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Apontamentos SIP

O documento discute os principais conceitos e princípios da enfermagem pediátrica e infantil, incluindo o papel dos pais e da família nos cuidados com a criança, a importância do desenvolvimento infantil e do ambiente familiar, e os desafios da hospitalização infantil.
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O documento discute os principais conceitos e princípios da enfermagem pediátrica e infantil, incluindo o papel dos pais e da família nos cuidados com a criança, a importância do desenvolvimento infantil e do ambiente familiar, e os desafios da hospitalização infantil.
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APONTAMENTOS DE ENFERMAGEM SAÚDE INFANTIL E

PEDIÁTRICA

EQUIPA DE SAÚDE INFANTIL E PEDIÁTRICA


A prestação de cuidados à criança deve ter em conta a tríade – enfermeiro,
Enf .
pais e criança –. O enfermeiro deve incorporar os pais nos cuidados, uma vez que
Pais
a criança melhora mais rapidamente ao sentir a harmonia entre a equipa e os seus
Criança
progenitores. Neste sentido, a parceria estabelecida entre os pais e a equipa de
saúde promove a recuperação da criança e cuidados mais eficazes. A construção de
uma relação entre os pais e a equipa de saúde é importante para que, o enfermeiro,
promova um crescimento ascendente da criança, ou seja, este crescimento é
fortemente influenciado pelo amor/carinho dos progenitores.

Autores defendem que os cuidados prestados à criança sã ou doente, são mais


eficazes quando prestados pelos familiares/pais, do que quando prestados por
enfermeiros.

Casey através do Modelo de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, engloba


quatro conceitos principais, nomeadamente:
 Saúde – estado ótimo de bem estar físico e mental que deverá estar sempre
presente, de forma que a criança atinja o seu potencial. Um défice de saúde
não identificado ou não corrigido, poderá comprometer o desenvolvimento
físico, psicológico, intelectual, social e espiritual da criança.
 Criança – desde o nascimento, as necessidades de uma criança estão muito
dependentes de outras pessoas. A maioria dessas necessidades são satisfeitas
pelos pais da criança ou por outros membros da família. No entanto à medida
que a criança se desenvolve adquire novas capacidades através de
aprendizagens, será mais capaz de procurar essas necessidades, tornando-se
mais independente.
 Ambiente – o desenvolvimento de uma criança pode ser afetado por um
certo número de estímulos; os que tem origem em fontes exteriores, fora do
seu ego, surgem em consequência do ambiente da criança. Assim, a criança

1
tem de sentir que o ambiente exterior é seguro, que é alvo de cuidados de
amor, caso se pretenda estimular a independência.
 Família – é um conjunto de indivíduos que têm a responsabilidade maior
pela prestação de cuidados á criança e que exercem uma influência forte no
seu desenvolvimento.

Para o enfermeiro conhecer na plenitude a criança e o seio familiar, é fundamental


que o mesmo conheça e compreenda o desenvolvimento infantil, o ambiente em que
estão inseridos e a relação com as pessoas significativas. O enfermeiro especialista
têm uma panóplia de responsabilidades a preencher, para funcionar de uma forma
eficaz como prestador de cuidados. O enfermeiro enquanto prestador de cuidados,
trabalha com a família com o intuito de criar condições para uma vida
equilibradamente saudável, através:

 Cuidados familiares e atividades de cuidados de enfermagem não devem


ter fronteiras fixas, os cuidados devem ser flexíveis, de forma que o
enfermeiro possa desempenhar cuidados familiares. De igual modo, os pais
devem ser capazes de tomar a seu cargo algumas atividades de cuidados de
enfermagem, desde que tenham recebido formação adequada e
supervisionada por profissionais.
 Apoio – o enfermeiro deverá pôr em ação estratégias que permitam que os
principais membros da família se envolvam nos cuidados prestados à criança
doente. Demonstrem um sentimento de confiança entre a criança, pais e
profissionais de saúde.
 Ensino – permitir que a criança/membros da família satisfaçam as
necessidades de cuidados de saúde com uma intervenção mínima dos
profissionais de saúde. No entanto, muitos dos problemas necessitam de
técnicas e conhecimentos de especialista. Se os enfermeiros tiverem uma
intervenção mínima, deverão iniciar um processo de ensino em que partilhem
conhecimentos e ensinem técnicas apropriadas aos membros da família, de
forma a satisfazer as necessidades da criança.
 Encaminhamento – o enfermeiro de saúde infantil e pediatria poderá ter de
recorrer a outros profissionais de saúde, de forma a garantir a recuperação da

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saúde da criança, ( assistente social, médico, psicólogo, dietista, educadora
infantil).

EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM DE SAÚDE INFANTIL E PEDIÁTRICA

A prestação de cuidados de saúde à criança modificou-se, muito, desde há


dois séculos. Estas alterações acompanharam a modificação dos conceitos sociais,
que antes consideravam as crianças como “adultos em miniatura” cujo valor para a
comunidade era determinado pela sua produtividade e que, posteriormente
evoluíram para o reconhecimento e consideração das crianças como indivíduos
únicos com necessidades e capacidades especiais.

Não tendo esta noção, não havia a necessidade de existir a especialidade


médica de pediatria nem do enfermeiro de saúde infantil e pediatria.

QUALIDADES IMPORTANTES DO ENFERMEIRO PEDIÁTRICO


 Ser alegre - a criança tem necessidade de um ambiente de alegria para se
desenvolver harmoniosamente.
 Ser saudável; a criança é muito suscetível e contrai a doença muito
facilmente.
 Gostar de crianças - para poder compreender melhor e mais facilmente.
 Ser afetivo - toda a criança necessita de carinho, principalmente quando se
encontra privada do contacto materno.
 Ter gosto pelo estudo - cada criança é um caso especial que tem que ser
minuciosamente estudada para que possa ser convenientemente
compreendida.
 Espírito de observação.
 Ter conhecimento de psicologia - para poder estudar a psicologia da criança.
 Ser responsável.
 Deve reunir todas as qualidades físicas, morais e espirituais para se
poder dedicar verdadeiramente, dando a sua colaboração completa para
o bem da criança.

3
PRINCÍPIOS DE ENFERMAGEM DE SAÚDE INFANTIL E PEDIÁTRICA

 A criança é um ser num processo contínuo de crescimento e de


desenvolvimento.
 As necessidades da criança dependem do seu estádio de crescimento e de
desenvolvimento.
 Essas necessidades variam de criança para criança.
 O que a criança é capaz de fazer em determinado estadio de desenvolvimento
depende da sua maturação física e psicológica.
 Depende também dos valores culturais da criança e da família.
 Pais e substitutos são os elementos fundamentais no processo de
desenvolvimento de uma criança.
 Os pais também estão num processo de desenvolvimento e maturação
também precisam de proteção e suporte.
 O desenvolvimento da criança é afetada pela família e pelos grupos sociais
com quem a criança vive e contacta. O peso desses grupos é tanto maior
quanto mais crescida for a criança.
 A dinâmica familiar é afetada por fatores económicos, psicossociais.

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HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA E FAMÍLIA

HOSPITALIZAÇÃO

 A hospitalização é um fator desequilibrante para o sistema familiar como um


todo implicando alterações a nível dos filhos e dos pais.
 As reações da criança / família dependem da perceção do acontecimento dos
suportes disponíveis e dos mecanismos de coping individuais.

“COPING”

 O lidar com a situação pode ser designado por coping que consiste “numa
procura de estratégias e habilidades para tornar flexível o uso de uma
variedade de comportamentos que permitam à criança / família adaptarem-se
aos desafios do ambiente ( interno e externo )”.
 De acordo com atitude da criança / família três tipos de coping:
1. Coping inativo: a criança tem um comportamento não ativo, não
participativo e silencioso. A criança mantém-se introvertido não
comunicando sob qualquer forma com o exterior ( não toca, não olha,
não se mexe).
2. Pré-coping: Há um comportamento de orientação essencialmente em
termos de olhar ( havendo objetos que já captam a sua atenção).
3. Coping ativo: A criança toma uma parte ativa de acordo com a
situação que se manifesta através de choro, cooperação, resistência.

A hospitalização para a criança é uma experiência traumatizante devido a várias


razões:

 Afastamento do meio físico, social (amigos, colegas).


 Medo do desconhecido.
 Separação dos pais.
 Perda de autonomia.

