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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

AULA 3

Profª Margarete Terezinha de Andrade Costa


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos nos dedicar à escrita, processo que utilizamos


constantemente. Para aprimorar esse exercício comunicativo, estudaremos os
tópicos essenciais na comunicação escrita para se chegar a um texto de boa
qualidade. Veremos as tipologias e gêneros textuais e como se dá a composição
de parágrafos e a delimitação de tema.
Isso tudo com o objetivo de desenvolver a comunicação escrita
adequadamente para diferentes situações, ampliar os conhecimentos sobre o
sistema escrito e a troca de informações, aprender a organizar um bom texto e
a realizar a comunicação de forma clara, compartilhando decisões e respeitando
as ocorrências comunicativas.

TEMA 1 – TÓPICOS ESSENCIAIS DA COMUNICAÇÃO ESCRITA

A comunicação escrita é a maior expressão de liberdade que podemos


ter, visto que podemos escrever qualquer coisa em qualquer lugar e de qualquer
forma. Todavia, é sempre necessário respeitar o contexto em que essa escrita
será utilizada, pois ela precisa ser adequada às diferentes situações de uso.
Lembre-se de que sempre se escreve algo para alguém, a garantia de
que o leitor entenderá a mensagem transmitida é um ponto fundamental para um
bom escritor.
Desejamos que você aprimore seu processo de construção de texto e com
isso aumente seu potencial de comunicação. Isso porque a produção de texto
assume o caráter de “ponto de partida” e “de chegada” nos processos de ensino
e de aprendizagem da língua (Geraldi, 1991).

1.1 A boa escrita

A comunicação escrita está em todo o lugar e possui a propriedade de


transmitir e registrar informações. Isso porque a escrita é perene; ela é uma
forma de memória que pode ser relida, revista e retomada em diferentes tempos.
Muito do que sabemos da história antiga, por exemplo, só foi possível por haver
registro escrito dos fatos.
A escrita formal, utilizada em ambientes profissionais, tem uma
especificidade própria, pois serve para inúmeros propósitos, tanto na esfera
pública quando privada no mundo das organizações. O mais importante é que
2
ela seja breve, clara, coerente, coesa, apropriada e de qualidade tanta na parte
gramatical quanto semântico. O registro formal é utilizado em situações de
formalidade, com predomínio de linguagem culta, procedimento mais pensado e
vocabulário escolhido.
A elaboração da forma, do conteúdo e da linguagem utilizada se dá pela
qualidade e domínio dos recursos linguísticos. Para isso, é necessário muito
estudo, de modo que se tenha conhecimento dos recursos existentes na hora de
elaborar uma comunicação que dê conta de transmitir corretamente o que se
deseja e de ênfase na informatividade. Isso só acontece com a prática, com o
exercício constante.
Por haver diferentes situações de uso da escrita, algumas formas são
mais indicadas em algumas circunstâncias. Um ofício, um e-mail, um relatório
(estudaremos os gêneros textuais em outra aula) têm estruturas predefinidas
que precisam ser respeitadas. Deve-se buscar legitimar esses documentos, e a
forma que se escreve neles é uma maneira de fazê-lo. Um relatório, por exemplo,
com uma linguagem coloquial perde seu valor e credibilidade.
Um texto técnico tem característica próprias, como mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Características do texto técnico

Impessoalidade Precisão Harmonia

Objetividade Clareza Polidez

Correção
Concisão
gramatical

A impessoalidade significa não demonstrar impressões individuais, e o


uso da terceira pessoa (ele, eles) no lugar da primeira (eu, nós). Assim, não se
escreve acreditamos (primeira pessoa), e sim acredita-se (terceira).
A objetividade é tida com o uso hierárquico das informações, a
organização clara e eficaz do que se quer transmitir.

3
A correção gramatical é o respeito às normas gramaticais e ortográficas
da língua.
A concisão é a forma de escrever transmitindo o máximo de informações
com o mínimo de palavras. Deve-se evitar períodos extensos. A concisão afere
clareza à frase. A clareza possibilita a imediata compreensão do que leitor
precisa saber, o uso de termos exatos, frases curtas. É indispensável pensar no
que se deseja dizer e procurar ser direto na construção das sentenças,
prevalecer-se de uma linguagem simples e sem excesso de palavras.
A precisão é realizada com o uso do significado próprio das palavras; é a
busca de termos que digam o que queremos dizer, sem enrolação.
A harmonia é o ajustamento das palavras, frases e períodos, que,
combinados, criam um todo facilmente entendível pelo leitor. Uma mensagem
harmoniosa é elegante e soa bem aos ouvidos.
A polidez se dá com o uso de expressões respeitosas e adequadas dentro
da uma organização.
As recomendações praticas são:

• evite as expressões efetivamente, certamente, além disso, tanto mais,


então, por um lado, por outro lado, definitivamente, a dizer a verdade, a
verdade é a seguinte, pois, por sua parte e por seu lado;
• evite também o uso de palavras desnecessárias e supérfluas, adjetivação
excessiva, repetição de termos, repetição de ideias, jargão técnico,
estrangeirismos, períodos longos, ordem indireta das frases, gírias,
expressões vagas, expressões vulgares, tratamento irreverentes,
intimidade, banalidades, ironia e leviandades.

