PR-DF-00026697/2023
PR-DF-00075583/2022PR-DF-0007PR-DF-0007558PR-DF -
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA - DISTRITO FEDERAL
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GABINETE DE PROCURADOR DA REPÚBLICA
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Referência: IC nº 1.16.000.000196/2023-11
Trata-se de inquérito civil instaurado para apurar possíveis ações e omissões de
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agentes públicos que possam ter contribuído para a ocorrência dos atos criminosos de invasão e
depredação da sede dos três Poderes da República em Brasília/DF, ocorridos no dia
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08/01/2023, que possam importar em atos de improbidade administrativa em prejuízo a
interesses e bens da União.
O feito foi detalhadamente relatado por meio do despacho de etiqueta PR-DF-
00012135/2023.
Por meio do referido despacho, foi determinada a realização das seguintes
diligências complementares:
i) A oitiva:
i.1) Do então chefe do Departamento de Operações da
Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime,
que estava licenciado dia 8/1;
i.2) Do coronel Klepter Rosa Gonçalves, atual comandante-
geral da Polícia Militar, e então subcomandante- geral da
polícia militar no dia 8/1;
i.3) Do então comandante-geral da Polícia Militar coronel
Fábio Augusto;
i.4) Do então secretário adjunto de segurança pública do DF
Fernando de Souza Oliveira;
i.5) Do então secretário de segurança pública do DF
Anderson Torres;
i.6) Do governador afastado do Distrito Federal Ibaneis
Rocha;
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ii) Solicitar ao governo do Distrito Federal o encaminhamento do
relatório final feito pelo então interventor federal Ricardo Capelli
acerca dos acontecimentos do dia 08/01/2023;
iii) O contato com o servidor do GSI apontado no ofício de
etiqueta PGR- 00032029/2023, para fins de obtenção e
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armazenamento das imagens das câmeras de segurança do
Palácio do Planalto e anexos;
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iv) Solicitar resposta do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República ao ofício de etiqueta PR-DF-
00008419/2023;
v) Solicitar resposta da Procuradoria de Justiça Militar em
Brasília ao ofício de etiqueta PR-DF-00009525/2023;
vi) Expedir ofício à Delegacia Geral da Polícia Civil do Distrito
Federal requerendo o envio de cópia de eventuais procedimentos
investigatórios instaurados para apurar a conduta ativa ou passiva
de policiais civis do DF relativa à condução das invasões à sede
dos três poderes da República, ocorridas no dia 08/01/2023;
I- Das oitivas realizadas:
I.1- Em relação às oitivas de JORGE EDUARDO NAIME e de ANDERSON
TORRES, presos por ordem do STF, registra-se que não foi possível realizá-las, visto que
encontram-se no aguardo o envio pela PGR do encaminhamento do pedido ao Ministro
Alexandre de Moraes (PR-DF-00017641/2023 e PR-DF-00017649/2023).
I.2- A oitiva do coronel KLEPTER ROSA GONÇALVES ocorreu no dia
28/02/2023, às 16 h, conforme documento de etiqueta PR-DF-00020185/2023, em que:
Informou que, como Subcomandante-Geral da PMDF, tinha
responsabilidades assessorar o Comandante-Geral e coordenar as
rotinas gerenciais de interesse da Governança, principalmente
quando envolvia mais de uma área (geralmente a maior demanda
envolve a logística, saúde e de Pessoal da Corporação). Que as
demandas operacionais são direcionadas e desenvolvidas
diretamente pela estrutura do DOP. Que, em algumas
oportunidades, a depender do caso, nas demandas por operação
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em que o DOP precisa de apoio de efetivo de outros
Departamentos, este elabora o planejamento e o Subcomando-
Geral apenas valida o apoio dos demais departamentos (logística,
saúde, ensino e gestão de pessoal).
Que recebeu, salvo engano na quarta-feira, as primeiras
informações acerca das manifestações que ocorreram no fim de
semana de 08 de janeiro de 2023, por parte do Tenente coronel
Waldicharbel Gomes Moreira, do Centro de Inteligência, o qual
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informou que não tinha maiores detalhes e que, até aquele
momento, não havia grande engajamento.
Que, na sexta-feira pela manhã, dia 06 de janeiro de 2023, houve
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reunião do Alto Comando da PMDF - colegiado composto pelo
Comandante-Geral (então, o coronel Fábio Augusto); seu
substituto (na ocasião, o próprio depoente); e outros 11 Coronéis
da Instituição. E, na oportunidade da reunião, o coronel Paulo
José (então responsável pelo DOP - Departamento de Operações)
relatou sobre os eventos previstos para o fim de semana, tendo
obtido a resposta de que tudo estava organizado, que o CEL
Casimiro participaria de uma reunião na SSP para tratar da
manifestação prevista na Esplanada no final de semana e que
desta reunião o DOP e o 1º CPR fariam a previsão necessária para
o policiamento. O TC Waldicharbel do CI relatou aos presentes
que continuavam sem informações a respeito do movimento, o
que indicaria que não teria grande adesão e que o acampamento
no QG do Exército estava diminuindo consideravelmente, o que
levava a crer que o evento seria tranquilo.
Esclareceu que o Departamento de Operações e sua estrutura é
responsável pela organização para eventos da referida natureza.
Quando o DOP utiliza todo seu efetivo e estrutura e ainda precisa
de mais recursos, havendo necessidade de emprego de efetivo de
outros Departamentos (Complexo Administrativo), o DOP faz tal
pedido ao Subcomandante-Geral que deixa pré-autorizado o
acionamento destes pelo DOP.
Que, na manhã de sábado, após notar no grupo de comunicação
por aplicativo do Centro de Inteligência a informação de que
alguns ônibus chegaram ao QG do Exército, conversou
novamente com o coronel Paulo José e indagou se estava ciente
do aumento de manifestantes, como também se o DOP estava
dimensionando o efetivo para atender a demanda no sábado,
domingo e na segunda, inclusive para o período noturno. O CEL
Paulo José afirmou que estava tudo organizado e que inclusive o
Departamento de Ensino (DEC) teria disponibilizado parte do
efetivo dos alunos do Curso de Formação de Praças, além das
tropas da estrutura do DOP, inclusive efetivo de serviço
voluntário gratificado (SVG) remanejado para a Esplanada, além
de tropas do Comando de Policiamento de Missões Especiais e do
Comando de Policiamento de Trânsito.
Relatou que tomou a iniciativa de ligar para o Departamento de
Ensino (DEC) e determinar que colocassem a maior quantidade
possível de efetivo em apoio ao DOP, bem como que o Chefe do
DEC entrasse em contato com o CEL Paulo José para acertar os
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detalhes de efetivo, apresentação, horários, etc. Tal medida,
segundo informado pelo DEC e pelo DOP, colocou em torno de
mais 200 policiais militares empregados no evento do dia 08 de
janeiro.
Que ainda no sábado também conversou com o CEL Casimiro,
Comandante do 1 CPR, o qual informou que o policiamento
estava acertado com o DOP tanto para o sábado a noite quanto
para o domingo. O CEL Casimiro alegou que o 1 CPR já passava
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por esta situação dos manifestantes do QG há três meses, que
seus Oficiais eram bons e sabiam o que fazer e que se fosse
preciso ele mesmo iria para o terreno com os Comandantes de
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Batalhão. O CEL Casimiro, ainda, disse que não tinha
confirmação se os manifestantes desceriam realmente para a
Esplanada ou qual o horário desceriam, mas que manteriam
policiamento na Esplanada o tempo todo.
Acrescentou que conversou, também no sábado, com o então
Comandante-Geral CEL Fábio Augusto e que, em razão de sua
decisão, foi colocado todo o efetivo da PMDF de sobreaviso,
podendo ser acionado pelo Departamento de Operações caso
necessitasse de reforço no policiamento para a partir das 07h do
domingo.
Contou que, no domingo pela manhã, conversou com o coronel
Paulo José e
recebeu a informação de que estava tudo em ordem. Que ainda
não havia confirmação se desceriam para a Esplanada, nem que
horário isso aconteceria. Que perguntou ao coronel Paulo José se
o Comandante-Geral, CEL Fábio Augusto, estava no local, tendo
o mesmo respondido que sim, que inclusive teria orientado a
aumentar o efetivo e que ele acionaria mais duas companhias de
Comandos Regionais para o local.
Que entre 14h30 e 15 h teve notícia da marcha e invasão do
Congresso Nacional por manifestantes. Após ligar para o CEL
Fábio Augusto, convocou todo o efetivo da PMDF para se
apresentar imediatamente e ser empregado na Esplanada. De
imediato, se deslocou para a Academia de Polícia Militar, ponto
de encontro determinado, com a finalidade de se preparar e
organizar as tropas para a Esplanada. No entanto, por
determinação do Secretário de Segurança, repassada pelo perito
Carrara, deslocou-se para a SSP onde passou a integrar a reunião
que ocorria no gabinete de crise da Secretaria de Segurança.
