Universidade de São Paulo
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto
Fisiologia Renal
Filtração Glomerular e
Processamento do Filtrado pelo
Túbulos
Prof. Luiz Guilherme S. Branco
(Prof. Rafael Saia)
Ribeirão Preto
2020
Objetivos
1. Anatomia dos rins e estrutura do néfron
2. Filtração glomerular e sua regulação
3. Processamento do filtrado glomerular
4. Controle hormonal da reabsorção tubular
5. Regulação renal do equilíbrio ácido-básico
6. Medidas da hemodinâmica renal
FORMAÇÃO
DA URINA
Funções dos rins
• Eliminar produtos do metabolismo nitrogenado;
• Remoção de substâncias estranhas ao organismo;
• Regulação do volume e da composição do líquido
extracelular;
• Regulação do equilíbrio ácido-básico;
• Controle da pressão arterial.
• Regulação da produção de eritrócitos
Anatomia dos rins
• são órgãos retroperitoneiais;
•situados à direita e à
esquerda da coluna vertebral;
• no hilo adentram vasos
sangüíneos, linfáticos, nervos
e veia. Também sai o ureter.
Néfron: unidade morfofuncional dos rins
• Composto por 2 porções: 1. GLOMÉRULO
Néfron: unidade morfofuncional dos rins
Túbulo distal
Túbulo
proximal Cortical
Ducto
coletor
Ramo
ascendente
Ramo descendente espesso
Medular
delgado
Ramo ascendente
delgado 2. TÚBULO
Alça de Henle
Néfron: unidade morfofuncional dos rins
Aparelho
Justaglomerular
Importante no controle
hormonal do
processamento do
filtrado e na auto-
regulação renal
Néfron: vascularização
• Apresentação
especial, devido à
associação em série
de 2 leitos: glomerular
e o peritubular.
• Arteríolas aferente e
eferente.
Formação da Urina
• É dividida em 2 passos:
1º: Ultrafiltração → do plasma ao passar pelo glomérulo
Reabsorção tubular
2º → transporte ao longo do néfron
Secreção tubular
Formação da Urina: Ultrafiltração
• Ocorre grande filtração de líquido dos capilares glomerulares para o
interior da cápsula de Bowmann.
• Diferenças na composição do plasma e do filtrado.
Ultrafiltração: barreiras à filtração
• Membrana dos capilares glomerulares:
- Endotélio capilar (fenestrado)
- Membrana basal
- Podócitos
1ª Barreira: Raio molecular
Ultrafiltração: barreiras à filtração
2ª Barreira: Carga iônica
Alta densidade de
cargas negativas na
membrana basal do
capilar glomerular e nos
podócitos
Ultrafiltração: determinantes
Pressões:
Pressão hidrostática no capilar
glomerular ≈ 60 mmHg
Pressão coloidosmótica na
Cápsula de Bowman ≈ 0
Pressão coloidosmótica do
capilar glomerular ≈ 32 mmHg
Pressão hidrostática na
Cápsula de Bowman ≈ 18 mmHg
Pressão efetiva de ultrafiltração = PCG + πCB – PCB – πCG = + 10 mmHg
Ultrafiltração: determinantes
Determinantes da filtração glomerular
• a taxa de filtração glomerular (TFG) depende diretamente do produto da
pressão efetiva de ultrafiltração e do coeficiente de filtração (Kf). O Kf
consiste no produto da condutividade hidráulica pela área de superfície dos
capilares.
↑ Kf → ↑ TFG
↓ Kf → ↓ TFG (hipertensão e diabetes)
↑ PCB → ↓ TFG (cálculos renais)
↑ πCG → ↓ TFG
↑ PCG → ↑ TFG
COMO MEDIR O RITMO DE
FILTRAÇÃO GLOMERULAR?
Medida do ritmo de filtração glomerular
Pin x FPR
Quantidade filtrada = Quantidade excretada
Pin x TFG Uin x V
Pin x TFG Uin x V
Não há TFG =
absorção ou Pin
secreção de
inulina
Pin x FPR
inulina
Uin x V
Inerte e não-tóxica
Não se ligar a proteínas plasmáticas
Características da substância Não ser nem reabsorvida nem secretada
usada para medir o RFG Não ser metabolizada
Ser de fácil mensuração
Apresentar depuração constante
Medida do ritmo de filtração glomerular
Na clínica utiliza-se a creatinina para a determinação do RFG pois:
- Composto endógeno (proveniente do metabolismo muscular)
- Produzido em ritmo constante
- Pouco secretada pelos túbulos renais
Creatinina plasmática
5
4
(mg/dl)
Ucr x V
TFG = 3
Pcr
2
1
0 20 40 60 80 100 120 140
TFG (ml/min)
Conceito de Clearance
Clearance é definido como o volume de plasma
inteiramente depurado de uma substância, pelos rins, por
unidade de tempo.