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A capacidade da criança em lidar com a hospitalização dependerá de:

 Do seu estádio de desenvolvimento


 Das experiências anteriores
 Da sua perceção da situação
 Sistemas de suporte disponíveis

HOSPITALISMO

 Segundo Spitz a separação da pessoa significativa geralmente a mãe, pode-se


desenvolver entre o 6º mês de vida e os 2 anos, 2 quadros diferentes, mas em
que o 2º deriva do 1º.
 Segundo Spitz (estudo efetuado), após a separação, a criança apresentava um
comportamento choroso, recusando a aproximação fosse de quem fosse e
chorava se essa aproximação se efetivasse e demonstrava pouco interesse
pelo ambiente que a rodeava.
 Este comportamento durava cerca de 3 meses, após os quais era notório uma
de peso, grande atraso de desenvolvimento e das resistências físicas
(“Depressão Analítica”).
 A seguir aos 3 meses de separação e durante 2 meses os sintomas
agudizavam-se, mas se a separação se cessa, havia possibilidade de
recuperação. Se a separação continuava para além dos 5 meses, desenvolve-
se perturbações extremamente graves e irreversíveis. Spitz chamou
“hospitalismo”, é um quadro clínico que pode surgir a seguir a uma
depressão analítica.

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Hospitalismo, caracteriza-se por:

 Atraso motor evidente


 Passividade
 Inércia, a criança fica sem controle motor para se virar
 Expressão imbecil
 Face desvitalizada
 Declínio progressivo
 Grande tendência para infecções
 Extrema deterioração física e mental.

Em casos extremos de Hospitalismo pode surgir a morte:

 (37% dos casos no estudo de Spitz)


 As crianças que sobreviveram manifestaram grande atraso: aos 4 anos de
idade ainda demonstravam dificuldade em sentar-se, vestir-se sozinhas,
andar, falar e controlar os esfíncteres.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA FACE AOS FATORES DE


STRESS DA HOSPITALIZAÇÃO

1. Prevenir ou minimizar a separação


 É um dos objetivos primordiais do enfermeiro, essencial/ nas crianças
entre os 0 e 5 anos.
 É importante implementar a presença dos pais (ou pessoas significativas)
junto às crianças durante o internamento.
 Se possível deve-se permitir aos pais (após avaliação individual)
participarem nos cuidados aos filhos.
 Caso esta situação não seja possível é importante minimizar os efeitos da
separação através da – atribuição de só algumas enfermeiras a
determinada criança, para cuidar dela direta
 É também importante conhecer os hábitos em termos de A.V.D. da
criança.

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 De acordo com o que atrás foi referido de certa forma as fases de protesto
e desespero são normais e desta forma deve-se aceitar que a criança
nomeadamente chore, no entanto não se deve abandoná-la mantendo-nos
perto da criança e simultaneamente deve-se quando possível falar dos pais
e incentivar estes a trazerem objetos transitivos (cobertor, brinquedos,
fotografias).
 Quando os pais se têm de ir embora devem ser verdadeiros com a criança,
porque se desaparecem sem a criança se aperceber, a criança considera
esta situação como uma perda, mas se forem verdadeiros sabe que hão-de
voltar.

2. Minimizar a perda de controle


 Restrição física
- A criança mais pequena é muito mais resistente à restrição física e como
tal é importante a cooperação por parte da criança que se pode obter
através da preservação do relacionamento mãe/filho (durante exames
manter a criança ao colo da mãe, para que esta possa consolar a criança
durante ou após estes, consoante a vontade dos pais) em procedimentos
dolorosos. (os tratamentos dolorosos em locais próprios, nunca nas salas
de distração).
- Em crianças maiores é importante informá-las sobre o procedimento ou
sobre a sua situação (para manter determinada posição).
- Poder-se-á também utilizar uma cadeira de rodas ou carrinho de forma
que permita à criança aumentar a mobilidade ou então levá-la para junto
de uma janela ou então trazer para junto da criança objetos do seu
interesse.
 Rotinas alteradas
- É importante conhecer A.V.D. da criança em casa, no entanto é natural
surgir alguma regressão e como tal é sempre impensável fazer com que a
criança adquira novas competências.
- A enfermeira , os pais e a criança, em conjunto, devem planear um
programa diário de todas as atividades que são importantes para ambos

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(como procedimentos de tratamento, trabalho escolar, exercício, televisão,
hobbies).
 Diminuir lesão corporal e dor
- É essencialmente virado para a informação. As crianças têm necessidade
de saber que lhe é permitido expressar a dor. Dizer-lhes que podem dizer
“ai”, gritar, chorar, expressar os seus sentimentos num ambiente de apoio
e aceitação.
- Os curativos aplicados (nomeadamente pensos, estes nunca devem ser
exageradamente grandes, pois a criança associa a gravidade de uma ferida
ao tamanho do penso ).
- Permitir à criança quando possível retirar os próprios pensos
(queimados ).
- Permitir à criança escolher o local da injeção.
- Dar diplomas.

A FAMÍLIA – os pais têm como stressores

O diagnóstico da situação ( gravidade da doença, causa da doença ( conhecida,


evitável, desconhecida ).

As reações são:

 Negação
 Revolta, raiva
 Culpa (tanto em causas conhecidas como desconhecidas). Que se pode
projetar no cônjuge ou no próprio (ou mais raramente nos técnicos de
saúde).

Evolução da situação (duração, efeitos dos tratamentos, necessidade de informação,


não participação nos cuidados à criança).

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Reações:

 Sentimento de perda, de incapacidade.


 Dificuldade de comunicação
 Depressão
 Exaustão ( os que não saem do pé da criança )

Atender às necessidades de:

 Suporte
 Informação
 Necessidade de participação

Deve haver por parte dos enfermeiros:

 Respeito pela sua competência nos cuidados à criança.


 Aferir com os pais o plano de cuidados.
 Não interferir nos assuntos familiares.

Stressores dos irmãos

 São os eternos esquecidos, mas reagem à doença do irmão internado também


de uma forma semelhante ao das outras crianças de acordo com a separação
de uma forma semelhante à criança doente - protesto, revolta, culpa,
ressentimento, vergonha ( junto dos seus pares ).
 É importante se possível colocar as crianças a participarem nos cuidados aos
irmãos.

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DEFICIÊNCIA MENTAL NA CRIANÇA E ADOLESCENTE

 A deficiência mental é a incapacidade mais frequente nos EUA.


 Calcula-se que envolve 3% da população.
 Já muito poucas crianças com deficiência mental se encontram
institucionalizadas.
 A maioria permanece em casa, os pais precisam de preparação adequada para
poderem ajudar os seus filhos.
 A enfermeira têm um papel fundamental no auxílio dos pais, para que estes
possam observar, a solucionar problemas e a tomar decisões.
 A definição proposta pela American Association on Mental Deficiency
(AAMD), afirma que deficiência mental se refere ao funcionamento
intelectual abaixo da média, e, simultaneamente com alteração no
comportamento adaptativo.
 De acordo com a definição da AAMD, a inteligência abaixo da média é
definida com o quociente de inteligência (Q.I.) abaixo de 84.

CLASSIFICAÇÃO

 Limítrofe (Q.I. de 71 a 83) – são denominadas por terem uma aprendizagem


lenta.
 Essas crianças são inseridas em turmas normais, necessitando de apoio do
ensino especial.
 Conseguem aprender e desenvolver atividades que exijam pouca habilidade e
ajustam-se no relacionamento social, inclusive no matrimónio e na criação de
filhos.

 Deficiência leve (Q.I. de 55 a 70) – Podem atingir uma idade mental de 8 a


12 anos.
 Embora o seu desenvolvimento seja muito lento. Necessitam de programas
educacionais para desenvolverem aptidões laborais e interações sociais.
 Funcionam adequadamente em relacionamentos maritais compatíveis, mas
são incapazes de terem responsabilidade de criar filhos.

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 Deficiência moderada (Q.I. de 40 a 54) – Podem atingir uma idade mental de
3 a 7 anos.
 Embora possam necessitar de supervisão e de apoio durante toda a vida,
podem aprender a realizar tarefas úteis em casa.