1.2 A qualidade do texto escrito

Lembre-se de que você está escrevendo um texto que será lido por outra
pessoa. Dessa forma, quando for manuscrito, a letra deve ser legível. Também
há necessidade de haver diferença entre o tamanho das letras maiúsculas e
minúsculas. Como a maioria dos textos são digitados, use sempre o corretor
ortográfico disponibilizado pelo sistema. Isso facilita muito e evita erros de
ortografia. Legível não quer dizer necessariamente bonita, mas que não haja
letras diferentes com grafias iguais.

4
Figura 2 – Legibilidade

Créditos: Very_Very/shutterstock.

A forma do texto também é importante. Diferentes documentos possuem


formatos específicos. Atente para sua construção e siga modelos comprovados.
O uso de recuo na primeira linha de cada parágrafo é uma exigência na escrita
oficial. Pela ABNT, o recuo deve ter exatamente 1,25 cm. Claro que no caso da
escrita de uma ata isso não acontece, mas como já dito, devemos conhecer a
estrutura exigida em cada gênero textual.
Assim como o recuo no parágrafo, as margens devem ser justificadas,
tanto à direita quanto à esquerda do texto. Visualmente, isso transmite
organização. O espaçamento entre linha, o tipo e a cor da fonte possuem
determinações que precisam ser conhecidas antes de escrever um texto,
também de acordo com cada diferente gênero textual.
Quanto à escrita propriamente dita, precisa ser clara, simples e direta para
ser facilmente compreendida. Não registre informações desnecessárias. As
frases curtas e na ordem direta são mais fáceis de serem compreendias. Isso
significa usar a estrutura sujeito-verbo-complemento. A frase, isto é, entre a letra
maiúscula inicial e o ponto, deve levar a uma ideia completa.
Apresente primeiro o assunto principal a ser desenvolvido. Em seguida,
desenvolva-o e conclua, havendo dessa forma uma introdução, um
desenvolvimento e uma conclusão. Isso se dá dentro de cada parágrafo e no
texto com um todo. Dessa forma, o parágrafo normalmente deve ser escrito com
pelo menos três frases.
Para isso, é necessário estruturar o texto. Faça um pequeno esquema das
ideias que serão desenvolvidas. Organize-as de acordo com sua importância em
tópicos e só então comece a escrever sobre cada uma delas. Lembre-se de que
5
em cada parágrafo, há somente uma ideia principal. Pensar uma ordem do que
vai escrever separa as ideais afins no mesmo parágrafo. Conectar as ideias de
um assunto, deixando-o mais compreensivo e com sentido mais completo, são
cuidados que deixam o texto melhor.
Um item importante é a coesão do texto. Ela se dá pela lógica
demonstrada na forma com que as ideias postas estão se complementando
harmoniosamente. Para isso, devemos nos atentar ao uso de conectores. Para
substituição de elementos repetidos, podemos trocá-los por pronomes,
advérbios e artigos. Isso dá articulação entre as orações, frases e parágrafos.
Um bom escritor não nasce pronto. Ele é resultado de muito treino, de
muita reescrita. Dessa forma, escreva sempre que puder: faça um diário, um
relatório diário de seu dia, de seus sonhos, das atividades que foram ou precisam
ser realizadas; faça resenhas de filmes e livros; escreva poesias; conte fatos de
sua infância. Enfim, desenvolva textos lendo e relendo várias vezes. Esses
exercícios vão ajudá-lo a treinar a escrita e perceber como é simples registrar as
ideias, conversar, pedidos de forma mais segura.
Sempre revise seu texto. O ideal é relê-lo um tempo depois de escrito.
Como vimos em outras aulas, nós não lemos as palavras, mas sim as ideias;
com isso, se relermos logo depois de escrever, podemos correr o risco de não
perceber algum deslize cometido. O ideal é pedir para alguém ler o texto que
você escreveu e ser realmente crítico em relação à sua produção. Ao reler,
observe se você não repetiu algum termo. Nesse caso, use sinônimos.

Figura 3 – Revisão e correção

Créditos: Andrey_Popov/Shutterstock.

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A construção gramatical deve ser precisa. Portanto, é necessário
conhecer as regras da língua. Você deve conhecer a norma padrão da língua, a
fim de que possa usá-la quando necessário, adequando-a às variadas situações
comunicativas em que ela é exigida. Estude-as, e se você acha difícil ou que há
muitas ocorrências, aprenda uma de cada vez, aprenda uma por dia.
Você percebe que nestas aulas damos uma dica ao final de cada tema?
Então, aprenda e exercite cada uma das dicas a fim de apreendê-las e não ter
mais dúvidas sobre seus usos. Não escreva nada sobre o que tenha dúvida,
consulte um bom material de apoio, pesquise, pergunte para uma pessoa que
saiba. A melhor fonte de consulta sobre a língua é a Academia Brasileira de
Letras. A instituição tem um site que ajuda a esclarecer dúvidas. Seja um assíduo
pesquisador e, assim, suas dúvidas aos poucos vão sendo esclarecidas.
O hábito da leitura ajuda muito na escrita. Ao ler, estimulamos nosso
cérebro, ampliamos o vocabulário, temos noção do uso das palavras,
percebemos construções frasais, estilos e principalmente temos mais ideias.
Com boas leituras, temos embasamento para escrita sobre diferentes assuntos.
A leitura e escrita se complementam, se completam, uma auxilia a outra na
argumentação, no conhecimento, na expressão de sentimentos e na habilidade
de entender as coisas do mundo.
Na escrita, também há regras de etiqueta que tornam o texto mais
simpático e elegante. No seu dia a dia laboral, treine usar cumprimentos formais
como “Bom dia” e “Prezado colega”, lembrando que entre o cumprimento e nome
usa-se vírgula: “Bom dia, aluno”.
O uso de abreviaturas, gírias, termos de baixo calão, clichês (frases
feitas), siglas e estrangeirismos não é recomendado. O uso de texto inteiros em
caixa alta (letras maiúsculas) ou cores como vermelho demonstram
indelicadeza. Já os agradecimentos, as desculpas e as gentilezas fazem o texto
mais agradável e refletem sua educação. É interessante terminar um texto
colocando-se à disposição: “Qualquer dúvida, estou à disposição”, por exemplo.