Excreção renal
C
U X V C = depuração (ml/min)
PX [U] = concentração urinária (mg/ml)
V = débito urinário por minuto (ml/min)
[P] = concentração plasmática mg/ml)
Fluxo sangüíneo renal (FSR)
• Extremamente alto, em relação a outros órgãos do corpo
• Modifica taxa de reabsorção de soluto e água nos túbulos
• Concentração e diluição da urina
• Transporta O2, nutrientes, hormônios, CO2, fluídos e solutos reabsorvidos
• Entrega de substratos para excreção na urina
Córtex - 1000 ml/min (75%)
Medula Externa - 240 ml/min (20%) Distribuição do FSR
Medula Interna - 60 ml/min (5%)
O FSR é importante no controle do RFG pois:
FSR = Δ entre as pressões hidrostáticas na artéria e veia renal
resistência ao fluxo
Medida do FSR
Pxa x FPRa Princípio da Conservação
Entrada Saída
=
Pxv x FPRv Artéria Renal Veia Renal + Ureter
Pxa x FSRa Pxv x FSRv + Ux x V
Ux x V
A substância usada para medir o FPR é o para-amino
hipurato de sódio
Como a PxV para o PAH é desprezível:
FSR = UPAH . V
APAH
Fluxo sangüíneo renal: regulação Resistência
arteriolar glomerular
Pressão hidrostática no
capilar glomerular (PGC)
TFG regulada
Fluxo sangüíneo renal: fatores regulatórios
MECANISMO MIOGÊNICO: distensão da parede vascular provoca sua
contração reflexa.
FEEDBACK TUBULOGLOMERULAR: o fluxo de fluido intratubular ou seus
componentes são detectados pela mácula densa, a qual altera o RFG.
Fluxo sangüíneo renal: fatores regulatórios
Para manter a homeostasia, a TFG deve ser regulada de modo a conservar ou
perder líquidos do organismo.
A- SN simpático: constrição das arteríolas e ↓ da TFG e do FSR.
B- Endotelina: provoca vasoconstrição e ↓ a TFG
C- Angiotensina II: aumenta a reabsorção de água e Na+ ao ↑ a resistência da
arteríola eferente.
D- Óxido nítrico: provoca vasodilatação e ↑ a TFG
Conceito de Fração de Filtração (FF)
Consiste na fração de plasma que é filtrado através da membrana
glomerular.
Portanto, deve-se estabelecer a relação entre:
FF = TFG/FPR
• Nem todo o plasma que perfunde o rim é filtrado (10% não é)
• 15-20% do plasma que entra no glomérulo é filtrarado
• Condições normais: Fração Filtração = 0,15-0,2
PROCESSAMENTO
DO FILTRADO
GLOMERULAR
Mecanismos de transporte através da Membrana
• Passivo: ocorre a favor de um gradiente de concentração
ou elétrico, e não requer o gasto de energia.
Osmose
Difusão Simples
Difusão Facilitada
Mecanismos de transporte através da Membrana
• Transporte Ativo: movimento contra um gradiente, que
requer gasto de energia proveniente do ATP.