Naquela reunião, o Secretário-Executivo da SSP (que, então,
respondia pela pasta) orientou que todas as pessoas que tivessem
rompido as linhas de contenção e invadido os prédios deveriam
ser presas.
Que, na noite do domingo, 08 de janeiro, esteve na via N/1,
próximo a entrada para QG do Exército, tendo tomado
conhecimento de que o General Dutra, Comandante Militar do
Planalto, solicitou ao Sr. Ricardo Capelli, Interventor na SSF/DF,
para não desmobilizar o acampamento naquela noite, que o
fizessem na manhã seguinte. Que houve reunião entre o General e
outras autoridades militares e da Segurança Pública, mas desta
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reunião não participou.
Esclareceu que, como Subcomandante-Geral, se reportava,
sempre, ao seu superior na Instituição. Que como Comandante-
Geral se reporta ao Secretário de Segurança. E que não há, em
regra, contato direto com o Governador do DF.
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I.3- No depoimento do então comandante-geral da Polícia Militar coronel FÁBIO
AUGUSTO, colhido no dia 1º/3/2023, a partir das 14h00, foi dito, em suma, que (certidão de
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etiqueta PR-DF-00019139/2023):
Que na época dos fatos era o comandante-geral da Polícia Militar,
sendo, portanto, o gestor estratégico e político da corporação.
Que exerce a função desde 1º/4/2022, e comandou diversas
operações de sucesso, como o 1º e 2º turnos das eleições e o 7 de
setembro.
Que a PM fazia o monitoramento dos acampamentos, porém, por
ser área militar, era de responsabilidade do exército. O exército
dizia que tudo estava sob controle e que não precisaria fazer
retirada de carros e barracas dos acampamentos.
Foram feitas tratativas com o comando militar do planalto para
retirar os manifestantes do acampamento, e ficou estabelecido
que no dia 29/12/2022, a partir das 6 h, seria iniciada a operação
de retirada. O declarante foi pessoalmente no local para
acompanhar a operação. Cerca de 500 homens foram mobilizados
de todas as unidades da PM, incluindo cavalaria, bope, bpchoque,
rotam, grupo tático operacionais, pois a ideia era desmobilizar o
acampamento, pois não tinha condições de continuar desde o dia
12/12/2022, quando houve tentativa de invasão da sede da PF.
Ficou combinado com o exército brasileiro, através do general
Dutra, que o Exército seria o responsável pela operação, pois era
uma área de administração militar. Ocorre que o general do
Exército entendeu que o emprego daquele efetivo da PM poderia
trazer algum risco para as pessoas que estavam lá e decidiu
continuar a operação de desmobilização do acampamento apenas
com o exército e o DF Legal. Então não foi possível realizar a
desmobilização, pois sem a PM, o DF Legal recuou.
Depois do dia 12/12/2022 o acampamento reduziu bastante o
número de manifestantes. No sábado, 7/1/2023, véspera das
invasões, tinham cerca de 300 pessoas. Acredita que no auge do
acampamento, em novembro de 2022, havia cerca de 5000/6000
pessoas o habitando.
Acredita que a não desmobilização do acampamento foi um dos
fatores que ocasionou os fatos do dia 08/01/2023.
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Não foi detectado, nem com a informação de inteligência, de que
havia armamento no acampamento.
No dia da posse, o comandante da operação era o coronel Naime,
chefe do DOP, junto com o coronel Casimiro, comandante do 1º
CPR.
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O chefe do DOP é o responsável por todo o policiamento. O 1º
CPR possui 6 batalhões subordinados a ele. O comandante do 1º
CPR é quem está mais ligado à execução do planejamento.
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O chefe do DOP faz a coordenação, por exemplo, retirar um
efetivo de um lugar, remanejar, reforçar.
O declarante, na condição de comandante-geral da PM, não é o
comandante da operação, ele acompanha de longe e motiva o
policiamento. Não é papel do comandante-geral permanecer o
tempo todo no “terreno”, pois em determinado momento ele pode
sair para resolver uma questão estratégica.
Na manhã de sexta-feira, 6/1/2023, o declarante ficou sabendo
pela coronel Cintia, da possível manifestação que ocorreria no
fim de semana que se seguia. O declarante ficou sabendo pelo
chefe do DOP em exercício, coronel Paulo José, de que o coronel
Casimiro e o major Flávio estariam na reunião com a SSP, e que
tinha sido repassado que o ânimo da manifestação era pacífico e
que teria baixa adesão.
Outro problema que o declarante identifica no dia é que o
posicionamento dos gradis estava errado.
No momento da invasão, quando já estava no embate, quando
recebeu uma ligação do secretário, mas não foi possível ouvir,
porém o declarante disse que se comprometeria a restituir os
prédios, restabelecer a ordem e efetuar prisões.
Outra coisa que não houve foi reunião da secretaria com o chefe
de segurança, nem de emergência; não foi feito o protocolo tático
integrado publicado pelo secretário de segurança; a célula
integrada de inteligência permaneceu remota e só foi acionada
presencialmente a partir do momento em que houve o
rompimento das linhas, o que é um problema, pois essa célula é
que traz as informações para mudar o planejamento.
A PM sofre um dilema, pois antigamente eles faziam a repressão
e depois sofriam abuso de autoridade. Além disso, segundo um
recurso extraordinário do STF, nem precisa de comunicação da
realização manifestação, basta circular a informação nas mídias
que é dado como suficiente para organizar o policiamento.
Para esse movimento do dia 8/1 não havia uma liderança,
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surgiram convocações nas redes sociais sobre a ida de ônibus para
Brasília.
A autorização para fretamento de ônibus é da ANTT e a
fiscalização das rodovias é da PRF.
Na sexta-feira o subcomandante geral, o comandante do DOP e o
coronel Casimiro disseram que estava tudo providenciado para as
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manifestações que ocorreriam no fim de semana.
O aumento de ônibus que chegaram foi maior de sábado para
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domingo.
As informações de inteligência era sempre de que os ânimos eram
pacíficos.
Outro problema que o declarante aponta é a mudança de muita
gente na secretaria a partir do dia 2/1/2023, o que afeta o fluxo da
informação. Se a PM não é demandada pressupõe-se que tudo
está indo bem.
Até o dia 1º/1, o subsecretário de inteligência era o Dr. George,
que sempre fazia um relatório com as informações de
inteligências, as hipóteses e as conclusões e difundia-o, chegando
ao conhecimento do declarante. Após o dia 1º quem assumiu a
função era Marília, que não seguia esse procedimento adotado
pelo Dr. George.
As informações de inteligência sobre depredação não foram
divulgadas nem para as agências que pertencem ao sistema
integrado de inteligência. Foram divulgadas em grupo de
whatsapp, não foi da forma que ocorria antes.
Assim, a inteligência tinha informação de que os ânimos eram
pacíficos.
No sábado a tarde, o declarante recebeu ligação do chefe da casa
civil, Dr. Gustavo Rocha, que falou da preocupação do governo
federal com os atos do dia 8. O declarante disse que pediria ao
DOP um reforço do efetivo e que fossem empregadas as
especializadas de forma massiva.
Assim, o declarante pediu o reforço ao coronel Paulo José e ao
coronel Casimiro.
O declarante não tinha uma interação grande com o secretário
Anderson Torres. Ele só teve uma reunião anterior aos fato com o
secretário na terça-feira, que durou cerca de 10 a 15 minutos.
O governador, ao longo do mandato, sempre demonstrou
preocupação com essas manifestações, não queria que os
manifestantes ocupassem a esplanada.
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No domingo o declarante chegou na esplanada por volta de
8:30/9 h e descobriu que o comandante da operação era o major
Flávio Alencar. O major disse que estava tudo tranquilo.
Encontrou a coronel Cintia e outras pessoas, cumprimentou os
policiais. O número de manifestantes era baixíssimo nesse
horário.
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O gradil chamou a atenção do declarante, pois só tinha o gradil
duplo sem barramento. O gradil geralmente é de responsabilidade
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do Congresso e às vezes do GSI.
O declarante também observou, junto com o seu ajudante de
ordem, capitão Josiel, que o comando móvel não estava lá. O
declarante ligou para o coronel Adão e o coronel Resende, que
informaram que havia algum problema com internet e que não foi
encontrado motorista, e o comando móvel não chegou.
O declarante também verificou que não foi solicitada água e
refeição para a tropa, e o coronel Resende informou que o DOP
não tinha feito provisão e que precisaria de 48 horas para acionar.
Posteriormente a SSP conseguiu água com a Caesb e a PM
também conseguiu.
Viu também que a tropa não estava com exoesqueleto. O major
Flávio e o coronel Paulo José informaram que não estava
previsto, e o declarante então falou que era para mandar buscar.