 Deficiência grave (Q.I. de 25 a 39) – São limitadas na linguagem, habilidades


sociais, capacidades motoras e habilidades de comunicação, podendo
apresentar também deficiências físicas associadas.
 Têm raciocínio deficiente precisando de ajuda para tomar decisões.
 Mas são capazes de aprender certas habilidades de autocuidado e de
segurança com o meio ambiente.

 Deficiência profunda (Q.I. inferior a 25 ) – Apresentam grave deficiência na


coordenação física e no desenvolvimento sensório-motor.
 Podem adquirir desenvolvimento mínimo da fala.
 Não poderão ser auto-suficientes pois são extremamente limitadas. Precisam
de supervisão constante.

ETIOLOGIA

A maioria das crianças com deficiência mental são de etiologia desconhecida, no


entanto existe situações que podem originar a deficiência mental:

 Infeções e intoxicações, como a rubéola e a sífilis congénitas, o consumo de


drogas pela mãe (como o álcool em excesso) ou a ingestão crónica de
chumbo.

 Traumatismo ou agentes físicos, principalmente lesão cerebral sofrida


durante o período pré-, peri- ou pós-natal.

 Nutrição inadequada ou distúrbios metabólicos, como a fenilcetonúria.

 Patologias cerebrais pós-natais, como a neurofibromatose.

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 Influências pré-natais desconhecidas, incluindo-se as malformações cerebrais
e cranianas, como a microcefalia e a hidrocefalia.

 Distúrbios gestacionais, incluindo-se prematuridade, baixo peso ao nascer e


pós maturidade.

 Distúrbios psiquiátricos, que se instalam durante o período de


desenvolvimento da criança, até à idade de 18 anos.

 Influências ambientais, falta de estímulos e associado à história de


deficiência mental entre pais e irmãos.

 Anormalidades cromossómicas, como o síndrome de Down.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA/ADOLESCENTE COM


DEFICIÊNCIA MENTAL

 O objetivo principal de cuidados de enfermagem à criança com deficiência


mental é promover o melhor desenvolvimento possível como indivíduo
dentro de uma família e de uma comunidade.
 A enfermeira é fundamental para ensinar os pais a favorecer a aprendizagem
do seu filho, como:
- educar estas crianças
- ensinar habilidades de autocuidado
- promover o melhor desenvolvimento possível
- ajudar as famílias a ajustarem-se aos cuidados futuros.

EDUCAR ESTAS CRIANÇAS

 É necessário aperceber das capacidades e deficiências da criança.


 Compreender como estas crianças aprendem, para se poder ensinar
comportamentos básicos relacionados com a saúde.

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 Estas crianças têm dificuldade em discriminar entre dois ou mais estímulos,
assim teremos de salientar de forma exagerada o estímulo pretendido através
de uso de cores e de demonstração.
 Também têm dificuldade de memorizar várias coisas ao mesmo tempo,
necessitam de ordens únicas e progressivas.
 Nestas crianças falta a motivação, é necessário reforços para estimular o
interesse em completar determinadas atividades.

PROMOVER HABILIDADES DE INDEPENDÊNCIA

As principais habilidades que a criança deficiente necessita de aprender são


as do autocuidado: alimentar-se, ir à casa de banho, vestir-se e a sua higiene
corporal.

Antes de iniciar qualquer processo de autocuidado, deve-se fazer a análise de


determinada tarefa, só depois observar a criança numa situação particular, a fim de
determinar quais as habilidades que possui e a sua competência para aprender a
tarefa.

Existem numerosos dispositivos de auto-ajuda para facilitar a independência


destas crianças. Embora esses dispositivos sejam úteis na eliminação de algumas
dificuldades de aprendizagem, como por exemplo na alimentação a utilização de um
prato com ventosa para evitar derramamento acidental.

PROMOVER O MELHOR DESENVOLVIMENTO

O melhor desenvolvimento destas crianças passa por atingir comportamentos


sociais aceitáveis, sentimentos pessoais de autoestima, de valor e de segurança.

Para isso, será fundamental a boa relação afetiva existente entre os vários
membros da família, de forma que criem um ambiente promotor desse
desenvolvimento.

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Brincadeiras – A criança com deficiência mental tem a mesma necessidade de
brincar que qualquer outra criança. Assim a enfermeira deverá orientar os pais para
escolherem os brinquedos adequados e que estimulem atividades de interação.

Os brinquedos devem ser simples, de forma que a criança possa aprender a


manipulá-los sem ajuda.

COMUNICAÇÃO

Na maioria das crianças com deficiência mental têm maior deficit na expressão
verbal que nas capacidades físicas.

A fala requer audição, interpretação (habilidade recetiva) e coordenação dos


músculos faciais (habilidade expressiva).

Nas crianças com deficiência mental, ambos os aspetos podem estar


prejudicados. Estas crianças devem fazer com frequência exames de audiometria e
utilizarem aparelhos auditivos, quando for necessário.

Algumas crianças necessitam de fazer terapia da fala.

Outras utilizam a comunicação não-verbal através de dispositivos próprios para


esse fim.

DISCIPLINA

A disciplina deve iniciar-se precocemente.

Para as crianças com deficiência mental, as medidas para estabelecer limites


devem ser simples, consistentes e adequadas à sua idade.

Uma excelente técnica para o estabelecimento de limites é a modificação de


comportamento.

SOCIALIZAÇÃO

Os pais precisam ser estimulados a ensinar, precocemente, comportamentos


socialmente aceitáveis a seus filhos, tais como acenar “adeus”, dizer “olá” e
“obrigado”, responder quando chamado por seu nome, cumprimentar as vistas.

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A criança bem arranjada e vestida com roupa adequada à sua idade têm muito
mais hipótese de ser aceita e de desenvolver auto-estima.

As roupas devem ser limpas e estar na moda.

Algumas adaptações na roupa devem ser feitas, para facilitar a criança a vestir-
se sozinha, como: feixes ecleres e de velcro.

As crianças em todas as idades necessitam de relacionamento com os seus pares,


e as crianças com deficiência mental não são exceção.

A criança na idade pré-escolar deve frequentar o jardim de infância.

À medida que a criança cresce, ela precisa de ter contactos semelhantes como as
crianças normais, incluindo passeios em grupo, desportos, atividades organizadas
como os escuteiros ou olimpíadas especiais para crianças com deficiência mental.

Ela deve ser estimulada a formar um relacionamento com um “melhor amigo”.

A adolescência pode ser uma época particularmente difícil para os pais,


especialmente em termos de comportamento sexual da criança, possibilidade de
engravidar, planos futuros para o casamento e habilidade de serem independentes.

A enfermeira pode ajudar nessa área, proporcionando-lhes informações acerca


da educação sexual, orientada de acordo com o nível de desenvolvimento da
criança.

Por exemplo, uma rapariga adolescente precisa de uma explicação simples


acerca da menstruação e orientações sobre a higiene pessoal, durante o ciclo
menstrual.

A enfermeira pode ser muito útil ao discutir com os pais e o adolescente


assuntos como anticoncecionais.

Desta forma, eles podem planear precocemente e evitar possíveis problemas.

AJUDAR AS FAMÍLIAS A AJUSTAREM-SE AOS CUIDADOS FUTUROS

Nem todas as famílias são capazes de prestar cuidados no lar a uma criança com
deficiência mental, especialmente aquela que apresenta deficiência mental grave ou
profunda e/ou várias deficiências.

Pais idosos podem ser incapazes de assumir essa responsabilidade.

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Nestes casos, a decisão acerca da colocação da criança é muito difícil.

Existem várias alternativas. Lares ou instituições para crianças com menos de 18


anos e outras para as pessoas maiores de 18 anos.

A enfermeira que atua junto da família pode ajudá-la a procurar e avaliar


diferentes programas, além de auxiliá-la na tomada de decisão de colocar seu filho
em uma delas.

AVALIAÇÃO DA DOR NA CRIANÇA – TRATAMENTO NÃO


FARMACOLÓGICO

 A dor pode ser definida como “tudo o que a pessoa que a experimenta diz que
é, existindo sempre que ela diz que existe”.
 Esta atitude implica sempre que se deve acreditar no utente.
 O reconhecimento da existência de dor e a sua intensidade estão relacionados
com o grupo etário da criança, origem étnica e cultural, experiências
anteriores.
 Deste modo, para se fazer a avaliação da dor deve-se fazer em 3 tempos:

1. Observar a criança

 Dor aguda - (quanto mais pequena é a criança e especialmente no período


pré-verbal) maior é a expressão
- Emocional (choro, gritos, agitação)
- Sinais fisiológicos (sudorese, aumento da tensão arterial, taquicardia,
polipneia)
- Estes sinais não são proporcionais à intensidade da dor. Não são específicos
e exprimem igualmente stress, angústia, fome, medo ou raiva.