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Figura 4 – Dica

Atenção à grafia:

Cérebro e não célebro

Entretido e não entertido

Perturbar e não pertubar

Mortadela e não mortandela

Mendigo e não mendingo

Cadarço e não cardaço

Meio cansada e não meia cansada

Salsicha e não salchicha

Círculos viciosos e não ciclos viciosos.

Créditos: nakaridore/Shutterstock.

TEMA 2 – TIPOLOGIA TEXTUAL

A comunicação se dá por meio de textos. Os textos, por representarem a


utilização da linguagem, variam da mesma forma que as atividades humanas.
Assim, há vários tipos e gêneros de textos.
Tradicionalmente, há três tipos de textos: a narração, a descrição e a
dissertação. Podemos incluir também como tipo textual a argumentação, a
exposição, a informação, a injunção, o diálogo e a entrevista. Ela tem
características que as diferem, porém ao mesmo tempo são complementares. É
importante conhecer suas diferenças e situações de uso para que se possa optar
pela melhor estrutura na construção textual.
Os tipos textuais apresentam características próprias e invariáveis, isto é,
mesmo em diferentes contextos elas não se modificam.
Eles são:

• Tipologia narrativa (narração): contar uma história contendo tempo,


espaço e personagens envolvidos.
• Tipologia descritiva (descrição): descrever uma pessoa, um objeto, um
local, um acontecimento.

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• Tipologia dissertativa (dissertação): defender uma ideia e expor uma
opinião por meio de argumentações.
• Tipologia expositiva (exposição): apresentar um conceito, uma ideia, ou
informar sobre algo.
• Tipologia injuntiva (injunção): ensinar ou instruir sobre algo com o objetivo
de induzir a uma ação.

Figura 5 – Estrutura textual

Narração

Injunção Dissertação

Estrutura
textual

Exposição Descrição

Vamos nos dedicar às três tipologias textuais mais utilizadas: narração,


descrição e dissertação.

2.1 Descrição

Descrever é tirar uma “foto” com palavras, isto é, quando é necessário


informar características de alguma coisa, pessoa ou lugar, usamos a descrição.
Para isso, é necessária uma observação criteriosa dos detalhes. Quanto
maior o detalhamento, melhor o entendimento do leitor. O escritor coloca-se no
lugar dos olhos do leitor e escreve o que quer ele veja (imagine). A riqueza da
descrição está no uso preciso da língua para descrever sensações, emoções e
sentimentos que “a imagem fotografada” deve transmitir.
Essa representação pode transmitir ou não as sensações de quem está
descrevendo. Assim, ela pode ser uma descrição objetiva quando se apresenta

9
de forma direta, simples, concreta ou subjetiva, quando há emoção por parte de
quem descreve. Observe o exemplo do Quadro 1.

Quadro 1 – Descrição objetiva e subjetiva

Descrição objetiva Descrição subjetiva

O gênio Skakespeare segura


Shakespeare está em pé
o símbolo do final de vida.
segurando uma caveira,
Seu olhar representa a
com olhar parado.
tristeza frente à morte.

Fonte: Paola Canzonetta/Shutterstock.

Percebeu que a primeira é objetiva, não tem sentimentos? Já a segunda


é subjetiva, demonstra mais intimidade e expressa uma opinião.
Veja esta sugestão de esquema para descrever uma pessoa.

Quadro 2 – Descrição de uma pessoa

Título

1º parágrafo Abordagem da imagem a ser


Abordagem ou impressão de
descrita. Preferencialmente de
Introdução algum aspecto de caráter geral
forma direta e específica

2º parágrafo Características físicas: altura,


Desenvolvimento idade, vestimenta
Características da imagem,
dando sempre proeminência
3º parágrafo Características psicológicas: aos traços característicos
temperamento, sonhos, ideologia,
Desenvolvimento realizações

Impressão a respeito do todo da


4º parágrafo Retomada de um dos aspectos imagem. Isso deve ser feito
Conclusão mais marcantes sempre em terceira pessoa,
sem se incluir

10
2.1.1 Características de uma descrição

Figura 6 – Descrição

Ser, estar, parecer,


Verbo de ligação
permanecer, ficar…
Características da descrição

Belo, grande, feio,


Adjetivos
longo…

Não há ação, não há


Texto não dinâmico fato, não há
acontecimento.

Detalhes que fazem o


Imagem verbal leitor “ver” o ser
descrito.

O texto inteiramente descritivo é usado geralmente de forma técnica,


como a explicação de uma máquina, por exemplo.

2.2 Narração

Narrar é contar uma história verídica ou não. Essa história acontece em


um determinado tempo de lugar, tem personagens e acontecimentos. O verbo
normalmente aparece no passado, ou seja, alguém ou alguma coisa fazendo
algo em algum lugar em um determinado tempo. Ela pode ser verdadeira ou não.
A narração é um pouco mais complexa que a descrição. Ela é mais
dinâmica, há ação. Aliás, constantemente aparecem descrições dentro das
narrações.
Há vários elementos que compõem o texto narrativo:

Quadro 3 – Narração

Perguntas
Elementos Características dos elementos
norteadoras

É o fato. O que ocorreu e que está sendo narrado.