O declarante acreditava que o DOP tinha feito o plano de
operações/ordem de operações, porém, após os fatos e com a
divulgação do relatório do interventor, ele descobriu que não foi
feito. O DOP é quem faz o quantitativo de efetivo a ser
empregado nas operações. Essa atribuição também poderia ter
sido delegada para o 1º CPR, o declarante não tem essa
informação.
Quando o declarante ia verificando as falhas, ele cobrava o
coronel Paulo José, que era o comandante do DOP em exercício,
para ir ligando e acionando rapidamente.
Depois dos fatos, o declarante tomou ciência que a cavalaria não
estava escalada.
Quando viu as falhas, o comandante ligou diretamente para o
comandante das especializadas para acioná-las, por isso elas
chegaram cerca de 15:30 h, se não elas chegariam perto de 10 da
noite.
Quando os manifestantes começaram a descer, o declarante se
posicionou na linha do Congresso. Ele teve a sensação que
quando os manifestantes chegaram na linha do Congresso é que
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foi dado o comando para a invasão, e 10 a 15 pessoas puxaram o
gradil de uma vez, e como não tinha barramento, foram
derrubados.
O declarante foi em direção à chapelaria, entrou no combate
contra os manifestantes e em determinado momento foi atingido
por um cone na cabeça.
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Quando ele ingressou no Congresso ele percebeu que os policiais
legislativos estavam com o efetivo de segurança reduzido. Não
tinha a linha de choque dos policiais legislativos atrás. Quando o
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declarante entrou no Congresso ele viu 3 servidores de lá. Os 3
juntos com o declarante tentaram impedir a invasão do plenário.
Neste momento é que o declarante recebeu a ligação do secretário
Anderson Torres, mas não foi possível ouvir, por conta do
barulho. A vice-governadora Celina Leão também ligou para o
declarante pedindo para fazer contato com a polícia legislativa. O
Gustavo Rocha também ligou.
O declarante falou com o comandante do choque, major Pacheco,
para que ele fosse até o Congresso, porém ele não chegou. O
declarante junto com o policial legislativo Paul ficaram
aguardando para que o choque pudesse entrar pelo anexo 2.
Nesse momento já havia chegado mais efetivo da PM no
Congresso e o declarante foi até o STF para buscar o Choque.
Quando ele chegou ele viu o STF tomado e começou a entrar em
confronto com os invasores.
O efetivo da polícia judiciária também era muito pequeno.
Depois chegou o COT da PF com munição química, que
conseguiu auxiliar na retirada das pessoas.
O declarante conseguiu localizar o major Pacheco e eles foram
junto com o Choque para a Câmara pelo anexo 2, quando
começam a fazer desocupação de dentro pra fora.
O declarante não foi ao Planalto pois imaginou que o GSI teria
pelo menos 1000 homens do exército, mas não tinha. Todas as
pessoas que ele conversou depois disseram que não tinham
reforçado o pessoal diante das informações que tinham de animus
pacífico dos manifestantes. Porém para movimentar uma tropa do
exército é mais rápido do que da PM.
Depois de esvaziarem os prédios foi feita a varredura dos
manifestantes em linha. O declarante determinou um efetivo para
refazer os gradis para impedir novas invasões.
A intenção era encurralar os manifestantes no buraco do Tatuí e
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prender todo mundo, porém não teve jeito, pois eles desceram
pelos buracos. Foram subindo até chegar no SMU, onde então
seriam realizadas as prisões. O interventor federal tinha entrado
em contato com o declarante determinando a realização das
prisões.
Ficou acordado de encontrar o declarante com o general Dutra e o
interventor na Rainha da Paz. Quando o declarante chegou o
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general estava conversando com o presidente Lula. Quando
terminou a ligação o general informou que acertou com o
presidente Lula que a operação não ocorreria naquele dia. O
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interventor não gostou e disse que a operação teria que ocorrer
naquele dia. Foi marcada uma reunião com o general Arruda, o
general Dutra, o interventor e um outro general 4 estrelas.
Quando o declarante chegou, havia uma linha do exército para
não permitir a entrada da PM na área militar.
Na reunião foi falado que o presidente Lula não queria a prisão
naquele momento e então o interventor ligou para o ministro da
Justiça, e ficou acordado que seria feita outra reunião com o
ministro da justiça, ministro da defesa, comandante do exército e
o comandante militar do planalto. Esta reunião ocorreu 20-30
minutos depois em uma sala separada.
Após a reunião o declarante foi atrás do interventor para saber a
posição, e o interventor entrou no carro do ministro da justiça e
falou para o declarante aguardar que entraria em contato.
Depois o general Dutra informou ao declarante que cercariam a
área e, no dia seguinte, às 6 h iria ser feita a operação para
desmobilização e prisão pela PM.
A responsabilidade pela contenção das pessoas até o dia seguinte
ficou por conta do exército.
No dia seguinte ocorreram as prisões, tendo sido levados
manifestantes em 52 ônibus ao todo. Depois o declarante foi
exonerado do cargo.
No outro dia o declarante foi preso, em casa, por ordem do
ministro Alexandre de Moraes. Foram apreendidos computador e
celular, o declarante passou a senha.
Houve uma comoção por parte dos outros policiais, pois eles
viram o declarante atuando no dia.
Deixou consignado que da parte dele não houve nenhuma
omissão, nenhuma tentativa de facilitação, tanto que esteve
atuando no terreno desde o início, procurando corrigir eventuais
falhas que encontrou, que não tinha conhecimento de que não
havia sido feito planejamento depois da reunião da SOP. Dentro
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das atribuições dele de comandante-geral ele fez o possível,
mobilizou a tropa. Ressaltou que não presenciou nenhum policial
militar que tenha omitido ou resistido a cumprir determinada
ordem.
I.4- No depoimento do então secretário adjunto de segurança pública do DF
FERNANDO DE SOUZA OLIVEIRA, ocorrido no dia 1º/3/2023, foi dito que (certidão de
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etiqueta PR-DF-00019150/2023):
Na época dos fatos era secretário-executivo de segurança pública,
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que tem por função auxiliar as políticas pública da secretaria,
integrar as forças policiais e substituir, nos impedimentos legais e
afastamentos, o secretário de segurança pública.
No dia 8 o secretário Anderson ainda era o titular da pasta em
razão das suas férias só começarem no dia 9/1. No dia 9 o
declarante assumiria formalmente a secretaria, então no dia 8 ele
estava em uma substituição eventual, tanto que se reportava
constantemente no sábado e domingo ao secretário, que estava
em viagem particular.
O primeiro contato do declarante com o governador Ibaneis foi
no sábado, por um pedido do secretário Anderson Torres, para
tratar sobre as manifestações. Até então o declarante não tinha
contato com ninguém, não conhecia o governador e nem nenhum
comandante, ele tinha tomado posse na terça-feira e começou a
trabalhar quarta-feira.
Ele tinha o cronograma de conhecer 2 subsecretarias por dia, ele
tinha o total de 6 subsecretarias sob sua responsabilidade.
Quinta-feira chegou notícia da manifestação. Na quinta-feira ele
se reuniu com a coronel Cíntia, que é a subsecretária de
operações. Ela explicou que tinha conduzido várias manifestações
com êxito. Ela apresentou ao declarante como funcionava o
protocolo de ações integradas.
O nível operacional do protocolo é feito por cada órgão de
segurança, incluindo o quantitativo a ser empregado, que, no caso
da PM, é feito pelo DOP.
Na sexta, às 10 h, houve uma reunião do declarante com a
coronel Cíntia, o secretário Anderson e o general Dutra, para
tratar da desocupação do QG. O secretário Anderson colocou a
secretária à disposição para poder fazer a desocupação a qualquer
momento, pois a PMDF já tinha tentado desocupar por 3 vezes
anteriormente, e por motivos alheios às forças de segurança do
DF não tinha ocorrido. O general Dutra ficou por conta de ver
uma data melhor para desocupar.
Ao fim dessa reunião tinha outra reunião referente ao
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planejamento de operações integradas com os órgãos de
segurança para planejarem os dias 7, 8 e 9. Tinha polícia
legislativa, PM, PC, Detran, bombeiro, DF Legal, dentre outras.
O declarante e a coronel Cíntia foram para a reunião. O secretário
não foi para essa reunião.
Quando chegaram já tinham sido discutidas as ações de cada
instituição. Todos já saíram da reunião com suas atribuições
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definidas.
Havia notícias de que poderia ser violenta a manifestação.
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O PAI foi aprovado pelo secretário.
Na quarta-feira ou quinta-feira havia sido criado um grupo
chamado “Difusão” e outro “Perímetro” composto por
inteligência de várias forças de inteligência que faziam o
monitoramento in loco. Eles enviavam mensagem em tempo real.
