and Santos basins, southeastern                Sedimentary Sequence of Neocomian age in Campos Basin (Brazil).
        Brazil. AAPG Bull, 85(11):1903-1924.                                           Revista Brasileira de Geociências, 18:247-251.
      Meissner, R. 2000. The mosaic of terranes in Central Europe as seen by         Mizusaki, A.M.P., Thomaz Filho, A., Milani, E.J., Césero, P. 2002.
        Deep Reflection Studies. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.). Atlantic       Mesozoic and Cenozoic igneous activity and its tectonic control
        rifts and continental margins, AGU Geophysical Monograph 115:33-               in northeastern Brazil. Journal of South American Earth Sciences,
        55.                                                                            15(2):183-198
      Mello, M.R., Gaglianone, P.C., Brassel, S.C., Maxwell, J.R. 1988.              Mohriak, W.U. 1989. Métodos e ferramentas para caracterização de
        Geochemical and biological marker assessment of depositional                   estruturas profundas e processos formadores de bacias sedimentares.
        environment using Brazilian “offshore” oils. Marine and Petroleum              In: PETROBRAS, Seminário de Interpretação Exploratória, 1, Rio de
        Geology, 5:205-223.                                                            Janeiro, Anais, 327-337.
      Mello, M.R., Mohriak, W.U., Koutsoukos, E.A.M., Bacoccoli, G. 1994.            Mohriak, W.U. 1995a. Salt tectonics structural styles: contrasts and
        Selected Petroleum Systems in Brazil. In: Magoon, L.B., Dow, W.G.              similarities between the South Atlantic and the Gulf of Mexico. In:
        (eds.). The Petroleum System – from Source to Trap, AAPG Memoir                Travis, C.J., Harrison, H., Hudec, M.R., Vendeville, B.C., Peel, F.J.,
        60:499-512.                                                                    Perkins, B.E. (eds.). Salt, Sediment and Hydrocarbons, GCSSEPM
      Mello, M.R., Mosmann, R., Silva, S.R.P., Maciel, R.R., Miranda, F.P.             Foundation 16th Annual Research Conference, Houston, Texas,
        2001. Foz do Amazonas area: The last frontier for elephant                     177-191.
        hydrocarbon accumulations in the South Atlantic realm, In: Downey,           Mohriak, W.U. 1995b. Elusive salt tectonics in the deep-water region
        M.W., Threet, J.C., Morgan, W.A. (eds.). Petroleum provinces of the            of the Sergipe–Alagoas basin: evidence from deep seismic reflection
        twenty-first century, AAPG Memoir 74:403-414.                                  profiles. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical
      Mello, S.L.M., Costa, M.P.A., Miranda, C.A., Boa Hora, M.P. 1988.                Society, 4, Rio de Janeiro, 51-54.
        Modelagem gravimétrica do limite crosta oceânica/continental na              Mohriak, W.U. 2001. Salt tectonics, volcanic centers, fracture zones
        região do Platô de Pernambuco. In: SBG, Congresso Brasileiro de                and their relationship with the origin and evolution of the South
        Geologia, 35, Belém, PA, Anais, p. 138.                                        Atlantic Ocean: geophysical evidence in the Brazilian and West
      Mello, S.L.M., Costa, M.P.A., Dias, M.S. 1993. Mapeamento geofísico              African margins. In: SBGf, International Congress of The Brazilian
        do fundo oceânico no largo da plataforma continental Alagoas/                  Geophysical Society, 7, Salvador–Bahia – Brazil, Expanded Abstract,
        Pernambuco – NE Brasil. In: SBGf, Congresso Internacional da                   p. 1594.
        Sociedade Brasileira de Geofísica, 3, Rio de Janeiro, Anais, 1272-           Mohriak, W. U., Barros, A.Z. 1990. Novas Evidências de Tectonismo
        1274.                                                                          Cenozóico na Região Sudeste do Brasil: O Gráben de Barra de São
      Mello, S.L.M., Palma, J.J.C. 2001. The South Atlantic Ridge                      João na Plataforma Continental de Cabo Frio, Rio de Janeiro.
        Segmentation between the Ascension and Bode Verde Fracture                     Revista Brasileira de Geociências, 20:187-196.
