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A Construção Do Corpus: Um Princípio para A Coleta de Dados Qualitativos

BAUER, M., AARTS, B., A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 39-63.
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A Construção Do Corpus: Um Princípio para A Coleta de Dados Qualitativos

BAUER, M., AARTS, B., A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 39-63.
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A CONSTRUÇÃO DO CORPUS: UM PRINCÍPIO PARA A COLETA DE DADOS

QUALITATIVOS

BAUER, M., AARTS, B., A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados
qualitativos. In BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e
som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 39-63.
Lidia Bradymir

Na sessão 2 deste livro, denominada “A construção do corpus”, Bauer e Aarts


discutem a metodologia de amostragem representativa e a construção de corpus
utilizado na linguística, a argumentação deles não é de substituir um por outro, mas
consideram que há limites em ambos e que, por tanto, devem ser cuidadosamente
utilizados. Contudo, tratando-se da pesquisa qualitativa, a construção de corpus seria a
metodologia mais indicada. O capítulo se estrutura em 3 fases de argumentação: 1-
revisão dos conceitos de amostragem e o problema das populações que não podem ser
conhecidas; 2- discute a construção de um corpus no campo da linguística; 3- de que
forma as regras dessa prática servem para orientar a seleção de informações na pesquisa
social qualitativa (p. 39).
No tópico que trata da amostragem representativa na pesquisa social, os autores
apontam desde o início que a vantagem desta metodologia é fornecer uma base lógica
para o estudo de partes de uma população sem que se percam informações (p. 40). A
chave para que um estudo de partes forneça um referencial seguro do todo é a
representatividade. A amostra representa a população se a distribuição de algum critério
é idêntica tanto na população quanto na amostra, por exemplo, se 40% da população
total é negra, também na amostragem 40% dos participantes devem ser. Dessa forma, a
amostragem é um conjunto de técnicas para conseguir representatividade, o referencial é
composto de uma lista específica de unidades que são levadas em conta na seleção.
Porém, a amostragem depende da possibilidade de um referencial de
amostragem, uma lista ou combinação de listas da população, ou do conhecimento das
características essenciais dessa população. O problema disso é que essa amostragem não
da conta das três dimensões que envolvem a representatividade (indivíduos, ações e
situações), as tentativas rotineiras de amostragem não se preocupam nem com as ações
nem com as situações, porque ambas não fornecem uma população definida, tampouco
pode-se definir até que ponto elas representam toda a atividade humana. Dessa forma, a
amostragem é útil, mas não para toda pesquisa.
Apresentados os prós e contras da amostragem, os autores partem para a
discussão da construção de um corpus, metodologia utilizada pela linguística. Os
autores definem corpus a partir da percepção de Barthes, como uma coleção finita de
materiais determinada de antemão pelo analista com arbitrariedade e com o qual ele irá
trabalhar. Barthes estende a concepção de corpus de apenas texto para outros materiais
como imagens e áudios, contudo, um mesmo corpus não pode ter materiais diferentes
(um apenas de textos, outro apenas de áudios, outro de imagens etc.).
O corpora linguístico são coleções de dados de linguagem que servem para
vários tipos de pesquisa, eles são estruturados a partir de vários parâmetros e podem ser
usados como banco de dados para pesquisa linguística. Atualmente eles são
computadorizados, permitindo pesquisas automatizadas. Estabelecer um corpus permite
aos linguistas fazerem diversas análises, como as variações de linguagem em diferentes
ocasiões, entre pessoas de mesmo ou diferente estrato social etc. Os corpus linguistas
aceitam duas dimensões importantes de representatividade no delineamento de um
corpus: 1- ele deve incluir a soma dos conhecimentos reconhecidos empiricamente e
diacronicamente acumulados; 2- ele deve incluir um espectro suficiente de texto dentro
da população alvo, que depende dos objetivos da pesquisa.
À cerca da aplicação dessa metodologia às ciências sociais, os autores iniciam
considerando que à medida que a pesquisa qualitativa ganha magnitude, a seleção de
entrevistas e textos exige um tratamento mais sistemático. Eles distinguem corpora
para propósitos gerais de corpora tópico, o primeiro é delineado visando um amplo
espectro de questões de pesquisa, são comparáveis aos censos realizados a cada 10 anos,
o segundo é planejado para um fim estritamente definido de pesquisa.
Define-se então 4 regras para a construção de um corpus nas ciências sociais, a
partir das etapas definidas pelos linguístas:
Regra 1- Proceder por etapas: selecionar; analisar; selecionar de novo: para
essa etapa é considerada as sugestões de Barthes para o delineamento do corpus:
relevância, homogeneidade, sincronicidade. Os assuntos devem ser teoricamente
relevantes e devem ser coletados a partir de um ponto de vista. Seus materiais devem ser
homogêneos, como citado anteriormente, e também os materiais a serem estudados
devem ser escolhidos dentro de um ciclo natural: devem ser sincrônicos. O ciclo natural
da mudança define o intervalo de tempo que um corpus de materiais relevantes deve ser
selecionado.
Regra 2- Na pesquisa qualitativa, a variedade de estratos e função precede a
variedade de representações: A pesquisa começa com estratos e funções externas.
Regra 3- A caracterização da variedade de representações tem prioridade sobre
sua ancoragem nas categorias existentes de pessoas.
Regra 4- Maximizar a variedade de representações, ampliando o espectro de
estratos/funções em consideração.
Essas regras garantem que o processo de construção seja cíclico, o pesquisador
deve começar pelos estratos e funções externos e continuar aberto para novos estratos
que possam aparecer, isso faz com que em algum momento acrescentar estratos torne-se
irrelevante, significa que a pesquisa está saturada e deve finalizar. Neste ponto, deve-se
fazer uma análise final, revisando o espaço social à luz dos achados, depois eles podem
ser relatados ou pode-se retomar o procedimento cíclico.

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