Enredo O quê?
Deve ter um começo, um meio e um fim.

São os sujeitos que participaram do acontecimento.


Personagens Quem? Protagonista(s): um ou dois personagens centrais
ou principais.

11
Antagonista: personagem secundário

O espaço de tempo em que o(s) fato(s) ocorre(m).


Tempo cronológico: é um tempo especificado
durante o texto.
Tempo Quando?
Tempo psicológico: existe um intervalo em que as
ações aconteceram, mas não se consegue distingui-
lo.

O local em que acontece o fato narrado localiza o


Espaço Onde?
leitor em determinado lugar.

É a causa do acontecimento, que estabelece a


Motivo Por quê?
origem dos fatos.

É o modo de como o fato ocorreu.


Maneira Como?
Trama, clímax, desenlace.

É quem conta o fato.


Primeira pessoa: por participar da história, é
chamada narrador-personagem.
Narrador Quem conta?
Terceira pessoa: por não participar dos fatos, é
denominado narrador-observador (ele pode ser
onisciente e onipresente).

Atenção: cada parágrafo se relaciona um com o outro, seja preparando-o


ou retomando-o. Portanto, não são isolados.
A narrativa tem como característica uma sequência dominante. Ela é
composta da seguinte forma:

Figura 7 – Sequência narrativa

Situação inicial
•Etapa do encadeamento narrativa em que ainda não se constituiu o conflito
gerador da história

Complicação
•Aparecimento e evolução do conflito

Resolução
•Fim do conflito

Situação final
•Representação finalizadora para a história

Moral ou avaliação
•Ponderação que pode ser abstraída da história contada

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Esta sequência não precisa ser seguida rigorosamente, em alguns casos
o autor pode inverter sua ordem. Depende da intenção discursiva de cada
escritor e de cada texto.

2.2.1 O foco narrativo

Como o próprio nome diz, foco narrativo significa como o narrador se porta
frente à história contada. Ele pode ser observador e não participar dos fatos ou
pode ser um dos personagens vivendo a situação narrada.

Figura 8 – Foco narrativo

Foco narrativo de A história é narrada por um dos


primeira pessoa personagens

Foco narrativo de O narrador é um observador, podendendo


terceira pessoa ser onisciente e onipresente

Cabe ao escritor escolher o foco que fará de seu texto mais eficiente e
interessante.
A narração é o tipo dominante nos seguintes gêneros textuais: contos,
fábulas, crônicas, romances, novelas, depoimentos, piadas, relatos.
O texto narrativo apresenta verbos no passado (pretérito perfeito). A
estrutura da narrativa é temporal, pois os acontecimentos estão organizados
cronologicamente.
Uma sugestão para começar uma narração é organizar as ideias com os
seguintes questionamentos:

• O que aconteceu? (enredo);


• Quando aconteceu? (tempo);
• Onde aconteceu? (espaço);
• Com quem aconteceu? (personagens);
• Como aconteceu? (trama, clímax, desenlace).

Com essas perguntas, respondidas é mais fácil iniciar o texto.

13
Quadro 4 – Estrutura do texto

Parágrafo Título

Na introdução, devem conter informações como o tempo, o espaço,


1. Introdução
o enredo e as personagens.

A trama relata o fato propriamente dito, acrescentando somente os


detalhes relevantes para a boa compreensão da narrativa. A
2. Desenvolvimento
montagem desses fatos deve levar a um mistério, que se
desvendará no clímax.

O clímax é o momento-chave e deve ser um trecho dinâmico e


3. Desenvolvimento emocionante, no qual os fatos se encaixam para chegar ao
desenlace.

O desenlace é a conclusão, quando tudo o que ficou pendente


4. Conclusão
durante o desenvolvimento do texto é elucidado.

É importante relembrarmos que cada parágrafo se relaciona um com o


outro, seja preparando-o ou retomando-o. Portanto, não são isolados.
Lembre-se de que não há uma forma fixa de escrever, assim, vale a
criatividade e o bom senso. Pense sempre para quem escrever e adapte o o
modo de fazer.

2.3 Dissertação

Dissertar é apresentar uma ideia, isto é, expor um pensamento e provar


por que ele o é. Na maioria das vezes, a dissertação é escrita sobre
conhecimentos, abstrações, exposição de ideias, argumentos e opiniões. Assim,
é um trabalho que exige reflexão, pois os parágrafos devem estar organizados
dentro de determinada linha de raciocínio. Daí a importância da capacidade
argumentativa do escritor, utilizando-se da fundamentação, justificação,
explicação, persuasão e de provas.

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2.3.1 Características da dissertação

Figura 9 – Dissertação

Tema

• Discute um tema, sendo um texto temático. Usa termos abstratos.

Ordem

• A ordenação é lógica.

Tempo

• É atemporal. O tempo mais usado é o presente do indicativo.

Situação

• Mostra mudança de situação

Há uma estrutura consagrada para a organização desse tipo de texto.

Quadro 5 – Estrutura dissertativa

Parágrafo Título

O assunto, a delimitação do assunto, o


objetivo, o tópico frasal e a formulação da tese
1. Introdução
que será provada no desenvolvimento e
explicitada na conclusão.