        Zones. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical         Mohriak, W.U., Latgé, M.A.L. 1991. Deep Seismic Survey of Brazilian
        Society, 7, Salvador, Anais, 1612-1615.                                        Passive Margin Basins: The Southeastern Region. In: SBGf, Congresso
      Melo, M.S., Riccomini, C., Hasui, Y., Almeida, F.F.M., Coimbra, A.M.             Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, 2, Salvador–
        1985. Geologia e evolução do sistema de bacias tafrogênicas                    BA, Resumos Expandidos, II:621-626.
        continentais do sudeste do Brasil. Rev. Bras. Geoc., 15(3):193-201.          Mohriak, W.U., Nascimento, M.M. 2000. Deep-water salt tectonics in
      Milani, E.J. 1991. Anomalias gravimétricas em bacias do tipo rift:               the South Atlantic sedimentary basins. In: International Geological
         exemplos brasileiros. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade          Congress, 31, Rio de Janeiro–RJ, Abstract, Special Symposium –
         Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, Anais, 172-176.                         Salt Tectonics – CD-ROM.
      Milani, E.J. 1987. Aspectos da evolução tectônica das bacias do Recôncavo      Mohriak, W.U., Szatmari, P. 2001. Salt tectonics and sedimentation
         e Tucano Sul, Bahia, Brasil. PETROBRAS/CENPES, Cência-Técnica-                along Atlantic margins: insights from seismic interpretation and
         Petróleo, Seção Exploração de Petróleo, v. 18, 61 p.                          physical models. In: Koyi, H.A., Mancktelow, N.S. (eds.). Tectonic
      Milani, E.J. 1989. Falhamentos transversais em bacias distensionais.             Modeling: A volume in Honor of Hans Ramberg. Geological Society
         Boletim de Geociências da PETROBRAS, 3(1/2):29-41.                            of America, Colorado Memoir 193:131-151.
      Milani, E.J., Davison, I. 1988. Basement control and transfer tectonics        Mohriak, W.E., Mello, M.R., Dewey, J.F., Maxwell, J.R. 1990a. Petroleum
         in the Reconcavo–Tucano–Jatobá rift, northeast Brazil.                        Geology of the Campos Basin, offshore Brazil. In: Brooks, J. (eds.).
         Tectonophysics, 154:47-70.                                                    Classic Petroleum Provinces, Geological Society Special Publication
      Milani, E.J., Lana, M.C., Szatmari, P. 1988. Mesozoic rift basins around         50:119-141.
         the northeast Brazilian microplate (Reconcavo–Tucano–Jatoba,                Mohriak, W.U., Hobbs, R., Dewey, J.F. 1990b. Basin-forming processes
         Sergipe–Alagoas). In: Manspeizer, W. (eds.). Triassic – Jurassic rifting,     and the deep structure of the Campos Basin, offshore Brazil. Marine
         Part B, Elsevier, New York, 833-858.                                          and Petroleum Geology, 7(2):94-122.
                                                                                   III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira                    163
Mohriak, W.U., Barros, A.Z., Fujita, A. 1990c. Magmatismo e Tectonismo       Pereira, M.J., Trindade, L.A.F., Gaglianone, P.C. 1984. Origem e evolução
  Cenozóicos na Região de Cabo Frio, RJ. In: SBG, Congresso Brasileiro          das acumulações de hidrocarbonetos na Bacia de Campos. In: SBG,
  de Geologia, 37, Natal, Anais, 6:2873-2885.                                   Congresso Brasileiro de Geologia, 33, Rio de Janeiro, Anais, 10:4763-
Mohriak, W.U., Barros, M.C., Rabelo, J.H.L, Matos, R.D. 1993. Deep              4777.
  seismic survey of Brazilian Passive Basins: the northern and               Pereira, M.J., Barbosa, C.M., Agra, J., Gomes, J.B., Aranha, L.G.F., Saito,
  northeastern regions. In: SBGf, International Congress of the Brazilian       M., Ramos, M.A., Carvalho, M.D., Stamato, M., Bagni, O. 1986.