Na madrugada de sexta para sábado chegaram poucos ônibus.
Sábado de manhã a movimentação continuava muito baixa.
No sábado à tarde ele entrou em contato com o governador
Ibaneis a pedido do secretário Anderson. O declarante disse ao
governador que estava fazendo o monitoramento da situação. O
governador informou sobre uma reunião com os focais do
Ministério da Justiça para tratar sobre as manifestações. O
declarante, junto com a coronel Cíntia, foram na reunião para
apresentar a operação. O Ministério da Justiça também estava
preocupado. Participaram da reunião o Dr. Andrey, diretor-geral a
PF e outras pessoas da PF. Colocaram à disposição a Força
Nacional. Na reunião o declarante mostrou as ações que seriam
adotadas. Os policiais da Força Nacional foram alocados na sede
do Ministério da Justiça e da PF.
Na noite de sábado o declarante reportou ao governador que o
Ministério da Justiça se colocou à disposição e que ele não queria
a descida de ônibus, o que já estava determinado no plano
original. O governador solicitou que fossem repassados 4
relatórios diários para ele. Essas informações foram repassadas
ao secretário Anderson.
O declarante continuou monitorando, por volta de 23:30 h do
sábado ele estava conversando com os comandantes para saber
sobre a situação nos grupos e todos respondendo que estava tudo
certo.
No domingo pela manhã ele volta a monitorar e todos
respondendo que estava tudo certo. A coronel Cíntia informou
que havia um efetivo maior do que o habitual, o que passou
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tranquilidade ao declarante. Diante dessas informações o
declarante informou na parte da manhã ao governador de que
estava tudo tranquilo.
Às 13:23 h ele informou novamente ao governador que o
ambiente estava tranquilo, que os manifestantes tinham se
reunido com a PM no QG. A esplanada estava vazia e o
declarante tinha recebido o informe de que o clima estava
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tranquilo, que a caminhada era pacífica. Já estava previsto no PAI
a descida com escolta, para viabilizar a continuidade do trânsito,
o não atropelamento de pessoas, evitar depredação e violência.
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Quando houve o rompimento da barreira do Congresso o
declarante se deslocou para frente do Itamaraty e começou a
acionar as autoridades. O comandante Fábio estava tentando
contornar a situação, a PM tentando repor a linha.
A partir daí o declarante tomou a decisão de instaurar o gabinete
de crise e recrutar todas as tropas e todos os policiais, acionar
todas as tropas de sobreaviso, para se deslocarem para a
esplanada para fechar do Congresso para trás, onde estava o
Planalto e o STF. Quando determinou a instauração do gabinete
de crise ele estava se dirigindo à secretaria de segurança, e se
reuniu com o subcomandante geral da PM, coronel Klepter, o
diretor da polícia civil e a comandante dos bombeiros, para
acionarem as tropas.
O declarante estava sem entender onde estava a PM e a tropa de
choque. Tem vários áudios dele solicitando apoio. Solicitou ao
governador o acionamento da Força Nacional.
Como o declarante estava na primeira semana, ele não
conhecia/tinha o contato de todos os comandantes da polícia, mas
ele tinha os assessores que conheciam.
Tem mensagem do governador determinando que fosse acionada
toda a tropa. O governador também determinou que fossem
presas as pessoas em flagrante.
O secretário de segurança, Anderson Torres, entrou em contato
com o declarante e disse para não deixar invadir o Supremo.
O Ministério da Justiça também entrou em contato com o
declarante.
A chegada do reforço demorou. O declarante não sabe a razão.
Ele até mandou mensagem cobrando o comandante Fábio.
Depois da intervenção o interventor foi para a secretaria assumir
o comando. O declarante se colocou à disposição do interventor,
que determinou a retomada da esplanada. Eles desceram para a
esplanada. Nessa hora já havia um efetivo bom de policiais, que
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estavam retirando os manifestantes da esplanada. Havia muito
confronto, o Choque tentando repelir os criminosos.
Quando chegaram no QG seriam realizadas as prisões, porém o
declarante não sabe porque elas não foram realizadas naquele dia.
Na segunda, as 6 h, o declarante estava presente no momento em
que foram feitas as prisões.
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Depois retornou para a secretaria cumprindo todas as ordens que
o interventor determinava até a sua exoneração, na terça-feira à
noite.
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O declarante aduz que só tomou as providências, porque não
houve o cumprimento das ações planejadas na sexta-feira.
Quando saiu o relatório do interventor que o declarante ficou
sabendo que o DOP da PM não tinha feito a ordem de serviço.
O declarante diz que a PM não cumpriu com o que estava
previsto no PAI, como, por exemplo, deixar tropa de efetivo nas
adjacências e na rodoviária.
Houve um erro de execução da operação. Houve também uma
passividade de alguns policiais.
Informou que possui 18 anos na PF, nunca respondeu por
nenhuma sindicância. Que tinha 5 dias na secretaria de segurança
quando ocorreram os fatos. Não participou de qualquer conluio,
não tem contato com político, senadores, deputados,
governadores, comandantes. Não possui filiação partidária, redes
sociais, possui um perfil reservado.
I.5- No dia 15/03/2023 foi ouvido o governador do Distrito Federal IBANEIS
ROCHA, que aduziu que (certidão de etiqueta PR-DF-00023094/2023):
Na quinta-feira começou a ter notícia das manifestações, de que
chegariam alguns ônibus em Brasília, através dos jornais.
A semana anterior foi muito movimentada, pois vinha de uma
preparação muito grande para a posse do presidente Lula. A
preocupação era grande desde a diplomação, havia um receio de
que houvesse uma manifestação por conta do pessoal que estava
no QG.
Houve uma preparação para a diplomação e, de fato, durante a
diplomação, não houve nenhum problema. O problema foi a noite
quando o ministro Alexandre de Moraes mandou prender um
indígena que estava nas manifestações, no dia 12/12, e aí o
pessoal que estava nos acampamentos começou a descer e fazer
um quebra-quebra.
A partir de então a concentração foi para a posse, houve um
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grande esquema de segurança, com toda a polícia mobilizada,
foram canceladas todas as folgas dos policiais e foram
prorrogadas para as semanas seguintes à posse, para que
ocorresse a posse tranquila, como de fato ocorreu.
No período que antecedeu à posse houve reuniões com o ministro
Flávio Dino, ministro José Múcio, a própria esposa do presidente,
Janja, teve no Palácio do Planalto. O declarante colocou à
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disposição todo o secretariado.
Como seria posse do declarante também, ele ficou a última
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semana envolvido com a montagem do governo.
No dia 2 ele foi à posse de 3 ministros, que eram pessoas que ele
tinha proximidade, pois haviam sido governadores no mesmo
período que o declarante: Camilo Santana, Flávio Dino e
Wellington Dias. Inclusive o ministro Flávio Dino elogiou o
declarante no discurso de posse por conta da tranquilidade que
houve na posse do presidente Lula.
No dia 2/1 ele marcou reunião com os secretários, dia 3 com os
administradores, dia 4 com os presidentes de empresa, e no dia 5
que ele foi ver as questões de gabinete e nomeações e aí começou
a acompanhar meio que de longe essas questões das
manifestações.
Sempre essas questões são conduzidas pela Polícia Militar e pela
Secretaria de Segurança Pública, que são os especialistas.
No dia 6 à noite ele recebeu uma mensagem do ministro Flávio
Dino. Essa mensagem o ministro não viu na hora, pois já estava
dormindo. No outro dia de manhã ele viu a mensagem e entrou
em contato com o secretário de segurança, Anderson Torres.
O Anderson Torres informou que estava chegando nos Estados
Unidos e passou o telefone do Fernando, o “0 2” da secretaria de
segurança.
O Anderson Torres já tinha informado ao declarante sobre a
viagem com a família para Orlando quando ele foi convidado
para assumir a secretaria. O governador disse que não tinha
problema, desde que ele deixasse tudo alinhado na secretaria.
Neste momento não tinha sido informada a data da viagem.
No sábado, quando o declarante entrou em contato com ele, é que
ele foi informado que estava acabando de desembarcar nos
Estados Unidos.
O declarante entrou em contato com o Fernando, o qual repassou
que estava acompanhando, que estava tudo tranquilo, que o
pessoal da inteligência não estava vendo nada relacionado à
violência. Essa informação o declarante repassou ao ministro
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Flávio Dino, indicando que tinha sido montado um plano.
A partir daí o declarante manteve contato com o Fernando para se
manter informado tanto sobre o QG do exército quanto com a
chegada dos ônibus e o acompanhamento da inteligência da PM e
da SSP. Os contatos ocorreram tanto no sábado quanto no
domingo.
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No domingo de manhã o Fernando fez um relatório detalhado
para o governador sobre a situação, quantas pessoas tinham
chegado, quantos ônibus, o clima que existia da manifestação,
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tendo sido informado que tudo era pacífico. O declarante tem o
registro das mensagens.