Ideias, pontos de vista, conceitos, informações


2. Desenvolvimento de que dispõe serão desenvolvidas;
desenroladas e avaliadas progressivamente.

Deverá apresentar um resumo claro de tudo o


3. Conclusão que já foi dito. A conclusão deve expor uma
avaliação final do assunto discutido.

Novamente, é necessário ter atenção ao fato de que cada parágrafo se


relaciona um com o outro, seja preparando-o ou retomando-o. Portanto, não são
isolados.

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Quadro 6 – Dicas para a escrita de um texto dissertativo

• Escreva sobre algo que você tenha conhecimento;


• Transforme o tema em uma pergunta;
Introdução
• Reflita sobre o assunto: quais são os argumentos favoráveis
e desfavoráveis sobre o tema.

• Selecione os seus argumentos, sejam eles favoráveis ou


desfavoráveis à sua ideia;
• Apresente exemplos, juízos, conceitos, raciocínios
Desenvolvimento evidências, relações de causa e consequência, a fim de
fundamentar a sua discussão;
• Cada parágrafo argumentativo deve expor adequadamente
uma ideia-central.

• Elabore uma síntese do conteúdo discutido;


Conclusão • Retome o posicionamento da tese;
• Dê uma perspectiva ou solução para o problema.

A dissertação exige o domínio da modalidade escrita da língua. Atente


para a ortografia, a organização das frases e principalmente conhecimento sobre
o assunto. Não se consegue escrever bem sobre algo que não se conhece.
Então, leia muito, ouça as opiniões dos outros, compare com suas ideias e
procure entender a realidade.

2.3.2 Pessoa do discurso

Os textos podem ser escritos de duas formas básicas: primeira ou terceira


pessoa.

Quadro 7 – Pessoas do discurso

• O narrador participa do texto;

Primeira • Usa-se eu ou nós e os verbos concordam com estes pronomes;


pessoa • O texto é mais parcial;
• É mais usado em narrações.

• O narrador não participa do texto;

Terceira • Usa-se ele ou eles e os verbos concordam com estes pronomes;


pessoa • O texto é imparcial;
• É usado mais em dissertações.

16
Figura 10 – Dica

Quando o verbo fazer se refere a tempo


transcorrido, ele é impessoal e fica no
singular:
“Faz meses que não chove”.
“Fazem meses em que não chove” (errado).

Quando usamos o verbo fazer associado


a outro verbo e indicando tempo,
este também fica no singular:
“Vai fazer três anos que eu não tiro férias”.
“Vão fazer três anos que eu não tiro férias”
(errado).

Créditos: Nakaridore/Shutterstock.

TEMA 3 – GÊNEROS TEXTUAIS

Os gêneros textuais são agrupamentos de textos e funções comunicativas


similares. Eles apresentam formas e construções muito parecidas, tanto em
relação à estrutura linguística (relacionadas à língua) como extralinguístico
(organização textual, suporte do texto, uso do texto).
Por muito tempo, pensou-se que os gêneros textuais se resumiam em
somente três formas: o épico, o lítico e o dramático. Bakhtin (1891-1938) um
linguista preocupado com as formas de estudar linguagem, entendeu que a
língua é resultado das práticas sociais comunicativas resultante das ações
sociais e históricas e assim expandiu a noção de os gêneros textuais. Eles são
formas textuais que indicam determinadas situações sociais de uso do texto.
Sendo incontáveis, pois inúmeras são as situações sociais.

3.1 Gêneros textuais

Quando vamos escrever, é muito interessante seguir um modelo já pronto,


verificar suas características, objetivo, forma de escrita, formato, conteúdo e
outros pontos que nos dão uma base por onde começar. Isso não significa copiar

17
literalmente um exemplo de texto, mas ter parâmetros de construção de um
novo. É aí que entram os gêneros textuais.
Os gêneros textuais são agrupamentos de modelo de texto utilizados em
determinada atividade comunicativa. Ele define necessidades e finalidades para
o uso da linguagem. São gêneros que constituem a interdiscursividade. Inter é
um prefixo que indica a relação de uma coisa com outra, assim, são textos que
possuem características similares, com as mesmas características.
Dessa forma, sempre que há a produção de um texto, ele se enquadra
em um dos gêneros, por isso sua grande quantidade. Assim, eles são maleáveis,
dinâmicos e têm diferentes estruturas de acordo com cada situação e o objetivo
de seu uso. Desse modo, não há um gênero puro; eles se misturam. O
interessante é procurar saber, antes de usar um determinado gênero, quem será
seu leitor, qual será seu objetivo, como será sua estrutura, quais informações
comporão o texto, qual será o seu ponto de vista.
Dentro do texto, há a intertextualidade que se dá em relação aos outros
textos, com coerência e coesão.

Figura 11 – Elementos de um texto

São exemplos de gêneros textuais: um relatório (perceba que os relatórios


têm características similares); um artigo, que pode ser científico ou jornalístico;
receita – de bolo ou de medicamento –; entrevista – de emprego, jornalística etc.
–, entre vários outros.
Ao escrever um gênero textual, escolhemos qual tipologia vamos
empregar. Assim, as tipologias compõem os gêneros.

18
3.2 Tipologia e gênero textual

Os gêneros textuais são compostos por tipologias diversas (narrativo,


dissertativo, descritivo). Às vezes, uma tipologia é predominante, por exemplo,
um romance, que é um gênero, é construído com narrações, descrições,
diálogos, exposições.
Veja algumas relações entre tipologia e gênero textuais.