  Geophysical Society, 3, Rio de Janeiro, RJ, Anais, 2:1134-1139.               Estratigrafia da Bacia de Santos: análise das seqüências, sistemas
Mohriak, W.U., Rabelo, J.H.L., Matos, R.D., Barros, M.C. 1995a. Deep            deposicionais e revisão litoestratigráfica. In: SBG, Congresso Brasileiro
  Seismic Reflection Profiling of Sedimentary Basins offshore Brazil:           de Geologia, 34, Goiânia, Anais, 1:65-79.
  Geological Objectives and Preliminary Results in the Sergipe Basin.        Peres, W.E. 1993, Shelf-Fed Turbidite System Model and its Application
  Journal of Geodynamics, 20:515-539.                                           to the Oligocene Deposits of the Campos Basin, Brazil. AAPG Bulletin,
Mohriak, W.U., Macedo, J.M., Castellani, R.T., Rangel, H.D., Barros,            77:81-101.
  A.Z.N., Latgé, M.A.L., Ricci, J.A., Misuzaki, A.M.P., Szatmari, P.,        Pessoa, J., Martins, C.C., Heinerici, J., Jahnert, R.J., França, A.B., Trindade,
  Demercian, L.S., Rizzo, J.G., Aires, J.R. 1995b. Salt tectonics and           L.A., Francisco, C. 1999. Petroleum system and seismic expression in
  structural styles in the deep-water province of the Cabo Frio region,         the Campos Basin. In: SBGf, International Geophysical Congress of
  Rio de Janeiro, Brazil. In: Jackson, M.P.A., Roberts, D.G., Snelson,          the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM.
  S. (eds.). Salt tectonics: a global perspective, AAPG Memoir 65:273-       Ponte, F.C., Asmus, H.E. 1978. Geological Framework of the Brazilian
  304.                                                                          Continental Margin. Geologische Rundschau, 67:201-235.
Mohriak, W.U., Palagi, P.R., Mello, M.R. 1998a. Tectonic evolution of        Ponte, F.C., Fonseca, J.R., Morales, R.E. 1977. Petroleum geology of
  South Atlantic salt basins. AAPG International Conference and                 the eastern Brazilian Continental Margin. AAPG Bulletin, 61:1470-
  Exhibition, Rio de Janeiro, Abstract volume, 424-425.                         1482.
Mohriak, W.U., Bassetto, M. Vieira, I.S. 1998b. Crustal Architecture         Ponte, F.C., Fonseca, J.R., Carozzi, A.V. 1980. Petroleum Habitats in
  and Tectonic Evolution of the Sergipe–Alagoas and Jacuípe Basins,             the Mesozoic-Cenozoic of the Continental Margin of Brazil. In: Miall,
  Offshore Northeastern Brazil. Tectonophysics, 288:199-220.                    D.A. (ed.). Facts and Principles of World Petroleum Occurrence: Canadian
Mohriak, W.U., Jackson, M.P.A., Cramez, C. 1999. Salt tectonics                 Society of Petroleum Geologists, Memoir 6:857-886.
  provinces across the continental-oceanic boundary in the Brazilian         Pontes, C.E.S., Castro, F.C.C., Rodrigues, J.J.G., Alves, R.R.P., Castellani,
  and West African margins. In: SBGf, International Congress of the             R.T., Santos, S.F., Monis, M.B. 1991. Reconhecimento Tectônico e
  Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM.                   Estratigráfico da Bacia Sergipe–Alagoas em Águas Profundas. In:
Mohriak, W.U., Mello, M.R., Bassetto, M., Vieira, I.S., Koutsoukos, E.A.M.      SBGf, Congresso Brasileiro de Geofísica, 2, Salvador, BA, Boletim de
  2000. Crustal architecture, sedimentation, and petroleum systems              Resumos Expandidos, II:638-643.
  in the Sergipe–Alagoas Basin, Northeastern Brazil. In: Mello, M.R.,        Rabinowitz, P.D., LaBreque, J. 1979. The Mesozoic South Atlantic Ocean
  Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of South Atlantic margins, AAPG          and evolution of its continental margins. Journal of Geophysical
  Memoir 73:273-300.                                                            Research, 84(B11):5973-6002.