Por volta de 12 h o governador foi para a missa, e às 13:23 h
recebeu outra mensagem do Fernando relatando que os
manifestantes estavam descendo, escoltados pela PM, que a
manifestação estava tranquila e que tinha sido feito uma espécie
de acordo com os líderes do movimento para que a descida fosse
pacífica. Informa que todos os relatórios de inteligência
apontavam que a manifestação estava pacífica.
Em nenhum momento o governador tratou diretamente com o
comandante da PM, pois a intermediação do governo com as
forças de segurança é por meio da secretaria de segurança
pública.
Depois, o declarante ficou acompanhando pela televisão até que,
por volta de umas 15:20 h, ele viu que os manifestantes
começaram a empurrar os gradis pra invadir o Congresso. Nesse
momento o governador mandou uma mensagem mais dura, para
que fossem retirados os manifestantes de lá, dizendo “tira esses
vagabundos daí e prende o máximo possível”.
O Fernando respondeu dizendo que a situação tinha saído do
controle, que ele estava precisando de reforço policial, reforço do
exército, quando então o governador falou para colocar todo o
efetivo da polícia. Foi quando chegaram as demais tropas, porém
já tinham invadido o Congresso e estavam forçando para descer
para o STF.
Com o acionamento passaram de cerca de 500 homens que era o
contingente que a PM havia determinado e chegaram a 2500
pessoas na retirada dos manifestantes. Trouxeram a força de todos
os batalhões para fazer a retirada.
O declarante chamou a vice-governadora Celina, o secretário da
casa civil Gustavo Rocha, e o consultor jurídico, para adotarem
providências em conjunto, pois a situação estava fora de controle.
Recebeu várias ligações, como a ministra Rosa antes da invasão
do STF, o ministro Flávio Dino, e foi feito o possível para esse
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momento de crise. Ficou acompanhando o acionamento das
forças militares.
Nesse momento o governador exonerou o Anderson.
Foi tudo muito rápido, desde as 15:30 h até as 17 h, quando já
estavam sendo retirados os invasores.
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O declarante determinou que o Gustavo e a Celina fossem ao
Ministério da Justiça para prestar toda a assessoria necessária.
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Foi nomeado então o interventor nas forças de segurança. O
declarante entendeu a medida, pois existia uma crise, e havia
naquele momento uma perda de confiança nas forças de
segurança do DF. Assim, o governador achou correta a medida e
prestou toda a solidariedade para que o interventor pudesse
nomear pessoas, ter todos os dados necessários tanto na apuração
quanto no restabelecimento da confiança nas forças de segurança.
O declarante conhece há muito tempo o Flávio Dino, que foi
professor dele, foi juiz na época que o declarante era advogado,
depois foram governadores na mesma época.
Por volta das 19:30 h foi marcada uma reunião no grupo de
governadores, pois eles estavam com medo de que as invasões
acontecessem também nos seus Estados. O declarante foi para o
palácio do Buriti para abrir a reunião e ficou até por volta de
21:30 h. De lá ele conseguiu ver o pessoal voltando para o quartel
e acompanhando pela televisão a retirada dos manifestantes e
também tendo informações dos assessores que estavam ali de que
conseguiram contornar a situação e retirar os manifestantes da
área.
Depois recebeu a informação de que seriam feitas as prisões no
QG, mas houve resistência do Exército.
No dia seguinte ele já ficou sabendo da ordem de afastamento
dada pelo Min. Alexandre de Moraes. Ele cumpriu a ordem,
passou as últimas orientações para a Celina, dizendo para prestar
todas as informações para o interventor, que deixem que tudo que
for necessário seja apurado, todos os órgãos, para esclarecer mais
rápido possível. Ainda disse que dali para a frente não falaria com
eles, pois se ele estava afastado é porque estavam com medo de
interferirem dentro do governo. Daí em diante ele não falou mais
com ninguém do governo, nem com a vice-governadora e nem
com secretários.
A busca e apreensão ocorreu 15 dias depois na casa do
governador. Levaram o computador, HD do escritório de
advocacia, o computador que usa no palácio do Buriti, e as
agendas que tinham dentro do palácio do Buriti. O resultado das
buscas e apreensão já foram juntados através de laudo, todos eles
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negativos.
Como o declarante estava viajando, quando retornou ele entregou
os celulares, que foram periciados, tendo sido comprovado pelas
perícias o depoimento que deu em relação às mensagens que ele
recebeu. Os laudos concluem que não tem nada que comprove
que ele tenha participado de qualquer ato ou que tenha deixado de
tomar qualquer decisão.
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Tudo que ele pôde fazer para colaborar com a investigação foi
feito.
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Os acampamentos nos QGs sempre foram uma preocupação para
o declarante, pois tinha todo tipo de gente. Através do secretário
da casa civil e do então secretário de segurança Júlio Danilo,
manteve contato direto com o comando do exército para ver se
era possível fazer a retirada, chegou a ser marcada por 2 vezes,
porém das 2 vezes o comando do exército impediu que essa
retirada fosse feita.
Na segunda data marcada, no dia 29/12, foram disponibilizados
500 homens para fazer a retirada, mais 20 equipes com 10
homens do DF Legal para retirar, mas foram paralisados pelo
comando do exército.
A coronel Cíntia, o comandante Fábio, agiram de acordo com o
que eles tinham costume de acontecer.
Toda informação que o declarante recebeu até o momento da
invasão era de que tudo estava dentro da normalidade.
Não chegou nenhum relatório da Abin, e nem do GSI, da Força
Nacional, nenhum relatório de inteligência dizendo que haveria
violência e que eles invadiriam.
O Anderson Torres é uma pessoa de confiança do declarante, foi
enquanto secretário de segurança no 1º mandato do governador,
foi enquanto ministro da justiça para encaminhar as coisas do
Distrito Federal, ele sempre foi muito parceiro, e por isso o
governador o convidou novamente para ser secretário de
segurança pública após o presidente Bolsonaro ter perdido a
eleição.
Na época que o Anderson Torres foi convidado e comunicou ao
ministro sobre a viagem que faria com a família, não se tinha
ideia sobre 8 de janeiro.
Já ocorreram diversas manifestações no DF, inclusive em 2013 e
2017, e em nenhuma delas houve mortes de pessoas, o que
demonstra que a PM é capacitada para lidar com esse tipo de
situação.
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Acredita que o que houve naquele dia foi um apagão geral. O
Palácio do Planalto tem um batalhão para cuidar do Palácio, com
atiradores de elite, com pessoas preparadas para lidar com aquilo.
Não era para ter sido invadido o Planalto sem a menor resistência.
O que chegou de informação para o declarante depois é que o
batalhão tinha sido dispensado naquela data.
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O declarante conclui que foi tomado de susto com o que
aconteceu, assim como todo mundo foi. Não teve participação em
nenhum dos atos, não tinha o menor interesse. Ele foi reeleito em
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1º turno governador do DF, não ganharia nada com as invasões. É
amigo de vários ministros do presidente Lula, foi à posse dele,
estava buscando um bom relacionamento com o governo federal,
até porque não se governa o DF sem ter um bom relacionamento
com o governo federal. Então não possui motivação nenhuma
para ajudar naquilo que estava acontecendo.
Deixou claro que está à disposição para esclarecer tudo o mais
rápido possível. Tem interesse que fique bem claro que ele não
teve qualquer participação nisso.
II- Dos documentos recebidos:
II.1- Ao serem solicitadas cópias das comunicações feitas pela ABIN, no período
de 3 a 8 de janeiro de 2023, a órgãos públicos acerca de notícias de possíveis manifestações
populares, com respectiva data de emissão, recebimento e indicação dos servidores receptores,
entre outras solicitações relativas ao acompanhamento dos referidos atos públicos, o Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República, por meio OFÍCIO Nº
7/2023/JUR/ASS/SE/GSI/PR (PGR-00071987/2023) encaminhou as informações contidas nos
Anexos 1 (Informações da ABIN), 2 (Protocolo de Prevenção de Ameaças) e 3 (Informações da
Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial).
Da análise da resposta, o GSI informou que encaminhou planilha com o conjunto
de mensagens encaminhadas pela ABIN, via Whatsapp, entre os dias 2 e 08/01/2023, para
membros do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e da Célula Integrada de Inteligência
de Segurança Pública do Distrito Federal (CIISP/DF). Informou que o grupo da CIISP/DF no
Whatsapp foi criado em 07/01/2023 (“CIISP/DF – Manifestações”), com participação de
representantes das seguintes instituições: PF/MJSP, PRF/MJSP, DINT/SEOPI/MJSP, PM/DF,
PC/DF, SSI/DF, STF, TSE e Polícias Legislativas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal.