 Dor crónica
- Comportamentos ruidosos tendem por vezes a desvanecer-se: desconfie da
criança “muito bem comportada”, da criança prostrada, que recusa a
brincadeira, o contacto ou a comunicação.
- Pode desencadear um estado de atonia psicomotora: desapareci/to das
expressões emocionais, desinteresse, diminuição da motricidade e até o coma
vígil que se observa em crianças muito pequenas.

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- Certas posições antálgicas (rigidez, proteção das zonas dolorosas,
hipertonia) devem ser investigadas pois podem ser reveladoras da existência
de dores.

2. Questionar a criança e os pais

 Em crianças mais velhas (pedir para localizarem a dor, ou que marquem, ou


que pintem num desenho).
 No entanto é importante estar atento a outros sinais, na medida em que as
crianças com medo da medicação injetável podem negar a existência de dor.
 Em relação aos pais é importante questionar os pais, o seu conhecimento da
criança em termos de comportamento é muito importante para despistar a
existência de dor, e inclusive porque as crianças mais facilmente verbalizam
aos seus pais a existência de dor (não confundir com chamar a atenção para
os pais).

3. Instrumento de avaliação

Recém-Nascidos

Nos recém-nascidos, a avaliação da dor é realizada através da observação dos


seus comportamentos. Estes comportamentos serão avaliados numa escala de
0 (sem problemas) a 3 (com problemas). Deste modo, os itens observados
são:
 Rosto – através das expressões faciais consegue-se perceber os
sentimentos expressados.
 Corpo.

 Sono.
 Relação – a forma como interage com os pais e com o enfermeiro, isto
é, se interagir significa que está bem.

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 Consolo – quando a criança está bem tem tendência a enroscar-se aos
progenitores e/ou enfermeiro, quando lhe pegam ao colo.

Crianças 4-6 anos

Os instrumentos de avaliação da dor são as escalas:


 A escala das faces, consiste em seis faces, em que a primeira figura é
uma face muito feliz e sorridente, e a última, uma face triste e
chorosa. As figuras intermédias mostram graus variáveis de felicidade
e tristeza. A criança escolhe qual a face mais parecida com a sua
durante o procedimento doloroso.
 A escala de peças, usa-se cinco peças plásticas, ou seja, uma peça
simboliza “pouca dor”, cinco peças, simboliza “muita dor”. A criança
escolhe o número de peças que iguala a sua dor.
 A escala de copos, um quadro com seis copos é apresentado à criança.
O primeiro copo
está “vazio” para representar “nenhuma dor”, e os outros cinco encontram-se

“preenchidos” com quantidades crescentes de preto para representar


níveis crescentes de dor. A criança escolhe o copo com a quantidade
que corresponde à dor que sente.

Crianças > 6 anos

O instrumento de avaliação da dor consiste na escala numérica. A escala


numérica, usa uma linha reta, cujos extremos estão identificados como “sem
dor” e “dor máxima”. Entre esses extremos, a linha está dividida em unidades
de 0 a 10. A criança escolhe o número que descreve a intensidade da dor.

Tratamento da dor (não farmacológico)

Na preparação para um procedimento doloroso, é importante não verbalizar a


palavra dor, mas sim picada, beliscão ou desconforto, uma vez que as crianças
associam rapidamente a palavra dor ao choro. Deste modo, existem 3 técnicas que
auxiliam:

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1. Distração

Envolvendo os pais através de jogos. Aconselhar a criança sobre a forma


como expressar a dor, ou seja, gritar alto ou suavemente conforme a
intensidade da dor. Por outro lado, outra forma de distração é utilizar o humor
com a criança ou pedir-lhe que cante ou que respire ritmicamente.

2. Relaxamento

Nos R.N. e crianças pequenas, devemos segurar em posição confortável, bem


apoiadas contra o peito ou ombro, e falar suavemente com elas.

Em crianças mais velhas, devemos pedir-lhes que executem uma respiração


profunda e relaxarem através do espreguiçar. Por outro lado, ajudar a criança
a assumir uma posição confortável, ou seja, colocar uma almofada sob o
pescoço e os joelhos.

3. Estimulação cutânea

A estimulação cutânea inclui a massagem simples e rítmica. Ou, por outro


lado, aplicar calor ou frio, antes da injeção.

Tratamento farmacológico da dor

É importante dois princípios, no tratamento farmacológico da dor:

 Programar a medicação, de modo a prevenir a dor.


 Determinar a dose que permita máximo de bem-estar.

Deste modo, o tratamento farmacológico da dor poderá consistir na aplicação


EMLA, isto é, aplicação de um sistema transdérmico (lidocaína 25mg+ prilocaína
25mg), podendo ser aplicado em creme ou adesivo.
Este tratamento é utilizado nos hospitais e nos centros de saúde.

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PREPARAÇÃO DA CRIANÇA E FAMÍLIA PARA A INTERVENÇÃO
CIRURGICA

O procedimento cirúrgico é para a criança e sua família um momento de angústia e


de medo, na maioria das vezes, é somado à hospitalização da criança. Compete à
enfermeira planear uma assistência à criança, minimizando os medos e a angústia do
pré-operatório e da própria hospitalização, assegurando uma adequada recuperação
pós-operatório. A qualidade da assistência de enfermagem é de importância
fundamental, para uma recuperação mais rápida, além de diminuir as perdas físicas e
psíquicas da criança.

Impacto psicossocial da intervenção cirúrgica na criança e família


A cirurgia é um dos procedimentos mais traumáticos para a criança, uma vez que
implica anestesia, invasão corporal, mutilação. A criança perante o ato cirúrgico
pode reagir com agressividade, hostilidade ou então refugiar-se passivamente em si
própria não comunicando. Pode regredir para estadios anteriores que lhe foram
satisfatórios, tornando-se dependente e negativista. É importante estarmos atentos a
todas as reações da criança, pois esta, por mais cooperante e inteligente que seja, não
está à altura de dar uma representação completa e exata de todos os seus receios e/ou
outros problemas. A criança que está prestes a ser submetida a uma intervenção
cirúrgica pode cair num estado de entorpecimento, ficar paralisada, e, a nossa
tentativa de comunicação direta é habitualmente de efeito reduzido. Daí que a
observação seja importante.

Para os pais o impacto com o ato cirúrgico é causador de um grande stress e de um


sentimento de culpa pela doença do filho. Este sentimento de culpa deve ser
identificado como real ou imaginário. Deste modo, os sentimentos, mais frequentes
dos pais, são:
 Medo realista da doença e do desconhecido.
 Insegurança no ambiente hospitalar.
 Pessoas, rotinas, equipamento e procedimentos.
 Alteração dos hábitos do seu filho.
 Medo de perder o afeto do filho.

21
 Problemas financeiros.

A intervenção cirúrgica vai desencadear diversos receios. Há, no entanto, um medo


muito específico que é a anestesia. Até aos 5 anos a anestesia não a assusta tanto,
mas especialmente o que a assusta é onde e com quem vai estar quando acordar. A
criança em idade escolar o que mais assusta é a anestesia. A criança em idade escolar
e o adolescente receiam a anestesia, a operação e a possibilidade de virem a morrer.
Assusta-os também a perda de controlo quando submetidas aos efeitos da anestesia.

Intervenção cirúrgica à criança

6 momentos de maior
stress 
Admissão.
 Antes da análise de sangue.
 A tarde do dia antes da intervenção cirúrgica.
 Medicação pré-operatória.
 Antes e durante o transporte para o bloco operatório.
 Retorno do bloco operatório para a sala de recuperação.

A criança enfrenta a dor e ansiedade


Depende de vários fatores:
 Idade – desenvolvimento.
 Perceção da situação.
 Experiências anteriores.
 Quantidade e tipo de informação.
 Suporte (pais).
 Elementos afetivos – é importante que a criança/pais aceitem tratamento e se
possível colaborem nele.

22
Preparação da criança e família para a intervenção cirúrgica

Princípio da preparação – O medo do desconhecido é superior ao medo que se


conhece. Assim, diminuindo o desconhecido diminui-se o medo.