Müller, R.D., Roest, W.R., Royer, J.Y., Gahagan, L.M., Sclater, J.G. 1997.   RADAMBRASIL. 1983. Projeto Radambrasil – Folhas SC-23/24, Rio de
  Digital isochrons of the world ‘s ocean floor: Journal of Geophysical         Janeiro/Vitória. MME/SG, Rio de Janeiro, 32:27-304.
  Research, 102(B2):3211–3214.                                               Rangel, H.D., Martins, F.A.L., Esteves, F.R., Feijó, F.J. 1994. Bacia de
Munis, M.B.1997. Integração dos dados magnetométricos das bacias                Campos. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 8(1):203-218.
  de Campos e Santos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade         Rangel, H.D., Santos, P.R., Quintães, C.M.S.P. 1998. Roncador Field, a
  Brasileira de Geofísica, 5, São Paulo, Anais, 41-42.                          New Giant in Campos Basin, Brazil. Offshore Technology Conference,
Mutter, J.C. 1985. Seaward Dipping Reflectors and the Continent-                OTC 8876, Houston, 579-587.
  Ocean Boundary at Passive Continental Margins, Tectonophysics,             Renne, P.R., Ernesto, M., Pacca, I.G., Coe, R.S., Glen, J.M., Prévot, M.,
  114:117-131.                                                                  Perrin, M. 1992. The age of Paraná flood volcanism, rifting of
Mutter, J.C., Talwani, M., Stoffa, P.L. 1982. Origin of Seaward-Dipping         Gondwanaland and the Jurassic-Cretaceous boundary. Science,
  Reflectors in Oceanic Crust off the Norwegian Margin by “Subaerial            258:975-979.
  Sea-Floor Spreading”: Geology, 10:353-357.                                 Ricci, J.A., Becker, M.R. 1991. Análise sismo-estratigráfica no Terciário
Netto, A.S.T., Filho, J.R.W., Feijó, F.J. 1994. Bacias de Jacuípe, Camamú       da Bacia de Campos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
  e Almada. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro,                Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, Anais, II:615-620.
  8(1):173-184.                                                              Riccomini, C., Francisco, B.H.R. 1992. Idade Potássio-Argonio do
Ojeda, H.A.O. 1982. Structural Framework, Stratigraphy, and Evolution           derrame de ankaramito da Bacia de Itaboraí, Rio de Janeiro, Brasil:
  of Brazilian Marginal Basins, AAPG Bulletin, 66:732-749.                      implicações tectônicas. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia,
Palma, J.J.C. 1984. Fisiografia da área oceânica. In: Schobbenhaus,             37, São Paulo, SP, Anais, 2:469-470.
  C., Campos, D.A., Derze, G.R., Asmus, H.E. (eds.). Geologia do Brasil,     Rosa, A.L.R. 1987. The Albacora Field: a case history of seismic amplitude
  MME/DPNPM, Brasília, 429:440.                                                 mapping. Annual International SEG meeting, New Orleans, p. 499-
Parsons, M., MacQueen, J., Undli, T.H., Berstad, S., Horstad, I. 2001. A        501.
  tale of three methods: volcanics in the Abrolhos Bank, Brazil. In:         Rosendahl, B.R. 1987. Architecture of continental rifts with special
  Society of Exploration Geophysicists, International Congress of               reference to East Africa. Ann. Review Earth Planetary Sciences, 15:445-
  the SEG, 2001. Abstract volume, 1 CD-ROM.                                     503.
Peraro, A.A. 1995. Caracterização sísmica do tectonismo transcorrente        Rabinowitz, P.D., LaBrecque, J. 1979. The Mesozoic South Atlantic
  na Bacia do Jatobá. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade            Ocean and Evolution of its Continental Margins. Journal of Geophysical
  Brasileira de Geofísica, 4, Rio de Janeiro, Anais, 1-3.                       Research, 84:5973-6002.
Pereira, M.J., Feijó, F.J. 1994. Bacia de Santos. Boletim de Geociências     Rangel, H. D., Martins, F.A.L., Esteves, F.R., Feijó, F.J. 1994. Bacia de
  da PETROBRAS, 8(1):219-234.                                                   Campos. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 8:203-218.