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Esclareceu ainda que: “Conforme registro supramencionado de Alertas produzidos
pela ABIN, até 5/1/2023 havia perspectiva de baixa adesão de manifestantes para a
mobilização que estava sendo convocada para 08/01/2023. Todavia, conforme Alerta
produzido em 6/1/2023, às 19h40, foi detectada ‘convocação por parte de organizadores de
caravanas para o deslocamento de manifestantes com acesso a armas e a intenção manifesta
de invadir o Congresso Nacional. Outros edifícios na Esplanada dos Ministérios poderiam ser
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alvo de ações violentas’. Nos dias seguintes, novos Alertas foram produzidos com indicação de
criticidade sobre o tema”.
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Da análise dos alertas informados da ABIN, constata-se que, de fato, apenas a
partir da noite do dia 6/1/2023 (sexta-feira) é que começou a ser difundido o risco de ações
violentas, conforme abaixo colacionado:
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Quanto ao grupo CIISP/DF, que possui representantes de diversos órgãos públicos,
incluindo PM/DF, verifica-se que o primeiro alerta emitido foi apenas na manhã do próprio dia
08/01/2023:
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Assim, não resta claro quem foram os destinatários dos alertas anteriores
emitidos desde sexta, quais órgãos compunham os destinatários “CIE”, “CIM”,
“AID/MD”, “DINT/SEOPI”, “MINFRA”, quem foram os agentes responsáveis por
receber o alerta sobre a violência dos atos desde sexta à noite, nem se a PM/DF, SSP/DF,
polícia legislativa da Câmara e do Senado tiveram ciência desse alerta.
Ademais, ao ser questionada sobre o responsável por definir a lista de difusão
dos informes relativos ao fim de semana do dia 08/01/2023 a resposta se limitou a dizer
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que foi a Abin, não apontando o nome do agente responsável pela escolha dos órgãos que
receberiam as informações.
Em relação ao pedido de detalhamento sobre a equipe de segurança das instalações
presentes no Palácio do Planalto nos dias 6, 7 e 08/01/2023 e sobre eventuais pedidos de
reforço ao CMP ou a PM, foram apresentados os seguintes esclarecimentos:
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Da resposta acima observa-se que, nos dias 6, 7 e 8/1 haviam 46 militares da
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guarda militar do 1º RCG, responsável pela área externa das instalações presidenciais; 38
militares da tropa de choque do CMP, que estava de prontidão no quartel de sua
Organização Militar, na área do SMU, ficando em condições de deslocamento para as
instalações da PR;
No dia 6/1 havia um número maior de Agentes de Segurança Instalações GSI
(96 agentes), face a 49 agentes nos dias 7 e 8/1, sob a justificativa de que “nos dias sem
expediente, quando não há fluxo de servidores, terceirizados e visitantes, no Palácio do
Planalto, a escala de serviço conta com 49 agentes de segurança durante as vinte e quatro
horas do dia”.
Em relação ao dia 8/1, verifica-se que a única diferença de efetivo até o momento
em que foram iniciadas as quebras de barreiras pelos invasores, em relação aos dias anteriores,
é que foi acionada uma fração dos 38 militares da tropa de choque do CMP que estavam de
prontidão, os quais apresentaram-se pronta no Palácio do Planalto, às 12:30 h.
II.2- Do “Relatório sobre os fatos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023”,
elaborado pelo interventor federal Ricardo Capelli (PR-DF-00017566/2023), destacam-se
os seguintes excertos:
(...)
(...)
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(...)
(...)
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Da análise do Relatório de Inteligência nº 6 de 06/01/2023, constante no Anexo 11
do relatório do interventor, verifica-se que as informações nele constantes, conforme excertos
abaixo, não dão por certa a existência de movimentos de caráter violento no final de semana
seguinte, o que demonstra que as informações de inteligências divulgadas à SSP, até aquele
momento, não eram seguras, o que dificultou o planejamento das forças de segurança pública.
No que tange à memória da reunião realizada no dia 06/01/2023 no âmbito da
SOPI/SSP não é possível concluir que estava confirmado que ocorreriam manifestações
violentas naquele final de semana. Da análise do documento, constatam-se em diversos
momentos que as informações sobre os eventos não eram certas:
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(...)
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Em relação à não elaboração do planejamento operacional pelo DOP, consta no
anexo 4 do relatório do interventor bem como do depoimento do coronel Paulo José, que o
plano não foi feito em virtude da informação que se tinha até aquele momento era da realização
de um evento de baixa adesão e, portanto, foi utilizado o “Plano de Operações nº 02/2020 –
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DOP/PMDF Manifestações no DF”, documento padrão para manifestações que não tinham
risco elevado ou de considerável público, conforme esclarecimento da PMDF:
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Quanto ao acionamento do efetivo do Complexo Administrativo da PMDF que se
encontrava de sobreaviso ter ocorrido somente às 15 h, tem-se das informações até então
obtidas que, o começo da caminhada para a Esplanada, por volta das 13 h, ocorreu sem maiores
intercorrências, não se tendo, até aquele momento, a confirmação do intento criminoso de
invasão e depredação da sede dos Poderes por parte dos que ali estavam presentes.
Conforme informação da PMDF (anexo 4 do relatório do interventor), por volta de
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14:30 até 14:45 “ocorreu uma mudança de animosidade dos manifestantes”:
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Em relação às fragilidades na linha de contenção, consta do Protocolo de Ações
Integradas a informação de que o gradeamento seria uma atribuição do Senado Federal:
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II.3- A Procuradoria de Justiça Militar em Brasília encaminhou o Ofício nº 20/GAB
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2ªPROC 1ºOF/PJM/BSB/DF/MPM (PR-DF-00019390/2023), comunicando que, referente aos
fatos investigados, foi instaurado o Inquérito Policial Militar nº 7000011-72.2023.7.11.0011
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pela Polícia Judiciária Militar, bem como foi autuada a Notícia de Fato nº 210.2023.00001 no
âmbito daquele Parquet, e, tão logo o procedimento seja concluído, encaminhará cópia dos
autos.
II.4- Por meio do Ofício Nº 1/2023 - PCDF/DGPC/CGP/DIP/ADJ (PR-DF-
00021819/2023) a Polícia Civil do Distrito Federal aduziu “não terem sido verificados indícios
de condutas omissivas por parte de servidores desta Polícia Civil na repressão aos ataques do
dia 8 de janeiro de 2023”.
III- Análise dos autos:
Do exame das informações obtidas até o momento, a partir das oitivas realizadas e
dos documentos juntados, não foi possível identificar uma conduta dolosa, omissiva ou
comissiva, de alguma autoridade pública que tenha dado causa ou permitido as invasões às
sedes dos Poderes da República na esplanada dos ministérios, no dia 08/01/2023, que possam
configurar ato de improbidade administrativa.
Vejamos:
- IBANEIS ROCHA – Governador do Distrito Federal
O Governador do DF, IBANEIS ROCHA, mandatário do Distrito Federal, fora
reeleito em primeiro turno, nas eleições de 2022, restou afastado por decisão monocrática do
Ministro do STF, Alexandre de Moraes, posteriormente ratificada pelos seus pares. Conforme
se depreende dos depoimentos colhidos, em especial do Secretário adjunto de Segurança
Pública do DF, FERNANDO DE SOUZA OLIVEIRA, houve acompanhamento por parte do
Governador acerca de toda movimentação ocorrida no referido fim de semana.
Em contato direto com o substituto, posto que o titular encontrava-se em viagem,
fora determinado o repasse de 4 relatórios diários ao Governador, acerca da manifestação. O
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último, ocorreu às 13:23 do próprio dia 08 de janeiro, com informações acerca da tranquilidade
do evento e do preparo das forças de segurança para o mesmo. Após a invasão dos prédios,
nova manifestação do Governador, desta feita, no sentido de retomar os prédios públicos,
preservando-os, e prender os manifestantes responsáveis em flagrante (conforme informações
apresentadas no mesmo depoimento).
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Inexiste, assim, quaisquer indícios de condutas dolosas por parte do governante que
tenham concorrido para os eventos de 08 de janeiro.
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Conclusões semelhantes foram expostas pelos trabalhos do Interventor da
Segurança no DF e nos relatórios da PF.
- ANDERSON TORRES - Secretário de Segurança Pública do DF no dia
08/01/2023
O ex-Secretário de Segurança Pública, titular da pasta no dia dos eventos,
encontrava-se afastado em viagem aos EUA. Em que pese seu afastamento, o Secretário
Adjunto narra em seu depoimento que, uma vez ocorrida a invasão do prédio do Congresso
Nacional, o Secretário entrou em contato com ele e “disse pra não deixar invadir o Supremo”.