Quadro 8 – Tipologia e gêneros textuais

NEROS

Conto de fadas
Fábula
Charge/Piada
Biografia romanceada
Notícia/Reportagem
Narrativa Romances
Casos contados em rodas de amigos
Conto etc.
Crônica (literária,
social ou esportiva)

Conto de fadas
Poema (descritivo) Crônicas: literária/social/esportiva
Fábula Notícia/Reportagem
Descritiva
Biografia romanceada Casos contados em rodas de amigos
Romances etc.

Conto

Artigos de opinião Discurso de defesa (advocacia)


Carta de leitor Discurso de acusação (advocacia)
Argumentativa Carta de reclamação Resenha crítica
Carta de solicitação Editorial
Debate regrado Ensaio

Entrevista de especialista
Texto expositivo (em
livro didático) em trechos de:
Seminário artigos científicos, notícias
Expositiva jornalísticas, verbetes de
Conferência enciclopédias;
Comunicação oral em trechos informativos de outros
Palestra gêneros, como romances, relatórios e
cartas.

Anúncios e peças
Receitas de culinária
Injuntiva publicitárias
Guias
Receitas de culinária

19
Instruções de uso Regras de trânsito Obrigações a
cumprir
Instruções de
montagem Regras de Normas de conduta
utilização
Leis
Fonte: Novos Saberes, Novos Sabores…, 2012.

Ao escrever, usamos ou criamos um gênero textual e, com isso, estamos


dando significado à nossa voz, estamos fazendo parte do processo
comunicativo. Isso é muito expressivo na nossa formação como seres humanos
e como partícipes sociais. Dessa forma, atente para os resultados que seus
textos possam ter e deixe uma boa marca no seu processo com os outros.

Figura 12 – Dica

Em relação à palavra anexo, a concordância é


feita com a palavra a que se refere:
“Anexas as planilhas”.
“Seguem os projetos anexos”.
“Envio o plano anexo”.

A expressão em anexo é invariável, ou seja, não


sofre modificações de gênero, número ou grau:
“Em anexo as planilhas”.
“Seguem os projetos em anexo”.
“Envio o plano em anexo”.

Créditos: WayHome Studio/Shutterstock.

TEMA 4 – COMPOSIÇÃO DE PARÁGRAFOS

As letras quando se juntam formam palavras; as palavras cunham frases;


e as frases criam os parágrafos. Estes devem ser claros, sucintos, objetivos e
expressar abertamente uma ideia. Por não ser somente um agrupamento de
frases, os parágrafos precisam ser estudados para entendermos sua função e
uso correto. Vamos então a mais este desafio.

20
4.1 O que é um parágrafo?

O parágrafo é uma unidade de composição textual, formando uma ideia


central (tópico frasal) e ideias secundárias que estão intimamente relacionados
com a ideia central e entre si. Ele tem em sua composição um ou mais períodos
conectados e organizados de forma a apresentar uma ideia completa. Em outras
palavras, parágrafo é formado por frases que traduzem determinada ideia (ideia
central). Isso é importante, pois cada parágrafo deve conter uma ideia central
somente. Ela é indicada visualmente com recuo na primeira linha. Veja como se
formatar um parágrafo.

Figura 13 – Formatação de parágrafos no Microsoft Word

Se quisermos escrever, por exemplo, um texto com três ideias diferentes,


devemos fazê-lo com pelo menos três parágrafos, um para cada ideia. É claro
que pode haver ideias secundárias que ficariam no mesmo parágrafo, mas estas
seriam pertinentes à ideia central.
Veja o esquema da Figura 14.

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Figura 14 – Texto e parágrafos

Ideia secundária
Parágrafo
com uma ideia
central
Ideia terciária
Texto

Parágrafo com
Ideia secundária
outra ideia central

Veja a apresentação correta de um parágrafo a seguir.

Quadro 9 – Um parágrafo corretamente elaborado

Inicia com letra maiúscula, apresentando a ideia principal (tópico


frasal). Primeira frase de introdução do parágrafo. Segunda frase de
desenvolvimento do parágrafo, referente ao tópico frasal. A terceira frase, com a
conclusão da ideia do tópico frasal, termina com um ponto.
Desenvolvimento do tema: aqui também deve haver introdução,
desenvolvimento e conclusão da ideia apresentada neste parágrafo. Use
conectivos para ligar as frases e os parágrafos, como sendo assim, desse modo,
por outro lado (há uma lista deles mais à frente).
Conclusão: mais uma vez, deverá ter a introdução da conclusão,
desenvolvimento e conclusão.

Observe que ele deve ter um recuo visível na primeira linha e ponto no
final em todos os parágrafos.
Atente que um parágrafo pode ser formado de apenas uma frase, mas
para clareza do leitor, é interessante organizar as ideias. O ideal é que ele tenha
pelo menos três frases: introdução ou tópico frasal, desenvolvimento e
conclusão. Veja:

• Tópico frasal ou introdução: a ideia central é apresentada no tópico frasal.


Normalmente, ela é apresentada logo no início do parágrafo. Trata-se da

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colocação resumida de uma ideia-núcleo. Ela pode trazer uma opinião
pessoal, um juízo, uma declaração.
• Desenvolvimento: é a defesa, a fundamentação da ideia central. Isto é, a
fundamentação do tópico frasal. Os argumentos podem ser apresentados
pelas ideias secundárias ou terciárias, confirmando a ideia central.
• Conclusão: reafirmação da ideia central. Caracteriza-se pela retomada da
ideia central, associando-a aos pressupostos mencionados no
desenvolvimento, buscando arrematá-la de forma aceitável.