Pereira, M.J., Macedo, J.M. 1990. A Bacia de Santos: perspectivas de         Ricci, J.A., Becker, M.R.. 1991. Análise sismo-estratigráfica no Terciário
  uma nova província petrolífera na plataforma continental sudeste              da Bacia de Campos. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
  brasileira. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 4(1):3-11.                   Brasileira de Geofísica, 2, Salvador, II:615-620.
164      Parte I – Geologia
      Rodarte, J.B.M. 2001. Determinação do Limite Crustal na Margem                 South Atlantic volcanic margin. In: SBGf, Cong. Int. Soc. Bras.
         Centro-Leste Brasileira Integração de um Novo Método com                    Geof., 3, Rio de Janeiro, RJ. Anais, 2:1336-1341.
         Modelagens Crustais e Mapeamento Sísmico. In: SBGf, International        Souza Cruz, C.E. 1998. South Atlantic paleoceanographic events
         Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador, Anais,          recorded in the Neogene deep water section of the Campos Basin,
         990-993.                                                                    Brazil. In: Mello, M.R., Yilmaz, P.O. (eds.). AAPG International
      Russo, L.R. 1999. Leplac: isópacas de sedimentos e profundidade do             Conference and Exhibition, Rio de Janeiro – Brazil, Extended
         embasamento na margem continental brasileira. In: SBGf,                     Abstracts Volume, p. 690.
         International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio      Souza Cruz, C.E. 2001. Sequence stratigraphy, facies analysis and
         de Janeiro, 1 CD.                                                           paleoceanographic events of the Neogene deep-water section in
      Sad, A.R.E., Silveira, D.P., Machado, M.A.P. 1997. Hidratos de gás             the Campos Basin, offshore Brazil. In: SBGf, International
         marinhos: a mega-ocorrência da Bacia de Pelotas/Brasil. In: SBGf,           Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7, Salvador,
         International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 5, São         Anais, 49-51.
         Paulo, Expanded Abstracts, I:71-74.                                      Souza Cruz, C.E., Appi, C.J. 1999. Distribution Pattern and
      Sad, A.R.E., Silveira, D.P., Silva, S.R.P., Maciel, R., Machado, M.A.          Sedimentation of the Neogene Deep Water Section in the Campos
         1998. Marine gas hydrates along the Brazilian margin. AAPG                  Basin, Offshore Brazil. In: SBGf, International Congress of the
         International Conference and Exhibition, Rio Janeiro, Brazil,               Brazilian Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro, 1 CD-ROM.
         Extended Abstract, 146-147.                                              Szatmari, P. 2000. Habitat of petroleum along the South Atlantic
      Sadowski, G.R., Dias Neto, C.M. 1981. O lineamento sismo-tectônico             margins. In: Mello, M.R., Katz, B.J. (eds.). Petroleum systems of
         do Cabo Frio. Revista Brasileira de Geociências, 11(4):209-212.             South Atlantic margins, AAPG Memoir 73:69-75.
      Sandwell, D., Smith, W. 1997. Marine gravity anomaly from GEOSAT            Szatmari, P., Demercian, L.S. 1993. Tectônica de sal na margem
         and ERS-1 satellite altimetry. Journal of Geophysical Research,             sudeste brasileira. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade
         102:10.039-10.054.                                                          Brasileira de Geofísica, 3, Anais, 1347-1351.
      Santos, C.F., Gontijo, R.C., Araújo, M.B., Feijó, F.J. 1994. Bacias de      Szatmari, P., Mohriak, W.U. 1995. Plate model of postbreakup
         Cumuruxatiba e Jequitinhonha. Boletim de Geociências da                     tectono-magmatic activity in SE Brazil and the adjacent Atlantic.
         PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):185-190.                                    In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 5, Gramado,
      Santos, C.F., Braga, J.A.E. 1990. O “estado da arte” da Bacia do               RS, Resumos Expandidos, 213-214.