Objetivos da preparação (IMPORTANTE)


 Eliminar o medo em relação ao desconhecido e reduzir o nível de ansiedade na
criança / família.
 Contribuir para uma melhor interação entre a equipe de saúde e a criança /
família que vai ser submetida a uma intervenção cirúrgica.

A preparação consiste no desenvolvimento de atividades e programas junto da


criança / família, algum tempo antes do seu internamento, sendo que os destinatários
são as crianças em idade escolar e préescolar e os pais, de modo a serem eles a falar
com a criança e se possível permanecerem com ela durante o internamento. Neste
seguimento, os princípios de um programa de preparação baseiam-se em:
 O ambiente, a literatura, o brincar, a visita, as discussões devem ser planeadas
e realizadas, de forma a ser o menos ameaçador possível.
 Toda a família, especialmente os pais (suporte mais importante) deve ser
incluída no programa.
 Permitir e facilitar que todos os membros expressem as suas necessidades e
dúvidas.
 O programa deve ser executado no tempo oportuno – nem demasiado curto,
nem demasiado prolongado, de forma a evitar a fantasia.

Por outro lado, as idades estão relacionadas com o tempo de preparação:

 Com menos de 4 anos, são 1 a 2 dias antes.


 Entre os 4 e os 7 anos, são 1 semana antes.
 Com mais de 7 anos, são mais de 1 semana antes.

23
Preparação Psicológica da criança e família

Uma boa preparação psicológica antes da cirurgia, ajuda a promover uma


recuperação mais rápida depois da operação e reduz os riscos de problemas a longo
prazo, a seguir à experiência de hospitalização da criança e família.

O enfermeiro e a interação com a criança e família

 O enfermeiro tem de mobilizar atitudes de ajuda e de respeito.


 Disponibilidade que se manifeste por uma postura aberta, fáceis sereno e o
tom de voz condizente com a ajuda a que se pretende dar.
 Em todo o momento a criança e família têm necessidade de se sentirem aceites
e compreendidas.
 A utilização do brinquedo facilita o relacionamento enfermeiro/criança e ao
mesmo tempo permite à criança aliviar as suas tensões e frustrações,
tornando-a mais confiante e segura.

Entrevista

 A maioria dos pais dão uma primeira explicação à criança do que se irá passar.
 É importante determinar na entrevista inicial o que foi dito e como foi dito a
fim de validar e clarificar, se necessário, as respetivas informações.
 Ambiente – utilização de um ambiente físico agradável, que assegure o maior
grau de privacidade possível e favoreça um clima de confiança e respeito.

Comunicação

 O enfermeiro mobilizará técnicas de comunicação (ouvir, estimular a falar,


utilizar adequadamente o silêncio) e de perguntas abertas que estimulam a
descrição de medos, sentimentos e necessidades.
 Para isso o enfermeiro deve dispor de habilidades de comunicação, de forma a
aceitá-los, sem julgamento, respeitando-os e confiando neles.
 Através do brinquedo, a criança liberta os seus sentimentos de angustia e
problemas, que ela é incapaz de verbalizar.

24
INFORMAÇÃO A PRESTAR (de acordo com o nível de compreensão da
criança/pais e idade desenvolvimento da criança)
 Saber que informações a criança e pais possuem sobre a intervenção cirúrgica.
 Estar atento à terminologia utilizada pela criança e pais.
 Identificar o que a criança sente e manifesta.
 Estar atento a possíveis sentimentos de culpa da criança ou dos pais. Neste
sentido, o enfermeiro deve explicar de forma clara, simples e honesta. Ou
seja, deve explicar o tipo de intervenção, o local de operação, o tipo de
anestesia, a razão da pré-medicação e a razão do jejum préoperatório.
 Que a criança poderá estar acompanhada durante todo o dia pelos pais.
 Que a criança poderá usar as suas próprias roupas.
 Como irá decorrer o pós-operatório.
 Localização da sala de operações.
 Local onde irá acordar.

Material e métodos a utilizar para a preparação da criança e família na


intervenção cirúrgica  Meios audiovisuais – desenhos corporais, a
boneca, livros para colorir.
 Além da explicação é importante que a criança brinque com o equipamento.
Na medida em que é importante estar atenta ao que a criança verbaliza e
estimular a discussão, através dos métodos utilizados, nomeadamente através
de um folheto informativo tanto para a criança como para pais.

DOENÇA MENOR – INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM


(IMPORTANTE)

Obstrução nasal

A obstrução nasal é um sintoma que pode estar associado a um grande número de


diferentes causas, sendo que é muito frequente nas alturas do ano em que o clima é
mais frio. A obstrução nasal pode deverse a infeções vírias, com rinorreia

25
transparente ou esbranquiçada, cefaleias, perda de olfato, anorexia, e às vezes febre,
sendo que, habitualmente é autolimitado. Se estes sintomas persistirem durante
muito tempo ou se agravarem, será melhor recorrer a cuidados médicos. Por outro
lado, estes sintomas podem ter evoluído para uma situação de sinusite aguda, com
infeção por bactérias, e necessitar de um tratamento mais eficaz que inclui um
antibiótico.

Quando, durante o ano, estes episódios se repetem muitas vezes, poderá esta
subjacente uma alteração da anatomia do nariz que favoreça a retenção de secreções
e a sua infeção mais frequente, como a hipertrofia das adenoides (em idades
pediátricas) ou dos cornetos nasais, o desvio do septo nasal, a existência de pólipos
nasais, ou a obstrução dos orifícios de drenagem dos seios peri-nasais, com
alterações persistentes da mucosa, denominada sinusite crónica. Deste modo, muitas
vezes estas situações necessitam de cirurgia corretiva.

Hipertrofia das adenoides


 MANDÍBULA – Quando a criança deixa de respirar normalmente, a pouca
pressão do ar no nariz faz com que o céu da boca fique alto. Por isso, os
dentes ficam projetados para a frente, provocando a má-formação da
mandíbula.
 SONO – Respirar pela boca durante todo o tempo provoca ronco. Além disso,
a criança tem um sono agitado e superficial.
 RAQUITISMO – As dificuldades para mastigar e respirar ao mesmo tempo
pela boca provocam falta de apetite. Sem sentir o cheiro dos alimentos, a
criança não tem motivação para comer.
 SINUSITE – Inflamação dos seios paranasais. Com a obstrução nasal, a
secreção produzida nas fossas nasais fica acumulada formando um foco para
bactérias. Por isso, há sempre o risco de infecionar a região paranasal.
 AUDIÇÃO – O ar que entra pelo nariz equilibra o tímpano, membrana que
divide o ouvido interno do externo. Sem este equilíbrio, a criança pode ter
permanentemente dor, otites de repetição, dificuldade auditiva.
 OLFATO – A obstrução das fossas nasais impede inclusive que passem os
cheiros. Com o nariz
impermeável aos odores, a criança não sente fome e, por isso, fica raquítica.

26
 PULMÃO – Quando a respiração é normal, antes mesmo de o ar chegar aos
pulmões, estes se expandem para recebê-lo. Se o ar entra pela boca, o
pulmão, além de não ter o reflexo natural de expansão, recebe o ar sujo e sem
umidificação.

Obstrução nasal

Algumas crianças referem obstrução nasal associada a espirros frequentes, prurido


nasal e ocular, com secreções nasais aquosas e lacrimejo. Os sintomas referidos
estão geralmente relacionados com problemas alérgicos. De uma forma geral,
aumentam em determinadas alturas do ano, como por exemplo na Primavera em
pessoas alérgicas aos pólens. No entanto, existem ainda casos de sensibilidade
exagerada a alguns estímulos como os odores intensos (perfumes fortes, detergentes)
ou a diferenças de temperatura (mudança brusca de um ambiente frio para o quente),
assim desencadeia-se obstrução nasal imediata e, muitas vezes, secreções
abundantes.

Conjutivite (Olho vermelho)

Manifestações Clínicas

A história da doença, é muito importante, sendo desde início necessário excluir um


traumatismo que tenha provocado lesão. Os sintomas são dor, fotofobia (desconforto
com a presença de luz), sensação de picadelas, lacrimejo e secreções oculares são
queixas muitas vezes associadas ao olho vermelho. A dor é uma sensação muito
subjetiva, no entanto quando uma criança se queixa de dor ocular as 3 causas mais
prováveis são presença de um corpo estranho, contusão direta (traumatismo) ou
úlcera da córnea.