Além disso, na sexta-feira, dia 06/01/2023, pela manhã, ANDERSON TORRES
participou de uma reunião junto com o próprio FERNANDO, com a coronel CÍNTIA e com o
general DUTRA para tratar da desocupação do acampamento do Quartel General, colocando-se
à disposição para proceder o referido esvaziamento a qualquer tempo. Lembrou que a PMDF já
tentara desocupar a mobilização por 3 vezes, sem sucesso, por motivos alheios às forças de
segurança do DF.
Por fim, conforme informações do Governador IBANEIS ROCHA, ao convidar o
ex-Secretário para o cargo, no início de dezembro, ANDERSON TORRES lhe informou sobre
uma viagem de férias, já adiada, que faria com a família aos EUA, sem precisar a data. Tal
viagem ocorreu no final de semana das manifestações e a confirmação das datas com tal
antecedência podem confirmar a ausência de premeditação na ocorrência dos fatos.
- FERNANDO DE SOUZA OLIVEIRA - Secretário Adjunto de Segurança Pública
do DF no dia 08/01/2023
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O ex-Secretário Adjunto encontrava-se no cargo desde o dia 03 de janeiro de 2022
e, conforme consta em sua oitiva, sequer houve tempo de conhecer os responsáveis pelas
diversas áreas da Segurança Pública do DF. Em razão da ausência do titular, estava na
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titularidade na data dos eventos.
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O Governador do DF, IBANEIS ROCHA, afirmou em seu depoimento que
manteve contato com FERNANDO no sábado e no domingo, e que este repassava as
informações sobre a situação do QG do exército, a chegada dos ônibus e o acompanhamento da
inteligência da PM e da SSP. No domingo FERNANDO também relatou a situação detalhada
para o Governador, o que demonstra seu intuito de não omitir informações, de manter a
autoridade superior ciente da situação, bem como demonstra que estava atuando ativamente
para obter dados atualizados sobre as manifestações.
- CORONEL FÁBIO AUGUSTO – Comandante-Geral da PMDF no dia
08/01/2023
Em relação ao então Comandante-Geral da PM, coronel FÁBIO AUGUSTO,
verifica-se que ele atuou ativamente no enfrentamento dos invasores da sede do Congresso
Nacional.
De acordo com a coronel CÍNTIA, Subsecretária de Operações Integradas da
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, no sábado pela manhã o Comandante-
Geral da PM, solicitou à declarante que fosse providenciada o apoio do Detran para a mudança
das barreiras de concreto, deslocando-as para o meio da via, em frente ao Itamaraty, com o fim
de dar maior proteção à Praça dos Três Poderes.
A Coronel esclareceu ainda que, embora o Comandante-Geral da PM não tenha
demandas operacionais, o coronel FÁBIO, que estava no domingo na esplanada, ficou
preocupado com o efetivo da PM e ligou para o departamento de operações no intuito de cobrar
a tropa de choque, a cavalaria, tropas especializadas e equipamento exoesqueleto da linha de
contenção.
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Durante o confronto no dia 08/01/2023, chegou a notícia para a coronel de que o
coronel Fábio havia sido ferido e, ainda assim, o mesmo foi para o STF pelos fundos e
conseguiu recuperar veículos que tinham sido roubados, um crucifixo das mãos de um
manifestante – entregando-o ao servidor Hipólito, policial do STF, e dirigiu-se para reforçar a
retomada da Esplanada.
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Também pelo depoimento do coronel PAULO JOSÉ FERREIRA DE SOUSA
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BEZERRA, do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, é possível
verificar que o Comandante-Geral da PM, FÁBIO AUGUSTO, estava de fato preocupado com
os eventos do dia 8/1 e quis colocar um maior efetivo da PM na esplanada.
De acordo com o coronel PAULO JOSÉ, no sábado a noite o coronel FÁBIO
AUGUSTO pediu ao declarante que fosse feito contato com o departamento de ensino para
serem empregados 200 policiais militares do curso de formação para o policiamento do
domingo. O coronel FÁBIO AUGUSTO também pediu para que o coronel PAULO JOSÉ
deixasse em condições de acionamento 2 companhias operacionais, que ficariam de sobreaviso.
Isso porque ele não sabia se as pessoas desceriam, mas se descessem seria necessário acionar
as 2 companhias.
O chefe do DOP aduziu ainda que o Comandante-Geral, FÁBIO AUGUSTO, por
volta de 11:15 h do domingo solicitou uma companhia para ser empregada às 13 h na esplanada
dos ministérios. Posteriormente, ele solicitou também o acionamento do “centurion”, do
BPchoque e do choque montado.
Nos depoimentos da Coronel CÍNTIA, do coronel PAULO JOSÉ e do major
FLÁVIO ALENCAR tem-se a informação de que o Comandante-Geral da PM, coronel FÁBIO
AUGUSTO, atuou ativamente no combate aos invasores dentro do Congresso Nacional.
Ainda, nenhuma diligência realizada até o momento demonstrou que o então
Comandante-Geral da PM tinha informações sobre o caráter violento dos manifestantes e que
tenha se omitido na prevenção dos crimes.
- KLEPTER ROSA GONÇALVES – Subcomandante-Geral da PMDF no dia
08/01/2023
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Da análise dos autos, não é possível verificar nenhuma ação ou omissão dolosa do
coronel KLEPTER ROSA, ex-Subcomandante-Geral da PMDF, que tenha tido por intuito
facilitar as invasões aos prédios sedes do três Poderes da República no dia 08/01/2023.
A coronel CÍNTIA apresentou cópia da mensagem enviada pelo Subcomandante-
Geral que determinou que os policiais ficassem de sobreaviso no dia 08/01/2023 (PR-DF-
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00008746/2023):
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Em que pese não ter sido determinado ao efetivo da polícia que ficassem de
prontidão no quartel, mas sim de sobreaviso em suas casas, entende-se que tal medida foi
razoável diante das informações que se tinha até então acerca do caráter não violento da
manifestação.
Além disso, constam do Depoimento do próprio Coronel, como de outros
componentes da PMDF, que o mesmo atuou no sentido de viabilizar um maior número de
policiais para o evento e na rápida preparação e apresentação dos mesmos, uma vez verificada
a invasão dos prédios públicos.
- JORGE EDUARDO NAIME – Chefe do DOP
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O Coronel Naime encontrava-se afastado das funções no dia 08 de janeiro de 2023,
sendo substituído pelo Coronel PAULO JOSÉ FERREIRA. O Coronel Naime ainda não fora
ouvido, uma vez que encontra-se preso.
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- PAULO JOSÉ FERREIRA DE SOUSA BEZERRA - Subchefe do Departamento
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de Operações da PMDF (DOP)
Dos depoimentos da Coronel CÍNTIA, do então Comandante-Geral da PM,
Coronel FÁBIO AUGUSTO, e do então Subcomandante-Geral da PM, Coronel KLEPTER
ROSA, é possível identificar que a atribuição principal para detalhar o Plano de Ações
Integradas da SSP (PAI) e empregar o efetivo policial no dia da manifestação seria do
Departamento de Operações da PMDF (DOP).
Referido Departamento fora chefiado pelo então Subchefe do DOP, Coronel
PAULO JOSÉ, visto que o chefe do departamento, Coronel Naime, estava de licença na
semana do dia 08/01/2023.
Ao receber o PAI, o Coronel PAULO JOSÉ apenas o encaminhou aos Comandantes
do 1º CPR, 2º CPR, CPME e CPTRAN para que adotassem as providências pertinentes à
PMDF:
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Assim, não se verifica a realização pelo DOP do plano de operações ou ordem de
serviço, apontando o quantitativo policial a ser empregado, de quais batalhões seriam e quais as
policias especializadas atuarão no dia, o que prejudicou a organização das forças de segurança
do DF.
Aqui identifica-se uma falha que contribuiu com a ineficiência da Polícia Militar do
Distrito Federal em impedir as invasões e depredações aos prédios públicos.
As razões trazidas pelo Coronel, contudo, afastam a existência de uma conduta
intencional - indispensável na verificação do ato de improbidade – com o intuito de contribuir
com os atos criminosos. Isso porque, até o momento, não fora identificado documento oficial
com uma precisa e firme análise de risco dos fatos que ocorreriam no dia 08/01/2023,
detectando o seu caráter violento, e que tenha sido encaminhado à Polícia Militar para
planejamento prévio.
O ponto em comum ao se analisar os depoimentos prestados no bojo deste
inquérito civil é que o ânimo previsto da manifestação era pacífico e não se tinha ciência prévia
do intuito dos manifestantes de invadirem os prédios público e muito menos que estariam
equipados para a empreitada criminosa.
Em seu depoimento, o coronel PAULO JOSÉ informou que o DOP é o responsável
pelo planejamento de grandes eventos e que pelas informações que se tinha até então não seria
um grande evento, a estimativa de público era em torno de 5 mil pessoas, o que estava previsto
dentro das hipóteses do “plano de operação – manifestações”.