4.2 Tamanho do parágrafo

Não há regras quanto à extensão de um parágrafo, o tamanho do


parágrafo está relacionado com o assunto e a intenção do escritor. Da mesma
forma, o número de parágrafos existente no texto depende do tamanho do texto.
O ideal que os parágrafos sigam um padrão, isto é, que tenham mais ou menos
o mesmo número de linhas.
Um parágrafo é formado por frases, que precisam estar ligadas de forma
coerente e coesa, ter unidade. Da mesma forma que um texto é formado de
parágrafos, que também precisam estar organizados coerentemente.
Há parágrafos que são introdutórios, expositivos, descritivos, narrativos,
argumentativos e conclusivos, como explicado na tipologia textual.
Observe que os parágrafos devem ser organizados internamente
(introdução, desenvolvimento e conclusão) e deve haver, da mesma forma,
organização entre eles, sempre fazendo a conexão: entre frases e entre
parágrafos. Veja algumas palavras, conectivos ou frases transicionais.

Quadro 10 – Conexão entre frases e parágrafos

Ideia de Conectivos

E; além do mais; novamente; igualmente; também;


Acréscimo similarmente; como complemento; sobretudo; finalmente;
primeiro; segundo; terceiro; por último; além do mais.

Contraste ou Mas; ou; pelo contrário; nem; ainda; contudo; ao contrário; por
alternativa outro lado; embora.

Assim; portanto; logo; então; concluindo; em conclusão;


Conclusão,
consequentemente; como resultado; em outras palavras;
causa ou efeito
resumindo (em resumo).

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Exemplo ou Assim; por exemplo; a saber; isto é; notoriamente
ilustração especialmente; tal como; especificamente.

Enfatizar Principalmente; ainda; mais importante.

Depois do que; mais cedo; mais tarde; até; por último; para dar
Ideia de tempo ideia de lugar: mais longe; atrás; na frente; à distância; perto; no
próximo capítulo.

Pronomes Este; esse; meu; aquilo.

Indica expansão, explanação, ilustração,


Pontuação Vírgula
intercalação, explicação, da mesma ideia.

Ponto-e- Informa que as ideias juntas estão proximamente


vírgula relacionadas ou são da mesma importância.

Os parágrafos, por formarem o texto, podem ter diversas formas


discursivas. Elas são:
• Descrição: o texto descrito aproxima-se de uma “foto” com palavras, isto
é, apresenta o objeto, pessoa, paisagem por meio de suas características.
Para tal, o uso de adjetivos é amplo.
• Narração: o texto narrativo conta uma história. Para tal, é necessário que
alguém faça alguma coisa em algum tempo e lugar.

Reveja as perguntas presentes em um parágrafo narrativo.

Quadro 11 – Perguntas para estruturar um parágrafo narrativo

Era uma vez, uma linda mocinha que usava chapeuzinho vermelho e
foi passear a pé na floresta, levando doces para a vovozinha.

O quê? O passeio da chapeuzinho. Quem? A chapeuzinho e a vovozinha.


Quando? Era uma vez. Onde? Na floresta.
Por quê? Levar doces para a vovozinha. Como? A pé.

Crédito: Pushkin/Shutterstock.

• Dissertação: o texto apresenta a defesa de uma tese, uma ideia, uma


opinião. Para tal, é necessário o uso de argumentos que defendam a ideia
apresentada.
• Declaração: é a forma mais comum de começar um texto. É interessante
começar com uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

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• Definição: a definição é um formato simples e muito usado em parágrafo-
chave, especialmente em textos dissertativos.
• Oposição: ao estabelecer a oposição, o autor pode depois elucidar os
termos que a compõem.
• Alusão histórica: a apresentação de fatos históricos auxilia a iniciar um
texto. O leitor é localizado no tempo e pode ter uma melhor dimensão da
situação.
• Pergunta: a pergunta serve para despertar a atenção do leitor para o tema.
Ela deve ser respondida ao longo da argumentação.
• Citação: usar as palavras de outro autor ajuda a continuidade do texto.
• Comparação: pode-se apresentar duas convicções distintas. Em seguida,
transita-se entre elas.

Quadro 12 – Expressões a serem evitadas

Atualmente; hoje em dia; desde épocas remotas; o mundo hoje; a cada


Evite:
dia que passa; no mundo em vivemos; na atualidade…

• Qualidades do parágrafo: veja alguns cuidados que se deve ter na


construção dos parágrafos:

Quadro 12 – Qualidade

Unidade Vincula todas as ideias entre si: a ideia central às ideias secundárias.

Coerência Organiza a sequência das ideias central e secundárias.

Consistência Uso do mesmo tom ou estilo na apresentação do texto.

Concisão O texto deve ser breve.

Ênfase Aumenta o grau de persuasão diante dos leitores.

• Revisão do parágrafo: todo o texto deve ser revisado. A revisão deve ser
feita mais de uma vez e, preferivelmente, com certo espaço de tempo
entre elas. Quando relemos os nossos próprios textos, lemos a ideia e
não o que está realmente escrito, assim é interessante pedir para que
outra pessoa leia o texto. A releitura mostra alguns deslizes que o escritor
deixou passar.

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Figura 15 – Dica

AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A

Ao encontro de: a favor de, para junto de.