Etiologia

Conjuntivites e as inflamações da córnea (queratites), para além de infeções


associadas a obstrução congénita do saco lacrimal (dacriocistites). Por vezes o
diagnóstico é difícil pois as manifestações sobrepõem-se, deste modo, é importante a
opinião de um oftalmologista.

27
Fisiopatologia

As conjuntivites víricas são causadas por adenovírus, costumam aparecer após uma
infeção respiratória ou por contacto com outra pessoa com o problema, sendo que
surgem de forma súbita, muitas vezes no início só está atingido um olho. O olho
apresenta-se vermelho e com corrimento aquoso, sem mais algum sintoma.

Cuidados de Enfermagem

Não há tratamento específico, sendo aconselhada a lavagem do olho com soro


fisiológico e deve evitar-se o contacto com outras crianças para não aumentar a
propagação. A conjuntivite bacteriana ou purulenta aguda é o resultado de uma
infeção por bactérias, sendo o Haemophilus influenzae, o pneumococos,
estafilococos e estreptococos os agentes mais vezes implicados. Para além do olho
se apresentar vermelho, há secreções purulentas (semelhantes a “remela”) e
desconforto ocular de intensidade variável. Muitas vezes, só está atingido um olho,
mas com facilidade o outro é afetado pois o contágio é muito fácil. O tratamento
baseia-se na lavagem ocular com soro e aplicação de colírios ou pomadas com
antibiótico, devendo ser evitados os tratamentos com corticoides.

Nos recém-nascidos, os agentes podem ser diferentes (gonococo, Chlamydia,


pseudomonas). Mas, nos primeiros dias de vida, o mais provável é que a conjuntivite
seja alérgica, pode-se aplicar antibiótico tópico (Cloranfenicol) usado para
prevenção da oftalmia neonatal, não necessitando de trata/o específico.

Os quadros de conjuntivite alérgica também são uma causa de olhos vermelhos, são
frequente/sazonais e costumam acompanhar-se de comichão, secreção aquosa
ficando por vezes as pálpebras também inflamadas. O tratamento baseia-se na
lavagem dos olhos com soro fisiológico, compressas frias e antihistamínicos locais,
sendo por vezes necessário também por via sistémica.

DOENÇA AGUDA – INTERVENÇOES DE ENFERMAGEM

Apendicite aguda

Em relação à idade podemos dizer que é mais frequente após os quatro anos,
aumentando a sua incidência a partir desta idade, sendo máxima dos 8 aos 12 anos.

28
Dada a sua frequência, a possibilidade do seu diagnóstico deve sempre ser
considerada numa criança portadora de dor abdominal. O risco de apendicite
aumenta com a idade, e o pico de incidência fica entre os 15 e 30 anos de idade. A
apendicite é a principal causa de cirurgia abdominal em crianças.

Apendicite é a inflamação do apêndice, um pequeno órgão com o formato parecido


com o dedo indicador, de aproximadamente 10 cm., localizado abaixo e no lado
direito do intestino grosso. O apêndice apresenta um canal (luz) em seu interior que
se comunica com o intestino, contendo fezes ainda em fase líquida. A função do
apêndice não é conhecida, apesar de haver uma grande concentração de tecido
especializado na defesa imunológica em sua parede. Normalmente, inflama por
causa de uma infeção ou de uma obstrução do sistema digestivo. Se não for tratado,
o apêndice infetado pode romper-se e decimar a infeção para a cavidade abdominal e
para a corrente sanguínea.

Fisiopatologia

Sendo o apêndice um órgão possuidor de um lúmen extremamente fino, a sua


obstrução ocorre com facilidade, seja por concentrações de material fecal (fecalito)
ou por hiperplasia linfoide da mucosa (menos frequente). A obstrução favorece o
aumento do peristaltismo e o início da dor pela distensão das suas paredes. A
mucosa mantém a sua secreção, que se acumula e origina a proliferação bacteriana,
iniciandose o processo inflamatório agudo na camada mucosa. Nesta fase, inicia-se
o quadro sintomático com dor epigástrica ou peri umbilical, sensação de desconforto
e mal-estar, vindo a seguir os vómitos, em geral algumas horas após o início da dor.
Estabelecendo-se a distensão progressiva do apêndice que leva à dificuldade do
retorno venoso determinando edema e causando o aumento da pressão capilar, que
por sua vez associado à infeção pode levar à necrose e perfuração do órgão. A dor,
agora bem definida, localizase na fossa ilíaca direita, havendo necrose do apêndice,
instala-se a peritonite.

Sinais e sintomas (IMPORTANTE)

A evolução da sintomatologia da apendicite aguda, obedece, geralmente, à seguinte


sequência dor epigástrica ou periumbilical, vómitos, febre baixa, dor na fossa ilíaca

29
direita (FID). Dor abdominal (sintoma principal) é de carácter contínuo e
intensidade progressiva, inicia-se na região periumbilical ou epigástrica, deslocando-
se depois para a FID. Os vómitos são inicialmente alimentares e, posteriormente,
biliares. A Febre é inferior a 38ºC, quando é superior a 39ºC pode significar
peritonite. Anorexia é frequentemente acompanhada de náuseas. A distensão
abdominal significa após rutura do apêndice (abdómen rígido). O abdómen
“silencioso” significa que os sons intestinais estão ausentes. A diarreia é mais
frequente ou poderá ser obstipação. Relativamente à mudança de comportamento na
criança, assume uma posição rígida sem movimentos e deita-se em decúbito lateral
com os joelhos flexionados sobre o abdómen. O hemograma apresenta leucocitose
(10.000b a 15.000/mm3) em 90% dos casos. O RX pode revelar fecalito apendicular
ou ileus paralítico na FID.

Prevenção

Não há nenhum modo de se prevenir a apendicite.

Tratamento

Na apendicite aguda, o tratamento padrão é a cirurgia para remover o apêndice. A


cirurgia, chamada apendicectomia, deve ser feita o mais cedo possível para reduzir o
risco de apêndice romper-se. Normalmente, se a apendicite é fortemente suspeitada,
o cirurgião indicará a remoção do apêndice até mesmo se o ultrassom ou a
tomografia não puderem confirmar o diagnóstico. A recomendação do cirurgião para
operar reflete o perigo de uma apendicite supurada, pois ela pode ser ameaçadora à
vida, enquanto a apendicectomia não complicada é um procedimento relativamente
de pouco risco. A cirurgia pode ser feita de modo convencional (através de uma
incisão no lado inferior direito do abdome) ou por vídeo-laparoscopia (através de
pequenas incisões no abdome), conforme a indicação do cirurgião.

Cuidados de enfermagem (IMPORTANTE)

A criança com apendicite aguda necessita de abordagem hospitalar e tratamento


cirúrgico, sendo os cuidados de enfermagem direcionados para a fase pré, intra e
pós-operatória.

30
Cuidados Pré-Operatório

 Estar alerta para a sintomatologia já referenciada.


 Avaliação adequada da dor (características, localização, evolução).
 Aplicação frio local (gelo na FID). Nunca aplicar calor!
 Em casos de obstipação não administrar laxantes devido ao peristaltismo e
consequentemente risco de perfuração.
 Instituir dieta 0 e colocação de soro EV segundo prescrição.
 Fazer preparação da criança/família para a intervenção cirúrgica.

Fase Intraoperatória

 Apendicectomia por incisão abdominal ou laparotomia.


 Ver cuidados enfermagem no BO (CIR.)

Cuidados Pós-Operatórios

 Cuidados gerais já referenciados anteriormente.


 Manter dieta 0 e eventual SNG passiva para a descompressão digestiva até
que surjam sinais de atividade intestinal, verificar a existência de meteorismo
intestinal e/ou eliminação fecal.
 Administrar terapia intravenosa prescrita (soros, antibioterapia, analgésicos).
 Colocar posição semi-fowler ou decúbito lateral direito (facilita a drenagem da
cavidade peritoneal e previne a formação de abcesso subdiafragmático).
 Vigiar o aparecimento de complicações Pós-Operatório (abcesso da parede);
 Apoio psicológico à criança/família, estimular a criança a falar sobre a
hospitalização e tratamentos, esclarecendo conceitos errados.