Transporte ativo primário: a energia deriva, diretamente, do ATP
Mecanismos de transporte através da Membrana
Transporte ativo secundário: a energia deriva, indiretamente, do ATP
Processamento do Filtrado Glomerular
Segmentos do néfron
CNT
Cortex
y
DCT
Medullary Ra
PCT
Outer Stripe
PST
Outer Medulla
Inner Stripe TAL
CD:
PC
CD:
IC
DTL
Proximal convoluted tubule PCT
Inner Medulla
Proximal straight tubule PST
Thick ascending limb TAL
Distal convoluted tubule DCT
Connecting tubule CNT
Collecting duct CCD
Túbulo Proximal (TP)
1ª porção do TP
• reabsorção ativa de aminoácidos e glicose, por co-transporte com Na+
• reabsorção de HCO3- por contra-transporte
Túbulo Proximal (TP)
1ª porção do TP
• a reabsorção ativa de solutos facilita a difusão passiva da água
• ao final do TP, o líquido tubular apresenta-se isotônico em relação ao
plasma
Túbulo Proximal (TP)
2ª porção do TP
• a concentração de HCO- provoca aumento da concentração tubular de Cl-,
que é reabsorvido por difusão
Ramo descendente Delgado da Alça de Henle
• células com poucas mitocôndrias e baixa atividade metabólica
• possui propriedades um pouco semelhantes ao TP
• permite a reabsorção passiva de uréia, Na+ e Cl-
• ocorre reabsorção de, aproximadamente, 20% da água filtrada nos
glomérulos
• neste segmento inicia-se a diluição do fluido tubular
Ramo ascendente Delgado da Alça de Henle
• células com poucas mitocôndrias e baixa atividade metabólica, como no
ramo descendente
• permite a reabsorção passiva de uréia, Na+ e Cl-
• não há reabsorção de água, pois o epitélio é impermeável
Ramo ascendente Espesso da Alça de Henle
• reabsorção ativa de 1 Na+, 2 Cl – e 2 K+
• este segmento é praticamente
impermeável à água
• ocorre reabsorção passiva de outros
íons como cálcio e magnésio
• há diluição ainda maior do fluido
tubular
Túbulo Distal Inicial
• apresenta muitas características do
ramo ascendente espesso da AH
• reabsorção ativa de 1 Na+, 2 Cl – e 2
K+
• este segmento, também, é
praticamente impermeável à água
• também há diluição do fluido tubular
Túbulo Distal Final (TDF) e Túbulo Coletor Cortical (TCC)
• possuem 2 populações de células
distintas: as principais e as
intercaladas
• As células principais reabsorvem
ativamente o Na+ (controlada pela
aldosterona) e secretam o K+ (depende
da ingestão do íon)
• As células intercaladas possuem
uma bomba H+-ATPase que permite a
reabsorção de HCO3-
• A permeabilidade desses segmentos
à água depende dos níveis
plasmáticos de ADH
• segmentos impermeáveis à uréia
Túbulo Coletor Medular (TCM)
• células com baixa atividade metabólica
• local final do processamento da urina
• A permeabilidade desses segmentos à
água depende dos níveis plasmáticos de
ADH, como no TCC
• segmento bastante impermeável à uréia
• As células do TCM possuem bomba H+-
ATPase que permite a reabsorção de HCO3-
, permitindo a regulação do equilíbrio
ácido-básico
Túbulo Distal Final (TDF) e Túbulo Coletor Cortical (TCC)
Lúmen Membrana
Basolateral
cAMP ADH
V2
Na+
+
Hipotônico K
H2O Hipertônico
Resumo das funções dos segmentos do néfron
CONTROLE
HORMONAL DA
REABSORÇÃO
TUBULAR
Aldosterona
Principal local de ação:
células principais do
TCC
↑ reabsorção de Na+
↑ excreção de K+
Sistema Renina-Angiotensina II-Aldosterona
↑ RENINA
↓ da pressão
arterial
↓ concentração de
NaCl pelas células
da mácula densa
Estimulação do SN
simpático
Sistema Renina-Angiotensina II-Aldosterona
ECA Adrenal
Angiotensina II Rim
Aldosterona
Fígado Angiotensina I
Renina
• Excreção de Na+
Angiotensinogênio • Excreção de H2O
Efeitos da Angiotensina II
↑ na atividade da bomba Na+-K+ ATPase
ANG II
FF = TFG
contração da arteríola eferente ↓ do FSR FSR
↑ da pressão hidrostática no glomérulo
↑ da pressão coloidosmótica nos
capilares peritubulares
Reabsorção Tubular de Na+ e H2O
nos túbulos proximais
SN simpático
• constrição das arteríolas renais, com conseqüente diminuição da TFG
• ↑ da reabsorção de Na+ no túbulo distal e ramo ascendente espesso da AH
• ↑ na secreção de renina pelas células justaglomerulares
Reabsorção Tubular
de Na+
Peptídeo Natriurético Atrial (ANP)
Capilar Lúmen
Na+ Na+
+
K -
cGMP
ANP Tubo Coletor
Medular
ANP ↓ Reabsorção Tubular de Na+ e H2O
Hormônios que regulam a reabsorção tubular
Hormônio Estímulo Sítio de ação no néfron Efeito no
principal transporte
Angiotensina Renina Túbulo Proximal Reabsorção de
II NaCl e água
Aldosterona Angiotensina II, Ramo ascendente Reabsorção de
[K+]p espesso, Túbulo NaCl e água
Distal/Ducto Coletor
ANP BP, VEC Ducto Coletor Reabsorção de
NaCl e água
Nervo VEC Túbulo Proximal, Ramo Reabsorção de
simpático ascendente espesso, NaCl e água
Túbulo Distal/Ducto
Coletor
Dopamina VEC Túbulo Proximal Reabsorção de
NaCl e água
HAD/AVP Posm, VEC Túbulo Distal/Ducto Reabsorção de
Coletor água
Bibliografia
OBRIGADO!