         Recôncavo. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 4(1):35-43.              Szatmari, P., Milani, E.J. 1999. Microplate rotation in northeast
      Santos, C.F., Cupertino, J., Braga, J.A.E. 1990. Síntese sobre a geologia      Brazil during South Atlantic rifting: analogies with the Sinai
         das bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá. In: Gabaglia, G.P.R.,             microplate. Geology, 27(12):1115-1118.
         Milani, E.J. (coords.). Origem e evolução de bacias sedimentares.        Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Lana, M.C., Milani, E.J., Lobo, A.P.
         PETROBRAS, Rio de Janeiro, 235-266.                                         1984. Mecanismo tectônico do rifteamento Sul-Atlântico. In:
      Severino, M.C.G., Gomes, B.S. 1991. Projeto Leplac: Interpretação              SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 33, Rio de Janeiro, Anais,
         preliminar dos dados sísmicos e gravimétricos do Prospecto LEPLAC-          1589-1601.
         I. In: SBGf, Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de          Szatmari, P., Milani, E.J., Lana, M.C., Conceição, J., Lobo, A.P. 1985.
         Geofísica, 2, Salvador, BA, Resumos Expandidos, II:597-602.                 How South Atlantic rifting affects Brazilian oil reserves distribution.
      Sichel, S.E., Maia, M., Esperança, S. Hekinian, R., Juteau, T., Carneiro,      Oil and Gas Journal, 14:107-113.
         L.M., Alves. E.C. 2000. Synthesis on the Tectonics and Geochemistry      Szatmari, P., Françolin, J.B.L., Zanotto, O., Wolff, S. 1987. Evolução
         of the St. Paul Transform Fault, Equatorial Atlantic. In: SBGf,             tectônica da margem equatorial brasileira. Revista Brasileira de
         International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 7,             Geociências, 17(2):180-188.
         Salvador, Anais, 1608-1611.                                              Szatmari, P., Guerra, M.C.M., Pequeno, M.A. 1996. Genesis of large
      Silva, S.R.P., Rodarte, J.B.M. 1989. Bacias da Foz do Amazonas e               counter-regional normal fault by flow of Cretaceous salt in the
         Pará–Maranhão (águas profundas): uma análise sismo-estratigráfica,          South Atlantic, Santos Basin, Brazil. In: Alsop, G.I., Blundell,
         tectono-sedimentar e térmica. In: SBGf, Congresso da Sociedade              D.J., Davison, I. (eds.). Salt Tectonics: Geological Society of London,
         Brasileira de Geofísica Anais, 1, Rio de Janeiro, 2:843-852.                Special Publication 100:259-264.
      Silva, S.R.P., Maciel, R.R. 1998. Foz do Amazonas Basin hydrocarbon         Szatmari, P., Conceição, J.C.J., Destro, N., Smith, P.E., Evensen, N.M.,
         system. AAPG International Conference and Exhibition, Rio Janeiro,          York, D., 2000. Tectonic and sedimentary effects of a hotspot
         Brazil, Extended Abstract, 480-481.                                         track of alkali intrusions defined by Ar-Ar dating in SE Brazil. In:
      Silva, S.R.P., Maciel, R.R., Severino, M.C.G. 1999. Cenozoic tectonics         International Geological Congress, 31, Rio de Janeiro, Abstract
         of Amazon Mouth Basin. Geo-Marine Letters, 18:256-262.                      Volume, CD-ROM.
      Silveira, D.P. 1993. Leplac Equatorial: interessantes estruturas            Talwani, M., Abreu, V. 2000. Inferences regarding initiation of oceanic
         geológicas interpretadas em linha sísmicas do Leplac Equatorial.            crust formation from the U.S. East Coast margin and conjugate
         In: SBGf, Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Geofísica,        South Atlantic margins. In: Mohriak, W.U., Talwani, M. (eds.).
         3, Rio de Janeiro, Anais, 1231-1234.                                        Atlantic rifts and continental margins, AGU Geophysical Monograph
      Sobreira, J.F.F. 1996. Complexo Vulcânico de Abrolhos – proposta               115: 211-233.
         de modelo tectono-magmático. In: SBG, Congresso Brasileiro de            Turner, S., Regelous, M., Kelley, S., Hawkesworth, C., Mantovani,
         Geologia, 39, Salvador, Simpósios, 387-391.                                 M.S.M. 1994. Magmatism and continental break-up in the South
      Sobreira, J.F.F. 1997. Estruturas híbridas tipo gaivota/sinclinal              Atlantic: high precision 40 Ar- 39 Ar geochronology. Earth and
         periférico relacionadas a diques ígneos, na Bacia do Espírito Santo.        Planetary Science Letters, 121:333-348.