Prognóstico

Geralmente o prognóstico é bom, com boa evolução pós-operatória e a taxa de


mortalidade em crianças acima 2 anos é < 0,1%.

31
DOENÇA CRÓNICA – INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Doença crónica - conceito


Toda a lesão somática que reduz de uma forma importante as capacidades da criança
e por um tempo prolongado (> = 3 meses). Todos os estados patológicos devidos a
causas múltiplas com início insidioso, com sintomas diversos, com evolução longa,
muitas vezes com sequelas e com ressonância psicológica, familiar e social. A
criança com Doença Crónica é toda a criança que, durante um período apreciável (3
Meses), se encontra impossibilitada, devido a causas físicas, de participar
plenamente nas atividades inerentes à sua idade, no domínio social, recreativo ou de
orientação profissional. As crianças com doenças na sua maioria estão a ser
acompanhadas pelo médico e os seus familiares que conhecem bem o problema. É
na interajuda entre todos os elementos sociais que se encontra uma forma concertada
de agir. O professor deve por isso conhecer os sintomas da doença e fomentar o
apoio entre todos os agentes na escola agindo segundo as orientações da família que
por sua vez deve estar orientada pelo médico assistente.

Exemplos de Doença Crónica

 Neurológicas: Epilepsia
 Metabólicas: Diabetes
 Respiratórias: Asma; Mucoviscidose
 Renais: IRC
 Hematológicas: hemofilia; Anemia
 Cardíacas: Tetralogia de Fallot
 Sida

Aspetos Psicossociais da Doença Crónica Nas


Crianças  Medo do abandono.
 Interpretação da doença como um castigo.
 Pobre autoconceito devido à existência de problemas físicos.
 Insegurança em relação às suas possibilidades escolares.
 Receio das restrições impostas pela doença.

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 Medo do que as outras crianças possam pensar em relação à sua doença e aos
seus efeitos.

Problemas relacionados com doença crónica

1. Somático

 Problema ativo real


 Problema potencial
2. Psíquico

 Afetivo
 Personalidade
 Intelectual
3. Ambiente

 Condições familiares
 Socioeconómicas
 Geográficas
 Horário e ritmo

Princípios da assistência à criança


com DC  Diagnosticar e
avalia.
 Explicar e interpretar.
 Proporcionar continuidade.
 Estabelecer um plano global.
 Permitir os desejos da criança.
 Coordenar a assistência.
 Dar atenção às preocupações.
 Articulação com os Cuidados de Saúde Primários.
 Despistar doenças intercorrentes.
 Aconselhamento genético.
 Bons mecanismos de comunicação.

33
 Fazer avaliações periódicas.
 Prever as reações normais à doença e os efeitos na família.
 Estimular a autonomia, melhorar a autoimagem e autoestima.
 Acompanhar o sucesso escolar e planos para o futuro.
 Coordenar e fomentar os recursos e apoios da comunidade.
 Acautelar sempre apoio e defesa dos interesses da criança, sem protecionismo.
 Melhorar a autoimagem e autoestima.

Insuficiência Renal Crónica

A saúde pública prepara-se para sofrer uma viragem a nível mundial, com uma
redução de 3% na projeção das doenças infeciosas na mortalidade e um aumento de
17% das mortes por doença crónica. A doença renal crónica, além de rara, não tem
tratamento até atingir a fase de falência renal. Os tratamentos para a falência renal
são a diálise e o transplante renal. No nosso país existem cerca de 14000 doentes
com falência renal em hemodiálise ou transplantados e este número vem a crescer
6,5% anualmente, prevendose que duplique nos próximos 15 anos.

Doenças respiratórias crónicas

Somente em 2005, doenças respiratórias crónicas vitimaram em todo o mundo 4


milhões de pessoas. As estimativas são de que esse número cresça 30% em 10 anos,
caso medidas emergenciais não sejam tomadas. Para conter essa incidência
alarmante, foi criada a Aliança Mundial contra Doenças Respiratórias (GARD), com
o subsídio da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Obesidade infantil

Não há dados sobre a obesidade infantil em Portugal, mas o número crescente de


crianças obesas que inundam as consultas de pediatria é esclarecedor: a obesidade é
um problema em expansão e é “a doença crónica mais difícil e frustrante de tratar”.
Crescer para Cima, é uma obra, que pretende alertar pais e educadores para o facto
de a obesidade não ser uma mera questão estética. “Ser gordo é estar doente”, afirma
Carla Rego, lembrando que uma criança obesa tem uma probabilidade muito
superior de se tornar num adulto obeso e de sofrer, desde cedo, de um conjunto de

34
patologias crónicas que o acompanharão toda a vida, tais como diabetes e
hipertensão. Para dotar as famílias e as escolas de conhecimentos que permitam
educar as crianças dentro de rotinas alimentares saudáveis, a obra fornece elementos
concretos acerca das qualidade e perigos dos alimentos, conselhos, “truques” e
informações nutritivas, para além de um conjunto de mais de cem receitas criativas,
rápidas e, sobretudo, salutares.

DOENÇA INFECCIOSA – INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Em Medicina, uma doença infeciosa ou doença transmissível é qualquer doença


causada por um agente biológico (por exemplo: vírus, bactéria ou parasita), em
contraste com causa física (por exemplo: queimadura ou intoxicação química).

Alguns exemplos de doenças infeciosas


 Malária  Sarampo  Doença

 Febre amarela  Rubéola meningocócica  Hepatite A


 Tétano  Gripe
 Hepatite E  Difteria  Estafilococcias

 Febre tifoide  Varicela  Estreptococcias

 Cólera  Encefalite japonesa

 Poliomielite  Tuberculose

Doença Infeciosa – Definições técnicas


 Agente Infecioso – Microrganismo (vírus, rickettsia, bactéria, fungo,
protozoário ou helminta), capaz de produzir infeção ou doença infeciosa.
 Contaminação – Presença de agente infecioso na superfície do corpo, no
vestuário e nas roupas da cama, em brinquedos, instrumentos cirúrgicos, em
outros objetos inanimados ou em substâncias como a água, o leite e seus
derivados e os alimentos.
 Desinfeção – Destruição de agentes infeciosos situados fora do organismo,
mediante meios químicos ou físicos.
 Desinfestação – Qualquer processo físico ou químico por meio do qual são
destruídos ou removidos do corpo de uma pessoa, roupas ou meio ambiente,
assim como animais domésticos, roedores e antropoides. Entre tais processos

35
pode ser por exemplo o despiolhamento contra a infestação por Pediculus
capilares humanus.
 Doença transmissível – Doença causada por um agente infecioso ou suas
toxinas através da transmissão desse agente ou seus produtos, do reservatório
ou de uma pessoa infetada ao hospedeiro suscetível, quer diretamente de uma
pessoa ou animal infetado quer indiretamente.
 Doença infeciosa – Doença do homem ou dos animais, resultante de uma
infeção.
 Infeção – Penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente
infecioso no organismo do homem ou de outro animal. Infeção não é
sinónimo de doença infeciosa; o resultado pode ser inaparente ou manifesto.
 Infeção inaparente – Presença de infeção num hospedeiro sem o
aparecimento de sinais ou sintomas clínicos. Infeção oculta, assintomática.
 Endemia – Presença constante de uma doença ou de um agente infecioso em
determinada área
geográfica.
 Epidemia – É a ocorrência, numa comunidade ou região, de casos de doença,
ou de um surto, em número que ultrapassa nitidamente a incidência
normalmente esperada.

Doença Infeciosa

O Sarampo, a Rubéola, a Papeira, a Varicela, a Difteria, a Tosse convulsa, a


Escarlatina e a Meningite (Meningococos e Haemophilus); caracterizam-se por
serem muito frequentes em crianças e transmitiremse por via aérea, através de
secreções nasofaríngeas ou da saliva. A Varicela tem 2 peculiaridades: pode também
transmitir-se através do líquido das lesões cutâneas, e não é de declaração
obrigatória. Também a meningite, só deverá ser notificada se for a meningococos.
Em Portugal, a Hepatite A e principalmente a Hepatite B são doenças mais
frequentes entre os adolescentes e adultos. Enquanto a Hepatite A tem transmissão
fecaloral pelo que poderá ser necessário tomar medidas imediatas de isolamento
entérico do doente em relação a outras crianças. No caso da Hepatite B, atendendo à
forma de transmissão hemática ou sexual, nunca será importante isolar o doente em
relação às outras crianças, não se devendo tomar medidas precipitadas, apenas
geradoras de pânico e intolerâncias injustificadas.