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Logo, tem-se que a desorganização da Polícia Militar e a ausência de efetivo
suficiente no dia 08/01/2023 para reprimir as invasões ocorridas poderia ser suprida pela
elaboração do plano de operações ou ordem de serviço do DOP.
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- MARCELO CASIMIRO VASCONCELOS RODRIGUES - Ex-Comandante do
1º Comando de Policiamento Regional da PMDF no dia 08/01/2023
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Segundo os depoimentos colhidos, também haveria falhas no comando da operação
que, embora estivesse a cargo do Major Flavio, tinha como autoridade superior a ele, o Coronel
Casimiro. Algumas medidas, boa parte delas já identificadas e informadas, poderiam ser
adotadas pela presente autoridade, em especial, no contato com o DOP e no preparo dos
policiais presentes em campo.
Contudo, da mesma forma que o Coronel Paulo José, então responsável pelo DOP,
não vislumbramos a ocorrência de ato doloso que implique em responsabilização do agente por
improbidade administrativa.
De acordo com o depoimento do coronel PAULO JOSÉ, no final do dia 05/01 o
coronel CASIMIRO, solicitou ao DOP, em razão das prováveis manifestações, apoio policial
do CPTran, BPchoque em condições de acionamento e Rotam, para atuarem na área central de
Brasília, para os dias 6, 7 e 8, conforme ofício nº 11/2023:
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Assim, ainda que tenha havido equívoco de avaliação, inexiste indício de que a
ausência de planejamento tenha se dado de modo intencional pelo coronel CASIMIRO.
- CARLOS FEITOSA - Secretário de Segurança e Coordenação Presidencial no dia
08/01/2023
O General CARLOS FEITOSA exercia o cargo de Secretário de Segurança e
Coordenação Presidencial do GSI – Presidência da República, na data dos fatos, sendo o
responsável pela segurança do Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada, Palácio do Jaburu,
Granja do Torto, além da segurança do próprio Presidente da República, que encontrava-se em
viagem.
Conforme sua oitiva, nenhuma informação fora repassada ao mesmo acerca da
natureza violenta das manifestações do fim de semana do dia 08 de janeiro. Por essa razão, a
rotina de guarda dos prédios públicos, e do Palácio do Planalto, em específico, restaram
inalterados, ou seja, mantidas em seus números de rotina.
O General encontrava-se em casa, organizando e preparando a segurança da
viagem presidencial, posto que houve alteração do roteiro previamente acordado (o Presidente
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Lula alterou a viagem no Estado de São Paulo, decidindo deslocar-se a Araraquara-SP).
Informado acerca da invasão dos prédios públicos dirigiu-se ao Palácio e, em companhia de
outros servidores da segurança, adotaram as medidas que lhe estavam ao alcance para
minimizar os prejuízos e retomar o prédio.
Verifica-se, ainda, pelo seu depoimento que a secretaria que titularizava não
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costuma receber informações diretamente da Abin sobre eventos em Brasília. As informações
fornecidas a ele pela Abin são referentes a locais em que o presidente visitará.
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Ademais, tem-se que para a proteção dos prédios sedes dos três Poderes em eventos
maiores é necessário que a Polícia Militar possua uma atuação efetiva na contenção de
manifestantes que tentem invadir edifícios.
Dessa forma, inexiste nos autos indícios de qualquer ato de improbidade
administrativa do então Secretário de Segurança e Coordenação Presidencial.
IV- Considerações sobre os fatos:
Em que pese ainda haver diligências pendentes de realização, o que se analisa até o
momento é que os órgãos de segurança envolvidos no planejamento para as possíveis
manifestações que ocorreriam no dia 08/01/2023 não tinham total ciência do caráter violento
de parte dos manifestantes.
Minutos antes da invasão, quando houve o rompimento da linha de contenção
disposta na Alameda das Bandeiras, é que foi identificado que vários invasores estavam
fortemente armados e preparados para o confronto, com indícios inclusive de terem
“treinamento militar”, não sendo o mesmo perfil de pessoas que ocupavam os acampamentos
em frente ao exército nos meses anteriores aos fatos, conforme relatos de testemunhas ouvidas.
Embora seja possível apontar alguma falha no serviço de inteligência dos órgãos de
segurança pública ou algum erro no fluxo de informações, não se verifica, até então, uma
conduta intencional de algum agente de facilitar os atos criminosos.
No dia 6/1/2023 pela manhã, data em que ocorreu a reunião para elaboração do
Plano de Ações Integradas na Secretaria de Segurança Pública do DF, com a presença de
representantes de vários órgãos públicos, sobre os possíveis eventos do próximo final de
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semana, além de não terem informações sobre o dia certo para ocorrerem, não se tinham dados
acerca de alta adesão de participantes. Logo, a manifestação foi tratada como algo pequeno, até
porque os acampamentos em frente ao exército ao longo de todo o país já contavam com um
número reduzido de participantes, quando comparado com a ocupação dos meses anteriores.
Além disso, o evento considerado de maior sensibilidade, qual seja, a posse do
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presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, ocorreu uma semana antes, com um público
maior de participantes e sem maiores intercorrências, o que demonstra que o planejamento dos
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órgãos de segurança pública do DF foi eficiente.
Revela-se que a preocupação com a posse presidencial era grande quando se obtém
a informação de que as férias e afastamentos dos policiais militares foram suspensas até a data
da posse, o que ocasionou uma diminuição do efetivo disponível na primeira semana de
janeiro, quando os policiais puderam gozar de suas licenças.
Por fim, as estruturas de segurança dos prédios públicos federais são, isoladamente,
insuficientes para fazer frente a manifestações ou ataques, como o que ocorreu em 08 de
janeiro de 2023. A atribuição de cada prédio, Senado, Câmara dos Deputados, STF e Palácio do
Planalto (salvo este último, pela possibilidade de arregimentar as Forças Armadas) de manter a
segurança patrimonial depende, inafastavelmente, dos trabalhos de contenção e organização da
PMDF. Tendo havido falha na primeira, as invasões foram inevitáveis, sem que pudéssemos
apontar, sequer em tese, participação dolosa das polícias legislativas e judiciária.
Tal o momento da presente investigação, parece-nos dispensável o sigilo destes
autos, sendo possível levantá-lo, visto que a maior parte das oitivas já ocorreram e os
documentos já estão consignados. Devemos fazer exceção diante da necessidade de
manutenção de sigilo das respostas da Abin e do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, pois se tratam de informações e documentos sobre as atividades e
assuntos de inteligência produzidos pelos órgãos, sendo de interesse público a preservação da
publicidade dos dados e forma de atuação dos órgãos.
V- Conclusão:
Por todo exposto:
a) Aguarde-se o agendamento da oitiva de JORGE EDUARDO NAIME e de
ANDERSON TORRES, cujo pedido foi encaminhado à PGR para envio ao Ministro Alexandre
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de Moraes;
b) Expeça-se ofício ao GSI, em referência ao Ofício nº
7/2023/JUR/ASS/SE/GSI/PR, com cópia deste despacho, solicitando que esclareça:
b.1) quais foram os órgãos destinatários dos alertas emitidos
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desde o dia 6/1/2023 sobre o risco de ações violentas;
b.2) quais órgãos compunham os destinatários dos grupos “CIE”,
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“CIM”, “AID/MD”, “DINT/SEOPI”, “MINFRA”;
b.3) de que forma as informações chegavam a esses grupos;
b.4) se há comprovação de recebimento dos alertas pelos
integrantes desses grupos;
b.5) quem eram os agentes públicos responsáveis por receber o
alerta sobre a violência dos atos desde 6/1/2023;
b.6) quais órgãos compõem o Sistema Brasileiro de Inteligência
(SISBIN), desde quando foram encaminhados alertas para esse
sistema sobre o intuito violento dos atos, quais foram os agentes
que receberam esses alertas, se há comprovação do recebimento
do alerta e se os responsáveis pelo recebimento foram acionados
por outro modo mais célere acerca do envio e do teor do alerta
enviado pela Abin;
c) Expeça-se ofício ao Procurador-Geral da República encaminhando as provas
produzidas até então no presente inquérito civil para que avalie se podem auxiliar nos
processos e procedimentos que estão sob sua condução.
Na oportunidade, solicitar que seja requerido ao Supremo Tribunal Federal e ao
Superior Tribunal de Justiça o compartilhamento das provas carreadas aos autos criminais em
curso naqueles tribunais que tratam da participação de autoridades públicas nos atos
criminosos de invasões e depredações às sedes dos três Poderes da República ocorridos em
Brasília no dia 08 de janeiro de 2023;
d) Retire-se o sigilo dos presentes autos, mantendo-se como confidencial apenas os
documentos enviados pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República.
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Brasília, registro de data na assinatura eletrônica.
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PROCURADOR DA REPÚBLICA
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