         In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 6, Pirinópolis–        Turner, S.P., Hawkesworth, C.J., Gallagher, K., .Stewart, K., Peate,
         GO, Anais, 156-158.                                                         D.W., Mantovani, M.S.M. 1996. Mantle plumes, flood basalts and
      Sobreira, J.F.F. 1999. Evidences of neotectonic activity in the Espírito       thermal models for melt generation beneath continents:
         Santo Basin and adjoining areas offshore. In: SBG, Simpósio                 assessment of a conductive heating model and application to
         Nacional de Estudos Tectônicos, 7, Lençóis, Anais, 33-36.                   the Paraná. Journal of Geophysical Research, 101:1503-1518.
      Souza, K. G., Fontana, R.L., Mascle, J., Macedo, J.M., Mohriak, W.U.,       Uesugui, N. 1987. Posição estratigráfica dos evaporitos da Bacia de
         Hinz, K. 1993. The southern Brazilian margin: an example of a               Sergipe–Alagoas. Revista Brasileira de Geociências, 17(2):131-134.
                                                                              III. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira   165
Ussami, N., Karner, G.D., Bott, M.H.P. 1986. Crustal detachment during
   South Atlantic rifting and formation of Tucano-Gabon basin system.
   Nature, 322:629-632.
Van der Ven, P.H., Cunha, C.G.R., Biassussi, A.S. 1998. Structural
   Styles in the Espírito Santo–Mucuri Basin, Southeastern Brazil. In:
   AAPG, International Conferecence and Exhibition, Extended
   Abstracts, 374-375.
Vieira, R.A.B., Mendes, M.P., Viera, P.E., Costa, L.A.R., Tagliari, C.V.,
   Bacelar, L.A.P., Feijó, F.J. 1994. Bacias do Espírito Santo e Mucuri.
   Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1):191-
   202.
Wanderley Fillho, J.R., Graddi, J.C.S.V. 1995. Estilos estruturais da
   Bacia de Jacuípe. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos,
   5, Gramado, RS, Anais, 325-326.
White, R.S., McKenzie, D.P. 1989. Magmatism at rift zones: the
   generation of volcanic continental margins and food basalts.
   Journal of Geophysical Research, 94:7685-7729.
Williams, B.G., Hubbard, R.J. 1984. Seismic stratigraphic framework
   and depositional sequences in the Santos Basin, Brazil. Marine and
   Petroleum Geology, 1:90-104.
Zalán, P.V. 1999. Seismic expression and internal order of gravitational
   fold-and-thrust belts in Brazilian deep waters. In: SBGf,
   International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 6, Rio
   de Janeiro, Abstract volume, SBGf, 4 p.
Zalán, P.V. 2001. Growth Folding in Gravitational Fold-and-Thrust
   Belts in the Deep Waters of the Equatorial Atlantic, Northeastern
   Brazil. In: SBGf, International Congress of the Brazilian Geophysical
   Society, 7, Salvador, Anais, 998-1001.
Zalán, P.V., Warme, J.E. 1985. Tectonics and sedimentation of the
   Piauí–Camocim sub-basin, Ceará Basin, Offshore Northeastern Brazil.
   Boletim Ciência–Técnica–Petróleo, PETROBRAS, Seção Exploração
   de Petróleo, n. 17, PETROBRAS, Rio de Janeiro, 71 p.
Zalán, P.V., Wolff, S., Astolfi, M.A.M., Vieira, I.S., Conceição, J.C.J.,
   Appi, V.T., Neto, E.V.S., Cerqueira, J.R., Marques, A. 1990. The Paraná
   Basin, Brazil. In: Leighton, M.W., Kolata, D.R., Oltz, D.S., Eidel, J.J.
   (eds.). Interior Cratonic Basins. AAPG Memoir 51: 681-701.