“Suas ideias vêm ao encontro das minhas”


– nós pensamos igual

De encontro a:"contra, ideia


de choque, de oposição.

“Suas ideias vêm de


encontro às minhas” –
nós pensamos diferente

Créditos: Dean Drobot/Shutterstock.

TEMA 5 – DELIMITAÇÃO DE TEMA

Como já dissemos, escrever é um ato de liberdade. Podemos escolher


qualquer tema para desenvolver um texto, e a escrita não é homogênea nem
uniforme; ela admite variação. Isso se não for um texto específico, como um
ofício, um relatório ou outro gênero mais particular. Todavia, sempre será
necessário saber sobre o que se escreve e qual a temática abordada.
Temos um bombardeio de informações. Isso não significa que podemos
fazer uso delas de forma indiscriminada. Na escrita, escolhemos posições,
julgamentos, críticas, nosso juízo de valor para serem expressos. Por respeitar
o leitor, nossas ideias precisam estar organizadas claramente e, para tanto,
organizadas. Vamos ver como isso se dá.

5.1 Tema, título e tese

Vamos começar entendendo o que significa tema, título e tese. É comum


confundir esses termos, pois muitas pessoas pensam que são sinônimos, mas
não o são. Existe uma similaridade entre eles, estão conectados, mas possuem
papel diferenciado.
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O tema é um recorte do assunto que vai embasar o texto, é a ideia
fundamental que o texto apresenta. O assunto é algo amplo, maior do que o tema
e a matéria que trata o texto, determinado pelas deduções gerais sobre o texto.
A tese é uma ideia, uma opinião que se tem sobre determinado tema. Ela
será defendida durante o texto. O escritor vai tentar convencer o leitor de usa
julgamento. Nela, utilizamos argumentos que nos levam a uma conclusão.
Normalmente, a tipologia utilizada para esse tipo de abordagem é a dissertação.
O título é o nome dado ao texto. Ele é o último a ser escrito, visto que vai
apresentar uma síntese do que apresentado e tem o papel de chamar a atenção
do leito sobre o foi escrito.
Veja a representação por ordem de amplitude dessas definições:

Figura 16 – Definições estudadas

Assunto

Tema

Tese

Argumentos

O assunto é maior, mais abrangente. O tema é um recorte dele. A tese é


o nosso ponto de vista, que é defendido pelos argumentos. É como se fosse um
cone, no qual vamos recortando e modelando o assunto para chegar no
queremos dizer.
A noção dessas categorias vai garantir que o texto seja coeso. Dentro do
assunto, escolhemos um ponto de vista, elaboramos nossa tese e os argumentos
que a sustentam. Os argumentos constroem os parágrafos, que são estruturados
pelas ligações de uma ideia principal e outras secundárias, organizadas em
frases. Uma forma de ligar as ideias de um texto é o uso de conectivos como
contudo, entretanto, porém, todavia, no entanto, embora, ainda e uma vez que,
como já vimos anteriormente.

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5.1 Tema

O tema está relacionado ao assunto a ser tratado no desenvolvimento de


um texto. Se fizermos uma pesquisa, podemos verificar que há grande
quantidade de informações sobre o mesmo tema. Assim, é necessário fazer um
recorte sobre qual ponto pretendemos abordar em nossa produção. Para isso, é
realizada a delimitação do tema, isto é, qual assunto dentre de uma área se quer
desenvolver.
A delimitação são os limites dados ao assunto a ser abordado. Isso serve
para não nos perdemos, visto a gama de conteúdos ser muito ampla e também
para não fugir do tema proposto. A escolha, dentro do tema, do que se pretende
escrever, é fundamental, visto que não daríamos conta de abordar todas as
dimensões de um determinado assunto, considerando que a informação está
sempre se renovando.
Com a delimitação do tema, organizamos as ideias que constituirão os
parágrafos. Ela nos ajuda a definir quais os objetivos do texto a ser escrito. Eles
são as etapas que seu texto irá expor.
Em síntese, podemos dizer que tema é o recorte do assunto, tese é
opinião sobre o recorte e título é nome que se dá ao texto.

Figura 17 – Dica

A nível de ou em nível de

Devemos usar a expressão em nível


de somente quando houver "níveis".

“Este problema só poderá ser


resolvido em nível de diretoria”
(assessoria, secretaria...).

“As decisões tomadas em nível


federal (estadual, municipal) são
definitivas”.

Observação: 1uanto ao mar, é


aceitável dizer "ao nível do mar" ou
"no nível do mar".

Créditos: WayHome Studio/Shutterstock.

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FINALIZANDO

Vimos nesta aula os processos de escrita, tipologia e gêneros textuais,


composição de parágrafo e delimitação do tema. Para se escrever bem, há a
necessidade de ler muito, conhecer as regras gramaticais e prestar atenção na
grafia e nos parágrafos.
A atenção à lógica das ideias e ao tema também é muito importante, assim
como o cuidado com quem vai ler o texto. Pode parecer muita coisa, mas o mais
importante é treinar, exercitar a escrita sempre. Dessa forma, você superará as
dificuldades gradativamente.
Esperamos que tenha aproveitado bem esta aula!

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REFERÊNCIAS

CARNEIRO, A. D. Texto em construção: interpretação de texto. São Paulo:


Moderna, 1992.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:


contexto, 2006.

KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura e produção textual.


Petrópolis: Vozes, 2010.

KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; PAVANI, C. F. Prática textual. 6. ed. Petrópolis:


Vozes, 2009.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO,


Â. P. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucena, 2005.

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