36
Medidas necessárias para estas doenças

1. Isolamento do doente

Deve ser feito durante todo o período de transmissão referido para cada doença
(exceto a Hepatite B). Será o período entre o diagnóstico e o final do período de
transmissão.

2. Vigilância do contactante

Considera-se contactante todo o indivíduo que contactou intimamente com o doente


durante o período de transmissão referido para cada doença. Um contactante só
poderá iniciar a doença clínica após o período de incubação da mesma. Este período
de incubação varia entre um mínimo e um máximo (referidos no quadro), deve ser
feita vigilância clínica ao contactante entre estes dois “tempos”. Por ex.,
relativamente aos dados expostos no quadro para o caso do sarampo, se um
contactante foi exposto pela primeira vez dia 5 de abril, poderá iniciar a sua doença
entre dia 13(5+8) e dia 21(5+16) de abril.

3. Notificar

Todas as doenças de declaração obrigatória (Ato Médico)

Quadro – Atuação preventiva perante um caso de doença infeciosa


Período de
Período de Medidas junto dos
Doença incubação
transmissão contactantes
(dias)
Desde 4 dias antes,
Vacinação até 72h após
Sarampo 8–16 até 4 dias após
exposição.
início da exantema.
Desde 7 dias antes,
Vacinação até 72h após
Rubéola 14–21 até 7 dias após
exposição.
início da exantema.

37
Desde 6 dias antes,
até 9 dias após Vacinação até 72h após
Papeira 14–21
início do exposição.
tumefação.
Desde 2 dias antes,
Vacinação até 72h após
Varicela 10–21 até 5 dias após
exposição.
início da exantema.
Contactantes com vacina
atualizada: 1 dose vacinal de
reforço e isolamento por 7
Até 2 culturas dias. Contactantes sem
negativas do vacina atualizada:
Difteria 1–7
exsudado atualização vacinal,
nasofaríngeo. isolamento por 7 dias e
quimioprofilaxia
(eritromicina 50mg/Kg/dia
durante 7 dias).
Contactantes menos íntimos:
atualização vacinal.
Contactantes domésticos e
companheiros de carteira:
Até 5 dias de
atualização vacinal,
Tosse convulsa 4–21 Antibioterapia
isolamento por 7 dias e
correta
quimioprofilaxia
(eritromicina 50mg/Kg/dia
durante 7 dias).

Escarlatina/Amigdalite 1–3 Até 1 dia (24h) de Contactantes menos íntimos:


estreptocócica Antibioterapia atualização vacinal.

correta Contactantes domésticos e


companheiros de carteira:
atualização vacinal,
isolamento por 7 dias e
quimioprofilaxia

38
(eritromicina 50mg/Kg/dia
durante 7 dias).
Quimioprofilaxia aos
contactantes domésticos e
companheiros de carteira
2–10 Até à cura clínica (rifampicina20mg/Kg/dia-
Meningite/sépsis
dose máx.1200mg/dia –
divididas por duas tomas
diárias, por 2 dias).
Um único caso de doença:
Desde a 2ª metade
apenas vigilância dos
do período de
contactantes.
incubação, até 7
Vários casos de doença: IG
dias após
Hepatite A 14–45 inespecífica (0,02ml/Kg IM)
o início da icterícia
até 15 dias após a exposição
ou pico das
aos contactantes domésticos
transaminases
e companheiros de carteira.
Contactantes sem
exposição
percutânea/mucosa ao
sangue: vacinação (não é uma
Enquanto tiver urgência).
Hepatite B 60–180 AgHBs+ ou Contactantes com
AgHBc(IgM)+ exposição
percutânea/mucosa ao
sangue: vacinação + IG HB
(0,06ml/Kg IM) até 48h após
a exposição.

Meningite Bacteriana

Definição

Infeção das meninges que acompanha a invasão do liquor cefalorraquidiano (LCR),


provocada por um agente bacteriano, viral ou fúngico

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Etiologia

A proporção dos casos devidos a um agente específico, varia periodicamente e existe


também uma grande diferença geográfica. No entanto podemos descrever os
principais agentes segundo os diferentes grupos etários:
 Do nascimento até 2 meses de idade – E. Coli, Streptococus B,
Staphylococus do nascimento até 2 meses de idade:
 Dos 2 meses aos 3 anos – Hemophilus influenza, Diplococus p., Neisseria
meningitides (meningococo)
 Dos 3 anos aos 16 anos – Diplococus p., Neisseria

Fisiopatologia

O modo de transmissão é o contacto direto (gotículas salivares, nasais ou faríngeas


do portador ou infetado) e pode ser precedida por uma infeção respiratória alta (otite
tb), que é complicada por bacteriemia. As bactérias penetram as meninges através da
corrente sanguínea e disseminam-se pelo LCR (pode ocorrer também resultado de
traumatismo ou neurocirurgia). O agente bacteriano atua como toxina, criando uma
resposta inflamatória das meninges e a consequente libertação de exsudado
purulento. A infeção alastra rapidamente através do exsudado. A congestão vascular
e inflamação leva a edema cerebral, que pode provocar aumento da pressão
intracraniana. Se houver necrose das células cerebrais pode originar lesão
permanente e morte.

Manifestações Clínicas

A sintomatologia é variável, dependendo da idade da criança, do agente etiológico e


da duração da doença ao ser diagnosticada.
1. Bebés com menos de um mês de idade podem apresentar

 Alimentação deficiente
 Irritabilidade
 Letargia
 Choro forte
 Hipertermia
 Opistótono (numa fase mais tardia da doença)

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2. As crianças até 2 anos de idade podem apresentar os anteriores e ainda

 Fontanela hipertensa
 Rigidez da nuca
 Sinal de kerning positivo – Com a criança na posição supina e os joelhos
flexionados, a perna é fletida ao nível da anca para que a coxa seja trazida
numa posição perpendicular ao tronco, a seguir tenta-se estender o joelho.
Se existe irritação meníngea, a criança não consegue efetuar essa manobra
e tem dor.
 Sinal de Brudzinski positivo – flexão espontânea dos membros inferiores
após flexão passiva do pescoço
3. Crianças com mais de 2 anos de idade podem apresentar como sintomas
iniciais

 Vómitos
 Cefaleias
 Confusão mental

 Letargia
 Petéquias (Importante!)
 Hipertermia

E como sintomas
tardios  Rigidez
da nuca.
 Sinal de kerning positivo.
 Sinal de Brudzinski positivo.
 Declínio progressivo do estado de consciência.

Diagnóstico

Em geral o diagnóstico é estabelecido pela colheita de LCR após punção lombar e


pode-se observar

 Aumento da pressão do LCR

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 Contagem celular alta com predominância de células polimorfonucleares
 Baixo teor de glicose
 Cultura positiva para determinado microrganismo responsável
 Hemograma com leucocitose

Tratamento

 Abordagem hospitalar:
 Proceder ao isolamento da criança, por precaução respiratória, por 72 horas
após o início da antibioterapia
 Antibioterapia E.V. (o antibiótico a administrar depende do microrganismo em
causa; p. ex.
ampicilina; cloranfenicol; cefotaxima; ceftriaxone; ou penicilina)

 Tratamento profilático aos conviventes (Rifampicina)

Cuidados de Enfermagem

 Isolar a criança, por 72 horas após o início da antibioterapia e, usar técnicas


em doenças infectocontagiosas.
 Colaborar na punção lombar
 Monitorizar sinais vitais
 Colocação no leito com cabeceira elevada (edema cerebral)
 Despistar alterações do estado de consciência (Escala de Glasgow)
 Verificar a presença de sinais neurológicos
 Monitorização Balanço Hídrico
 Orientar os pais e envolvê-los nos cuidados ao filho (isolamento, alimentação,
visitas, terapêutica, alta)

Complicações

 Transitórios – distúrbios auditivos, convulsões, hemiparesia, abcesso


cerebral, hipertensão craniana.

 Permanentes – alterações visuais e auditivas, convulsões persistentes,


hidrocefalia, alterações do desenvolvimento psico-motor.
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