CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
(anhanuera)
CST EM INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA CRIMINAL
ANA ALICE ALMEIDA DOS SANTOS
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO SOBRE AS PERSPECTIVAS TECNOLÓGICAS,
POR MEIO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, E SEUS IMPACTOS SOBRE O SER HUMANO E A
SOCIEDADE OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA
Pará
2025
INTRODUÇÃO
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um tema restrito à ficção científica ou ao campo
técnico da computação para tornar-se uma realidade que influencia profundamente as
relações sociais, jurídicas e profissionais em todo o mundo. Com o avanço tecnológico das
últimas décadas, a IA passou a integrar sistemas de gestão, segurança, comunicação, medicina
e, mais recentemente, o campo da justiça.
O desenvolvimento do pensamento crítico frente às perspectivas tecnológicas permite à
sociedade refletir sobre os impactos positivos e negativos da IA, especialmente em contextos
sensíveis como a proteção de direitos fundamentais e a aplicação das leis. No curso de
Investigação e Perícia Criminal, tal reflexão é essencial para a formação de profissionais capazes
de lidar eticamente com inovações tecnológicas sem abrir mão da equidade, da justiça e da
legalidade.
DESENVOLVIMENTO
Texto 1 – IA na Gestão de Pessoas e Projetos
A aplicação da Inteligência Artificial nas áreas de Gestão de Pessoas e de Projetos tem
promovido uma verdadeira revolução nos modelos tradicionais de trabalho. Um exemplo claro
é o uso de algoritmos preditivos para análise de desempenho de colaboradores. Ferramentas
como People Analytics possibilitam que gestores obtenham relatórios detalhados sobre
produtividade, engajamento e necessidades de capacitação dos membros da equipe, a partir
da coleta e interpretação de dados em tempo real. Isso permite intervenções mais eficazes,
contribuindo para o desenvolvimento profissional e o alinhamento entre metas individuais e
organizacionais.
Outro exemplo significativo é a automação de processos de recrutamento e seleção.
Plataformas de IA têm sido utilizadas para analisar currículos, identificar perfis
comportamentais compatíveis com a cultura organizacional e até realizar entrevistas
preliminares com o uso de chatbots. Isso reduz o tempo de contratação e os custos envolvidos,
além de diminuir os vieses inconscientes que podem ocorrer em processos seletivos humanos,
promovendo maior objetividade e eficiência.
Texto 2 – Ética, Diversidade, Inclusão e Transparência na IA
Apesar dos avanços, o uso da IA nas organizações também traz sérios desafios éticos. Um dos
exemplos mais críticos é o risco de discriminação algorítmica. Quando os dados utilizados para
treinar sistemas de IA reproduzem preconceitos históricos, os resultados gerados também
podem refletir tais distorções. Por isso, é imprescindível que haja supervisão humana,
validação dos dados e aplicação de critérios éticos na construção de modelos inteligentes. Um
caso emblemático é o de algoritmos de recrutamento que, treinados com dados enviesados,
passaram a excluir automaticamente candidatas mulheres para cargos tradicionalmente
ocupados por homens.
Outro exemplo relevante diz respeito à transparência dos processos decisórios. Sistemas de IA
utilizados para análise de desempenho ou tomada de decisões administrativas devem fornecer
explicações claras sobre os critérios utilizados. Essa transparência é fundamental para garantir
o direito à contestação por parte dos afetados e fortalecer a confiança nas ferramentas digitais.
A ausência dessa transparência pode reforçar desigualdades estruturais e comprometer a
inclusão de grupos minorizados.
Texto 3 – Garantia de Não Discriminação no Direito Penal com o Uso da IA
No campo jurídico, especialmente no Direito Penal, a aplicação da Inteligência Artificial exige
cuidados ainda mais rigorosos. Conforme Magno Gomes de Oliveira, os processos de
dosimetria da pena envolvem múltiplas variáveis que consideram não apenas o ato cometido,
mas também aspectos subjetivos do réu, como seus antecedentes, personalidade, motivações
e arrependimento. Embora algoritmos possam auxiliar na identificação de padrões, há o risco
de decisões enviesadas quando se baseiam em dados estatísticos sem contexto social ou
cultural.
Para garantir a não discriminação no uso da IA no Direito Penal, é necessário assegurar a
presença humana qualificada para interpretar os resultados fornecidos pelas máquinas. Além
disso, é essencial o uso de bases de dados auditáveis, protocolos de validação dos algoritmos e
a aplicação dos princípios constitucionais, como a presunção de inocência e a ampla defesa. A
IA deve atuar como ferramenta de apoio, jamais como substituta da atuação crítica e ética dos
operadores do Direito.
Texto 4 – A Diversidade na Resolução nº 332/2020 do CNJ
A Resolução nº 332/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estabelece diretrizes para o
uso responsável da IA no Poder Judiciário. O Artigo 20 dessa resolução propõe que as equipes
responsáveis pela criação e implementação dessas tecnologias sejam compostas com
diversidade em seu mais amplo sentido. Tal medida é justa e necessária, pois a presença de
diferentes perspectivas — de gênero, etnia, geração, orientação sexual e outros — enriquece a
construção dos sistemas, tornando-os mais representativos e menos propensos a reproduzir
vieses discriminatórios.
Ao aplicar o princípio da diversidade, o CNJ não apenas promove equidade, mas também
estimula a inovação e a justiça social. A composição plural de equipes técnicas garante que
diferentes experiências sejam levadas em conta no desenvolvimento das soluções
computacionais, ampliando sua capacidade de compreender e respeitar as complexidades
humanas. Trata-se, portanto, de uma ação afirmativa que busca assegurar maior legitimidade e
confiabilidade nos sistemas de IA utilizados na justiça brasileira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho permitiu uma ampla reflexão sobre os impactos da Inteligência Artificial na
sociedade contemporânea, especialmente nas áreas de gestão de pessoas e justiça penal. Foi
possível identificar avanços significativos promovidos pela IA, como o aumento da eficiência
nos processos, a automatização de tarefas rotineiras e o suporte à tomada de decisões.
Entretanto, também se destacaram os desafios éticos, como o risco de discriminação
algorítmica e a necessidade de maior transparência nas decisões automatizadas.
Com base nos textos analisados, conclui-se que o uso responsável da IA exige uma postura
crítica e reflexiva por parte dos profissionais, além da aplicação rigorosa de princípios jurídicos
e éticos. O desenvolvimento de políticas públicas, como as previstas pela Resolução nº
332/2020 do CNJ, e a composição diversa das equipes de desenvolvimento tecnológico são
passos essenciais para garantir a justiça e a equidade nos sistemas automatizados. Assim, este
estudo contribui para a formação de profissionais mais conscientes e preparados para lidar
com as tecnologias emergentes, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva.
REFERÊNCIAS
• BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 332/2020.
• OLIVEIRA, Magno Gomes de. Inteligência Artificial & Proporcionalidade Penal.
Academia.edu, 2023.
• SICHMAN, Jaime Simão. Inteligência Artificial e sociedade: avanços e riscos.
Revista de Administração Pública, 2021.
• HENRIQUE, Márcio Alexandre Ioti; PERRUCI, Felipe Falcone. Tecnologias de
informação aplicadas ao direito. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.
• TESTA, Janaina Carla da Silva Vargas et al. Direito público. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2014.
• CARVALHO, Fernanda Lara de; BARBETA, Edvania Fátima Fontes Godoy. Direito
penal – parte geral. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
• RANGEL, Fernanda Leite de Araújo. Tópicos em direito administrativo.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.